Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Após críticas, ‘NYT’ revisa obituário de ex-prefeito

O New York Times foi obrigado a revisar o obituáriode Ed Koch, ex-prefeito da cidade de Nova York, depois que leitores reclamaram da falta de menção à crise provocada pela AIDS na década de 80. Koch foi prefeito entre 1978 e 1989, nos primeiros anos após o aparecimento da doença, e passou muito tempo sendo acusado por ativistas gays de não fazer o suficiente para evitar que ela se espalhasse. O escritor e ativista Larry Kramer chegou a classificá-lo de “assassino de seu próprio povo”, acusando o político de ser um gay não assumido.

Koch morreu na sexta-feira, 1º de fevereiro, aos 88 anos, de insuficiência cardíaca. No obituário de 5,5 mil palavras, o termo AIDS aparecia apenas uma vez, em um curto trecho que fazia referência aos problemas com o crack, os sem teto e a doença. Em um vídeo de 22 minutos sobre a vida de Koch a AIDS não foi mencionada.

Omissão

Diversas mensagens no Twitter chamavam a atenção para a omissão. “Em seu longo obituário sobre Ed Koch, o NYTimes omitiu completamente qualquer menção à sua (não) reação à crise da AIDS”, afirmou @MarkHarrisNYC. “Uma coisa que não dá para saber deste obituário do NYT sobre Koch: a AIDS era uma grande questão quando ele foi prefeito? Como ele se saiu?”, ironizou @johnjcook.

Em resposta, o editor da seção de obituários, Bill McDonald, afirmou à revista New York que a questão estava sendo avaliada. Poucas horas depois, três parágrafos foram adicionados ao texto no site do jornalão. Um deles dizia: “O sr. Koch também foi duramente criticado pelo que foi classificado como uma resposta lenta e inadequada à crise da AIDS nos anos 80. Centenas de nova-iorquinos estavam desesperadamente doentes e morrendo em uma perturbadora situação de emergência de saúde pública, e críticos, especialmente na comunidade gay, acusaram-no de ser um homossexual não assumido que relutava em confrontar a crise por medo de se expor”.

Valeu a intenção, mas ainda assim o Times errou, como apontou o professor de jornalismo @jcutbirth no Twitter: “Times revisa o obituário de Koch para reportar ‘centenas’ de nova-iorquinos doentes morrendo de AIDS nos anos 80. O número, na verdade, é próximo de 30 mil”.