Somos tão viciados em figurinhas em movimento que gastamos nada menos de 25 horas semanais – um dia inteiro! – assistindo a filmes e televisão. Esse número foi revelado pelo 4º Barômetro Anual de Audiência de Mídia, um estudo global da Motorola que, anualmente, verifica os hábitos e preferências de 9,5 mil consumidores em 17 diferentes mercados.
O Brasil é um dos recordistas em tempo de televisão: assistimos a 20 horas semanais só de TV aberta. Estamos atrás dos Estados Unidos, com 23 horas, e de Índia, Turquia, China e Malásia, empatadas em segundo lugar, com 22 horas. Estamos, ainda, entre os mais entusiasmados usuários do conceito de múltiplas telas: 62% dos brasileiros entrevistados assistem a seus programas não só nos aparelhos de televisão, mas em smartphones, tablets e notebooks, tudo junto e misturado. Argentina e México, que também gostam de uma novidade, têm percentual de 58% e 60%, respectivamente. O mais curioso é observar que o Japão, conhecido por consumir tecnologia de ponta, figura na pesquisa com modestos 33%. Apesar disso, a sala de casa, com 75% da preferência, continua sendo o lugar favorito para acompanhar séries, novelas e noticiários.
O uso de aparelhos portáteis para assistir vídeos está ligado, é claro, à mobilidade que oferecem. Faz sentido, portanto, que eles passeiem pela casa inteira e até fora de casa. A maioria dos usuários que veem filmes ou televisão em tablets e smartphones o faz no quarto; 10% da turma o faz na cozinha. À medida que os aparelhos vão ficando mais populares e mais baratos – e que, consequentemente, passam a chamar menos atenção –, ficamos mais tranquilos e confortáveis em relação ao seu uso. Assistir a vídeos num celular é, hoje, algo absolutamente corriqueiro; ninguém mais estranha. A disseminação desse hábito se reflete na pesquisa, que mostra que 43% dos usuários brasileiros de smartphones já assistem a vídeo em seus aparelhos fora de casa; o número cresceu bastante em relação à pesquisa anterior, que indicava 34%.
Curso de fotografia por smartphone
Muita gente também grava conteúdo de vídeo, tanto que, ao redor do mundo, cerca de um terço do que se vê de programação de TV foi gravado previamente. No Brasil, o conteúdo mais gravado são os filmes, por 43% dos usuários. Em segundo lugar vêm as notícias, por 36% dos entrevistados, seguidas pelas eternas novelas, com 34%. Por outro lado, mais de 30% do que se grava jamais chega a ser assistido. Não respondi à pesquisa, mas tenho certeza de que, aqui em casa, contribuímos muito para esse percentual… Previsivelmente, a principal queixa dos usuários diz respeito à dificuldade de transferir conteúdo entre as diferentes plataformas. Ainda vivemos numa Torre de Babel tecnológica em que os nossos vários aparelhos não se entendem.
Enquanto isso, no mundo das figurinhas paradas, uma novidade aqui no Rio: um curso de Instagram e de fotografia por smartphone, ministrado pelo Beto Pestana, que se estende por quatro aulas. Fiquei surpresa com a abrangência do roteiro; é que já uso câmera de celular e Instagram há tanto tempo que nem penso mais nos detalhes. A verdade, porém, é que há todo um mundo esperando por quem está começando.
Ter um iPhone é pré-requisito para a matrícula. Perguntei por que só iPhone. A explicação é que o curso não é apenas teórico; ele tem todo um lado prático, inclusive de ensino de uso do aparelho e diferentes plataformas em aula tumultuariam o processo. Faz sentido. O curso vai ao ar a partir do próximo dia 8 de maio, às 19h, na Cinédia (Rua Santa Cristina 5, Glória, telefone 2221-2633).
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Cora Rónai é colunista do Globo