Thursday, 19 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Incentivo à violência

Acabo de testemunhar nesta sexta-feira (17/5) a manipulação da informação fomentando a ira e a violência da população. Logo no início, o programa jornalístico Brasil Urgente, apresentado por José Luiz Datena, passou a fazer chamadas a respeito de um crime bárbaro e covarde referente ao assassinato de uma garota de oito anos, estuprada com requintes de crueldade. Pelo que entendi da reportagem, um sujeito chamado Andrew assumiu o crime e a polícia ainda estava investigando a participação de outro suspeito do crime, chamado na reportagem de Alexandre. Daí em diante, o apresentador faz enquetes sobre pena de morte e prisão perpétua e diz: “Parece que tem gente ameaçando depredar a casa do segundo suspeito… Não façam isso… Justiça com as próprias mãos não leva a nada… Mas o povo tá revoltado… Não façam isso”.

Enquanto dizia essas palavras, um helicóptero posicionado acima da casa do segundo suspeito começa a filmar a chegada de pessoas vindo uma a uma e começando a depredar a casa do segundo suspeito, enquanto do outro lado, um link ao vivo entrevistava o delegado. Veja bem, o discurso do apresentador Datena era o tempo todo “Não façam isso… Isso não é correto”, mas ao mesmo tempo eram geradas imagens ao vivo da depredação da casa do segundo suspeito. Ou seja, diante desse espetáculo de horror, o apresentador ainda pedia para sua produção colocar o destaque exclusivo nas imagens… De um lado, o discurso “politicamente correto”, mas os “holofotes” incentivavam a selvageria. Um exemplo claro, para mim, de manipulação e incentivo à violência.

Se algum advogado, promotor ou quem quer que seja, tiver coragem e meios, peça a cópia desse programa de hoje para a Band e verifique se não houve manipulação dos fatos em busca do sensacionalismo e da audiência utilizando como recurso um crime bárbaro, a ira da população e um programa de televisão. Usando o jargão do apresentador: “Me ajuda aí…” (Pérsio Plensack, arte educador e pedagogo, Santo André, SP)

 

O castigo de Tite

Desde que anunciou para toda a mídia que não crê “em sorte, mas em com-pe-tên-cia”, o técnico Tite foi assolado por uma maré de azar. Perdeu para o Boca na Bombonera, perdeu um caminhão do gols contra o Santos no Pacaembu, viu um cruzamento de Riquelme virar gol no ângulo de Cássio e uma arbitragem desastrosa eliminar o Corinthians da Libertadores. Mesma na conquista do Paulistão (chupa, Xico Sá), o Timão passou maus momentos: Romarinho e Pato perderam gols feitos e o juiz deu dois minutos a mais que seus próprios acréscimos, parecendo estar esperando que o Santos fizesse um gol que levasse a decisão aos pênaltis: foi um dos raros campeões que não teve um pingo de mão da sorte para levantar a taça. Resta a Tite se desculpar com a sra Sorte se quiser mudar a maré porque, como diz o ditado popular, “só tem sorte quem acredita nela” (Silvia Chiabai, jornalista, São Paulo)