Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Os limites da propaganda de
cerveja e o silêncio da mídia

Nem os portais da internet, nem o noticiário das rádios e nem os telejornais de ontem tiveram coragem de comentar a manchete de ontem da Folha de S. Paulo sobre a decisão do ministério da Saúde de limitar a publicidade de cerveja na TV.


As novas regras visam a proteger crianças e jovens dos estímulos contidos na perigosa publicidade cervejeira. Significa que, pelo menos teoricamente, as novas regras terão o apoio dos pais, educadores, e médicos, mas a reação da maioria dos editores ao longo do dia de ontem foi diferente: se a publicidade de cerveja for limitada, quem vai sofrer será a mídia, principalmente a eletrônica, privada de uma das principais fontes de anúncios.


Receosa de desagradar às agências de propaganda, a maior parte dos editores optou pelo silêncio. Errou. A inapetência da imprensa para comentar ou “repercutir” a manchete da Folha revela, antes de tudo, uma estratégia rudimentar, já que a decisão do governo só será tomada dentro de algumas semanas e somente entrará em vigor 180 dias depois.


Meio ano é prazo suficiente para que a nova regulamentação seja amplamente discutida pela sociedade. Mas ao tirar o assunto da pauta de ontem desvendou-se um tipo de manipulação do noticiário que não honra a nossa mídia. Sobretudo porque, mais dia menos dia, o assunto terá que ser encarado sem subterfúgios. Não se briga com a notícia, a notícia ganha sempre.