Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
TV PÚBLICA
Conselho adverte TV Brasil e recomenda mais pluralidade
‘O Conselho Curador da TV Brasil realizou anteontem, em um hotel em Brasília, sua segunda reunião. Foram aprovados o regimento interno do órgão e uma moção pedindo ‘pluralidade de versões em toda a programação’.
‘Houve uma recomendação à diretoria. A TV também vai usar produção independente e isso deve ser levado em conta. Até para defender a diretoria’, disse à Folha o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, presidente do conselho.
A motivação da moção foi o programa ‘Ver TV’ do último dia 12, em que os três debatedores diziam que a não-renovação da concessão à rede de TV venezuelana RCTV, pelo governo Hugo Chávez, ‘era ato normal e usual nas democracias’. A proposta foi feita pelo conselheiro José Paulo Cavalcanti Filho, ministro interino da Justiça no governo Sarney.
Cavalcanti escreveu: ‘Não encontrei um único caso em que a não-renovação de concessão tenha se dado em circunstâncias tão dramáticas como a venezuelana. Normal, pois, com o sentido usual da palavra, certamente não terá sido’. Ontem, ele disse à Folha: ‘Nenhuma crítica ao programa, que era bem feito, agradável de ver e o apresentador era competente. Só aproveitei para falar do futuro. Disse que os entrevistados se pronunciaram uniformemente sobre a não-renovação da concessão’.
O ‘Ver TV’, realizado pela Radiobras, é transmitido pela nova TV Pública. O apresentador é Laurindo Leal Filho, professor da USP. A reportagem não o localizou ontem.
Estiveram na reunião de anteontem a presidente da TV Brasil, Tereza Cruvinel, e os ministros Franklin Martins (Comunicação Social), Gilberto Gil (Cultura) e Sergio Rezende (Ciência e Tecnologia).
Segundo Belluzzo, quatro dos 15 conselheiros que representam a sociedade civil faltaram: Delfim Netto, o rapper MV Bill, o advogado Luiz Edson Fachin e o índio Isaac Pinhanta. Belluzzo disse que eles avisaram com antecedência.
O regimento interno aprovado afirma que ‘serão públicas todas as reuniões’ e que haverá audiências públicas pelo país para receber sugestões, reclamações ou denúncias. Também ficou decidido que o presidente do Conselho Curador só poderá ser reeleito uma vez.
Já a idéia de criar uma corregedoria fixa não foi levada adiante. ‘Vai haver um relator para cada caso específico. O indicado apresenta um relatório. Aí, o conselho decidirá o que fazer’, afirmou Belluzzo.’
CENSURA
Requião ‘debocha’ da Justiça, diz associação
‘O protesto do governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), contra decisão judicial que o proibiu de usar a TV Educativa para atacar adversários e instituições provocou reação da Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil).
Em nota, a Ajufe afirma que a atitude de Requião ‘debocha e desrespeita acintosamente as decisões judiciais’. Diz ainda que o peemedebista ‘maltrata o regime democrático’.
Anteontem, para protestar contra o juiz federal que atendeu pedido da Procuradoria e o proibiu de atacar adversários pela TV Educativa do Paraná, Requião cortou sua própria voz no programa ‘Escola de Governo’, reunião semanal transmitida pela emissora para anúncio de obras e projetos. Quando Requião se manifestava, o som era cortado e aparecia uma tarja com a palavra ‘censurado’.
A exibição associava o silêncio de Requião à decisão do juiz Edgard Lippmann Júnior, do TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região). Informava ainda que a fala do governador poderia ser acompanhada na emissora Canal 21, do empresário Luiz Mussi, secretário especial do governo paranaense.
A nota da Ajufe é assinada pelo presidente, Walter Nunes da Silva. ‘Quando um governador debocha e desrespeita acintosamente as decisões judiciais, dá a todas as pessoas contrariadas pelos juízes a legitimação de agirem de modo similar.’
O porta-voz do governo do Paraná, Benedito Pires, disse que Requião estava em viagem e não havia sido localizado
Luiz Mussi disse que vai manter em sua emissora, de sinal aberto, o programa ‘Escola de Governo’, retransmitido no canal desde 2003. ‘Apoiamos o protesto do governador porque ele é um defensor do interesse público’, afirmou Mussi.’
GOVERNO
Lobão assume ministério e agradece a Deus por chuvas
‘Depois de cancelar a audiência que teria com Edison Lobão (PMDB-MA) no fim da tarde de ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou atrás, convocou o senador no começo da noite e oficializou o convite para ele assumir o Ministério de Minas e Energia. A posse será na segunda, em tempo de ele participar da reunião ministerial de quarta.
O novo ministro comemorou que as chuvas ‘estão caindo, graças a Deus’ -naquele momento, chovia muito em Brasília- e descartou hipótese de apagão. ‘Não haverá apagão nenhum. As autoridades do ministério têm tomado todas as previdências’, disse.
Com a confirmação do convite ao senador, a pasta volta ao comando do PMDB, uma promessa que o presidente havia feito ao partido, mas que vinha postergando desde o ano passado diante das pressões da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). Ela já foi ministra de Minas e Energia e trabalhava para que a pasta ficasse com um técnico.
Lobão disse que o ministro interino, Nelson Hubner, ligado a Dilma, não ficará na pasta. Cogitava-se que ele poderia reassumir a secretaria executiva a pedido da ministra, mas o PMDB não gostava da idéia.
‘Essa é uma questão que vou examinar, porém, o ministro Nelson Hubner já manifestou desejo de ter outras atividades. Vou formar uma equipe o mais competente possível sem ter a preocupação de demolir o que se encontra lá’, disse Lobão.
Filho
Lobão também falou sobre a possibilidade de seu filho Edison Lobão Filho (DEM-MA), que é seu suplente, assumir a vaga. ‘Ele assume, sim, mas poderá se licenciar se for conveniente. Ele quer se defender fora do Senado’, disse, referindo-se às acusações.
Depois de assumir o ministério, Lobão começará a definir com o PMDB a indicação dos novos presidentes e diretores das estatais do setor, como Eletrobrás, Eletronorte e Petrobras. Os peemedebistas reivindicam as mudanças alegando que o PT estava ocupando espaço do partido. ‘Cargos serão examinados a seu tempo. Não será feito de afogadilho. Quando tiver de fazer nomeações, farei junto com o presidente’, disse Lobão, que não tem experiência no setor elétrico.
‘Este ministério já teve 11 ministros políticos. Não sou um técnico. Sou um político e sou um administrador. Um administrador é capaz de formar sua equipe’, afirmou.
A audiência de Lobão estava agendada inicialmente para as 18h de ontem. O senador acabou sendo informado de que Lula, alegando cansaço da viagem à Guatemala e Cuba, pedira o adiamento da conversa para hoje, às 9h. A mudança causou mal-estar no PMDB, que pressionou para que a audiência ocorresse ainda ontem.
Informado do mal-estar, Lula ligou para Lobão e pediu que ele fosse ao Planalto para uma audiência às 19h, quando o convite foi oficializado. A indefinição no ministério se arrastava desde maio. O ministro José Múcio (Relações Institucionais) afirmou que foi ‘um dia de vitória da base’.’
Janio de Freitas
O laranja
‘VALE PELA originalidade, à falta de outro valor, a indicação do senador Edison Lobão para o Ministério de Minas e Energia. O PMDB e Lula não trataram da indicação de um ministro, quando provocaram as novas denúncias de que Edinho Lobão, suplente do pai, fez uso de uma empregada doméstica como laranja em negócios. Lula e o PMDB negociaram um laranja. Mas não o filho. O pai, mesmo. Em vez de um ministro, um laranja nas Minas e Energia, para que a ministra Dilma Rousseff volte a ser, no governo, o que era sem deixar de ser o que é.
