Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornal impresso tem espaço para crescer no interior

O jornal impresso ainda está longe de acabar, na opinião de quem distribui mais de 8 milhões de cópias por dia, o presidente do Times of India Group, Arunabh Das Sharma.

Em entrevista à Folha anteontem [terça, 30/4], durante o congresso da Inma (associação internacional de marketing de empresas jornalísticas), em Nova York, o executivo falou sobre algumas práticas da companhia para elevar receitas publicitárias –inclusive opções menos ortodoxas.

Com foco em novos suportes tecnológicos para a divulgação de notícias, o tema foi amplamente abordado durante o evento.

Como o Times of India, seu jornal impresso que já tem uma grande circulação, pode crescer no cenário atual, em que discutimos a migração para o digital? Ainda há potencial nesse mercado?

Arunabh Das Sharma – Sim. O tamanho da população indiana é relevante, mas, assim como no Brasil, temos um grupo muito grande de pessoas, mais pobres, que estão começando a estudar e a se interessar. Elas podem se tornar novos consumidores. O impresso não acabou. Estamos nos expandindo em novos mercados no país. As regiões fora dos grandes centros são uma oportunidade, assim como a ampliação para outros idiomas locais, não apenas o inglês.

O Times of Indiadesenvolveu um modelo de venda de espaço publicitário pouco usual, que envolve participação acionária nos anunciantes. Como está crescendo?

A.D.S. – Recebemos 33% do valor envolvido em pagamento à vista, para cobrir os custos do anúncio. Os outros 67% nós recebemos em ativos. Essa parte é risco, mas tem tido sucesso e já representa cerca de 12% das nossas receitas com jornais. Queremos levar a 25% nos próximos anos.

Esse negócio se concentra em quais setores?

A.D.S. – Em todos os setores, como empresas de testes laboratoriais, eletrodomésticos, de higiene, do varejo, entre outros. São tanto empresas maduras como as menores.

O senhor recomenda esse modelo de venda aos jornais brasileiros?

A.D.S. – Depende da habilidade do anunciante. Mas recomendo que ele faça apenas com o líder de mercado ou com poucos líderes. Não é bom pulverizar. É como um casamento. Tem de escolher com quem vai ficar porque vai ser uma sociedade, uma relação de prazo mais duradouro.

O desenvolvimento de aplicativos para aparelhos móveis em larga escala também é uma especialidade do grupo. A arrecadação já começou a dar sinal nessa área?

A.D.S. – Temos um mercado muito desenvolvido nesse setor na Índia. Produzimos aplicativos internamente ou trabalhamos com fornecedores, mas eles ainda não são um gerador relevante de receitas.

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Joana Cunha, da Folha de S.Paulo em Nova York