Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Greve transforma Globo de Ouro em entrevista coletiva

 


Leia abaixo a seleção de terça-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 15 de janeiro de 2008


PREMIAÇÃO
Sérgio Rizzo


Globo de Ouro pulveriza vencedores


‘Os roteiristas norte-americanos não precisaram nem mesmo realizar piquetes para que a greve da categoria alcançasse, no domingo, seu mais vistoso resultado até o momento. O solidário boicote dos atores à cerimônia de entrega do Globo de Ouro submeteu a rede NBC a um constrangedor plano B transmitido para todo o país.


No lugar do evento, foram ao ar uma edição especial do programa ‘Dateline’ -que originalmente seria exibida no sábado, trazendo entrevistas com os indicados- e o anúncio dos vencedores, apenas parcial e em estúdio, seguido de comentários dos apresentadores Billy Bush e Nancy O’Dell, e do convidado Dave Karger, da revista ‘Entertainment Weekly’.


Enquanto isso, a Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood -que reúne 92 membros, entre eles duas jornalistas brasileiras, e distribui o prêmio há 63 anos- divulgava a relação dos vencedores em entrevista coletiva no hotel Beverly Hilton, na Califórnia, diante de platéia formada apenas por jornalistas, com transmissão ao vivo dos canais pagos E! e The Guide Network, além de sites.


Embora a NBC tenha transferido o evento para a esfera de seu departamento de jornalismo, nenhuma imagem da entrevista coletiva foi ao ar e apenas uma rápida frase, durante as três horas de programação alternativa, informou objetivamente que a greve dos roteiristas era responsável pelo esvaziamento da cerimônia.


Além de lembrar como a cobertura jornalística dos grandes conglomerados de entretenimento se comporta quando seus interesses são afetados, a atitude emergencial da NBC mostrou como as distribuições de prêmios se tornam ainda mais aborrecidas sem o desfile de celebridades pelo tapete vermelho da entrada, a disputa paralela das atrizes pelo vestido mais bonito da noite, as reações de surpresa e, quem diria, os discursos de agradecimento.


Para a novata Nikki Blonsky, que concorria ao prêmio de melhor atriz em comédia ou musical por ‘Hairspray: Em Busca da Fama’, a situação se assemelhava ao cancelamento de um baile de formatura na véspera, com a roupa de festa já no armário.


Blonsky perdeu a oportunidade de viver sua noite de Cinderela, que talvez ainda venha com uma eventual indicação ao Oscar, mas sairia de mãos abanando do Beverly Hilton, se cerimônia houvesse: o prêmio em sua categoria coube à francesa Marion Cotillard (‘Piaf’).


Nos prêmios cinematográficos, ocorreu pulverização semelhante à do Globo de Ouro de 2007. Os 14 prêmios foram divididos por 10 filmes. Quatro receberam dois globos cada: ‘Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet’ (melhor comédia ou musical e ator nessa subdivisão), ‘Desejo e Reparação’ (melhor drama e trilha sonora), ‘Onde os Fracos Não Têm Vez’ (ator coadjuvante e roteiro) e ‘O Escafandro e a Borboleta’ (direção e filme estrangeiro).


Favoritos confirmados


As vitórias que parecem antecipar favoritismos claros para o Oscar foram as de Daniel Day-Lewis (‘Sangue Negro’) e Javier Bardem (‘Onde os Fracos Não Têm Vez’). Ambos têm excelentes atuações em longas que devem disputar o prêmio de melhor filme, ao lado de ‘Desejo e Reparação’ e ‘O Escafandro e a Borboleta’.


Nesse provável cenário, a quinta vaga na principal categoria do Oscar seria de um dos derrotados no Globo de Ouro (‘O Gângster’, ‘O Caçador de Pipas’, ‘Conduta de Risco’) ou mesmo de ‘Zodíaco’, de David Fincher, estréia do primeiro semestre cujo prestígio ainda o faz correr por fora na reta final das indicações, que serão divulgadas no próximo dia 22.


O resultado do Globo de Ouro sugere também que a disputa está aberta entre as atrizes, tanto na categoria principal quanto na de coadjuvante, com três ou quatro fortes concorrentes em cada uma. Nesse caso, bom indicativo será a entrega dos prêmios do Screen Actors Guild, o sindicato dos atores, no próximo dia 27. Sem boicote.’


 


Cássio Starling Carlos


Série premiada segue escola de ‘Soprano’


‘Menos extenso em categorias do que o Emmy, mesmo assim o Globo de Ouro é uma premiação de enorme prestígio para a produção de TV americana. A entrega deste ano sinalizou, como na distribuição dos prêmios para cinema, uma pulverização entre as cadeias, produtores e tendências da ficção, mantendo o compromisso com o conceito de ‘quality TV’ e sem se prender apenas a desempenhos de audiência.


A rede de TV a cabo AMC, até agora especializada em telefilmes, desbancou suas arquiconhecidas e concorrentes de peso, HBO e Showtime, com a vitória de ‘Mad Men’ como melhor série dramática. Seu protagonista, Jon Hamm, também derrubou o multipremiado Hugh Laurie (de ‘House’) e até mesmo a espetacular presença de Michael C. Hall em ‘Dexter’. Os dois prêmios para ‘Mad Men’ indicam a permanência do peso forte do modelo de ficção consolidada por ‘Família Soprano’ na TV americana.


A escola Soprano foi onde o criador de ‘Mad Men’ desenvolveu a pontaria que tão bem lhe serve nesta ficção em que a excelência dos diálogos funciona, como na criação de David Chase, como revelações clínicas dos males do homem médio americano.


Enquanto o quesito espetáculo foi menosprezado pela premiação, ao deixar de lado a luxuosa e vazia ‘The Tudors’, a não menos espetacular presença de Glenn Close (que abrilhanta o ótimo ‘Dammages’) reitera que a produção de TV é um nicho cobiçadíssimo por atores que outrora brilharam em produções de cinema (com ela concorriam, entre outras, Sally Field, Holly Hunter e Patricia Arquette, todas algum dia nomes fortes de Hollywood).


Já a premiação de séries cômicas ou musicais indica a tendência de ficções voltadas para os bastidores da ficção (‘Extras’, ‘30 Rock’, ‘Entourage’, ‘Californication’, todas se passam em volta deste universo).


A escolha de ‘Extras’ reitera a supremacia do britânico Rick Gervais sobre seus pares americanos. O cérebro cômico por trás da versão original de ‘The Office’ dispara seu arsenal de gargalhadas para demolir o glamour da indústria do espetáculo na corrosiva ‘Extras’. Na mesma veia, ‘Entourage’ manteve o pique em sua quarta temporada, com o cinismo em foco. O ritmo de ‘30 Rock’ garantiu o prêmio de atriz cômica para Tina Fey, e David Duchovny encontrou, enfim, o papel que lhe ajudou a se livrar do passado de Fox Mulder.’


