Tiros, bombas, helicópteros, agressões, confrontos, depredações. A quinta-feira (13/6), dia de Santo Antônio, parou a região central de São Paulo na luta por uma cidade com maior igualdade e justiça social, ambas representadas pelo Movimento Passe Livre e o protesto contra o aumento da tarifa de R$ 3,00 para R$ 3,20.
Quem não pôde ou não quis ir à manifestação, desfocou-se do trabalho, dividindo a atenção entre notícias e relatos de amigos e conhecidos. Entre queixas ao comportamento da PM, compartilhamentos de fotos e frases de apoio ecoava um grito, sobretudo entre os perfis mais jovens, contra a maneira com que o protesto era veiculado pelos grandes jornais.
As notícias eram lidas já de início com um quê de desconfiança por conta dos editoriais do Estadão (que exigia mais rigor contra os manifestantes) e da Folha (que reclamava à Paulista um espaço de passeio público). Amigos que presenciaram por escolha ou acaso a manifestação, ilesos ou machucados, eram a fonte de verdade para quem estava curioso ou preocupado com o desenrolar dos fatos. Com a mesma instantaneidade com que eram postados e compartilhados depoimentos e fotos de manifestantes, eram negadas as afirmações transmitidas pela outrora grande imprensa ou criticada sua forma de abordagem.
A mídia impressa, companheira do Brasil que pedia o voto nas Diretas há 30 anos, era, em, sua luta para manter-se relevante no mundo digital, tratada como parte daquilo que os manifestantes de hoje lutam contra: o velho Brasil da desigualdade, oligarquia, manipulação e do autoritarismo. Com essa credibilidade não há muro de cobrança que proteja a grande imprensa de catástrofe.
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Danilo Thomaz é jornalista e produtor e coordenador de comunicação do festival internacional Pauliceia Literária 2013