O traço verdadeiramente próprio da Presidência de Lula não é, por certo, estar ocupada por alguém que foi operário nos primórdios da vida adulta, mas não tem diferenças essenciais dos presidentes originários do que ele chama de ‘elite’. Não está adiante, por exemplo, de quem criou a Sudene, ou o elevador social do salário mínimo, ou a combatida política externa independente em plena Guerra Fria, e tanto mais. Talvez o traço próprio da Presidência de Lula seja a maneira como preenche o governo e, mais ainda, como compõe o ministério.
Um caso para ilustrar. Desde a distante CPI do Orçamento, todos cuidaram de deixar na periferia dos governos os ‘anões’ sobreviventes. Lula levou para dentro do seu ministério. E entregou a Geddel Vieira Lima as obras e os muitos bilhões do Ministério da Integração Nacional. Por falar nisso, até agora a platéia não sabe qual é o custo previsto para a obra do rio São Francisco. Mas, com esse e outros precedentes de citação dispensável, vê-se que Edison Lobão foi uma indicação muito criteriosa do PMDB.
Parece esquecida, nos perfis de Lobão publicados nos últimos dias, a sua carreira jornalística. É verdade que, em termos propriamente jornalísticos, não foi menos destalentoso do que em sua carreira na Câmara e no Senado, onde o máximo que demonstrou foi a persistência de permanecer, já por umas duas décadas, entre os mais inúteis. Na imprensa, porém, útil Edison Lobão foi. Como ‘repórter e cronista político’ do ‘Diário de Brasília’, prestou serviços diários aos chefões da ditadura. Seus textos eram como recados saídos do Planalto, de serviços militares ou de informações, e armações de políticos governistas contra opositores. Seu ar soturno caia-lhe muito bem. E assim também quando deu continuidade em lugar mais apropriado -o partido da ditadura, a Arena- ao papel que escolhera na vida. Sem imaginar a retribuição que a democracia de Lula e do PMDB lhe ofertaria.
Bemol
Diz o ministro Gilberto Gil que os opositores da CPMF querem, agora, ‘derrubar a legítima aspiração do Brasil de criar a TV pública’. Não percebo a relação entre a CPMF e a TV, mas o pior é que nunca percebi nem o mais singelo sinal de que essa TV surja de uma ‘aspiração do Brasil’.
Ainda bem que o ministro está convicto de que ‘não conseguirão’. Mas outra vez me deixa mal. ‘Não conseguirão’ -e capricha na ênfase- ‘porque a TV Brasil foi produto de anos de luta e discussão de boa parte da sociedade’. Se boa, no caso, refere-se a qualidade, fui posto para fora. Se, como é da pobre linguagem de nós outros, expressa quantidade, sou um alienado, porque não vi esses anos, não percebi a luta e não ouvi a discussão. Tudo o que o ministro Gilberto Gil testemunhou nos breves períodos ministeriais entre os shows viajantes do cantor Gilberto Gil.’
Luiz Francisco
Duda depõe na Bahia e não descarta voltar a trabalhar para o PT
‘O publicitário Duda Mendonça disse ontem, após depor no processo do mensalão na Justiça Federal em Salvador, que ‘está criando’ uma empresa de consultoria para campanhas políticas.
Duda, que é processado por evasão de divisas e lavagem de dinheiro, não descartou a possibilidade de voltar a trabalhar para o PT. ‘Talvez sim, por que não?’, disse a jornalistas, após ser questionado a respeito.
Ao juiz Cristiano Miranda de Santana, o publicitário repetiu sua versão sobre os fatos revelados durante o escândalo do mensalão. Disse desconhecer a origem dos R$ 10,5 milhões pagos a ele pelo empresário Marcos Valério por meio de depósitos em conta aberta por Duda no Bank Boston Internacional, em Miami.
Valério é acusado de operar o esquema de compra de votos a partidos da base aliada do governo federal, que ficou conhecido como mensalão.
‘Não sei a origem do dinheiro, mas o meu trabalho foi honesto. Na época, o Marcos Valério me disse que a única forma de receber o dinheiro era abrindo uma conta no exterior’, disse. Após detalhar ao juiz o funcionamento de uma campanha eleitoral, Duda disse que já prestou conta de ‘todas as acusações’. O publicitário afirmou que assumiu a sonegação e pagou multa de R$ 4,3 milhões.
Segundo Duda, os R$ 10,5 milhões que recebeu no exterior foram para quitar dívidas da campanha de 2002 do presidente Lula, do senador Aloizio Mercadante (PT), da ex-governadora Benedita da Silva e do candidato derrotado do PT ao Senado pelo Rio, Edson Santos.
Sócia de Duda Mendonça na CEP (Comunicação e Estratégia Política Ltda), Zilmar Fernandes também prestou depoimento ontem no processo. Disse ter conhecido Valério ‘no final de janeiro ou início de fevereiro de 2003’, na sede do PT em São Paulo.
Zilmar disse também que não era comum a CEP receber pagamentos em espécie de candidatos ou partidos, mas que isso já ‘aconteceu algumas vezes’. De acordo com a sócia de Duda, todo o cronograma de pagamento à CEP era de conhecimento de Delúbio Soares, ex-tesoureiro do PT.
Ao final do depoimento, Duda disse que não se arrependeu de ter trabalhado para o PT. Zilmar não quis dar entrevistas.’
RESPOSTA
Roupa nem tão suja assim
‘RECENTE editorial da Folha veio intitulado ‘Roupa Suja’ (24/ 12/2007), em alusão às vicissitudes do mercado de confecções de roupas em São Paulo, enfatizando as condições de vida precárias em que trabalhariam os costureiros, estes constituídos em sua maioria, hoje, por imigrantes bolivianos.
Reconhecendo-se, desde logo, o elogiável empenho do jornal e de seu repórter-fotográfico, autor de um trabalho jornalístico inédito (‘O preço de um vestido’, Dinheiro, 16/12/ 07), não se pode recusar-lhes a merecida homenagem.
Isso não impede, todavia, que a sociedade, sobretudo a paulistana, em que o referido mercado de confecções atua fortemente, se aproxime mais um pouco do tema social abordado, de modo a buscar ela própria a verdade em torno da questão, o que é o objetivo do debate que ora se pretende.
Feita essa premissa, é possível afirmar, sem medo de errar, que, em plena São Paulo dos tempos atuais, diferentemente da conclusão denunciadora da Folha, inexiste exploração de mão-de-obra degradante ou em condição análoga à escravidão, nem mesmo contra os imigrantes dos países vizinhos, como bolivianos.
Não obstante o peso moral que carrega a opinião da Folha manifestada em seu editorial, as autoridades devem refletir antes de tomar como fato insuscetível de contestação o abordado pelo jornal.
Quem tem um pouco de convívio com as confecções de roupas, mormente no mercado local, sabe muito bem que o serviço de costura, por ser um dos trabalhos de aprendizagem mais fácil, é tradicionalmente pouco remunerado, exceções à parte.
Confirma isso o fato de essa habilidade humana ter integrado as prendas domésticas de nossas avós e mães, as quais delas se valeram para auxiliar a economia familiar.
A costura, como uma das três necessidades fundamentais da vida humana (alimento, vestimentas e moradia), serviu também como atividade econômica inicial para quase todo imigrante que veio ao Brasil, sendo seus exemplos recentes os italianos, gregos, libaneses, israelenses e coreanos que aqui construíram o hoje significativo mercado da moda.
A mesma situação que os costureiros bolivianos hoje vivenciam em São Paulo já reinou, invariavelmente, sobre a vida dos brasileiros ou estrangeiros de diversas camadas sociais até recentemente.
Foram, em verdade, os próprios costureiros brasileiros que, em busca de melhorias com outras profissões, deixaram que os imigrantes bolivianos ocupassem seus lugares, e estes estão participando do ciclo de vida econômica que qualquer um, estrangeiro ou brasileiro, participaria se não tivesse saído em busca de outros trabalhos mais rentáveis.
Mas uma curiosidade impressionante não quer calar: alguém ouviu dizer em seu passado recente que os costureiros italianos, gregos, israelenses, árabes etc. -ou até brasileiros- estivessem sendo submetidos a condições análogas à escravidão?
