Discutir a liberdade é sempre bom, discutir a liberdade de imprensa é ainda melhor porque ela é a mãe de todas as liberdades. Sem uma imprensa verdadeiramente livre não existe liberdade política, religiosa, moral ou econômica.
Hoje [quinta, 3/5], no Dia Internacional da Liberdade de Imprensa criado pela Unesco, circulam diversos relatórios sobre o estado da mídia no mundo, acompanhados pelos indefectíveis rankings classificatórios.
Ora, a quantificação de valores abstratos não pode produzir conclusões exatas. Veja-se, como exemplo, um ranking que na quarta-feira (2/5) circulou pela internet preparado pela Freedom House, entidade não-governamental sediada em Washington, criada em 1941 para combater o nazismo. Seu ranking de liberdade de imprensa é naturalmente liderado por países como a Finlândia e a Islândia; Portugal aparece surpreendentemente em décimo segundo lugar.
E o Brasil? O Brasil aparece na nonagésima – repito, nonagésima – colocação.
As duas posições são injustas e enganosas: nem Portugal é o paraíso nem o Brasil é o inferno. Nossa imprensa andou muito ameaçada nos dois últimos anos e soube reagir com alguma galhardia; o regime decididamente não merece ficar abaixo de Moçambique e Cabo Verde.
A democracia é um processo em construção. A liberdade, ou existe ou não existe. Se existe, avança sempre.