Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um editor apaixonado por carros

Em janeiro de 1987, Eduardo Hiroshi, então aos nove, mandou uma carta para ta Folha de S.Paulo: “Eu amo a Folhinha' (…). Por isso, gostaria que vocês fizessem uma reportagem sobre o piano. Como ele é por dentro, como produz o som, quem foi seu inventor etc.”.

Em março daquele ano, a sugestão do curioso garoto de São Carlos (SP) foi publicada. Desde cedo, adorava revistas e jornais e sempre quis ser jornalista, como conta o pai, Tomaz, técnico em eletrônica.

Dezessete anos depois, Hiroshi, já formado na Unesp de Bauru, começou no Grupo Folha, só que não mais interessado em pianos. Em 2004, entrou para o jornal Agora e, por dois períodos (de 2005 a 2008 e de 2010 até ontem), editou o caderno “Máquina”, sobre carros, sua grande paixão.

Dono de um Fiat 147 ano 1986, chegou a trabalhar, no começo, como assessor de imprensa da Volkswagen. De 2008 a 2010, foi repórter da revista Car and Driver. Também colaborou com o caderno “Veículos” da Folha.

Sob seu comando, o “Máquina” ganhou destaque e incrementou a cobertura de grandes eventos, como o Salão de Xangai, no qual Hiroshi esteve no mês passado.

É descrito por colegas de Redação, onde às vezes pilotava um carrinho de controle, como correto e metódico. Após revisar um texto, marcava-o com um carimbo. Para os amigos que queriam comprar um carro, era a fonte de consulta.

Foi encontrado morto ontem no térreo do prédio vizinho ao seu, após deixar carta de despedida no Facebook. A família não quis divulgar a causa da morte. Será enterrado em São Carlos, onde está a mãe, morta em 2009. Solteiro, faria 36 anos no domingo.