Há exatos dois anos, a Record inaugurou um espaço com três mil metros quadrados de área construída em Ribeirão Preto (SP). É o maior complexo jornalístico da emissora, fora, é claro, a cabeça de rede. A inauguração contou com a presença do governador do estado, prefeita, secretários da cidade, além de artistas da própria Record, e o presidente, Alexandre Raposo. Alckmin disse na ocasião que o novo complexo provocaria uma “mudança de geografia do jornalismo” e obviamente todos foram unânimes em elogiar o canal pela investida na cidade de Ribeirão Preto, que gerou empregos, renda e deu uma aquecida no mercado que estava um pouco estagnado por estas bandas.
O complexo teve um investimento estimado em R$ 10 milhões e conta com quatro andares e integra departamentos financeiro e pessoal, marketing, programação, informática, comercial e operacional. O quarto andar, que seria destinado ao crescimento da própria emissora, não foi sequer inaugurado.
Na última semana, o clima por lá não foi dos melhores: extremamente sepulcral e lutuoso, com a demissão de 13 funcionários, sendo nove do operacional (cinegrafistas e editores de imagens), três editores e uma repórter. Os programas Agro Record e Direto da Redação foram limados do ar. A insatisfação nos bastidores da emissora é total com a falta de material para trabalhar (ultrapassado e sucateado) e com o corte de horas-extras pagas sem aviso prévio.
Caminho da TV é a regionalização
Houve até mesmo o risco do principal telejornal da casa, o SP Record, não ir ao ar na última semana. Esse tipo de situação empobrece a região, que conta com uma afiliada da Globo muito forte em Ribeirão, a EPTV e a TV Clube, da Bandeirantes (esta última, contudo, apresenta uma maneira de como não se fazer jornalismo em hipótese alguma). Enquanto o SBT permanece no total ostracismo, com programas estruturalmente fracos e de conteúdos medíocres. O SBT de Ribeirão, diga-se de passagem, é emissora própria.
O jornalismo regional está em frangalhos. Boni já dizia que o caminhão da televisão, e principalmente do jornalismo, é a regionalização. Afinal, um acidente na esquina da rua da tua casa é mais importante que a guerra do Vietnã.
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Thiago Forato é jornalista, Ribeirão Preto, SP