Algumas emissoras teimam em fechar o rádio à participação do ouvinte, talvez por temor de que suas opiniões firam interesses que geralmente se encontram embutidos nas programações que não procuram conscientizar e se perdem em bobagens, zombarias e palavras de baixo calão. O que temos nessas emissoras é um espetáculo de desprezo a quem faz o rádio crescer e, com suas opiniões, pratica o exercício da cidadania e presta serviço aos que trabalham em rádio. É preciso que os programadores façam do rádio um elemento a mais de melhoria social.
O rádio sempre foi colocado a serviço de nossa sociedade – antigamente, mensagens radiofônicas davam recados, encontravam desaparecidos, melhoravam as relações entre as pessoas, provavam sua importância e, em alguns momentos, suas mensagens foram decisivas contra ações ditatoriais e tirânicas de períodos de repressão. Os personagens que faziam o rádio naquela época sempre o fizeram com emoção, amor e respeito a seus ouvintes.
O tempo do rádio-cidadão está voltando paulatinamente, pois os ouvintes estão se organizando e compreendendo que, como concessão pública, ele deve ser usado como força-motriz na máquina de desenvolvimento de ideais éticos e cidadãos. As pessoas que ouvem rádio não aceitam o rádio pornográfico, nem o rádio subserviente. Querem um meio de comunicação afinado com os desejos populares e com a prática da democracia em todos os momentos.
O clamor do povo
A organização dos ouvintes deve ser uma prática a se disseminar por todos os rincões deste país para que sua voz seja ouvida e seus anseios sejam atendidos pelos que detêm o poder e são representantes dos ideais de nosso povo. O rádio está aí rompendo o tempo, lutando contra a modernidade e fazendo, cada vez mais, parte do universo da cidadania apregoada e difundida nas ondas radiofônicas.
O momento atual requer uma análise crítica das posições mandadas ao ar pelas ondas radiofônicas, pois os ouvintes merecem ser respeitados e têm direitos perante a programação de rádio, precisando que o clamor do povo seja ouvido pelos que os representam. O rádio é um instrumento a mais na concretização da cidadania e a organização dos ouvintes precisa ser incentivada, valorizada e respeitada – hoje e sempre.
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Presidente da Associação de Ouvintes de Rádio do Ceará, Fortaleza, CE