 


GOVERNO
Hudson Corrêa e Leonardo Souza


Filho de Lobão é investigado por esquema de sonegação


‘O Ministério Público do Maranhão investiga se o suplente de senador Edison Lobão Filho (DEM-MA) é sócio oculto da distribuidora de bebidas Itumar, empresa que comandaria uma rede de sonegação de impostos no Maranhão. A Itumar, segundo a Promotoria, sonegou R$ 42 milhões desde 2000.


Lobão Filho deve assumir uma vaga no Senado com a provável nomeação de seu pai, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), para comandar o Ministério de Minas e Energia.


Sediada em São Luís (MA), a Itumar tem como procurador o empresário Marco Antonio Pires da Costa. Ontem, Lobão Filho divulgou nota informando que Costa era seu ‘verdadeiro sócio’ em outra distribuidora de bebidas, chamada Bemar. Essa empresa funcionava no mesmo endereço da Itumar.


O suplente disse que transferiu suas cotas na Bemar para uma pessoa chamada Maria Lúcia Martins e para a mãe de Costa, Maria Vicentina Pires Costa, que completa 80 anos em julho. No entanto, segundo dados da Junta Comercial do Maranhão, Maria Vicentina é sócia da Itumar (com 99,17% do capital), e não da Bemar.


Laudo da Polícia Federal, ao qual a Folha teve acesso, aponta que as ações de Lobão Filho na Bemar foram transferidas para Maria Lúcia Martins, empregada doméstica que trabalhava para Costa. Na transferência, a assinatura de Lúcia foi falsificada, diz o laudo da PF.


O caso da Bemar foi revelado pela revista ‘Veja’. Segundo a reportagem, Lobão Filho disse que, ‘se pudesse voltar atrás, diria para não botar minha participação por meio de laranjas’. Ele nega essa declaração.


A suspeita de que a Itumar pertence na verdade a Lobão Filho surgiu em 2001, quando funcionários da empresa disseram à Folha que o dono era ele. Com o caso Bemar, as suspeitas vieram à tona novamente.


O inquérito que apura a sonegação de R$ 42 milhões da Itumar está parado. A empresa conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Maranhão para suspender a investigação, alegando que está pagando o débito, diz a Promotoria.


O Ministério Público informou à Folha que segue na investigação e tenta derrubar a liminar. O inquérito, segundo a Promotoria, não foi arquivado.


Ainda conforme a Promotoria, a Itumar comandava uma rede de 205 empresas que sonegavam impostos. O esquema começou a ser investigado em 2000, quando foi descoberto que o registro de notas fiscais eram apagados dos computadores da Secretaria Estadual de Fazenda. Assim, a dívida de impostos ‘desaparecia’ do fisco. Só a Itumar sonegou R$ 3 milhões, diz a Promotoria. Somando outras fraudes, o rombo chegaria aos R$ 42 milhões.


A Bemar, oficialmente de Lobão Filho, deve R$ 7 milhões em impostos, diz Maria Luiza Thiago de Almeida. Ela era sócia dele na Bemar e é ex-mulher de Marco Antonio Costa, o procurador da Itumar.


Para fugir das dívidas, Lobão Filho teria transferido as ações para uma empregada doméstica. Mais uma vez, ele nega.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Na corte de Fidel


‘‘Granma’, ‘Juventud Rebelde’, Prensa Latina. Pela cobertura estatal, o mesmo enunciado e um relato de agenda, ditado: ‘a visita contribuirá para aprofundar relações de amizade e cooperação existentes entre os dois países.’ Não, nada de Fidel com Lula. E em lugar da crítica recente do cubano ao brasileiro, pelo etanol, uma carta saudando a reeleição -enviada em 2006.


A BBC Brasil ouviu ‘diplomatas brasileiros’, para quem ‘o encontro é certo’ e ‘Fidel já não tem falado sobre o etanol’. Mas a corte prossegue com a Agência Brasil indicando acordo em petróleo, a Reuters Brasil dando na manchete que ‘Lula oferece US$ 1 bi’ etc.


‘WIND OF CHANGE’


Mais ‘Economist’ e os emergentes. No editorial ‘Vento de mudança’ e na longa reportagem ‘Os desafiantes’, relata que ‘a globalização está criando nova classe de empresas’, mas afirma que ‘deveriam lutar mais por ela’, a globalização -ou pela abertura de seus países a produtos industriais, em Doha.


Na maioria e na ilustração (acima), os casos citados de ‘multinacionais emergentes’ vêm da Índia, como a Tata, que chamou a atenção na semana com novo modelo de carro, da China e do Brasil (Embraer, Sadia, Perdigão).


ZEITGEIST


‘Grandes bancos como o Citigroup’, escreve professor de Yale no ‘Financial Times’, correm atrás de ‘governos estrangeiros’ para sobreviver. É o ‘zeitgeist do capitalismo de estado’ -o ‘espírito do tempo’ em que Brics e outros avançam sobre as finanças, a energia, em tendência oposta à ‘era do livre mercado guiada por Margaret Thatcher’. Ele não vê como um ‘progresso’.


EM REAIS


Já o ‘New York Times’ deu longa reportagem dizendo que ‘países como o Brasil, o México e a Rússia’ estão recomprando as suas dívidas em dólar para lançar novos papéis, agora ‘em reais, pesos e rublos’. E investidores de Wall Street confirmam que, para ‘investir nos mercados’ emergentes, têm comprado ‘em muitos casos’ -como o T. Rowe Price Fund, no Brasil.


EM ANO ELEITORAL


A febre amarela saiu da manchete dos telejornais e dos sites, para dar lugar às enchentes que chegaram à cidade de São Paulo. ‘Jornal da Record’ e outros da rede deram imagens de toda a capital, algumas ao vivo e exasperantes. Já o ‘Jornal Nacional’, depois de abrir longamente com Peruíbe e outras cidades do litoral, deu algumas cenas de alagamento na Marginal Pinheiros -e daí para o trânsito.


O dia todo, foi o destaque do agregador Google Notícias.


DESABAMENTO


Na ‘+ lida’ da Folha Online, ‘Audiência de ‘BBB 8’ desaba em relação ao ‘BBB 7’. Foram 27 pontos contra 36 da versão anterior, no domingo inicial.


E o Ministério da Justiça tem ouvido ‘reclamações contra abuso de álcool’ etc.


