Há enchentes de teses e contrateses sobre o destino dos jornais impressos e da mídia tradicional na era dos blogues, dos chamados jornalistas-cidadãos etc. – o que ainda não é realidade acabada no Brasil, embora a academia esteja interessadíssima.
Megatrilhões de gigabaites devem armazenar o debate ao redor deste mundo novo. É interessante perceber que os blogues hospedados nos grandes jornais brasileiros, penso sobretudo nos de política e economia, os mais acessados, se alimentam dos jornais, que não dão muita bola para os blogues em suas páginas (exceto nos cadernos de informática), embora os tenham às dezenas em seus portais… Sintomático, não, ó espectro de Gutenberg?
Vizinhança noticiada
Enquanto isso os portalões (UOL, Globo.com, iG, Terra etc.) despejam sua carga de fait divers e culto a celebridade (em sintonia com os cadernos de cultura), cheios de linques para o mesmo sopão entorpecente servido no mundo e cuja receita foi criada pela era da televisão que hoje se desdobra nas galáxias do audiovisual que brilham em toda sorte de suportes, do palmtop ao celular, do relógio ao bico da caneta…
Sem querer botar banca de profeta, aposto que o que falta entre nós está para nascer, ainda que em início de gestação, mas ajudará tornar o futuro da mídia, este para o qual estamos eternamente em transição, menos inflacionários e, como dizer, mais humano.
‘Lá fora’ taxam o fenômeno de ‘hiperlocal’, a cobertura da comunidade, do bairro, da esquina. A imprensa caduca não cuida, ou cuida pobremente nos tablóides, e o rádio, sozinho, há muito não dá conta disso. É a vizinhança noticiada com as ferramentas da internet, áudio, vídeo, texto, com a colaboração de uma audiência visível e quente.
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Jornalista, Belo Horizonte, MG