Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um mistério, uma só lembrança

Na noite de 29 de março, Isabella Nardoni, de 5 anos, teve sua vida ceifada brutalmente. O local do crime foi a casa do seu pai, Alexandre Alves Nardoni, 29. O crime aconteceu na zona norte de São Paulo: a menina foi arremessada da janela do sexto andar. Os suspeitos seriam o pai e a mãe, os vizinhos disseram ouvir barulhos, vozes, os depoimentos até agora se contradizem. De quem seria a culpa nesse caso que ‘aguça’ os sentidos da polícia? Pai ou mãe? Só restaram os dois, e agora?

Muitas são as evidências e tão pouco se chega ao autor do crime. A mídia divulga de maneira sensacionalista a repercussão desse caso – ou seja, só a Globo já divulgou em inúmeros plantões a mesma informação. Fazem plantão diante a uma delegacia a fim de bater na mesma tecla. A Record divulgou de maneira real e aproveitou a ‘deixa’ para promover sua mais nova conquista: Roberto Cabrini. Sensacionalismos à parte, isso é mais um problema de ordem social, e sendo assim merece atenção e justiça por meio da lei.

A queda foi fator determinante para a morte da menina, mas existem outros sinais: hematomas e índice de asfixia. O pai alega que alguém teria entrado em casa, a madrasta, está mais que provado, tinha ciúmes da garota. Também, pudera, no ver dela ela era um ‘estorvo’; no ver do pai, era a filha que teria sido concebida ainda jovem, em um relacionamento bom, desses que arrebatam corações, não pagava pensão, o pai, um advogado renomado, do setor tributário era quem pagava a pensão alimentícia.

Sensacionalismo, ‘achômetro’

A reação do pai diante do crime faz pensar que seria ele o principal suspeito. Por que subir com ela e deixar o restante das pessoas no carro? Como, quem, quando, cortaria a grade da janela e o porquê disso? O pai, diante do episódio ficou transtornado, abalado. Seria ele o culpado ou seria sua esposa? Até que ponto conhecemos as pessoas com quem convivemos? Será que os perfis bastam para definir uma personalidade?

Pessoas muito caladas, quando reagem, tendem a reagir de maneira bruta, grosseira e impensada. A reação dos dois diante dos fatos é suspeita e ao mesmo tempo intrigante. Pois da mesma maneira que eles dizem ser inocentes, dão índices cada vez mais evidentes de que foram eles e que talvez esse crime tenha sido praticado em parceria. Será que a polícia não usa da sua inteligência emocional, para contribuir na resolução de crimes que repercutem em um só mistério? Até quando a razão, as teorias, são eficazes?

A questão é não envolve somente noticiar, temos de conceituar os fatos como eles são. Notícia é notícia e assim sempre será… E daí? Elas passam assim como não existe justiça, justa diante dos fatos. Não se pode tratar um problema dessa ordem baseado no sensacionalismo, no ‘achômetro’. Tem de se analisar no geral, perfil, fatos, evidências, violência. Cada pessoa faz por confundir, pois milhares delas ainda não se conhecem.

Quem é quem

Seria esse caso uma luta, um mistério, uma só lembrança da garota do sorriso largo, que tinha muito amor para dar, que estava no começo de sua vida, que amava sua família, que deixou sua mãe ainda jovem… Que fez da vida dela sua vida.

Que Isabella foi assassinada é certo, que a justiça será feita, talvez. Não podemos julgar sem antes conhecer, até porque um crime como esse tende a ir para a radicalização, o sensacionalismo puro e no final disso tudo se corre o risco de ainda existirem outras versões novas diante o caso.

Rezemos… Vibremos… Pela resolução do caso, pela astúcia da polícia, pelo sofrimento da mãe e familiares, pela garota que se foi tão cedo, pelo assassino(a) que fez da vida alheia um só ‘inferno astral’ – que ele sinta na alma e se entregue. A justiça será feita conforme o tempo passar, pois ele é o senhor da razão e não cabe a ninguém julgar antes do tempo. Deus é um só e ele olha por todos. Quem é quem nessa história sem fim… Só eles poderão nos dizer.

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Jornalista