Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

País tem geração de fanáticos digitais

Para a maioria dos jovens brasileiros entre 18 e 30 anos, a tecnologia abre portas. Boa parte deles (85%) têm certeza que é capaz de encontrar um emprego com o auxílio da internet, mais que a média de outros países (83%). E para 72% dos brasileiros, a internet também já se tornou a fonte preferida de entretenimento, um resultado superior ao mundial, de 64%. A tecnologia, no entanto, ainda não conseguiu superar a guerra dos sexos. Persistem as diferenças na maneira como homens e mulheres lidam com a parafernália eletrônica. Eles se sentem confortáveis em usar equipamentos e softwares para se comunicar e conduzir seus relacionamentos. Elas também fazem uso dessas ferramentas, mas em algum momento precisam de um contato pessoal, como extensão do mundo online.

Essas são algumas das conclusões da pesquisa internacional que o grupo espanhol Telefónica divulga hoje, com o jornal Financial Times, sobre a relação da nova geração de consumidores com a tecnologia. O levantamento foi feito online, no início do ano, com 12.171 jovens entre 18 e 30 anos de 27 países, em todos os continentes. No Brasil, 1.028 pessoas foram entrevistadas.

“De maneira geral, a mulher se mostra mais influenciável por outros meios, como família e amigos, com quem sente necessidade de interação pessoal”, disse ao Valor o diretor de assuntos empresariais da Telefónica Europa, Richard Poston, responsável pela pesquisa. “Já o homem costuma ser mais focado e se atém a determinadas tecnologias para manter contato”, afirmou o executivo. Isso explica o ambiente predominantemente masculino do universo dos jogos online, com os quais é possível jogar com pessoas do outro lado do mundo, sem nunca encontrá-los.

Desigualdades sociais e educação

Quando se trata de familiaridade com a tecnologia, a diferença entre os sexos diminui: 49% dos homens e 40% das mulheres se mostraram confortáveis com o uso dos aparelhos. Os homens se consideram mais atualizados em tecnologia (32% deles têm essa percepção, frente a 21% delas). No Brasil, 63% possuem smartphones e ficam sete horas online ao dia, contra seis horas da média mundial. Entre os entrevistados no Brasil, 63% possuem smartphones e ficam sete horas online ao dia, contra seis horas da média mundial. Para 46% deles, a internet, incluindo as redes sociais, é a fonte preferida para acessar notícias. Nesse quesito, o Brasil está alinhado com a média mundial (45%). Na opinião de 57%, a tecnologia os tornou mais bem informados sobre as questões políticas do país – um índice bem superior ao de outros países, cuja média foi de 38%.

Os jovens no Brasil estão entre os que se sentem mais familiarizados com a tecnologia (91%, frente aos 79% da média global). Não por acaso, no país, 18% dos entrevistados foram identificados como “líderes da geração do milênio”: pessoas com atitude positiva em relação à tecnologia e ao empreendedorismo, entre outros conceitos. Na média global, 11% foram considerados “líderes”. Nesse aspecto, mais uma vez a diferença de gênero se destaca: os homens da geração dos 18 aos 30 anos são duas vezes mais propensos a ser líderes que as mulheres, segundo o levantamento.

Entre as principais preocupações dos jovens brasileiros consultados na pesquisa estão as desigualdades sociais e a educação (24%), seguidas da saúde (17%) e da pobreza (11%). Segundo Poston, a pesquisa ajuda a Telefónica a identificar o perfil dos jovens usuários e as tendências de consumo, além de direcionar melhor os investimentos da companhia na área de educação.

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Daniele Madureira, do Valor Econômico