O desafio educacional deste início de século 21 pode ser sintetizado em duas diretrizes: formar para compreender e conhecer para transformar. Como as extraordinárias mudanças científicas, tecnológicas e filosóficas das últimas décadas ainda não se refletiram no rebaixamento das desigualdades globais, fazem-se necessários, mais que nunca, estudos proativos, ações inovadoras, senso crítico vigoroso, solidariedade e auto-exames: descobrir soluções viáveis para os graves problemas sociais herdados do século passado.
Muitas organizações jornalísticas já perceberam que não podem mais – sob o manto de uma neutralidade simulada – omitir-se em relação aos interesses genuinamente coletivos. Os leitores-telespectadores-ouvintes-internautas da era digital têm a oportunidade ímpar de navegar por múltiplos canais de informação. Mas não se trata apenas de poder informar-se ou sentir-se informado. Mais e mais pessoas desejam ir além, querem aderir a experiências construtivas concretas, dando novo significado à lógica do consumismo ou mesmo recusando-a.
Formação & Informação nasceu para vislumbrar alternativas nessa linha. Os volumes fornecem conteúdos essenciais sobre macrotemas jornalísticos e mostra como decifrá-los para o público (iniciado ou leigo). Escritos sob óticas diversas, os artigos partem da premissa de que um comunicador social deve se aprofundar em um assunto de maneira sistêmica, e de que o público, por sua vez, precisa se situar no turbilhão de dados desconexos próprio do nosso momento histórico. Significa que é preciso inter-relacionar fatos, experiências e valores humanos; semear o presente, originando o passado, antevendo o futuro.
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[do release da editora]
O primeiro volume da coleção ‘Formação & Informação’ traz textos dos especialistas em meio ambiente Roberto Villar Belmonte, Regina Scharf, Eduardo Geraque, André Azevedo da Fonseca, Carlos Tautz e Odo Primavesi. O objetivo deste livro – referência imediata para universitários interessados em se especializar no tema meio ambiente – é provocar uma reflexão sobre os graves problemas ambientais que atingem a sociedade contemporânea.
Sergio Vilas Boas, coordenador da coleção, contesta a idéia de que jornalismo é sinônimo de apenas noticiar. ‘Jornalismo são reportagens especiais (especiais mesmo), perfis, livros-reportagem, documentários audiovisuais, radiofônicos etc. A meu ver, o jornalista deveria ser também um ensaísta, e não um simples transmissor passivo de informações. Esta coleção propõe que os jornalistas assumam responsabilidade em relação ao assunto sobre o qual tratam e ajudem a esclarecer, em vez de confundir.’
Sergio optou primeiro pelo tema ambiental porque acredita ser este o que mais exige ‘visão de conjunto’. ‘O meio ambiente mantém afinidades com a política, a economia, a ciência e a cultura’, diz. ‘Quem cobre meio ambiente precisa compreender o todo, sem isolar as partes.’
Em vez de enfatizar discursos fatalistas, os seis autores (jornalistas e não-jornalistas) foram orientados a identificar os problemas mas também a apresentar soluções e alternativas viáveis. Formação & informação ambiental põe em xeque o catastrofismo e conduz o leitor-telespectador-ouvinte-internauta a se conscientizar sobre o seu papel de construtor ativo da realidade.
‘A imprensa não pode ser neutra quando se trata de vidas. É preciso, ao contrário, ser mais educativa, o que não significa apelar para didatismos banais do tipo ‘faça isto, faça aquilo’. O importante é mobilizar consciências para uma lógica aparentemente simples: jornalistas especializados ajudam a formar públicos com uma atitude diferente em relação ao meio ambiente e à sua própria vida’, diz o organizador do volume.
Os articulistas
Roberto Villar Belmonte – Jornalista formado na Famecos/PUCRS em 1991. Cobriu para a Rádio Gaúcha as conferências da ONU Rio-92 e Habitat II, e apresentou por cinco anos o programa Gaúcha Ecologia. Foi assessor de comunicação do Pró-Guaíba de 2000 a 2002. Participou do I Seminário Internacional de Jornalismo Ambiental realizado na Suécia, em 1998. Atualmente é repórter da EcoAgência de Notícias, secretário-geral do Núcleo de Ecojornalistas do Rio Grande do Sul e um dos moderadores da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental.
Regina Scharf – Jornalista especializada em meio ambiente, com passagens pelo jornal Gazeta Mercantil, revista Veja e Radio France Internationale (RFI). Desenvolveu projetos para diversas organizações não-governamentais (Instituto Ethos, Amigos da Terra, Instituto Ecofuturo, Instituto Akatu) e empresas (ABN Amro, Holcim, Grupo Algar, Alcoa). Integra o Conselho do Greenpeace no Brasil. Recebeu, em 2002, o Prêmio Reuters-IUCN de Jornalismo Ambiental para a América Latina. É co-autora do livro Como cuidar da nossa água (BEI Editora, 2003).
Eduardo Geraque – Jornalista e biólogo. Mestre em Oceanografia Biológica pelo Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo, cursa atualmente o doutorado, na mesma universidade, pelo Prolam (Programa de Pós-Graduação em Integração da América Latina). Seu tema de pesquisa é jornalismo e meio ambiente. Há dez anos trabalha com o jornalismo. Passou pelas redações do Diário Popular (hoje Diário de S.Paulo) e pela Gazeta Mercantil (caderno ‘Fim de Semana’). Atualmente é editor da Agência de Notícias online da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
André Azevedo da Fonseca – O jornalista André Azevedo escreveu diversas reportagens sobre cultura e meio ambiente urbano, especialmente patrimônio cultural. Com a série ‘Escombros da memória coletiva’ conquistou menção especial no prêmio Estímulo à Cidadania, categoria Jornalismo, na Expocom/Intercom 2002. É colunista da revista digital NovaE.
Carlos Tautz – Jornalista formado em 1992 pela Universidade Federal Fluminense. Especializou-se em jornalismo ambiental na Fundação Reuters (Oxford, Inglaterra) em 1995, e em Jornalismo Científico pela Organização Ibero-Americana de Estados (Bogotá, Colômbia), em 1998. Cobriu a Rio-92 pela revista Ecologia e Desenvolvimento (que editou em 2002) e a Rio+10 em Joanesburgo (África do Sul) pelo Jornal do Brasil, em 2002. Em março de 2003 cobriu como freelancer o Fórum Mundial da Água (Quioto, Japão) para a EcoAgência de Notícias, Folha de S.Paulo e Pasquim, onde é colunista de meio ambiente.
Odo Primavesi – É engenheiro agrônomo, pesquisador científico da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Sudeste) e educador ambiental.