SEM RIGOR


Segundo o site Tela Viva, o mesmo Ministério da Justiça deu mais três meses para as redes se adaptarem aos fusos.


E a Casa Civil, depois de prever ‘rigor’ na renovação das concessões, ‘chegou a acordo’ com Hélio Costa.


BOATOS GLOBAIS


O site Global Voices Online linkou as reações da blogosfera a Central de Boatos, quadro do ‘Fantástico’ que emula o novo humor de TV dos EUA. Na estréia, confundiu-se às notícias de ataque sem trégua a Hugo Chávez’


 


PATRICIA VERDUGO
Folha de S. Paulo


Morre, no Chile, jornalista que investigou crimes da ditadura de Pinochet


‘A jornalista e escritora chilena Patricia Verdugo, cujos livros jogaram luz sobre os crimes da ditadura Augusto Pinochet (1973-1990) e embasaram processos judiciais contra o general, morreu de câncer aos 61 anos na noite de anteontem.


Verdugo é autora de ‘A Caravana da Morte’ (Editora Revan). Lançado em 1985, ainda sob o regime militar, a obra relata a ação do governo para exterminar mais de 70 opositores entre outubro e novembro de 1973.


Com a redemocratização, o livro tornou-se um dos best-seller, e os depoimentos e dados nele contidos foram usados, depois, na investigação judicial sobre as responsabilidade de Pinochet nas mortes. O general morreu em dezembro de 2006, porém, sem jamais ter sido condenado. ‘A transição chilena teve um preço: a impunidade de Pinochet’, escreveu a jornalista em artigo para a Folha há um ano.


Verdugo teve a vida marcada pela ditadura. Seu pai, o sindicalista Sergio Verdugo, foi morto pelo regime em 1976. Sobre o episódio, ela escreveu ‘Bucarest 187’, editado em 2001. Publicou outros vários livros sobre o período, entre eles ‘Chile, 1973 – Como os EUA derrubaram Allende’ (Revan). Investigou ainda a origem da fortuna escusa da família Pinochet no exterior.


Em 1993, ganhou um dos prêmios mais importantes da área nos EUA, o Maria Moors Cabot, ligado à Universidade Columbia, em Nova York. Em 1997, recebeu o Prêmio Nacional de Jornalismo do Chile.


Com agências internacionais’


 


TELECOMUNICAÇÕES
Fabricio Vieira


Acordo Oi/BrT eleva ações em R$ 8,8 bi


‘O negócio entre a Oi (ex-Telemar) e a Brasil Telecom (BrT) ainda não foi concluído. Mesmo assim, as companhias e seus acionistas já ganharam alguns bilhões de reais em valor de mercado na Bovespa nos últimos dias. Juntas, Telemar, Telemar Norte Leste e BrT valorizaram-se neste ano em R$ 8,84 bilhões e atingiram valor de mercado de R$ 59,52 bilhões.


A apreciação das teles se destaca ainda mais considerando que a Bolsa de Valores de São Paulo -com 405 companhias com papéis negociados diariamente nos pregões- perdeu R$ 130 bilhões em valor neste começo de ano.


O valor de mercado das empresas listadas na Bolsa oscila de acordo com o preço de suas ações. A Telemar, por exemplo, passou a valer R$ 20,59 bilhões na última sexta-feira, saindo de R$ 16,57 bilhões no fim de 2007. Suas ações preferenciais acumulam alta de 26,5% neste ano, até o pregão de sexta.


Com essa escalada, a Telemar passou de 18ª companhia mais valiosa listada na Bolsa paulista em novembro para a 15ª posição na sexta.


No período, a BrT teve aumento de R$ 1,88 bilhão em seu valor de mercado, que foi a R$ 15,32 bilhões. Entre suas ações mais negociadas, o destaque ficou com Brasil Telecom Participações ON (ordinária), que já subiu 9,68% neste ano. A companhia passou da 26ª para a 21ª posição entre as maiores da Bovespa desde novembro.


Um grande investidor que detivesse R$ 1 milhão em ações preferenciais da Telemar no fim de 2007 teria conseguido ficar R$ 265 mil mais rico neste começo de ano.


Na contramão, a Bolsa paulista começou o ano em ritmo fraco: o índice Ibovespa, que reúne as ações de maior liquidez do mercado, registra em 2008 baixa de 2,66%.


Isso demonstra que, em um período desanimador na Bolsa, os acionistas das teles que estão em processo de negociação tiveram lucros consideráveis.


Para Luiz Roberto Monteiro, assessor de investimentos da corretora Souza Barros, quem não ganhou com as ações das teles até o momento deve ser cauteloso. Observar o quanto já subiram nesses primeiros pregões do ano e correr para adquirir os papéis pode não ser uma boa opção.


‘As ações da Telemar ficaram muito tempo defasadas e agora deram essa puxada. Do jeito que subiu nos últimos pregões, não sei se ainda está entre as melhores opções para comprar agora. Acho que há papéis mais interessantes no momento’, avalia Monteiro.


As ações preferenciais ‘A’ da Telemar Norte Leste também tiveram valorização expressiva nesses primeiros pregões de 2008. O papel, também muito procurado pelos investidores, subiu 13,5% no período.


O valor de mercado da Telemar Norte Leste subiu de R$ 20,68 bilhões em dezembro para R$ 23,60 bilhões agora.


Entre os principais acionistas de Oi e BrT, estão os empresários Carlos Jereissati (La Fonte) e Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez) -controladores da Oi e principais articuladores do negócio-, o grupo GP, o Citibank, fundos de pensão de estatais, o BNDES e o Opportunity de Daniel Dantas.


A hipótese de uma fusão ou outro negócio envolvendo a Oi e a BrT não é nova. Mas na semana passada foi fechado acordo pelo preço do controle da BrT a se pago pela Oi, de R$ 4,8 bilhões. Falta ainda o governo baixar decreto alterando normas do setor de telefonia.


‘Desta vez, o mercado tem acreditado que o negócio realmente pode sair. É normal que, com isso, as ações tenham subido, pois os investidores trabalham em cima de expectativas’, afirma André Segadilha, da Prosper Corretora. Ele diz que a estruturação societária da Telemar é bastante confusa, o que prejudica sua avaliação pelo mercado financeiro.


Em outubro passado, houve tentativa de reestruturação da tele. Os acionistas que controlam o grupo Telemar tentaram, sem êxito, recomprar ações dos minoritários. A operação era encarada como um primeiro passo para uma futura fusão entre a Oi e a BrT, que tem o apoio do governo Lula sob o argumento de que o país precisaria de um grupo de telefonia forte para enfrentar os grandes grupos estrangeiros atuando no Brasil, como a espanhola Telefónica e a mexicana Telmex.’


