O Washington Post planeja começar a cobrar pelo acesso a parte de seu conteúdo digital a partir de meados deste ano nos EUA, tornando-se um dos últimos grandes jornais americanos a partir para a cobrança como meio de reforçar a receita proveniente de material online.
Leitores online do jornal serão obrigados a pagar uma taxa de assinatura após acessar 20 artigos gratuitos por mês. Assinaturas da edição impressa do jornal darão acesso gratuito a todo o conteúdo digital do Post. O anúncio das mudanças foi feito na segunda-feira (18/3), sem quaisquer detalhes adicionais sobre preços.
“Os consumidores entendem o alto custo da operação de coleta de notícias e reconhecem a importância de manter reportagens aprofundadas, pelas quais o Post é conhecido”, escreveu a editora-chefe do diário, Katharine Weymouth, em comunicado.
“Proposta irracional”
Em reunião com a equipe do jornal, Katharine afirmou que continuar aumentando o preço cobrado pelo impresso, mantendo o conteúdo digital gratuito, é “uma proposta irracional para os leitores”.
O diretor-executivo do Post, Donald E. Graham, por muito tempo foi receoso com a implantação da cobrança pelo conteúdo digital, pois temia que a medida afastasse leitores e anunciantes. “A razão pela qual ainda não adotamos a cobrança é que não encontramos um modelo que realmente aumente a receita”, disse Graham, em conferência de mídia realizada em dezembro do ano passado, em Nova York.
Agora, isso mudou. O plano para começar a cobrar os leitores pelo acesso digital foi divulgado no momento em que jornais enfrentam sérios desafios, já que os anunciantes – que já foram a principal fonte de receita – começam a optar por gastar seus dólares em outras mídias.
A publicidade impressa para a indústria de jornais apresentou queda pelo sexto ano consecutivo em 2012, caindo 7,3%, de acordo com “The State of the News Media”, um influente relatório anual divulgado na segunda-feira (18/3) pelo Project for Excellence in Journalism (Projeto para Excelência em Jornalismo), do Pew Research Center. Em função da queda na receita de publicidade impressa, a diferença entre os conteúdos impresso e digital é surpreendente: para cada US$ 1 ganho em publicidade digital, há uma perda de US$ 16 na publicidade impressa, diz o relatório.
Receita publicitária caiu 14%
No Post, a receita com publicidade impressa caiu 14%, para US$ 228,2 milhões em 2012. Já a publicidade digital, que inclui a revista online Slate, apresentou aumento de 5%, chegando a US$ 110,6 milhões.
O modelo do Post é o mesmo adotado com sucesso pelo New York Times, que bloqueia o acesso ao material publicado após a leitura de um dado número de reportagens. Segundo o Pew Research Center, cerca de 32% dos jornais diários nos EUA cobram por algum tipo de acesso digital.