Esses costureiros primitivos e os atuais também trabalharam e trabalham muito mais que as oito horas por dia e, mesmo assim, não se tem notícia de que eles se tenham queixado de explorações desumanas por parte das confecções.
E olhem que esses imigrantes trabalharam até 15 horas/dia, muitas vezes sem descanso semanal, mas só temos memória dignificante de suas histórias como realizações orgulhosas a transmitir a seus descendentes, e não como lamúrias por terem servido às forças econômicas dominantes.
Como se pode perceber, a verdadeira história dos imigrantes bolivianos que trabalham como costureiros na grande São Paulo a serviço das empresas de confecções desta metrópole não se ajusta confortavelmente à denúncia da Folha sobre possível exploração abusiva desse povo vizinho. Como bem foi revelado no referido trabalho do repórter-fotográfico deste jornal, os imigrantes bolivianos em São Paulo estão em vida melhor do que a que levavam em seu país. O Brasil está lhes servindo como verdadeira terra de oportunidades.
É inacreditável que se considerem vítimas de exploração de trabalho degradante ou análogo ao de escravo, presenciando de perto tantos brasileiros em situação pior que as suas.
O referido editorial da Folha fez vir à tona uma questão social relevante, mas, daí a tê-lo como verdade acabada, vai longa distância. Cabe às autoridades colher maiores informações possíveis em busca do correto enfoque de suas providências, enquanto é dever da imprensa abrir adequados espaços para o debate sobre a questão social, sem se esquecer, jamais, de ouvir as próprias empresas de confecções, o que tem sido ignorado nos últimos debates.
CHANG UP JUNG , 50, é advogado, com assessoria predominante aos empresários de confecção no Bom Retiro, em São Paulo (SP).’
TODA MÍDIA
Ao resgate
‘‘O mundo cavalga para o resgate de Wall Street’, na manchete do ‘Wall Street Journal’. Citibank, Merrill Lynch e demais são socorridos por dinheiro ‘de tão longe’ quanto o Japão. E a manchete no site do ‘WSJ’ já noticiava problemas no JP Morgan, Wells Fargo.
Martin Wolf, do ‘Financial Times’, lembrou sua primeira experiência com a ‘banca fora de controle’, nos empréstimos ‘irresponsáveis que deram na crise da dívida nos anos 80’, para afirmar que o sistema ‘é importante demais para ser deixado aos banqueiros’ e pedir intervenção de ‘interesse público’. Diz temer pela ‘legitimidade política da economia de mercado’.
DO BANCO À CANA
Em meio ao noticiário da crise dos bancos, a capa do ‘WSJ’ publicou propaganda do banco Morgan Stanley, com foto de cana-de-açúcar daqui. Propõe ‘ajudar’ a aplicar nos campos brasileiros -que já produzem 50% do etanol do mundo, hoje, ‘e continuam se expandindo’
EUA VS. BRASIL
Longa reportagem na nova edição da revista ‘Fortune’ detalha ‘Como o Brasil tomou o fazendeiro americano’, seu título. Ou, mais precisamente, ‘depois de meio século de dominação, os EUA estão perdendo sua dianteira em agricultura para a potência latino-americana em expansão e de alta tecnologia’, o Brasil. ‘Sua arma secreta? Grãos de soja.’ Entre vários personagens, a revista venera até o governador de Mato Grosso e ‘rei da soja’ Blairo Maggi.
LULA E A CIÊNCIA
Lula assina com o ministro da Educação artigo na nova edição da revista ‘Scientific American’, sob o título ‘A opção do Brasil pela educação de ciência’, mais o subtítulo ‘Novo plano nacional para emancipar todos os cidadãos através da educação permitirá ao Brasil alcançar todo o seu potencial’. É o PAC, até lá.
MARINA E A CRIAÇÃO
O blog Ciência em Dia, de Marcelo Leite, abriu o fogo contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, por participar de um congresso sobre criacionismo e afirmar, em entrevista a universitários adventistas, que o ensino do mesmo é ‘questão de escolha individual’. Ela é evangélica, ligada à Assembléia de Deus.
‘PHOTO-OP’
As imagens de Lula e Fidel Castro, em fotos e depois vídeo, correram mundo, com páginas aos milhares nos sites de busca em inglês, em espanhol, francês, sites de jornais de EUA e Europa, mais os telejornais todos por aqui, ontem à noite.
E foi capa do ‘Granma’, é claro, com ambos olhando para baixo, para a fotografia mais formal de Lula com o irmão Raúl, mais página 3, contracapa. Por aqui, ecoou mais o contraste entre os elogios de Lula à saúde de Fidel e o texto deste, no ‘Granma’, dizendo não estar bem.
‘MERCHANDISING’
Marcelo Tas e a blogosfera voltaram a debater a marca da Adidas no agasalho de Fidel. Yahoo Anwers e outros já deram que é porque a mesma patrocina esportes olímpicos de Cuba
SBT QUERCISTA?
Saiu no site e ‘newsletter’ Jornalistas & Cia., ecoou por Blue Bus e outros blogs, mas não se se confirmou até o fim do dia a notícia de que Silvio Santos estaria para vender o SBT para Orestes Quércia.
RECORD BETA
A Record abriu site em Beta, para teste, com o conteúdo de novelas, capítulos inteiros com um dia de atraso, e jornalismo. ‘Jornal da Record’ e outros vão ao ar em minutos, veiculando cada reportagem.’
ARTE
Promotoria pede que Justiça feche o Masp
‘O Ministério Público do Estado de São Paulo pediu ontem à Justiça que o Masp (Museu de Arte de São Paulo) seja imediatamente fechado e só possa ser reaberto depois de resolver uma série de falhas -como a falta da licença de operação, do atestado de vistoria do Corpo de Bombeiros e as quantidades insuficientes de hidrantes e saídas de emergência.
Se a Justiça aceitar os argumentos que embasam a ação civil pública da promotora Mariza Tucunduva, todo o acervo do Masp terá de ser transferido para a Pinacoteca do Estado e só poderá voltar quando os problemas estiverem resolvidos.
O Masp passou 22 dias fechado e foi reaberto na sexta-feira, após a polícia ter recuperado um quadro de Pablo Picasso e outro de Candido Portinari que haviam sido furtados em 20 de dezembro. O crime chamou a atenção para as precárias condições de segurança do museu.
‘O local não oferece segurança para os visitantes, para os funcionários nem para o acervo. A qualquer momento pode haver haver um sinistro’, afirmou Tucunduva, referindo-se ao risco de um incêndio.
A promotora se disse surpresa com o fato de o museu não ter licença para funcionamento e acusou a Prefeitura de São Paulo de ‘negligência’, por não ter feito a devida fiscalização nem fechado o local para as adaptações necessárias.
Na ação, Tucunduva pediu à Justiça que imponha à prefeitura uma multa diária de R$ 60 mil caso o Masp não seja fechado para as adaptações pedidas. Ela lembrou que, além de ser obrigação do município fiscalizar a segurança dos imóveis da cidade, o prédio onde funciona o Masp pertence à prefeitura.
A Secretaria de Habitação disse que só falará sobre o caso após a decisão da Justiça.’
Museu diz que já fez acordo com a Promotoria
‘Por nota, o Masp disse que a promotora Mariza Schiavo Tucunduva, do Ministério Público Estadual, não está levando em consideração um ‘termo de ajuste e obrigações’ assinado na semana passada com o Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis), ligado à Secretaria de Habitação, pelo qual o museu se comprometeu a resolver os problemas.
‘Não entendemos a atitude do Ministério Público, esta sim pondo em risco o precioso acervo do Masp. Confiamos na serenidade da Justiça de São Paulo para analisar o fato’, diz o Masp.
A promotora disse que o termo de ajuste obriga o Masp a resolver só parte dos problemas. Mariza Tucunduva baseou sua ação em um laudo dos bombeiros -de 3 de janeiro- e outro do Contru -de 28 de dezembro.’
