Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Internet é um shopping para veículos de comunicação

Para o mercado editorial, a internet é um shopping center com várias vitrines. Editor de mídias sociais da Veja, Rafael Sbarai acredita que a tecnologia possibilita novas fontes de tráfego. O jornalista ressalta que reunindo Facebook, Twitter e Google Plus a publicação da Editora Abril consegue angariar cinco milhões de pessoas. “São novas possibilidades para as pessoas conhecerem o conteúdo da Veja”, disse ao Comunique-se durante o evento “O Poder do Facebook em Debate”, ocorrido em São Paulo na terça-feira (25/6). 

Defendendo que empresas de mídia são companhias de tecnologia, Sbarai conta que uma prática constante na Veja é o uso de APIs, ou seja, códigos de aplicativos como Foursquare e Instagram, que permitem suas programações em qualquer plataforma. A ideia é unir o conteúdo feito pelos profissionais do veículo com o “trabalho de cidadãos-repórteres, de pessoas que estão nas ruas e que podem compartilhar [informações]”.

Confira a entrevista completa com Rafael Sbarai:

Muito se fala que o jornalismo está em crise, então, como usar as redes sociais em benefício do mercado editorial?

Rafael Sbarai – Nos momentos de crise é hora de começar a repensar o nosso modelo de negócio. As empresas de mídia hoje, sobretudo, não são empresas de tecnologia. Quando você tem a tecnologia por trás, você consegue construir produtos atrelados a várias plataformas. Na Veja, temos usado Twitter, Facebook, Foursquare e Instagram para produzir conteúdo. Pegamos as APIs públicas, que são os códigos por trás desses serviços e que permitem que você os pegue e os jogue em qualquer plataforma.

Você tem algum exemplo para dar?

R.S. – Há um caso recente, que é o GeoSocial Veja. É um mapa do Google Maps com informações geolocalizadas do Foursquare, do Instagram, do TripAdvisor e também notícias geolocalizadas da Veja. Quem foi ou está em uma das cidades-sede da Copa das Confederações consegue ver informações, fotos e tuítes geolocalizados, como informações sobre restaurantes, hotéis, baladas ou bares. Temos nos adaptado aos modelos da internet. Pegamos a ideia de que empresas de mídia são companhias de tecnologia. A gente pega recursos tecnológicos fornecidos por grandes plataformas e puxamos para o nosso site.

Como tornar o conteúdo mais interativo para que as pessoas participem com frequência?

R.S. – O que pensamos é como nos apropriar, entre aspas, desse conteúdo. Como trabalhar com o conteúdo feito pela Veja editorialmente, produzido pelos nossos repórteres ou editores, mas ao mesmo tempo unir ao trabalho de cidadãos-repórteres, de pessoas que estão nas ruas e que podem compartilhar [informações]. Sempre mandamos perguntas via Twitter, Facebook ou Google Plus para tentar coletar dados e atrelá-los às reportagens. Também usamos uma ferramenta chamada Storify, que permite que você crie uma narrativa social. Jogamos uma pergunta no Twitter e, a partir disso, criamos uma discussão, que será direcionada para o site da Veja.

Na sua área, houve alguma mudança depois que o Roberto Civita faleceu?

R.S. – Não senti mudança [na estrutura da área]. Foi uma grande perda para nós, era um homem que pensava no jornalismo em primeiro lugar. Tive a oportunidade de ter uma reunião com ele, que foi maravilhosa. Continuamos trabalhando da mesma maneira, temos as mesmas metas, os mesmos projetos e a vontade de sempre fazer um jornalismo ainda melhor dentro da Veja.

Durante a mesa “O Poder do Facebook em Debate”, você comentou sobre aulas realizadas na rede pela Veja. Como funcionam?

R.S. – Às quartas e quintas, às 20h, temos um projeto dentro do site da Veja que é fazer aulas via hangout [ferramenta de videoconferrência do Google Plus], relativas a concursos públicos e Enem. Depois que as aulas são feitas, elas vão para o site da Veja e para o nosso canal no YouTube. É interessante para obter conhecimento. Junto a isso há informações, conteúdos e reportagens produzidas pelo nosso site, que vão ajudar a dar mais embasamento para as questões.

Como fazer para que a rede não se torne concorrente do produto. De que forma a Vejano Twitter, no YouTube e no Facebook não concorre com a Vejaimpressa?

R.S. – Não concorre de maneira alguma. Pensamos de modo mais distribuído e menos centralizado. Na prática, isso quer dizer que a internet é um grande shopping center onde há várias vitrines. Temos uma vitrine muito grande que é o Facebook, que tem quase dois milhões de pessoas, tem uma vitrine gigantesca no Twitter, que tem 2,5 milhões de pessoas. Outra vitrine muito boa é o Google Plus, com 1,1 milhão pessoas. Só dentro dessas três plataformas a gente consegue angariar – tudo bem que podem ter seguidores comuns – cinco milhões de pessoas. São novas fontes de tráfego, novas possibilidades para as pessoas conhecerem o conteúdo da Veja.

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Renata Cardarelli, portal Comunique-se