 


Guilherme Barros


BNDES vai ter a preferência se nova tele for vendida


‘O governo deverá ter uma cláusula de proteção no acordo de compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar) para garantir que a nova empresa se mantenha com controle nacional caso os principais controladores da nova tele, Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez) e Carlos Jereissati (La Fonte), decidam vender as suas participações.


Pelo que ficou acertado, o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) terá direito de preferência sobre as partes de Andrade e de Jereissati, caso eles decidam vender suas participações.


Ficou acordado também que o BNDES terá ainda o prazo de até um ano para decidir se exerce ou não o direito de preferência sobre as ações dos controladores, no caso de venda.


No desenho que agora começa a se tornar mais claro, o BNDES não irá financiar diretamente a compra da Brasil Telecom pela Oi, que deverá representar um desembolso de cerca de R$ 8,4 bilhões da ex-Telemar.


Desse total, R$ 4,8 bilhões se referem à compra das participações dos controladores, e o restante, ao total que deverá ser injetado para a aquisição da parte dos acionistas minoritários.


Esses R$ 8,4 bilhões deverão ser pagos tanto por recursos próprios da Oi como por meio de lançamento de debêntures. A Oi possui R$ 7 bilhões em caixa e cerca de R$ 8 bilhões em garantias de empréstimos bancários. A Oi deve lançar cerca de R$ 4 bilhões em debêntures a serem pagas em quatro anos para bancar a transação.


A participação do BNDES será por meio de financiamento dos empresários Sérgio Andrade e Carlos Jereissati na operação de capitalização da Telemar Participações, que é a controladora da Oi. Os dois empresários devem desembolsar US$ 2 bilhões para comprarem as participações de seus sócios na Telemar, a GP Investimentos e o Opportunity de Daniel Dantas.


O BNDES deve financiar Andrade e Jereissati com um montante de US$ 1 bilhão a US$ 1,2 bilhão, o correspondente a 50% ou até 60% do aporte que será feito pelos dois acionistas na holding.


Na composição acionária que deverá ser formada após a compra da BrT pela Oi, Sérgio Andrade e Carlos Jereissati passarão a ter 51% do controle, segundo a Folha apurou.


O segundo maior acionista individual será o BNDES, com 15% das ações ordinárias (com direito a voto). Os três fundos de pensão que fazem parte do capital das duas teles (Previ, Petros e Funcef) deverão ter o correspondente a 34% do controle -de 10% a 12% cada um.


Apesar de a operação ter recebido o aval do presidente Lula e da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, ainda não foi assinado nenhum documento ou memorando sacramentando o negócio.


Por enquanto, os acordos foram apenas verbais, apesar de muitos documentos já estarem prontos para serem assinados. Como se trata de uma operação complexa, a previsão é que antes de abril o negócio não seja concretizado.


Antes de o martelo ser batido, o governo vai precisar definir o melhor instrumento jurídico para viabilizar legalmente o negócio, o que deve ocorrer já na próxima semana. A expectativa de pessoas envolvidas nas negociações é que a forma escolhida seja mesmo a de elaboração de um decreto presidencial autorizando o negócio.


Há, no entanto, opiniões divergentes. O especialista no setor Renato Guerreiro, que presidiu a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) de 1997 a 2002, afirmou ao jornal ‘Valor’ que a agência teria autonomia para deliberar sobre o negócio, sem necessidade de um decreto presidencial.


Pelo peso político do negócio, no entanto, ele acha mais adequado a elaboração de um decreto presidencial.’


 


Julianna Sofia


Órgãos de concorrência devem dar aval a eventual aquisição da BrT pela Oi


‘A provável compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar) terá efeitos praticamente nulos no mercado do ponto de vista da concorrência, segundo análise de setores do governo. A Folha apurou que uma avaliação preliminar de técnicos dos órgãos antitruste indica que nas áreas de atuação das duas concessionárias há uma sobreposição inferior a 5%.


Na prática, isso significa que é pouco relevante o grau de concentração da Oi e da BrT na concorrência efetiva nos mercados geográficos em que operam. A questão considerada mais ‘sensível’ ao governo seria a possibilidade de danos à chamada concorrência potencial. Ou seja, eventuais barreiras à entrada de novos competidores no mercado.


O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), no entanto, nunca impôs restrições de peso a operações tomando como base só seus efeitos negativos na concorrência potencial.


Além disso, há um entendimento de que a fusão TIM/Telefônica, devido à compra da primeira pela segunda na Europa em 2007, tem mais implicações à concorrência do que a operação BrT/Oi. No caso da operadora italiana e da espanhola, ambas concorrem diretamente na telefonia móvel. Na fixa, praticamente não há competição entre as empresas. Diferentemente de outras áreas, nos casos envolvendo o setor de telecomunicações, a Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico, ligada à Fazenda) e a SDE (Secretaria de Direito Econômico, ligada à pasta da Justiça) não emitem pareceres sobre os casos.


A atribuição de elaborar pareceres é da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações), que encaminhará o documento ao Cade. O conselho julgará o caso, dando o aval (com ou sem restrições) ou não ao negócio. Em algumas situações, no entanto, o Cade pode requisitar às duas secretarias que emitam pareceres complementares para ajudar na instrução do processo.


Por enquanto, os técnicos da área antitruste baseiam-se em dados divulgados pelas empresas ou pela imprensa e afirmam que análises mais precisas dependem do desenho fechado da operação. Os técnicos afirmam ainda que o modelo de concessão do setor de telecomunicações foi desenhado para estimular preços competitivos e cumprimento de metas de universalização por meio da concorrência potencial. Como as metas já teriam sido atingidas em sua grande maioria, o impacto da operação na concorrência potencial e seus efeitos no consumidor seriam atenuados, avaliam os técnicos.


O ouvidor da Anatel, Aristóteles dos Santos, divulgou ontem relatório no qual defende a criação de uma empresa de telefonia fixa nacional e afirma que a agência passa por uma crise. Segundo ele, a criação da uma grande operadora nacional vem ‘em boa hora’ e que ela competirá em condições de igualdade com os demais agentes de mercado.


Santos afirmou ainda que ‘reações, certamente, virão, de empresas que não querem a competição, de âncoras avessos ao capital nacional’. Ele não participa dos processos decisórios da agência. A Anatel não comentou o relatório.


Colaboraram HUMBERTO MEDINA, da Sucursal de Brasília, e LORENNA RODRIGUES, da Folha Online em Brasília’


 


CVM afirma que acompanha as negociações


‘A considerável alta registrada em ações das companhias envolvidas na possível compra da Brasil Telecom pela Oi, além das cifras que a operação movimentariam, tem sido acompanhada pelas autoridades que cuidam do funcionamento do mercado financeiro.


