Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Novos tempos, velhos jornais

Manifestações eclodiram de norte a sul do Brasil. Sem objetivos ou líderes definidos, essas ebulições ecoam em forma de grito sobre os problemas que se arrastam por mais 500 anos em terras tupiniquins. Esse novo tipo de manifestação, com pessoas carregadas de ideologias tão plurais, só foi possível através de redes ágeis de comunicação, especialmente pelas redes sociais. Essa rápida comunicação é uma característica marcante em manifestações pós-modernas, visto casos atuais ocorridos no Brasil e Turquia, ou até mesmo como o da Inglaterra em 2011.

Porém, uma dicotomia informativa fica cada vez mais evidente no decorrer desses acontecimentos. O jornalismo que hoje é praticado encontra-se ultrapassado e lento, isso ao analisar a cobertura desses eventos. Isso não se deve ao fato do imediatismo que os veículos buscam praticar (fato esse que, além de gerar uma abordagem superficial, proporciona uma série de “barrigas” e possíveis boatos). O ponto em questão é a falta da onipresença dos veículos nesses acontecimentos. E isso vai muito além da presença de jornalistas no front da batalha.

O conceito de jornalismo colaborativo não pode ser utilizado apenas como um mantra cool para a imprensa. Ele se faz necessário e vital para esse novo modelo de consumo de notícias. Uma torrente de informação é produzida a cada segundo durante as manifestações. Os ativistas, carregados de câmeras e smartphones, se tornam agora as fontes exclusivas de informação, cobrindo inconscientemente cada canto desses eventos. Cabe aos veículos identificarem as informações relevantes nesse mar de conteúdo, construindo assim uma visão extensa e rica sobre o que de fato está acontecendo em nosso país.

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Thiago Avelino do Nascimento é analista da Web