Yoani Sánchez superou com serenidade as manifestações ginasianas que a esperavam na Livraria Cultura do Conjunto Nacional na quinta-feira (21/2), em São Paulo. Os responsáveis pelo evento renderam-se à barulheira e Yoani foi tirada da livraria antes da hora prevista. Não houve noite de autógrafos.
A moderadora do encontro, Bárbara Gancia, chegou a propor ao grupo, diminuto mas ruidoso, que fizesse perguntas à blogueira, mas isso não funcionou. A ingenuidade política dos funcionários da Cultura foi maior do que sua vontade de que tudo desse certo. Mas não chegou ao ponto de fazê-los chamar a polícia para remover a turma, algo que transformaria os manifestantes em alvos da repressão. O único alvo foi Yoani.
O grupo que hostilizou e ofendeu a cubana teve o condão de atrair grupo rival que, numa das alas do Conjunto Nacional, adicionou barulho ao barulho.
Quem quiser assistir a uma conversa com Yoani deverá aguardar a emissão do programa Roda Viva, da TV Cultura, que ela gravou na mesma tarde de barulho. Há também vídeos no site do Estado de S.Paulo.
Do blogue ao papel
Yoani planeja fazer uma transição curiosa: acrescentar à atividade de blogueira a de criadora de um jornal de papel em Cuba.
Isso é tanto mais interessante porque Yoani é uma pessoa que, como poucas no mundo, deu show de bola na internet. Criou sozinha um fato jornalístico logo transformado em fato literário, político e diplomático.
No entanto, na hora de alcançar novo patamar, é ao velho jornal, essa espécie supostamente em extinção, que ela dirige suas energias.
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