Segundo a CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a autarquia ‘está atuando para que as companhias envolvidas prestem ao mercado o melhor esclarecimento possível sobre negócios eventualmente em andamento’.


Na semana passada, os controladores da Oi enviaram à Bolsa de Valores de São Paulo e à CVM um fato relevante. No documento, afirmam que ‘vêm desenvolvendo estudos com vistas a uma possível reestruturação da base acionária da controladora e, ainda, examinam permanentemente outras oportunidades de aquisição de controle de empresas de telecomunicações’.


Além disso, a empresa disse no fato relevante que, em relação à Brasil Telecom, vem ‘mantendo conversações com seus controladores, que se intensificaram, não tendo sido firmado documento de qualquer natureza até o momento’.


A CVM tem a função de fiscalizar, autorizar e barrar operações feitas no mercado de capitais. Nos momentos em que a CVM encontra irregularidades em alguma operação, pune e multa as companhias envolvidas.’


 


FUTEBOL
Eduardo Arruda


Corinthians promete TV sem censura na internet


‘O Corinthians-2008 terá todos os seus passos vigiados. Câmeras prometem registrar todos os movimentos, mesmo os negativos, do time que vai se aventurar na disputa da Série B do Brasileiro neste ano.


A diretoria do clube não esconde: fará o seu ‘Big Brother’, com direito a ‘premiação’ aos atletas e comissão técnica, sócios no negócio.


Os detalhes foram adiantados ao elenco pelo presidente Andres Sanchez, após reunião na semana passada. Segundo ele, tudo o que ocorrer nos vestiários será divulgado na TV Corinthians, que deve ser lançada no início de fevereiro, após o Carnaval.


Ao ser questionado sobre eventuais brigas e discussões, o cartola foi enfático: ‘Vai pro ar’. ‘Infelizmente, se ocorrer uma coisa dessas, terá de ser mostrado. Nada poderá ser censurado. Afinal, não podemos perder o furo’, justificou.


Convencer os jogadores não foi difícil. O clube ofereceu um percentual do lucro obtido com a TV ao grupo. A idéia de dar dinheiro foi de Luiz Paulo Rosenberg, vice de marketing. Ele avalia que os atletas são parte do processo e merecem sua parte. ‘Os jogadores e a comissão técnica são sócios no projeto. Eles terão 10% do lucro obtido. Serão 24 horas de programação, de conteúdo exclusivo. É uma novidade, e esperamos que dê certo’, conta Andres.


Inicialmente, a TV irá ao ar de forma gratuita, veiculada apenas na internet. Depois, uma mensalidade será cobrada dos assinantes. O preço deve ficar em R$ 10 por mês. O conteúdo será restrito a assinantes a partir de março.


A diretoria corintiana ficou entusiasmada com os números obtidos pelo Flamengo, que em um dia teve mais de 1 milhão de acessos em sua TV, que ainda tem seu conteúdo aberto.


‘Eu espero que tenha de 200 mil a 300 mil assinantes’, afirma o presidente corintiano.


‘Eu acho isso bom, é uma jogada de marketing do clube e não vejo problema em ter tudo mostrado’, afirmou o atacante Finazzi. Mesmo se houver briga nos vestiários? ‘Olha, acho que, se isso tivesse sido feito já no ano passado, muitas coisas que foram ditas não teriam sido divulgadas. Aumentaram muita coisa’, comentou.


O zagueiro William, que deve ganhar a faixa de capitão do time de Mano Menezes, disse que, com a criação da TV, o Corinthians dá mais um passo para se modernizar.


‘Vários clubes europeus fazem isso, e é mais uma maneira de o Corinthians vender sua marca. Principalmente Corinthians e Flamengo, que deixaram de arrecadar com isso’, declarou ele. ‘É muito bom. Uma parceria entre a direção e os jogadores’, acrescentou.


Na reunião com Andres, o atleta ponderou que funcionários menos graduados da comissão técnica, como roupeiro e massagista, devem receber um percentual do lucro. A idéia foi aprovada pelos jogadores.’


 


PIRATARIA
Marco Aurélio Canônico


Roube este filme


‘‘Nós reconhecemos e sabemos que nunca vamos parar a pirataria, nunca. Temos que tentar fazê-la o mais difícil possível.’ Vinda de quem vem -do presidente da Motion Picture Association of America (MPAA), que reúne os estúdios de cinema dos EUA-, a frase é uma rara admissão de derrota.


Ela está em ‘Steal This Film 2’, documentário britânico pró-downloads e antidireitos autorais lançado no fim do mês passado na internet, para ser baixado gratuitamente -ou ‘roubado’ diretamente do site (www.stealthisfilm.com), como sugere seu título (roube este filme, em inglês).


Produzido por um grupo que se denomina Liga dos Nobres Pares (League of Noble Peers, em referência ao sistema ‘peer-to-peer’, ou P2P, de troca de arquivos on-line entre usuários), o filme é um panfleto a favor da atividade mais polêmica a derivar da internet: o download de filmes, músicas, livros e outras propriedades intelectuais sem pagamento de direitos autorais -aquilo que a MPAA define como ‘pirataria’.


Ele é dirigido pelo britânico Jamie King, 33, Ph.D em filosofia e cineasta amador, que também dirigiu a primeira parte.


‘Muita gente acredita que essa mudança na comunicação é temporária, pode ser parada pela indústria do entretenimento, que pode nos impedir de trocar arquivos, de pensar dessa nova maneira. Queríamos fazer um filme que encerrasse essa discussão, que mostrasse que essa revolução não vai ser revertida’, disse King à Folha, por telefone.


‘Uma vez que isso for entendido pelas pessoas, elas podem começar a pensar criativamente sobre o que virá a seguir. Só quando você acredita que a velha ordem vai acabar é que começa a pensar o que fará a seguir, porque acredita que o futuro não está escrito.’


A revolução será baixada


King registrou seus filmes formalmente (com copyright) justamente para praticar o que prega: com direitos registrados, o download da obra sem consentimento se torna ilegal.


‘É um paradoxo deliberado. O filme tem copyright em nosso nome, então quem baixa está efetivamente roubando, mas é uma piada, porque isso é exatamente o que queremos.’


‘Steal This Film 2’ reúne diversos entrevistados para defender a tese de que o modelo de entretenimento que envolve direitos autorais está falido e será totalmente derrubado em breve, pela mistura de desenvolvimento tecnológico e de usuários que já crescem acostumados a não pagar por músicas e filmes, por exemplo.


O diretor é bastante inflamado na defesa desse ponto de vista. ‘A história não se move porque advogados negociam contratos com outros advogados, ela se move porque as pessoas a empurram à frente com ações ousadas e, gradualmente, o discurso a alcança.’


A posição radical deriva do estado de guerra declarado pela indústria do entretenimento, que reagiu com ferocidade sem precedentes aos downloads, criminalizando a atividade e processando usuários aos milhares, mandando vários para a cadeia, inclusive.


‘Eles estão tentando extrair todo o dinheiro que puderem de seus produtos antes de esse modelo de negócio desmoronar. Eles sabem que o tempo é curto, então tentam aterrorizar as pessoas para retardar a mudança o máximo possível.’


Pague se quiser


Entre os novos modelos de negócio que já vêm sendo testados, King é partidário do ‘pague o quanto quiser’, que ganhou notoriedade depois que a banda Radiohead lançou seu último álbum desse modo.


O primeiro ‘Steal This Film’, lançado em agosto de 2006, que foi autofinanciado e custou cerca de 3.000 libras (ou R$ 10 mil), já pedia doações (opcionais) de US$ 1 a cada usuário, mas teve arrecadação irrisória.


O segundo custou 23 mil libras (cerca de R$ 79 mil), sendo que 87% do orçamento foram financiados pelo Britdoc (fundação britânica de documentários), e já arrecadou o equivalente a R$ 17 mil -foram 150 mil downloads apenas nos quatro primeiros dias.’


 


Folha de S. Paulo


Internautas escolhem o preço em cinema virtual


‘Se os jovens de hoje, à la Raul Seixas, gritam ‘nós não vamos pagar nada, é tudo free’ -como mostra ‘Steal This Film 2’-, a solução para quem produz conteúdo artístico não passa por censura e perseguição (que o desenvolvimento tecnológico tornou ineficazes), mas pela busca de métodos alternativos.


Ninguém chegou ainda a uma solução definitiva e universal, mas um modelo que está ganhando popularidade é o que permite aos usuários definirem quanto querem pagar (incluindo nada) pelo que baixam.


O caso mais recente é o do www.virtualcineplex.com, site cujo slogan é ‘assista de graça, pague o que você achar merecido, depois do filme’.


O site colocou na rede (para ser visto on-line) seu primeiro filme, ‘Revoloution’, dirigido e interpretado por Bret Carr, com roteiro assinado em parceria com Quinn Redeker (de ‘O Franco-Atirador’) -uma história meio bizarra de um boxeador/comunicador.


Para assistir, basta ao internauta entrar no site e deixar um e-mail, para o qual é enviado o link com acesso ao filme. Posteriormente, é possível doar no próprio site, via cartões de crédito, ou comprar o DVD por US$ 25 (cerca de R$ 44).


Blogueiro e produtor


A proposta do Virtual Cineplex vai além: ele convida blogueiros e ‘podcasters’ a ajudarem na divulgação do filme, ganhando crédito como produtores nos letreiros finais.


Dependendo de quão acessado for o blog ou o podcast, o site se propõe a dividir 20% dos lucros com vendas de DVD. A idéia é driblar os canais normais de publicidade (um dos principais gastos dos estúdios) e conseguir destaque na mídia e na distribuição do filme a partir do barulho criado on-line.


Se a idéia é factível ou se só funciona com nomes já estabelecidos, como o Radiohead, é algo a ser visto.’


 


TELEVISÃO
Laura Mattos


Ministério Público cobra governo por ceder a TVs


‘O Ministério Público Federal irá se reunir com o Ministério da Justiça (MJ) amanhã a fim de questionar por que o órgão cedeu à pressão das TVs e adiou a obrigatoriedade do respeito aos fusos horários do país.


Portaria de classificação de programas de TV, assinada pelo MJ em julho de 2007, deu 180 dias para que as redes adequassem a programação em locais que têm de uma a três horas de atraso em relação a Brasília (somado o horário de verão). O ‘Big Brother’, por exemplo, classificado para 22h (impróprio a menores de 16 anos), não poderia entrar às 19h no Acre e em parte do AM.


O prazo se encerrou na última quarta-feira, dia 9, mas em reunião realizada na véspera, o secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., concordou em dar mais 90 dias às TVs.


Amanhã, ele receberá um grupo de procuradores de vários Estados coordenado por Ela Wiecko, chefe da Procuradoria Federal dos Direitos dos Cidadãos. Segundo Marcus Vinicius Aguiar Macedo, procurador-chefe da República no Estado do Acre, que estará no encontro, a intenção é pedir a Tuma Jr. ‘esclarecimentos’ sobre a prorrogação do prazo. ‘Queremos que o adiamento seja revisto ou, ao menos, garantias de que será o último.’


Sem censura


O novo prazo dura aproximadamente o tempo do ‘BBB’, o que livrou a Globo de mudar sua programação regionalmente para exibir o reality às 22h em todo o país. Enquanto isso, a oitava edição mal começou e já está ‘fervendo’. Anteontem, a Globo mostrou participantes, bêbados com cervejas fornecidas pela produção, em danças que tornam ‘santa’ a polêmica ‘pole dancing’ de ‘Duas Caras’. A câmera deu um close na passada de mão que Fernando deu na ‘namorada’ Natália, como mostra a imagem abaixo.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 15 de janeiro de 2008


FEBRE AMARELA
O Estado de S. Paulo


Epidemia e informação


‘O governo agiu com proficiência e transparência, ao encarregar o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, de fazer pronunciamento em cadeia nacional de televisão, negando o risco de epidemia de febre amarela e desaconselhando a vacinação de quem não viaja ou vive em áreas de risco. Certamente o estoque de vacinas, que é suficiente para cobrir um pequeno aumento de demanda, em razão de casos ocorridos em alguns Estados, não seria suficiente para agüentar uma ‘corrida’ à vacina em escala nacional, da amplitude da que houve no Distrito Federal, nem seria possível aumentar a capacidade de produção atual de no máximo 3 milhões de doses para 62 milhões de doses, que se estima sejam necessárias em caso de uma ‘corrida’ nacional.


‘Só procure os postos de saúde se morar ou for visitar as áreas de risco e nunca se vacinou ou foi vacinado antes de 1999’ – afirmou o ministro Temporão no pronunciamento. Só que a mesma mensagem já havia sido transmitida pelo ministro na semana passada, mas não surtiu o efeito esperado. As notícias de casos em Goiás, São Paulo, Minas Gerais, Paraná e no Distrito Federal já desencadearam, antes de serem todas confirmadas, um grande aumento na busca de vacinação nos postos. Em São Paulo, por exemplo, no final de semana a procura foi 10 vezes maior do que a normal – e os postos dos Terminais Rodoviários Tietê e Barra Funda tiveram de trabalhar domingo em esquema de plantão para atender às filas que se formaram, tendo sido aplicadas cerca de mil doses da vacina.


