A emissora de TV americana MSNBC foi criticada, na semana passada, pela edição de um vídeo que mostrava o depoimento de um pai de uma vítima do massacrena escola Sandy Hook, em Newtown, Connecticut. Em 28/1, Neil Heslin, que teve o filho Jesse, de seis anos de idade, morto no massacre, participou de uma audiência pública.
Em determinado momento de seu discurso, Heslin afirmou: “eu me pergunto se tem alguém aqui que pode contra argumentar minha questão: por que alguém nesta sala precisa ter um desses rifles de assalto ou alguma arma militar de alta capacidade?”.
O pai pausou a fala por cinco segundos e olhou ao redor. Ninguém disse nada. “Ninguém consegue responder a essa pergunta”, continuou. Então, alguém gritou: “A Segunda Emenda não pode ser infringida”.
Após o juiz pedir silêncio, Heslin disse: “De qualquer forma, todos podem ter sua própria opinião, e eu respeito suas opiniões e pensamentos, mas gostaria que respeitassem a minha e pensassem um pouco sobre isso”.
Desarmamento
No vídeo exibido pela MSNBC, no entanto, o desafio foi omitido, mostrando Heslin falando somente: “por que alguém nesta sala precisa ter um desses rifles de assalto ou alguma arma militar de alta capacidade?”. Neste momento, sem pausa alguma, alguém o interrompe para falar que “a Segunda Emenda não pode ser infringida”. O comentário seguinte de Heslin, sobre respeito a diferentes opiniões, também foi cortado. Em seguida, o âncora Martin Bashir concluiu que “o luto de um pai é vaiado pelos gritos de um desordeiro”.
A edição foi acusada de enganosa. “Não é assim que uma organização de notícias legítima e profissional opera”, disse Brent Bozell, fundador do Media Research Center, um instituto conservador para supervisionar a mídia. “O discurso implacável da MSNBC contra o porte de armas já é ruim o suficiente, mas isso é completamente desonesto”.
Lauren Skowronski, porta voz da MSNBC, não respondeu imediatamente aos questionamentos e críticas sobre a edição. Dois dias após a reportagem controversa, a emissora exibiu um vídeo sem edição do trecho em questão. “Bashir e outros chamaram a interrupção [sofrida por Heslin] de vaia”, afirmou o âncora Ari Melber, que naquele dia substituía Bashir. “Alguns discordam. Ele quis que vocês vejam o vídeo inteiro para tirar suas próprias conclusões”.
Há menos de um ano, a NBC demitiu três funcionários por editar a gravaçãode uma ligação para a polícia. Nela, o vigia George Zimmerman falava sobre um homem suspeito, enfatizando que ele era negro – momentos depois da ligação, Zimmerman matou a tiros o jovem Trayvon Martin. Na ligação original, o vigia dava a descrição do suspeito apenas após ser questionado pelo telefonista da polícia sobre a aparência dele.