Em sua música Sociedade alternativa, o cantor e compositor Raul Seixas fez questão de enaltecer esse estilo de vida. Mas, afinal, o que é ser alternativo? Tal atitude proporciona a liberdade de escolha para que o indivíduo opte pelo que mais lhe convém, uma novidade que chegou à nossa imprensa, possibilitando a criação de veículos menos compromissados com as conveniências políticas ou econômicas de então, fazendo desses informativos espaços de livre debate e crítica.
Pif Paf, tablóide criado por Millôr Fernandes em 1964, inspirado numa coluna do mesmo nome que manteve por anos, foi o nosso primeiro alternativo. Durou quatro meses e oito edições. Em junho de 1969, durante os anos de chumbo da ditadura militar, surgiu o semanário humorístico O Pasquim, que tinha como foco a crítica social, principalmente voltada para a classe política da época. Do seu conselho editorial faziam parte o jornalista Sérgio Cabral, o cartunista Jaguar e o diretor teatral Luiz Carlos Maciel. Nesse período turbulento nasceram muitos jornais alternativos como A Carapuça, que despontou e desapareceu em 1968 após a morte de seu criador, Sérgio Porto, Flor do Mal (1970) e JA em (1971), criações de Luiz Carlos Maciel, entre outros.
A trajetória da imprensa alternativa no Brasil se divide em três etapas: a primeira entre 1968 e 1973, início do AI-5, fase do ‘milagre econômico’ e da dura repressão política. A segunda entre 1974 e 1979, distensão política e começo da abertura política, fim do AI-5 e expansão dos veículos alternativos. A terceira caracterizada pelo fim da censura prévia e a volta dos exilados e o conflito entre os generais da linha dura, contrários à redemocratização, e os liberais. Atentados em série a bancas de jornal a partir de 1980 marcaram esse momento.
A partir de 1981, a imprensa alternativa assumiu novos rumos, provando ser possível uma nova forma de jornalismo, despido da postura reacionária advinda com a ditadura militar e que caracterizou muitos desses veículos. Um momento marcante dessa fase contemporânea é o surgimento, em abril de 1997, da revista Caros Amigos, com o discurso de resgate a prática de um jornalismo independente e alternativo, oferecendo, com isso, contraponto a postura neoliberal e à pasteurização da mídia, modelos impostos pela imprensa de referência.
******
Jornalista, Rio de Janeiro, RJ