NANA E OS JUDEUS
Impróprias
‘A Federação Israelita do Rio começou a enviar o pedido de desculpas de Nana Caymmi a mais de 40 mil membros da comunidade. A cantora lamenta ter feito ‘declarações impróprias’ à revista ‘Quem’, que publicou entrevista em que diz: ‘Fico me perguntando por que preciso sofrer tanto. Não sou judia, não crucifiquei Jesus!’ ‘
HOLLYWOOD
Greve dos roteiristas pode afetar Grammy
‘Os roteiristas americanos que estão em greve ameaçam fazer piquetes na cerimônia do Grammy, o principal prêmio da música norte-americana, que chega à 50ª edição e está marcado para o próximo dia 10. Eles também podem deixar de trabalhar no evento, o que pode inviabilizar a cerimônia. Nomes como Prince, Justin Timberlake, Nelly Furtado e White Stripes apóiam a paralisação e podem boicotar o Grammy.’
TEATRO
Prêmio Shell divulga lista de indicados do Rio
‘Com seis indicações, a peça ‘7 – O Musical’, de Charles Möeller, lidera a lista de concorrentes do segundo semestre ao Prêmio Shell de Teatro, no Rio. As produções que estrearam entre julho e dezembro de 2007 concorrem com as finalistas cariocas do primeiro semestre aos troféus que serão entregues em março. O prêmio, que chega à 20ª edição, homenageia também a atriz Tônia Carrero, por sua dedicação ao teatro ao longo da carreira.’
CINEMA
Sundance tem estréia hoje com filmes ‘otimistas’
‘O Festival de Sundance começa hoje, em Utah (EUA), com uma competição entre filmes ‘engraçados, espirituosos, humanistas e inusualmente otimistas sobre o mundo em que vivemos’, segundo declarações do diretor do festival, John Cooper, divulgadas por sua assessoria de imprensa.
Criado pelo ator Robert Redford, o festival tem o objetivo de impulsionar os chamados filmes ‘independentes’ do modelo de produção dos grandes estúdios norte-americanos.
Esta edição, que vai até o dia 27 de janeiro, não terá a participação de longas brasileiros. O filme ‘Tropa de Elite’, de José Padilha, chegou a ser anunciado na competição internacional, mas o distribuidor internacional do filme, Harvey Weinstein, decidiu abandonar a disputa e iniciar a carreira internacional do longa pelo Festival de Berlim (7/2 a 17/2).
Hollywood
Apesar do perfil ‘independente’ de Sundance, nomes de peso em Hollywood estão por trás de algumas das atrações desta edição.
O produtor Mark Johnson, das oscarizadas superproduções ‘As Crônicas de Nárnia’ e ‘Rain Man’, assina dois filmes na disputa entre ficções norte-americanas: ‘Ballast’, sobre uma família do Mississippi atingida por uma tragédia, e ‘Downloading Nancy’, em que Maria Bello (‘Marcas da Violência’) interpreta uma mulher infeliz no casamento que, ao tentar encontrar alguém pela internet, passa a viver um atormentado romance paralelo.
O ‘otimismo’ identificado por Cooper deve se restringir a outras seções do festival, entre as quais não se inclui a competição de documentários produzidos pelos EUA, que apresentará uma denúncia sobre a prática de estupro em áreas de guerra no Congo (‘The Greatest Silence: Rape in the Congo’, de Lisa F. Jackson) e uma visão sobre os métodos de recrutamento para as Forças Armadas norte-americanas (‘An American Soldier’, de Edet Belzberg), entre outras.
A disputa internacional de documentários tem 16 títulos, incluindo ‘Stranded: I’ve Come from a Plane that Crashed on the Mountains’ (Gonzalo Arijon), que ouve os passageiros do acidente aéreo ocorrido nos Andes, em 1972, que comeram carne humana para sobreviver.
Com agências internacionais’
Contardo Calligaris
Reparação
‘ESTREOU NA sexta passada ‘Desejo e Reparação’, de Joe Wright -uma adaptação, essencialmente fiel, da obra-prima de Ian McEwan, ‘Reparação’ (ed. Companhia das Letras).
O filme recebeu o Globo de Ouro para melhor drama e será certamente um sucesso de público. O livro de Ian McEwan é já um clássico e um best-seller. Por quê?
Certo, Joe Wright fez um filme maravilhoso, e McEwan é um dos melhores escritores do momento. Mas não é só isso.
Acontece que, na tela ou nas páginas, a história contada revela e ilustra um canto ao mesmo tempo escuro e familiar da subjetividade de todos nós, ou melhor, como se diz em psicologia, um mecanismo psíquico que governa nossa vida muito além do que a gente pensa.
Resumindo: uma menina, dotada de uma certa predisposição artística e inspirada por uma paixão amorosa e pelo ciúme inconfessável que essa paixão produz, faz uma sacanagem que estraga radicalmente a vida da irmã assim como a do jovem que ama essa irmã e é amado por ela.
A menina, ao crescer, tenta expiar sua culpa e descobre que ela poderá remir-se escrevendo não tanto a verdade do que aconteceu, mas uma história, um romance. É de uma vida dedicada à literatura que ela esperará a redenção: um romance reparará, enfim, o ato funesto que ela cometeu.
Os distribuidores brasileiros do filme mudaram o título de McEwan.
Acrescentando ‘desejo’ a ‘reparação’, eles fizeram uma escolha aceitável. Evitaram, em particular, a tentação de optar por algo como ‘Culpa e Reparação’, termos ligados por uma implicação óbvia: a gente faz uma besteira, sente-se culpado e tenta acalmar a culpa reparando os danos -às vezes, trata-se de uma decisão consciente, outras vezes, nossa vida inteira se organiza ao redor de um projeto reparador sem que a gente saiba direito por quê (afinal, somos sempre culpados de alguma coisa, não é?).
Claro, a culpa pode exigir reparação, mas talvez a vontade de reparar os tortos não seja apenas a conseqüência das culpas que nos tocam por causa de nossos malfeitos. Talvez essa vontade seja algo mais radical, mais originário.
Foi uma grande psicanalista, Melanie Klein, que introduziu a ‘reparação’ entre os conceitos da psicanálise. A idéia básica é a seguinte: um belo dia, o bebê se dá conta de que os objetos de seu amor são pessoas inteiras (por exemplo, ele descobre que não gosta apenas do seio que o alimenta, das mãos que cuidam dele etc., mas da mãe como um todo). Logo, nosso bebê começa a sentir a necessidade de ‘reparar’ os ‘danos’ que sua visão anterior do mundo teria causado -em suma, de reconstituir o corpo materno que ele havia consumido aos pedaços.
Isso pode parecer bastante exótico aos olhos do leigo. Mas, para entender, basta considerar que nunca paramos de oscilar entre a vontade de despedaçar o outro e a vontade de reparar os estragos. Como assim?
É simples e está no título do filme (‘Desejo e Reparação’). No desejo sexual, em geral dilaceramos o outro desejado. Por exemplo, o desejo, sempre um pouco fetichista, prefere os pedaços: o decote, a voz, um olhar, a perna cortada pela cinta-liga, a queda dos rins, a forma dos lábios e por aí vai. Quando amamos a quem desejamos, o amor nos ajuda a reparar os efeitos do estilo carniceiro do nosso desejo: idealizamos o amado e a amada para que a beleza que neles enxergamos os preserve de nossa própria crueldade.
Falando em beleza, justamente, Melanie Klein e seus primeiros alunos já pensavam que talvez a vontade ou a necessidade de reparar o mundo (despedaçado por nosso próprio desejo) fosse a força que anima nossas ambições estéticas.
A incrível persistência humana na tentativa de criar algo bonito lhes parecia ser o jeito que inventamos para compensar a violência de nossa cobiça (não só sexual, aliás). Ou seja, os danos produzidos pela brutalidade de nosso querer nos dariam vontade de arrumar o mundo, de embelezá-lo, de fazê-lo ficar ‘bom de novo’, como dizia Klein.
