Muitos políticos ligados às comunicações fazem parte dos plenários das Assembléias Legislativas, do Senado Federal, das Câmaras Municipais e muitos até já chegaram ao executivo. Vale ressaltar que todo esse processo de chegada ao poder foi conseguido por meio do prestígio obtido através dos velhos programas de rádio que foram seu caminho de entrada para o crescimento em termos de conhecimento, notoriedade e respeito por aqueles que acreditaram sempre em suas opiniões, suas críticas ao Poder Público e aos políticos e pela pregação da seriedade, honestidade e valorização do cidadão.
O que entristece é que ao chegar ao Poder poucos se voltam para a melhoria e valorização do meio que lhes deu tanta fama e tanto enaltecimento, pois quando chega ao poder, a grande maioria tem como primeira providência sair do rádio ou adquirir uma rádio e usá-la para satisfazer seus interesses e desejos políticos. Desse modo, o rádio velho companheiro, deixa de ser seu companheiro de batalhas para ser um instrumento que só será utilizado na próxima eleição.
Os problemas que o rádio tem na atualidade não são discutidos nos plenários nem fazem parte da plataforma de ação de grande parte dos parlamentares e mandatários oriundos deste meio de comunicação, que cometem muita ingratidão com aquele que esteve sempre ao seu lado no processo de crescimento e chegada ao Poder. Temos, então, uma realidade pautada no esquecimento e na desvalorização de um meio de comunicação que resiste ao tempo e se notabiliza por fazer parte da vida de milhões de pessoas em todos os recantos deste país.
Necessidade de gratidão
A constatação deste fato se dá por não termos notado qualquer prática de questionamento do processo de comunicação gerada pelo rádio e das poucas ações desenvolvidas para o crescimento deste meio em termos de qualidade de emissão, de busca por sua melhoria em termos técnicos ou sequer algum tipo de questionamento aos programas de baixaria que proliferam sem qualquer tipo de mecanismo que evite a poluição dos tímpanos dos ouvintes – que muitas vezes são obrigados a ouvir o que não querem e são agredidos com termos chulos e totalmente desprovidos de um mínimo de respeito e ética comunicativa.
Os parlamentares e governantes deveriam teoricamente representar o povo e lutar pela conquista de suas aspirações em termos de saúde, cidadania, direitos sociais e entretenimento sério e sadio, com mensagens edificantes que busquem um aprendizado e crescimento. O que vemos, no entanto é que para esses só existe uma preocupação que é o resultado da próxima eleição e os compromissos assumidos com os que detêm o Poder fazendo com que seus mandatos sejam exercidos, não em favor dos anseios populares, mas de acordo com os ditames da roda-viva do Poder.
Os parlamentares e governantes que chegaram ao Poder via rádio não podem esquecer deste que sempre foi usado por eles para crescerem e não devem dar as costas para o que os usuários deste meio de comunicação geralmente sentem e não tem oportunidade de dizer. Aos que hoje estão no Poder graças ao rádio, resta a necessidade de gratidão acreditando na organização dos ouvintes e dando espaços para que estes digam o que querem deste meio de comunicação e o que pensam das emissões radiofônicas.
Propostas interesseiras e eleitorais
É importante e salutar que a luta por um rádio melhor seja encampado pelos representantes do povo abrindo espaços em suas ações políticas para um processo de questionamento da comunicação que está aí com vários problemas que são desprezados pelos políticos – que só têm em mente os acordos e os interesses que movem a máquina do poder.
Ao ouvinte, resta uma missão: observar a ação prática dos que usaram o rádio como plataforma política e hoje não fazem o mínimo esforço para que este meio cresça de acordo com os verdadeiros interesses da sociedade. Após toda esta análise crítica é preciso mostrar-se consciente e rechaçar toda e qualquer proposta vinda destes que não podem passar o tempo todo enganando seus outrora ouvintes, que depositaram tanta confiança em seus pronunciamentos via rádio e que hoje se transformaram em quimeras e propostas meramente interesseiras e eleitorais.
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Presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará