A violência contra a imprensa no México deixou mais uma vítima. O jornal El Siglo de Torreon, na cidade mexicana de Torreon, no estado de Coahuila, foi atacado por três dias seguidos.
Na segunda-feira, 25, agressores atiraram em policiais federais que protegiam o edifício onde funciona o jornal. Ninguém ficou ferido. Na terça, homens dentro de um carro atiraram pelo menos 30 vezes na porta principal do prédio. Na tarde de quarta-feira, mais uma vez o jornal foi alvo de homens armados. Desta vez, um transeunte morreu e dois policiais ficaram feridos.
Intimidação e autocensura
O Siglo de Torreon sofre com ataques periódicos há quatro anos, mas as agressões nunca haviam deixado feridos. Desde o primeiro ataque, em 2009, o jornal decidiu encerrar seu jornalismo investigativo. A cidade de Torreon, dominada pelo violento cartel de drogas Zetas desde 2007, tem a segunda maior taxa de homicídios do México, perdendo apenas para Acapulco – apenas nos nove primeiros meses de 2012, foram contabilizados 830 assassinatos.
Os ataques a veículos de comunicação e intimidação a jornalistas são comuns na região norte do país – que sofre com a cruel guerra entre gangues rivais de narcotraficantes pelo controle de rotas-chave para os EUA. Diversos jornais, cansados das agressões e temendo pela vida de seus funcionários, anunciaram, nos últimos anos, que passariam a censurar sua cobertura policial. A organização Repórteres Sem Fronteiras lista o México como um dos países mais perigosos para jornalistas, junto com Paquistão, Síria e Somália. Segundo dados da organização, pelo menos 80 jornalistas mexicanos foram assassinados desde 2000 por conta de seu trabalho cobrindo o crime organizado e a corrupção.