Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A Palestina na ONU

A mídia tem dificuldade de explicar para os leitores a realidade do conflito na Palestina, pois há muitas versões sem profundidade acerca de um mesmo fato. Os críticos de Yasser Arafat diziam que o processo de paz com Israel não evoluía na sua gestão à frente da Autoridade Palestina por causa da dificuldade de Arafat em falar a língua inglesa. Daí se vê como é complexa essa questão, que tem num mesmo território outras línguas, como o dificílimo hebraico e o árabe, bem como vários dialetos e patoás.

A decisão da Organização das Nações Unidas (ONU) da quinta-feira (29/11), em reconhecer o Estado Palestino como observador, foi um grande passo para o cumprimento da Resolução nº 181, de 29 de novembro de 1947, em que ficou convencionado que haveria o Estado de Israel e outro Palestino – a Autoridade Palestina poderá agora recorrer ao Tribunal Penal Internacional para reclamar por violações cometidas por Israel. Na resolução nº 181, Israel deveria ter ocupado 51% da Palestina, mas já na guerra de tomada de posse, em 1948-49, que coincide com o fim do mandato britânico, ocupou 78% da Palestina expropriando as terras de 700 mil palestinos.

Na Guerra dos Seis Dias, em 1967, Israel lutou contra o Egito, a Síria e a Jordânia e ocupou ilegalmente a Cisjordânia e a Faixa de Gaza, em Jerusalém Oriental, as Colinas do Golan, na Síria e o Monte Sinai, no Egito. O Conselho de Segurança da ONU, por unanimidade, determinou, na Resolução nº 242, de 22 de novembro de 1967, que Israel devolvesse as terras ocupadas que representam aproximadamente 20% – ou seja, Israel ocupa ilegalmente quase toda a Palestina.

Novos “assentamentos”

O que não foi explorado pela mídia foram os reais motivos da Guerra dos Seis Dias, pois Israel tem problema gravíssimo de falta de água devido à seca severa e as fontes do Rio Jordão estão na Cisjordânia e concentram 30% da água da Palestina. Israel continua a construir ilegalmente em volta da Cisjordânia a “barreira de segurança” – os palestinos a chamam de “muro de anexação”.

Dos 14 milhões de judeus no mundo, apenas 5.640.000 residem em Israel e considerável parcela de judeus são contrários ao Estado de Israel, pois reconhecem as ilegalidades contra os palestinos e acusam os sionistas de terem aumentado o antissemitismo.

O reconhecimento do Estado Palestino levou Israel a promover retaliações contra os palestinos anunciando novos “assentamentos” e retendo 120 milhões de dólares devidos à Autoridade Palestina. A comunidade internacional e a ONU condenaram o comportamento de Israel, pois é um golpe fatal no processo de paz no Oriente Médio…

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[Luís Olímpio Ferraz Melo é advogado e psicanalista, Fortaleza, CE]