Em suma, talvez nossa capacidade de criar algo misteriosa e extraordinariamente ‘bonito’ (como o livro de McEwan e o filme de Wright) seja a maneira que encontramos para proteger aos outros, a nós mesmos e ao mundo contra a ‘loucura’ de nossos desejos.
Nota: é bem possível que nossa paixão ecológica de hoje tenha uma origem parecida. Afinal, ela tenta preservar e restaurar o que não sabemos deixar de destruir.’
TELEVISÃO
Zé do Caixão roga praga na TV
‘Estréia no dia 4 de abril, no Canal Brasil, ‘O Estranho Mundo de Zé do Caixão’, com entrevistas que revelam o lado obscuro das celebridades.
O vocalista Nazi, por exemplo, que já gravou entrevista, não falou sobre a briga familiar que levou ao fim do Ira!. Isso já está em todos os jornais. Ele contou a José Mojica Marins, 71, a respeito do exu que baixou em sua casa e previu como sua mãe iria morrer. Também revelou ser pesquisador de umbanda e freqüentador de terreiros.
O ator Paulo César Pereio, que acaba de interpretar o traficante Lobato, em ‘Duas Caras’, falou sobre bebida, mulheres e deu uma sugestão para a arquitetura do Rio de Janeiro: O Cristo Redentor deveria ser demolido a fim de dar lugar à estátua do Borba Gato, considerada uma das obras públicas mais feias da capital paulista.
A primeira entrevista do programa, exibido semanalmente, à meia-noite de sexta-feira, será com Lobão -que conta ter batucado no caixão de sua mãe.
Na seqüência virão Supla e a mãe Dinah. Também passarão pelo cenário -com poltronas roxas, caixão e caveiras- Paulo Ricardo, Marina Person, Luciana Vendramini e João Gordo, entre outros. O cineasta Fernando Meirelles, que está editando o longa-metragem ‘Cegueira’, procura um lugar na agenda, depois do Carnaval, para dar uma entrevista a Mojica.
Além dos convidados, haverá um quadro, ‘Caixão Repórter’, no qual Mojica vai às ruas produzir reportagens inusitadas. Ele já fez sobre gangues de motociclistas, luta livre nas ruas, cursos de detetives e mensagens subliminares de discos.
Ao final do programa, Mojica sempre roga uma praga. Entre suas vítimas estão a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), os vendedores de DVDs piratas de seus filmes e os dirigentes do Corinthians -o cineasta é corintiano roxo.
O Canal Brasil já fechou contrato de um ano para exibição de ‘O Estranho Mundo…’. O programa é dirigido por André Barcinski, autor de ‘Maldito – A Vida e o Cinema de José Mojica Marins’, em parceria com Ivan Finotti, editor do Folhateen.
BAIXARIA 1
O ‘BBB 8’ continua batendo recordes. De baixaria, não de Ibope. Ontem, no primeiro paredão, mesmo com o show de meninas com espuma de barba nos peitos, o programa marcou 37 pontos. São dez a menos que o ‘BBB 6’ e seis a menos que o ‘BBB 7’. Só falta agora a Globo levar para TV aberta a cena da participante bêbada, sem calcinha, fazendo xixi no chão…
BAIXARIA 2
O Ministério da Justiça ficará de olho agora no Texas Club, nova versão da uisqueria de ‘Duas Caras’, que foi explodida depois de render a reclassificação de 12 para 14 anos. O ambiente passou a bar ‘country’, sem a polêmica ‘pole dancing’.
TV OPRAH
Oprah Winfrey e a Discovery Communications lançarão, em 2009, um canal a cabo com o nome da apresentadora. A Rede Oprah Winfrey entrará no lugar do Discovery Health, nos Estados Unidos. Não há previsão de estréia em outros países. O acordo prevê ainda o lançamento do portal Oprah.com.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 17 de janeiro de 2008
TELECOMUNICAÇÕES
Governo busca fórmula para evitar que operação Oi/BrT atinja Lula
‘O receio de que os partidos de oposição possam responsabilizar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela assinatura de um decreto que viabilize a compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi/Telemar levou o governo a buscar formas de evitar que a decisão passe pelo chefe do Executivo. Juristas estudam a possibilidade de que a compra seja autorizada por ato da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), sem necessidade de que o presidente assine decreto mudando o Plano Geral de Outorgas (PGO).
O PGO estabelece as áreas de concessão de cada empresa de telefonia fixa e proíbe que elas trabalhem em mais de uma área. Para a compra de uma empresa pela outra, ou para a fusão, o decreto teria de ser mudado.
Acontece que, quando ainda se chamava Telemar, a Oi destinou R$ 5 milhões para a Gamecorp, empresa de Fábio Luiz da Silva, filho de Lula. O assunto sempre volta ao discurso dos partidos de oposição e, se o presidente assinar o decreto que muda o PGO, não há dúvidas de que haverá questionamentos até mesmo na Justiça. Além do mais, a Andrade Gutierrez, que seria uma das donas da nova empresa – o outro controlador seria o grupo La Fonte -, foi a maior financiadora da campanha à reeleição de Lula, em 2006, com doações de R$ 6,4 milhões. A acusação de que o governo está agora pagando a fatura pela ajuda ao filho de Lula e pela contribuição à campanha será feita imediatamente, raciocinam os auxiliares de Lula.
Como a compra da Brasil Telecom pela Oi/Telemar é considerada estratégica pelo governo, no Palácio do Planalto há uma intensa articulação para encontrar uma forma de preservar o presidente na questão. A operação comercial tem todo o apoio do governo, pois resultará em uma grande companhia nacional numa área estratégica, capaz de concorrer de igual para igual com as gigantes Telmex/América Móvil (mexicanas, donas da Embratel e da Claro) e Telefónica (espanhola).
Caso a simples autorização da Anatel seja considerada impossível, o Planalto trabalha ainda numa fórmula para manter a supertele em mãos nacionais – as hipóteses são a criação de uma golden share para o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no estilo da que o governo tem na Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer), que lhe daria poder de veto no caso de comercialização indesejada.
Uma outra hipótese, como o Estado já publicou, poderia sair de um acordo de acionistas com uma cláusula que dê preferência aos outros sócios em caso de possibilidade de venda futura da empresa.
De acordo com auxiliares do presidente Lula, o governo quer evitar que a supertele venha a se valorizar muito em curto prazo, servindo apenas para aumentar os lucros dos seus proprietários, e ser revendida para um grande conglomerado de comunicações controlado por estrangeiros.
Ainda conforme assessores do presidente Lula, o governo já trabalhava com a certeza de que, com o afunilamento do setor, que vem sendo dominado pelos mexicanos e espanhóis, haveria o desaparecimento de empresas médias, como a Brasil Telecom e a Oi. Daí, o interesse do governo na fusão das duas empresas ou compra de uma pela outra, dando-lhe condições de competitividade.
ENTENDA O CASO
Aquisição: A Oi (antiga Telemar) acertou a compra da Brasil Telecom. A nova empresa seria controlada pela Andrade Gutierrez e pela La Fonte, do empresário Carlos Jereissati. As empresas não confirmam o negócio.
Apoio: O governo apóia a aquisição, com o argumento de que seria bom para o País a existência de uma grande operadora nacional, para competir com os espanhóis da Telefônica e os mexicanos da Telmex, donos da Claro e da Embratel. A aquisição da Brasil Telecom seria financiada pelo BNDES.
Regulamentação: Seria necessária uma mudança nas regras do setor de telecomunicações. O Plano Geral de Outorgas, um decreto presidencial, impede que as concessionárias fixas (Oi, Brasil Telecom, Telefônica e Embratel) tenham controladores em comum.
Pressa: O Citibank, controlador da Brasil Telecom, tem pressa de vender sua participação, por causa da crise imobiliária nos Estados Unidos. A GP Participações, que está no controle da Oi, quer vender sua parte na empresa.
