A New Yorker anunciou, na semana passada, o lançamento do Strongbox. Trata-se de uma plataforma online onde as pessoas podem enviar mensagens e documentos para a revista sob condição de anonimato.
A ideia é simples: desde a criação da revista, em 1925, as pessoas enviam correspondências para seus jornalistas, desde cartas de reclamação a documentos confidenciais. Na primeira edição da New Yorker, já era informado seu endereço para que os leitores pudessem entrar em contato. Alguns anos depois, foi adicionado um número de telefone. E muitos anos depois, um endereço eletrônico. O problema é que, com o passar do tempo, tornou-se bastante fácil rastrear o remetente, mesmo quando ele não quer ser encontrado. “O Strongbox cuida disso; do jeito como funciona, nem nós poderemos descobrir de onde vêm os arquivos que nos enviam”, explica Amy Davidson, editora sênior da New Yorker. “Se alguém nos perguntar, não poderemos dizer”.
O projeto inicial foi criado por Aaron Swartz, o jovem ativista da internet que cometeu suicídio no início do ano, e Kevin Poulsen, da Wired – revista que, assim como a New Yorker, pertence à editora Condé Nast. Os dois formularam o Strongbox usando um software de código aberto com o objetivo de encorajar os desenvolvedores a continuar a fortalecer seu código de segurança.
Driblando hackers
Uma das críticas é que o sistema é um pouco difícil de usar, mas isso é proposital: serve para dificultar a ação de hackers e garantir sua segurança. Resumidamente, os usuários do Strongbox acessam uma rede segura, fazem o upload de arquivos usando uma senha gerada aleatoriamente e os enviam de forma encriptada para um servidor mantido separadamente do resto da rede da Condé Nast. Os editores da New Yorker checam o servidor usando um laptop com uma rede privada virtual, fazem o download dos arquivos encriptados para um pendrive, os carregam para um segundo laptop conectado à internet e desencriptam os arquivos para um segundo pendrive.
O lançamento do Strongbox ocorreu apenas dois dias depois de a Associated Press revelar que o Departamento de Justiça dos EUA havia obtido registros telefônicos de seus jornalistas por dois meses como parte de um inquérito sobre vazamento de informações. O timing para o lançamento foi coincidência, afirmou Nicholas Thompson, editor do site da New Yorker. “Mas é uma semana extraordinária para lançá-lo”, completou ele. Outras organizações de notícias já experimentaram projetos parecidos para se comunicar com fontes confidenciais – como o SafeHouse, lançado pelo Wall Street Journal em 2011, por exemplo. Mas muitos tiveram problemas com a tecnologia envolvida no processo.