Venho desde o fim da década de 90 – talvez alguns mais abastados tenham percebido antes disso – tendo a impressão de que o mundo estava ficando menor e o tempo passando com mais velocidade. Como adolescente do interior, ouvi de muitos a explicação religiosa – estava tudo na Bíblia, me disseram – e não me contentava com a resposta sempre absoluta da religião.
Começava-se a falar massivamente sobre globalização – de forma superficial, citavam uma ideia de aldeia global – e nos artistas se podia ver com mais clareza a extensão do fenômeno que nos noticiários – sempre tão atrasados em temas que não são palpáveis. Era tudo muito vago. Assim, a TV começava a entrar desengonçadamente na internet que, ninguém sabia, viria para se tornar maior que a caixa de imagens coloridas de todos os dias.
Mesmo sem recursos, eu ia dando um jeito de me conectar aos acontecimentos. E então caminhamos até o ponto em que a internet se tornou acessível a “todos” de alguma forma. O mundo realmente se tornou pequeno. Quanto mais as pessoas vão se conectando, menor o mundo social se torna. Nascem as redes sociais. Mas o que não tem seguido a expansão da web é a compreensão de que um monte de gente reunida não determina necessariamente uma sociedade. O “social” é o que está (existe) entre as pessoas. Uma verdadeira rede social se faz na interação entre as pessoas. As empresas, igrejas, ONGs, sites de relacionamentos são apenas instituições e instrumentos, ferramentas para que se desenvolva uma verdadeira rede social, que só pode ser de pessoas. De outra forma não se tem “social”. Esse é o caminho que o jornalismo dentro da internet, a meu ver, deve buscar entender e trilhar.
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Victor Viana é jornalista, assessor de imprensa e analista de mídias sociais