Obstáculos: A Oi investiu na Gamecorp, empresa do filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os mexicanos e espanhóis se sentem discriminados.’
O Estado de S. Paulo
Retrocesso na telefonia
‘Petistas que, quando na oposição, criticavam duramente o programa de privatização do governo Fernando Henrique Cardoso devem estar muito satisfeitos com a ação do governo Lula para facilitar a compra da Brasil Telecom (BrT) pela operadora Oi (ex-Telemar), que, se efetivada, resultará na constituição de uma megaempresa brasileira de telecomunicações. Além de ampliar a participação estatal no setor, argumentam os defensores do negócio, essa empresa, com capital inteiramente nacional, estaria apta a enfrentar, inclusive no exterior, as grandes operadoras que já atuam no País, a espanhola Telefônica e a mexicana Telmex, controladora da Embratel e da Claro.
O governo está obrigado por lei a assegurar a competição num mercado de serviços em que atuam empresas com grande capacidade financeira e acesso imediato às tecnologias mais avançadas, para proteger os interesses dos consumidores e garantir a prestação de serviços de qualidade.
Mas são muito claras as indicações de que as motivações do governo são de outra natureza. O que move o governo não parece ser a defesa do interesse do usuário, mesmo porque, se fosse essa sua preocupação, bastaria usar a legislação atual. Ela oferece às autoridades elementos suficientes para exigir das operadoras a prestação de serviços de acordo com parâmetros e critérios previamente determinados justamente para assegurar, de um lado, a rentabilidade do negócio, e, de outro, que o usuário seja bem atendido.
O que as declarações das autoridades mostram é que o governo está intervindo na questão por razões ideológicas – a necessidade de constituição de uma grande empresa de capital nacional para enfrentar a competição externa e proteger o que o governo entende como ‘interesse estratégico’ do País.
Quem disse isso de maneira mais explícita foi o ouvidor da Anatel, Aristóteles dos Santos. Em seu relatório sobre a atuação do órgão regulador da área de telecomunicações, o ouvidor fez críticas ao que entendeu ser uma preocupação excessiva com a preservação do interesse das empresas e defendeu com entusiasmo a ação do governo para a criação de uma forte empresa nacional de telefonia. ‘Em muito boa hora o governo Lula toma a iniciativa de trazer ao debate público a instituição de uma empresa de telecomunicações de âmbito nacional para competir em igualdade de condições com os demais players’, afirmou.
O cargo de ouvidor da Anatel é mais um dos muitos que o governo do PT preencheu de acordo com critérios meramente políticos. Antes de assumir essa função, Santos foi sindicalista. Na campanha eleitoral de 2006, apareceu num programa do PT para defender o governo Lula, sem mencionar sua condição de funcionário público.
Mas há outras indicações das reais intenções do governo. Fortalece a tese de que suas razões são ideológicas a notícia publicada pela Folha de S.Paulo segundo a qual, no acordo dos três principais futuros acionistas da nova empresa resultante da aquisição da BrT pela Oi, o governo (por meio do BNDES) terá uma cláusula de proteção para garantir o controle nacional sobre ela. Se algum dos outros sócios (Grupos Andrade Gutierrez e La Fonte) decidir deixar a sociedade, o BNDES terá direito de preferência na aquisição de sua participação.
Além disso, para que seja possível a concretização do negócio, será necessário mudar o Plano Geral de Outorgas (PGO) do setor de telecomunicações, por meio de decreto presidencial. Em entrevista ao Estado, o advogado Carlos Ari Sundfeld, principal autor da Lei Geral de Telecomunicações – na qual se baseou o PGO -, admitiu que, se análises econômicas bem fundamentadas mostrarem que o negócio resultará em mais competição, a mudança se justifica. Mas não admite que razões ideológicas justifiquem a mudança. Na verdade, há pouca competição entre as empresas que atuam no chamado mercado de serviço de voz – cada uma domina de 93% a 95% do mercado de suas respectivas áreas de atuação. E haverá menos competição ainda, se consumar a fusão das duas empresas.
Tudo indica que o que move o governo é o desejo de ampliar a participação estatal num setor que só deu certo depois de privatizado. Isso é um retrocesso.’
TECNOLOGIA
Positivo admite laptop a US$ 300
‘Com isenções tributárias e descontos vindos das negociações com o governo, a Positivo Informática acredita que seu computador educacional pode chegar a US$ 300,00, conforme revelou o presidente da empresa, Hélio Rotenberg. Em 20 de dezembro, a Positivo Informática foi declarada vencedora na licitação do governo para a compra de 150 mil laptops de baixo custo para estudantes de escolas públicas. O lance da empresa foi de R$ 654,53 por máquina, o correspondente a algo em torno de US$ 350 por unidade. Para a conversão, a Positivo considera a cotação de R$ 1,869 por dólar, expressa no mercado futuro. No mercado à vista, o dólar fechou ontem em R$ 1,77.
Antes do início da concorrência, o governo federal havia sinalizado que esperava pagar menos de US$ 300 por computador. A expectativa era que o processo de compra fosse retomado no início desta semana, o que não aconteceu. O governo não descarta cancelar o pregão e lançar um novo.
Com a isenção de impostos, Rotenberg acredita poder baixar o preço para R$ 580. Isso daria algo como US$ 310. Mas o executivo admite a possibilidade de chegar aos US$ 300. ‘Tem espaço para negociar, trabalhamos muito nas últimas semanas’, informou, dizendo ter conversado com fornecedores para permitir uma ‘folguinha’ na negociação. O pregão foi paralisado porque o preço foi considerado alto pelo governo. As negociações com o vencedor do pregão podem ser retomadas até esta sexta-feira, mas Rotenberg acha mais provável que aconteçam na semana que vem. ‘Estamos ansiosos.’
Segundo o executivo, a Positivo Informática teve reuniões informais com o Ministério da Educação (MEC) e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para mostrar as diferenças de preços entre as licitações do Brasil e do Uruguai. Naquele país, o lance da Positivo por computador educacional foi bem mais palatável que no Brasil: US$ 245.’
GOVERNO
Após relutância de Lula e sob mira de Dilma, Lobão é confirmado ministro
‘Uma semana depois de receber a indicação do PMDB e após sinalizar publicamente em Cuba seu incômodo com as denúncias contra o senador Edison Lobão (MA) e seu filho, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva finalmente cedeu e nomeou-o ontem ministro das Minas e Energia. Ele assumirá na segunda-feira, substituindo Silas Rondeau, que deixou o cargo em maio, depois de acusado pela Polícia Federal de envolvimento com o esquema de corrupção da Construtora Gautama.
Além das denúncias contra ele e seu filho e suplente, Edison Lobão Filho (DEM-MA), o senador assume o cargo sob desconfiança do setor elétrico. O temor é de que não tenha suficiência técnica para gerenciar o setor num momento de crise de escassez de energia. Lobão recebe o cargo, mas policiado por homens da confiança técnica e pessoal da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que foi titular de Minas e Energia no primeiro mandato de Lula.
Após o encontro de uma hora com Lula, Lobão negou divergências com Dilma. ‘Ela disse que jamais fez referências contra meu nome, pelo contrário, afirmou ter todo o apreço por mim’, garantiu. Também se alinhou ao discurso da ministra, descartando a hipótese de racionamento de energia. ‘Não haverá apagão, temos de ser otimistas com responsabilidade’, disse. Por recomendação do presidente, Lobão esteve à noite com Dilma, que defendia a nomeação de um técnico. O ministro interino, Nelson Hubner, ligado a ela, deixará a pasta e será aproveitado em outra função.
Mesmo com a situação preocupante dos reservatórios, o ministro indicado assegurou que ‘não é hora de falar em redução de consumo’. Ele contou que terá liberdade para nomear, mas deve discutir os principais cargos com Lula e Múcio. ‘Vou formar a equipe mais competente possível, mas sem ter a preocupação de demolir a que está lá.’