Embora desde sexta-feira o registro de casos em investigação tenha subido de 15 para 24 e na última semana também tenha aumentado o número de registro de mortes de animais com suspeita de febre amarela – o que poderia ser o primeiro sinal de uma epidemia a instalar-se entre humanos -, até agora só dois casos, do tipo silvestre, foram confirmados, tendo sido cinco descartados. Para reforçar a informação de que não há risco de epidemia, o ministro lembrou que o último caso de febre amarela do tipo urbano ocorreu entre nós em 1942. Temporão informou, por outro lado, que ‘os postos de saúde estão sendo abastecidos e autoridades sanitárias estão preparadas para atender a quem realmente precisa tomar vacina’. O problema, aí, é saber até que volume irá tal abastecimento e qual será o número de pessoas capazes de decidir que não precisam de vacina. Há o risco de o receio de contaminação tornar-se ‘epidêmico’, haja ou não riscos reais de epidemia.


Isso porque, se no passado o risco maior em casos de epidemia se devia à falta de informação da sociedade, nos dias de hoje o risco maior em casos de alarme falso sobre epidemia é a velocidade e a amplitude da informação. No início do século passado houve, na capital federal, a chamada Revolta da Vacina, quando a população carioca se rebelou contra a vacinação obrigatória imposta pelo governo do presidente Rodrigues Alves – forma encontrada pelo biólogo e sanitarista Oswaldo Cruz para combater as doenças (especialmente varíola, febre amarela e peste bubônica) que então se alastravam. A revolta se explica pelo grau de desinformação, tão disseminada na época que até Ruy Barbosa, uma das inteligências mais brilhantes da história da República, a apoiou, pronunciando, da tribuna do Senado, um discurso contra a vacinação compulsória, no qual expôs toda a sua ignorância sobre o estágio de desenvolvimento da medicina preventiva da época.


Hoje, com a revolução da tecnologia, as informações de todo tipo, inclusive as científicas e as que dizem respeito à saúde e à higiene estão ao alcance até dos analfabetos. Mas, até por ter fácil acesso às informações de todos os dias que desmoralizam governos ao exporem a facilidade com que costumam enganar o povo, é perfeitamente compreensível a desconfiança da população, quanto a desmentidos oficiais de problemas. E isso vale tanto para desmentidos de risco de apagões como de risco de epidemias. Resta esperar que a população seja capaz de se convencer da ausência de risco com o conhecimento das notícias sobre o número ínfimo de casos confirmados de febre amarela.’


 


GLOBO DE OURO
Ubiratan Brasil


Festa sem glamour dura 30 minutos


‘Foram exatos 30 minutos, tempo suficiente para que fossem anunciados, na noite de domingo, os 25 ganhadores da 65ª edição do prêmio Globo de Ouro, conferido pela Associação dos Correspondentes Estrangeiros de Hollywood. Sem nenhum artista presente, o grande salão do hotel Beverly Hills Hilton, em Los Angeles, foi tomado por jornalistas que acompanharam outros seis jornalistas revelarem os nomes dos vencedores. O motivo de tamanho esvaziamento é a greve dos roteiristas que, paralisados desde 5 de novembro, brigam por participação nos lucros dos estúdios na comercialização dos filmes em DVDs e internet.


Não bastasse o clima morno da, digamos, cerimônia, os prêmios foram distribuídos de forma a agraciar praticamente todos os concorrentes. Com isso, Desejo e Reparação, que liderava a lista de indicações (sete), terminou como melhor filme dramático e melhor trilha sonora, de Dario Marianelli (veja lista completa no quadro).


‘Foi muito surreal. Parecia que toda a cerimônia era transmitida com a tecla fast-forward do controle remoto pressionada’, disse Brad Bird, diretor da premiada animação Ratatouille, que assistiu ao anúncio pela televisão, em São Francisco. ‘Vencemos, mas foi como se, logo em seguida, alguém gritasse ‘Próximo!’


Muitos dos concorrentes, aliás, não estavam em Los Angeles. Produtor de Onde os Fracos Não Têm Vez, Scott Rudin viajou para Nova York. Daniel Day-Lewis voava para Londres quando seu nome foi anunciado como melhor ator, enquanto o diretor David Cronenberg planejava rumar para Toronto durante a cerimônia.


Também a tradicional ronda de festas que marcam o encontro das estrelas não aconteceu – a piscina do Beverly Hills Hilton, por exemplo, onde normalmente alguns dos vencedores vão brindar pelos seus prêmios, era desfrutada por apenas um hóspede logo depois da cerimônia, solitário naquela imensidão azul.


‘Com festas ou não, são negócios, como sempre foi’, disse Daniel Battske, presidente da Miramax, que distribui Onde os Fracos Não Têm Vez nos Estados Unidos e Sangue Negro no mercado internacional. ‘Mas não se pode prescindir da a presença de atores na cerimônia. É outro impacto. Isso comprova que estamos todos no mesmo barco. Ninguém obteve vantagem.’


Sem estrelas, os centenas de jornalistas que cobriram o anúncio dos vencedores gastavam o tempo entrevistando uns aos outros. Mesmo com o prejuízo para a festa, os seis escolhidos para ler o nome dos ganhadores ratificaram seu apoio à greve dos roteiristas, que já causou um prejuízo aproximado de US$ 75 milhões.


O salão estava repleto por conta de uma decisão dos organizadores do Globo de Ouro que, apesar do pedido de exclusividade da NBC (rede encarregada de transmissão da cerimônia, que se sentiu lesada por conta do cancelamento da festa), permitiu o acesso de toda a imprensa. A NBC estuda, agora, meios legais de recuperar o prejuízo. Visivelmente constrangido, o presidente da associação dos correspondentes estrangeiros, Jorge Camara, anunciava uma festa melhor para o próximo ano.


Outro ponto de atração de Los Angeles foi o segundo dia de negociação entre o sindicato dos diretores e a associação que representa os estúdios. Um possível acordo (esperado até para ontem mesmo) poderia diminuir a ferocidade com que os roteiristas vêm conduzindo sua negociação. A intenção dos empresários é conseguir um acordo antes da entrega do Oscar, a 24 de fevereiro.


Enquanto os vencedores do Globo de Ouro eram conhecidos, membros do sindicato dos roteiristas, acompanhados de familiares, participaram, também em Los Angeles, de um festival de solidariedade sindical. Os filmes escalados eram sugestivos, como Norman Rae e Rede de Intrigas, ou seja, todos versando sobre a luta de trabalhadores.


