Em 2013, jornalistas começarão a fazer contas, prevê Dan Gillmor [Nieman Journalism Lab, 21/12/2012]. Não somente devido às situações vergonhosas na cobertura das eleições americanas de 2012 (e, como contraponto, as análises estatísticas sólidas de Nate Silver mostrando os valores por trás dos números). Mas também porque, ao fazer contas, jornalistas mostram evidências, contam ao público o que os dados mostram sobre um determinado tema e explicam nuances como risco relativo.
Um exemplo: ao escrever sobre uma descoberta médica supostamente mostrando uma correlação entre algum novo remédio e altas incidências de um câncer raro, jornalistas notarão que as chances de uma pessoa ter a doença era infinitamente pequena em primeiro lugar – e eles teriam que trabalhar duro para descobrir se alguma indústria farmacêutica que ganharia com essa descoberta também teria pago pelo estudo.
Programas de TV locais parariam de divulgar tantos crimes violentos e explicariam aos telespectadores que, na verdade, o índice de crimes vem caindo na maior parte dos lugares por décadas. Artigos sobre mudanças climáticas notariam o consenso científico que o planeta está ficando mais quente, que isso pode ter consequências catastróficas e que humanos estão causando uma quantia significativa dessa mudança. Matérias sobre mudanças climáticas, portanto, não teriam tons céticos tão frequentemente.
Na realidade, jornalistas em todos os setores – e, em especial, na política – parariam de citar “ambos os lados” de temas quando um deles estiver mentindo, ou pelo menos sentiriam-se obrigados a contar que um lado está mentindo. O aumento do jornalismo com base em evidências seria um respiro de ar fresco – especialmente na política. Na medida em que o volume de informações aumenta, o valor de uma informação torna-se ainda mais questionável e os jornalistas que fazem contas terão mais credibilidade.