O senador retocou a pintura nos cabelos para o encontro. Lula escutou-o sentado numa poltrona, perto de um pé de pimenta malagueta, colocado por assessores. Lobão informou que seu filho o substituirá no Senado, mas pode se licenciar para responder a denúncias de ter usado uma empregada como laranja num esquema contra a Receita. ‘Estou sentindo muito, presidente, como pai, pelas denúncias contra meu filho’, disse, segundo uma pessoa que participou da audiência.
Lobão garantiu a Lula que, independentemente do destino do filho, o governo contará com o voto no Senado. ‘Teremos um voto, seja do primeiro ou do segundo suplente’, reforçou depois o ministro de Relações Institucionais, José Múcio.
Na entrevista, Lobão defendeu o filho. ‘É um problema político que deve ser tratado politicamente. Estou convencido de que é inocente, mas responderá até na Justiça pelo que está sendo acusado.’ Ele disse que Edinho tem 60 dias para assumir no Senado, o que daria tempo para responder às acusações.
DESCONFORTO
A audiência no Planalto estava marcada para as 18 horas. Mas Lula decidiu adiá-la para hoje, alegando estar cansado da viagem a Guatemala e Cuba. Lobão, disposto a evitar o prolongamento por mais uma noite de especulações sobre uma possível recusa a seu nome, entrou em ação. Ao mesmo tempo em que tentava ser recebido pelo presidente ainda ontem, orientava seus assessores a negarem o adiamento da audiência.
Por volta de 19 horas, Lobão foi visto por seguranças e assessores na ante-sala do presidente. Minutos depois, finalmente entrou no gabinete.
Na avaliação de fontes do governo, o vaivém de informações sobre a audiência com Lula ilustrou o desgaste político de Lobão. Ontem, a uma pergunta sobre eventuais novas denúncias, o ministro Múcio disse que não há possibilidade de o convite a Lobão ser retirado.’
Paulo Leandro e Fausto Macedo
Duda ‘supôs’ que o PT tivesse caixa 2
‘Na primeira audiência de Duda Mendonça e sua sócia, Zilmar Fernandes, no processo em que o Supremo Tribunal Federal (STF) os considera réus (junto com outras 38 pessoas) pela acusação de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no caso do mensalão, o publicitário afirmou ontem que foi o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares quem o apresentou ao empresário Marcos Valério e ele impôs a condição de receber o dinheiro no exterior. Duda disse que, na época, ‘supôs que o dinheiro fosse de caixa 2 do PT, dinheiro não contabilizado’ e que Valério ‘fosse um preposto, um agente financeiro do PT que estava gerindo dinheiro não contabilizado’.
Segundo Duda, abrir a conta no exterior foi a única forma de receber pelos serviços prestados em campanha eleitoral. O publicitário disse que recebeu do PT R$ 22 milhões dos R$ 32,5 milhões a que teria direito.
Duda voltou a negar em depoimento à Justiça Federal da Bahia o envolvimento nos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas no caso do mensalão e anunciou que vai abrir uma empresa de consultoria política. Declarou ser ‘honesto’ ao juiz da 17ª Vara Federal, Cristiano Santana, não ter mágoa do PT e que vai continuar trabalhando em campanhas eleitorais.
Zilmar Fernandes confirmou à Justiça ter sido orientada por Delúbio a procurar Valério para receber o pagamento.
O advogado de Duda, Tales Castelo Branco, afirmou que seu cliente agiu para defender seus interesses. ‘O PT exigiu que ele abrisse a conta ou então seria o calote’, sustentou. O publicitário disse já ter recolhido à Receita Federal R$ 4,3 milhões de multa por ter omitido os valores referentes a seus rendimentos.’
O Estado de S. Paulo
Lula exalta seus feitos em revista americana
‘O governo brasileiro conseguiu espaço na publicação científica Scientific American, uma da mais prestigiadas do mundo, para fazer propaganda do seu programa de educação. Em pouco mais de uma página, um artigo em inglês assinado pelo presidente Lula, o ministro da Educação, Fernando Haddad, e o neurobiólogo Miguel Nicolelis exalta os investimentos que o País fará nos próximos anos na área. E, após perder R$ 40 bilhões no orçamento por conta do fim da CPMF, garante quase R$ 20 bilhões a mais por ano em recursos para a área.’
ARTE
Promotora pede interdição do prédio do Masp
‘O Ministério Público Estadual (MPE) ajuizou ontem, às 13 horas, ação civil pública na 4ª Vara da Fazenda Pública da Capital pedindo a interdição temporária imediata do prédio do Masp, na Avenida Paulista, por falta de segurança. A ação se baseia em laudos do Contru e do Corpo de Bombeiros.
Entre as irregularidades encontradas estão a falta de projeto técnico de proteção contra incêndio, falta de hidrantes, portas corta-fogo e sinalização de emergência. Foram encontradas portas bloqueadas, problemas na fiação elétrica, material inflamável empilhado nos corredores e armazenado de forma inadequada, ausência de detectores de fumaça na área de exposição e pisos de material combustível.
‘A maior parte das irregularidades fica junto ao acervo’, disse a promotora Mariza Schiavo Tucunduva, autora da ação. Ela disse que a ação do MPE visa ‘prevenir uma tragédia’, pois a situação atual do museu coloca em risco vidas humanas. ‘Devemos atuar antes de algum acidente’, disse. ‘O passeio ao Masp é agradável, as obras são inigualáveis. Só quero advertir que o local não possui segurança.’
Mariza pede, enquanto o museu toma medidas para se adequar às exigências, a transferência do acervo para a Pinacoteca de São Paulo – considerada, em estudo da Deloitte encomendado pelo próprio Masp, uma instituição modelar em termos de segurança e administração. Em caso de descumprimento das exigências, a ação fixa multa diária de R$ 60 mil.
O MPE trata ainda do que chama de negligência da Prefeitura na fiscalização (pelo que pede sua responsabilização), já que o Masp nunca apresentou alvará de funcionamento. No dia 9, após vistoria, o Contru apontou os problemas e deu 20 dias para que fossem sanados. Mas o MPE se antecipou. Ontem, o Contru não quis fazer comentários sobre a ação.
‘Acredito que essa situação reflete um pouco a gestão atual do Masp’, disse Mariza. ‘A administração não é aberta, não é transparente, e essa fragilidade está sendo exposta na mídia’. Ela ainda analisa a situação financeira do museu, mas diz que faltam documentos relativos a fluxo de caixa e credores.
O comando do Masp divulgou nota ontem à noite e se disse ‘surpreendido’ com a ação. A nota diz que o museu é, hoje, ‘o mais seguro deste País’ e está cumprindo acordo firmado com o Contru. ‘Não entendemos a atitude do Ministério Público – esta sim pondo em risco o precioso acervo do Masp – sem levar em conta o Termo de Ajuste celebrado com o Contru e as medidas de segurança já tomadas. Confiamos na serenidade da Justiça de São Paulo para analisar o fato.’
Esta semana, o movimento SOS Masp, que já tem cerca de 3 mil adeptos – artistas, museólogos, galeristas e acadêmicos – encaminhou pedidos de mudanças no museu ao MPE, ao governador José Serra e ao prefeito Gilberto Kassab.’
SEM LICENÇA
Rádio em que Matarazzo colabora está irregular
‘A Rádio Capital, emissora que transmite aos sábados programa sobre os problemas da cidade com a participação fixa do secretário municipal de Coordenação de Subprefeituras, Andrea Matarazzo, não tem licença do governo para exercer sua atividade. Além disso, atualmente está fazendo obra sem autorização da Prefeitura, como confirmou ontem o subprefeito da Vila Mariana, Fábio Augusto Lepique.
Já famoso pelo rigor em emparedar bares, casas noturnas e estabelecimentos comerciais que atuam à margem da lei de uso e ocupação do solo, Matarazzo tem um quadro em que escuta e comenta reclamações dos ouvintes no espaço do apresentador Paulo Barboza, que vai ao ar das 9 horas ao meio-dia dos sábados.
