Colaboradora do Globo em Roma desde 2006, Vera Gonçalves de Araújo cobriu com desenvoltura momentos cruciais na História recente, como o início do Pontificado do Papa Bento XVI, os escândalos protagonizados pelo ex-primeiro-ministro Silvio Berlusconi, o desencanto do eleitorado com as legendas tradicionais, os efeitos da crise econômica no país e o terremoto devastador em Áquila. Captava as nuances da vida cotidiana na Itália sem perder o olhar brasileiro.
Vera contribuiu também para diversos veículos, como BBC, Rádio Vaticano e jornais italianos, como o L'Unitá, do Partido Comunista Italiano. Além deles, publicou reportagens na imprensa portuguesa e trabalhou com traduções.
A ligação de Vera com a Itália começou na adolescência. Ela chegou ao país em março de 1969, com a família. Seu pai era o jornalista amazonense Francisco Pedro Araújo Netto, que foi correspondente do Globo entre 2001 e 2003, quando faleceu.
Mais velha de quatro irmãs, Vera rapidamente se adaptou ao país e ao idioma. Num sinal de que não teria dificuldades para se familiarizar com a cultura italiana, uma de suas irmãs lembra que ela tirou nota máxima num texto escrito na escola, já no novo idioma, pouco depois da mudança. Aficionada por política, era descrita como uma leitora ávida.
A jornalista, de 56 anos, morreu na noite do domingo (27/1), vítima de infarto fulminante, enquanto dormia em casa, em Roma. Divorciada, deixa um filho, Antonio, de 29 anos.