Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Fifa se contradiz e imprensa paga o pato

Ainda está para ser escrita a análise definitiva sobre a cobertura da imprensa esportiva no caso Palmeiras-Copa Rio-Fifa. Para quem ainda não sabe, o clube paulista luta pelo reconhecimento oficial junto à Fifa do título da Copa Rio em 1951, torneio que reuniu clubes de vários países do planeta, entre eles a tradicional Juventus, de Turim (Itália). O caso parecia ter um desfecho feliz para os palmeirenses com o envio de um fax à CBF, que intermediou a solicitação, chancelando a conquista e assinado pelo secretário-geral Urs Linsi (o segundo cargo em importância da entidade; vale destacar que o posto já foi ocupado pelo atual presidente, Joseph Blatter). Tal fato foi amplamente noticiado em jornais, sites e emissoras de rádio e televisão.

O caso teve uma reviravolta a partir do momento em que repórteres e colunistas consultaram o Media Departament, da Fifa, sobre a decisão e tiveram como resposta a informação de que uma decisão definitiva somente sairia no próximo dia 27 de maio, data em que se reúne seu comitê executivo.

A partir daí a grande dúvida passou a ser: a imprensa esportiva se precipitou ao noticiar que o título de 1951 do Palmeiras era reconhecido pela Fifa como oficial? O jornalista Walter Falceta Jr. até fez um interessante artigo intitulado ‘As afoitezas do jornalismo esportivo’, publicado neste Observatório. Pena que um dado importante para seu artigo tenha ficado em segundo plano.

Chamo a atenção para as declarações de Thiago Salata, setorista do Palmeiras para o diário Lance! Ele diz: ‘Se há algum equívoco, deve-se a um desencontro de informações na própria Fifa.’

As versões do imbróglio

Ainda nessa linha, cabe destacar um post (03.05) do blog mantido por Juca Kfouri, cujo título é ‘Em defesa do Palmeiras’:

‘Joseph Blatter cometeu apenas uma injustiça ao dizer que o Palmeiras se precipitou ao festejar o título que ainda não tem. Porque a carta que Ricardo Teixeira mandou ao Palmeiras não deixa margem de dúvida. Leia abaixo.’

‘Senhor Presidente,

Tenho a grata satisfação em informar ao ilustre Presidente de que a Fifa, após detalhada pesquisa, concordou com a proposta encaminhada pela CBF, de que a Copa Rio, realizada em 1951, fosse a Primeira Copa Mundial de Clubes.

Em vista do acima exposto, cumprimento a Sociedade Esportiva Palmeiras, na pessoa do ilustre Presidente, pela conquista da importante competição que intitula o Palmeiras como o Primeiro Campeão da Copa Mundial de Clubes e que, conseqüentemente, engrandece o futebol brasileiro, mais uma vez, no contexto mundial.

Aproveito o ensejo para renovar a V.Sa. meus protestos de elevada estima e distinta consideração.

Atenciosamente, Ricardo Teixeira, presidente da CBF’

‘Então, quem se precipitou ou foi leviano?’ (grifo do jornalista)

Está bem claro que toda confusão partiu da própria Fifa. Importantes departamentos da entidade não estão em sintonia ao tratar do assunto. Walter Falceta Jr., infelizmente, não destaca isso em seu artigo, preferindo apenas reclamar da imprensa.

A história parece ter despertado muito o interesse de Falceta. Mesmo não atuando ativamente na imprensa esportiva, o jornalista foi um dos que acionou o Media Departament da Fifa. Ele poderia prestar um serviço muito maior ao tentar ouvir Urs Linsi e procurar extrair dele a sua versão de todo este imbróglio.

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Colaborador de revistas como Bizz e Laboratório Pop