Pesquisas mostram que apenas um terço dos russos sabe quem é Alexei Navalny, e ainda assim ele é considerado, hoje, uma ameaça ao Kremlin. Na semana passada, teve início, em um tribunal em Kirov, a 900 quilômetros de Moscou, o julgamento do blogueiro e ativista político – acusado de roubar o equivalente a um milhão de reais de uma madeireira estatal quando assessorava um governador local, em 2009. Outros processos já foram abertos contra ele, também por roubo e fraude. O blogueiro nega todas as acusações.
Navalny, que nos últimos anos ajudou a organizar protestos contra Vladimir Putin e levou questões sobre a corrupção entre as elites russas ao centro do debate político, diz ser alvo de uma campanha do governo contra seus opositores. Recentemente, ele anunciou suas ambições de concorrer à presidência em 2018.
Repressão
O processo contra Navalny, diz o Financial Times, é o auge de uma longa onda de repressão que vem desde as manifestações populares de 2011 e a volta de Vladimir Putin à presidência, no ano passado. Nos dois últimos anos, organizações não governamentais sofreram com o assédio das autoridades, a Agência Norte-Americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID) foi obrigada a encerrar suas operações no país e duas integrantes da banda feminista Pussy Riot foram condenadas por vandalismo ao protagonizar um protesto contra Putin na mais importante igreja ortodoxa da Rússia.
O veredicto, como em 99% dos julgamentos russos, deverá ser “culpado”. Navalny pode ser condenado a 10 anos de prisão, e a condenação o impediria de concorrer a cargos públicos. Um porta-voz do Comitê Investigativo da Rússia, principal órgão investigativo do país, admitiu que o caso havia sido aberto porque Navalny estava “usando todo o seu poder para chamar atenção para si mesmo”. O julgamento continua esta semana. “O Ocidente não deveria ignorar o caso de Alexei Navalny”, diz o Financial Times.