Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Prova de fogo para equipes de comunicação de governos

Ao colocar órgãos governamentais no centro das atenções, os megaeventos esportivos como a Copa do Mundo de Futebol e as Olimpíadas expõem também o desafio das equipes de comunicação de municípios, estados e executivo federal. É certo que são oportunidades singulares para que gestores públicos apareçam. Por outro lado, jornalistas das assessorias precisam fazer valer o interesse público nos conteúdos veiculados. Todos sabem que a visibilidade será sem precedentes para o Ministério dos Esportes, por exemplo – uma pasta que em geral tem pouca exposição mas, partir deste ano, torna-se um dos centros estratégicos da República. A primeira prova de fogo ocorre em junho, durante a Copa das Confederações.

Ao se observar apenas a homepage do site do Ministério dos Esportes já é possível compreender as demandas de conteúdo do veículo governamental. Ao mesmo tempo em que apresenta conteúdo amplo e informativo, com convergência multimidiática e com ações nas mídias sociais, esbarra em outros interesses – como a necessidade de enaltecer o ministro titular da pasta. Uma amostra simples, coletada na sexta-feira (10/5), demonstra isso. Lado a lado estavam as notícias “Comissão Especial discute a regulamentação do Estatuto do Torcedor” e “Ministro do Esporte recebe condecoração em Cuiabá”.

Na mesma semana, o editor de conteúdo do Ministério do Esporte, Paulo Rossi, participou, em Brasília, do Seminário Internacional de Jornalismo Esportivo, Sociedade e Indústria. Sobre o desafio de “equilibrar” o conteúdo, ele explicou que o órgão público deve destacar os programas do governo, de uma forma jornalística e de serviço, de modo a oferecer ao leitor informações fidedignas sobre os eventos. Porém, como em toda empresa governamental, existem outras demandas. “No portal da Copa, por exemplo, há todo tipo de noticiário, desde uma greve [de trabalhadores] no estádio até a sua inauguração”, afirmou Rossi.

Mídias sociais

Para Rossi, seriedade e credibilidade devem ser as características básicas de uma equipe de comunicação, esteja ela de um lado ou do outro do balcão. O jornalista lembra que, se uma empresa apaga um comentário de um internauta que não está de acordo com o que a empresa pensa, falta a ela honestidade jornalística. “O código de ética do jornalista não permite isso. Se alguém denunciar, a empresa deve ser punida, ela não é dona da verdade”, afirmou.

No debate em torno do tema “O papel das mídias sociais na cobertura dos megaeventos esportivos”, Paulo Rossi disse que o impacto das redes sociais é positivo, inclusive sobre problemas que podem surgir durante os eventos. Ele destacou que o poder público terá que se mexer rapidamente para acompanhar o processo. “É interessante ter uma gama variada de informações e opiniões, desde que seja mantido o pressuposto básico do jornalismo: a apuração e checagem das informações.”

>> Entrevista com Paulo Rossi

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Gabriela Echenique é estudante de jornalismo e repórter da Agência de Notícias UniCEUB