Os vencedores


CINEMA


FILME


Desejo e Reparação


DIRETOR


Julian Schnabel (O Escafandro e a Borboleta)


ATRIZ DRAMÁTICA


Julie Christie (Longe Dela)


ATOR DRAMÁTICO


Daniel Day-Lewis (Sangue Negro)


COMÉDIA OU MUSICAL


Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet


ATRIZ DE MUSICAL OU COMÉDIA


Marion Cotillard (Piaf – Um Hino ao Amor)


ATOR DE MUSICAL OU COMÉDIA


Johnny Depp (Sweeney Todd: O Barbeiro Demoníaco da Rua Fleet)


ATRIZ COADJUVANTE


Cate Blanchett (Não Estou Lá)


ATOR COADJUVANTE


Javier Bardem (Onde os Fracos Não Têm Vez)


ANIMAÇÃO


Ratatouille


FILME EM LÍNGUA ESTRANGEIRA


O Escafandro e a Borboleta (França/EUA)


ROTEIRO ORIGINAL


Ethan e Joel Coen (Onde os Fracos Não Têm Vez)


TRILHA SONORA


Dario Marianelli (Desejo e Reparação)


CANÇÃO


Guaranteed (do filme Na Natureza Selvagem), letra e música de Eddie Vedder


TELEVISÃO


SÉRIE DRAMÁTICA


Mad Men


ATRIZ EM SÉRIE DRAMÁTICA


Glenn Close (Damages)


ATOR EM UMA SÉRIE DRAMÁTICA


Jon Hamm (Mad Men)


SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL


Extras


ATRIZ EM UMA SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL


Tina Fey (30 Rock)


ATOR EM UMA SÉRIE DE COMÉDIA OU MUSICAL


David Duchovny (Californication)


MINISSÉRIE


Longford


ATRIZ EM UMA MINISSÉRIE


Queen Latifah (Life Support)


ATOR EM UMA MINISSÉRIE


Jim Broadbent (Longford)


ATRIZ COADJUVANTE EM UMA SÉRIE OU MINISSÉRIE


Samantha Morton (Longford)


ATOR COADJUVANTE EM UMA SÉRIE OU MINISSÉRIE


Jeremy Piven (Entourage)’


 


Luiz Zanin Oricchio


Sem surpresas, deu Desejo e Reparação


‘Não se pode dizer que o resultado do Globo de Ouro tenha sido uma surpresa. Afinal, Desejo e Reparação estava indicado em sete categorias e era mesmo tido como favorito. O estranho é que não tenha levado até mais estatuetas – ganhou apenas trilha sonora (Dario Marianelli) além de melhor filme. Mas o prêmio de trilha merece uma consideração à parte, pois a música grandiloqüente é o que este filme tem de pior. Ela é a principal responsável pela excessiva dose de açúcar que destempera uma receita até que digna para transpor ao cinema o romance muito bem escrito de Ian McEwan.


O chato (ou o sintomático de uma tendência do prêmio) é quando se observam quais eram as alternativas disponíveis para o prêmio de melhor filme. Havia nada menos que Onde os Fracos Não Têm Vez, um filme dos irmãos Coen de arrepiar. Ainda não estreou por aqui, mas quando chegar você vai ver o que é bom cinema. Não dá nem para comparar com Desejo e Reparação. Seria até covardia porque são obras de patamares diferentes. E o mesmo pode ser dito para outra alternativa disponível aos votantes – Senhores do Crime, um David Cronenberg também ainda inédito no Brasil, e extraordinário. Uma única cena de Senhores do Crime, uma luta desesperada no interior de uma sauna, vale por toda a badalada seqüência de guerra de Desejo e Reparação.


Enfim, são gostos. E o do Globo de Ouro tendeu para uma opção estética mais convencional, mesmo tendo ao seu dispor alternativas mais duras, de maior empenho artístico, mas que talvez expressem visões de mundo menos palatáveis. Mas é a regra do jogo. E, como se costuma dizer, o Globo de Ouro, mesmo esvaziado e atípico, servindo como termômetro do Oscar, deve indicar tendências para a próxima premiação da Academia. Desejo e Reparação é o tipo de cinema que eles adoram por lá. Britânico, luxuoso, ‘cinemão de qualidade’ mesmo, o que não é demérito a priori. É mesmo um bom filme, e também bastante comercial e lacrimogênico.


De qualquer forma, Onde os Fracos Não Têm Vez (No Country for Old Men, no original) não ficou de mãos abanando. Levou roteiro, que os Coen adaptaram do romance ultra-seco de Cormac McCarthy, e ator coadjuvante para o espanhol Javier Bardem, no papel de um matador implacável. Bardem, de fato, está ótimo, em que pese seu corte de cabelo anos 60. Já Senhores do Crime, sobre a atuação da máfia russa em Londres, saiu sem nada.


A premiação para a animação Ratatouille era esperada, mas a boa surpresa foi a presença da França, que ganhou o melhor filme estrangeiro com O Escafandro e a Borboleta (o longa levou também o prêmio de diretor, para Julian Schnabel) e atriz de musical ou comédia para Marion Cotillar, que encarna a trágica cantora francesa em Piaf – Um Hino ao Amor. Outro prêmio interessante foi para Cate Blanchett que, em Não Estou Lá (I’m Not There), vive ninguém menos que uma das personas de Bob Dylan na cinebio nada convencional de Todd Haynes. Ela já havia sido premiada em Veneza pelo papel.’


 


TELEVISÃO
Keila Jimenez


O fim do Linha Direta


‘O Linha Direta subiu no telhado. O programa, que está atualmente de férias, pode não voltar à grade de programação da emissora em março.


Nos bastidores da produção, a ordem da direção é cortar gastos e cancelar todo e qualquer tipo de viagem para gravações do programa. O Linha Direta costuma viajar por todo o País para gravar com testemunhas do local do crime e saber mais sobre os foragidos em questão.


O cancelamento das viagens foi recebido pela produção da atração como um aviso de término do programa. A preocupação agora é com os casos já gravados e que ainda não foram levados ao ar.


A Globo diz não saber nada sobre o término do programa, mas também não desmente os boatos.


No ar desde 1999, o Linha Direta já ajudou a polícia a encontrar mais de 400 criminosos foragidos, mas sofreu uma queda de audiência no último ano. O ibope da atração andava na casa dos 18 pontos no horário.


Caso o Linha Direta saia mesmo, um forte candidato à vaga é o Profissão Repórter de Caco Barcellos, que chegou a substituir o programa em três ocasiões e se saiu muito bem.’


 


 


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