Anteontem, os proprietários do prédio onde ficam os estúdios da Rádio Capital foram multados em R$ 865,60 e intimados a se regularizarem e a apresentarem a papelada em 15 dias. Ontem, fiscais da Subprefeitura voltaram ao edifício, na Praça Rodrigues de Abreu, 228, Paraíso, para confirmar se a solicitada paralisação da construção para troca da antena no telhado também tinha sido seguida.
Como realmente nada estava em andamento, não houve o embargo por parte das autoridades. Mas a Rádio Capital deverá, se quiser continuar a empreitada, requerer a autorização oficial da Secretaria Municipal de Habitação (Sehab). ‘Como eles se comprometeram a colaborar, vamos agora apenas acompanhar e cobrar’, disse Lepique.
Os diretores da empresa não foram encontrados. Já Matarazzo apoiou a medida do subprefeito e assumiu que tem participação no programa aos sábados: ‘Não vou quando não posso.’ O secretário, porém, disse ser ‘impossível’ entrar só em prédios regulares. ‘Não dá para eu saber se todo restaurante que vou tem alvará. Se bem que, em alguns, a gente sai e já pede uma fiscalização’, argumentou.’
TELEVISÃO
Perdedora de ‘Top Model’ sai no lucro
‘Uma Mariana ganhou, mas foi a outra que se deu bem. Quarta colocada no programa ?Brazil Next Top Model?, da Sony, Mariana Richard desfilou ontem pela primeira vez na SPFW. A campeã, Mariana Velho, ainda aguarda resultado dos testes que fez nas grifes para saber se estréia ou não no evento. ‘Só tem top aqui e eu’, comemorava a novata Mariana no backstage da Cori. Questionada se sofreu preconceito por parte das outras modelos por ter sido revelada num programa de TV, ela foi sincera: ‘Não, porque elas nem sabem quem eu sou. Elas nem viram o programa…’’
Keila Jimenez
BBB8 fatura bem
‘Apesar de estrear com menos anunciantes do que a edição passada, o Big Brother Brasil 8 ganhou um patrocinador de peso. Em uma ação milionária, a Schincariol deve ser a marca que mais aparecerá durante a exibição do reality.
A estratégia é simples: a Globo retirou o bebedouro da casa do BBB e encheu a geladeira com água e refrigerantes da marca. Resultado: a todo momento um participante aparece com uma bebida na mão, além das garrafas vazias que já estão espalhadas pela casa.
Esse é só o começo de uma ação ainda maior. O diretor do programa Boninho e alguns dos BBBs assistirão aos desfiles do carnaval do Rio no camarote da Schin.
Voltando ao break, na comparação com o BBB7, o BBB8 estreou com 4 anunciantes a menos, segundo levantamento da Controle da Concorrência, que monitora inserções comerciais para o mercado. Do dia 9 ao dia 11, o BBB8 teve 35 anunciantes, ante 39 do BBB7 no mesmo período.
A audiência do primeiro paredão também foi menor. A saída de Jaqueline anteontem registrou média de 37 pontos. A primeira eliminação do BBB7 alcançou 42 pontos.’
CINEMA
Estratégia de ‘fazer o filme aparecer’
‘‘Não há receita mágica. Nenhum truque. Só muito trabalho, sessões públicas e privadas. Ou seja, é preciso fazer o filme aparecer, com que as pessoas descubram que ele existe. Depois disso, é o filme quem fala por si’, explica o diretor Cao Hamburger ao comentar a estratégia adotada por ele, pelo produtor Fabiano Gullane e pelo publicist Steven Raphael para colocar O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias entre os 9 finalistas (entre 63 concorrentes) ao Oscar de melhor filme estrangeiro 2008. A lista dos nove filmes que disputam as cinco vagas finais para, finalmente, ser escolhido o melhor do ano, foi divulgada na terça pela Academia. Além de O Ano, e conta com o representante italiano A Desconhecida, de Giuseppe Tornatore; o austríaco The Counterfeiters, de Stefan Ruzowitzky; o canadense Days of Darkness, de Denys Arcand; o israelense Beaufort, de Joseph Cedar; o casaque Mongol, de Sergei Bodrov; o polonês Katyn, de Andrzej Wajda; o russo 12, de Nikita Mikhalkov; e o sérvio The Trap, de Srdan Golubovic.
A tal da estratégia parece simples. Mas nem tanto. ‘Fazer o filme aparecer’ entre 63 concorrentes de todo o mundo em um mercado que é praticamente auto-suficiente, como o americano, significa também publicar, desde setembro (quando O Ano foi escolhido o representante brasileiro), anúncios nos principais veículos de cinema dos EUA (a Variety, por exemplo), dezenas de sessões cujos participantes são escolhidos a dedo entre os chamados formadores de opinião do mercado de cinema, debates, muitos debates e participações em festivais e afins. ‘Fomos a cinco cidades, Nova York, Washington, Boston, Los Angeles e Palm Springs. Em todas, participávamos de debates com convidados profissionais da área. O efeito positivo que o filme provocava, o boca-a-boca, é que chamou a atenção’, conta Hamburger, que dá por encerrada a ‘campanha O Ano no Oscar 2008’. ‘É uma vitória. O objetivo sempre foi colocar o filme entre os nove. Agora é algo muito mais sutil. É o gosto dos 20 membros da Academia que vão ver o filme neste fim de semana e, na segunda, escolher os cinco finalistas.’
Fabiano Gullane assina embaixo. ‘Estamos muito felizes. Agora é cruzar os dedos e esperar que tudo dê certo depois de tanto trabalho. Já é uma grande recompensa estar entre os nove’, declara ele, que, para a campanha, contou com o orçamento de R$ 600 mil. ‘Desses, 360 mil foram aplicados pela City Lights, a distribuidora internacional do filme. O restante veio do apoio do Ministério da Cultura. A Ancine, o Programa Cinema do Brasil e o Itamaraty foram decisivos’, explica.
Gullane, Hambuger e o mundo cinéfilo devem esperar agora até a próxima terça, às 5h30 de Los Angeles, quando serão divulgados os 5 finalistas. O vencedor será conhecido em 24 de fevereiro em cerimônia que ocorrerá no Kodak Theatre, em Hollywood, e transmitida ao vivo pela ABC, às 17 horas de Los Angeles.
Já que a estratégia brasileira foi simples e eficaz, vale lembrar que a escolha dos candidatos estrangeiros ocorre em duas fases. Na primeira, o comitê da Academia, com centenas de membros que residem em Los Angeles, assiste a todos os 63 candidatos e aponta os 9 finalistas. Na segunda, dez membros do comitê (escolhidos aleatoriamente), que selecionaram os filmes na fase 1, juntam-se a outros dez membros da Academia baseados em Nova York e Los Angeles. Então, todos assistem aos 9 finalistas nas sessões que ocorrem de amanhã a domingo nas duas cidades.
O mito de que os tais votantes a filme estrangeiro são os ‘velhinhos do Oscar’ parece estar ruindo no mundo cinematográfico. ‘Esta sempre foi uma curiosidade nossa. Mas a gente não pôde passar nem perto das sessões só para os membros da Academia. Conheci dois membros que votam na categoria e eles são produtores de cinema ‘normais’, como nós. Não são velhos nem aposentados’, brinca Hamburger.
A tarefa deles com O Ano (que fez quase 400 mil espectadores no Brasil, está em DVD, passou por mais de 20 festivais – incluindo Berlim – e 30 países) está ‘quase’ cumprida. ‘A última ação em Los Angeles consiste em hoje publicamos na capa da Variety um anúncio do filme. Em Nova York, vamos tentar chamar a atenção dos jornalistas para o fato de sermos o único latino-americano na lista final. Aliás, pode-se dizer ibero-americano, já que Espanha e Portugal também ficaram de fora’, conta Gullane.’
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