Divulguei uma vez nas redes sociais e no meu blog a decisão de não dar mais dinheiro ao O Globo e houve comentários a favor e contra. Sim, O Globo não me agrada. E para corroborar meu pensamento avistei um fato que demonstra o quanto o Grupo Globo está perdido na esfera jornalística com o seu principal jornal impresso. Diante dos alardes de que o impresso está em fase terminal – especialistas dão ainda 50 anos de vida a ele no Brasil – a imprensa do mundo inteiro corre para se reinventar. O aclamado jornalismo online, que já nasceu morto e deu lugar ao impetuoso jornalismo digital trouxe consigo conceitos e função com ares de vanguarda – entre outras coisas, o mojo. Não se trata do personagem dos quadrinhos de aventura, conforme está lá na Wikipédia. Mojo [Mobile Journalism] é o repórter que sai montado de tudo quanto é treco tecnológico móvel nas costas direto para a rua e de lá bombardeia – com critérios diferentes do repórter comum – o site de seu jornal ou seu próprio blog, com informações escritas, visuais e de áudio. Alguns apuram e editam ali mesmo, sem voltar à redação, outros enviam a notícia crua para que na redação seja transformada em texto de impresso ou mesmo de web.
O mais famoso dos recém-nascidos mojos é Kevin Site, do Yahoo, que acabou se tornando uma referência na função de trabalhar em multitarefa e agregar multiplataformas. No Brasil, o assunto começa a ganhar espaço e despertar interesse. E quem está saindo na frente? O jornal Extra! Sim, o jornal popular do Grupo Globo. E o principal jornal do Grupo – aquele que eu parei de comprar – está boiando no assunto, simplesmente o ignorando. O Extra montou há algum tempo um “Projeto 3G” no qual os repórteres saem pelo Rio de Janeiro com notebooks, celulares e conexões sem fio. Essa é uma profissão ou função em experimentação, não se pode prever onde vai chegar, mas o certo é que esses profissionais não estão sendo formados em cursos de comunicação e muito menos nas empresas do ramo.
Para ser um mojo, tem de ter conhecimento técnico de aparelhos, de suas capacidades de operação, das aplicações especificas e ainda do que é possível fazer com eles em jornalismo. É claro que há também necessidade de uma estratégia – não tem sentido sair disparando celular para tudo que se vê na rua.
São novos desafios que a direção do Extra já está assumindo desde 2009, enquanto a do O Globo ainda publica aquele chatíssimo Segundo Caderno.
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Victor Viana é jornalista e escritor