Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um papa observador da mídia

Terminou a temporada pontifícia, mas se a mídia, sobretudo a mídia impressa, souber reaproveitar os temas que afloraram nos últimos dias, poderá produzir uma pauta capaz de contrabalançar o pauperismo da atual discussão política.


Estado laico, separação entre Igreja e Estado, concordata com o Vaticano, eram questões reservadas às altas esferas e agora estão na agenda cotidiana. Mas não se pense que elas dizem respeito apenas à Igreja Católica. A defesa do laicismo interessa também – e muito – a todos os que assistem ao loteamento desenfreado da nossa mídia eletrônica por confissões religiosas.


A separação entre Igreja e Estado não deve confinar-se às pressões para oficializar o ensino religioso nas escolas públicas: deve transbordar obrigatoriamente para o Congresso onde já desfilam se exibem partidos religiosos monolíticos empenhados em fomentar a intolerância.


A crítica do papa Bento 16 à erotização da mídia não se refere ao jornalismo, mas à teledramaturgia que galvaniza as audiências graças a uma apelação sexual barata.


Não é todo o dia que temos um papa observador da mídia. Vale a pena aprofundar suas provocações.