Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Marketing político e imprensa inerte

Não poderia ficar parada diante da cobertura dos maiores jornais em circulação/assinatura do país com a chegada do Papa ao Brasil e o descaso, a inércia, o comodismo da imprensa (na maioria dela) em relação ao aumento salarial dos nossos congressistas. Com uma produção cinematográfica comparável (na proporção) aos grandes filmes roliudianos (bem abrasileirado), com os melhores planos, ângulos, cadernos, revistas e links especiais, vidas cotidianas que viraram celebridades da noite para o dia… uma parafernália de equipamentos e um exército de jornalistas para manusear e o próprio exército brasileiro nas ruas… a imprensa se armou, se preparou e se produziu para a maior cobertura: a chegada do Papa.

O que come o Papa? O que pensa o Papa? Enquanto isso, no Congresso Nacional, tan-tan-tan-tan… nossos admiráveis, competentes, honestos e decentes deputados, aproveitando este momento de inércia da sociedade e da disputa da imprensa pela espetacularização da ‘notícia Papa’, fecham com chave de ouro a pauta principal da casa (e causa) parlamentar: o aumento dos seus próprios salário e benefícios.

Sem registro no painel eletrônico, os deputados aprovaram reajuste salarial de 29,81%. Cada parlamentar vai ganhar um salário de R$ 16.512,09. O aumento também vale para o presidente, vice e ministros. Não há como não parabenizar os nossos parlamentares.

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Navegando pela rede, onde buscava explicações sobre o significado de ‘Estado Laico’ (frase da moda em ‘tempos de Papa’), encontrei um texto cujo título era o seguinte: ‘A diversidade religiosa requer o respeito de um estado laico’.

A seguir, descrevo um pequeno trecho que me chamou atenção…

‘No entanto, o direito de crença ou não-crença é cerceado, por exemplo, quando se manuseia dinheiro em cédulas, onde há uma inscrição de cunho religioso, que não expressa unanimidade nacional. Ao passá-las, os cidadãos não-crentes consolidam um ato involuntário de disseminação de propaganda religiosa, ferindo seus direitos de liberdade ideológica, assim como dos que as receberão, simbolizando, com o ato, a aceitação da referência religiosa expressa nelas’. Por Daubi Piccoli (Professor e Jornalista), publicado em 5/9/2003 no jornal Boa Vista (Erechim/RS) e A Folha Regional (Getúlio Vargas/RS).

Se o que o ilustre professor afirma sobre Estado ‘laico’ é verdade, como pode o governo (que diz manter ‘estado laico’) apoiar a estampa da Papa no selo (um dos símbolos nacionais)? Não estaria o governo tomando partido religioso? (Humberto Alencar, servidor público federal, professor, Petrolina, PE)

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Todos os anos o mesmo erro se repete. É uma imparcialidade absurda até com besteiras. O programa esportivo da Rede Globo, denominado Globo Esporte, todos os anos, nas vésperas do Campeonato Brasileiro, faz uma matéria sobre os antigos campeões, e no ano de 1987 informam errado. O título de um Campeonato Brasileiro é homologado pela entidade maior do futebol nacional, a CBF. É algo tão simples, uma informação tão fácil de ser encontrada… Basta acessar o sítio da entidade, e conferir a informação oficial: Campeão de 1987, Sport Club do Recife. Mas teimam em repetir o erro colocando o Flamengo como campeão do ano em questão. Como visto, é uma besteira. Fica a revolta de um simples cidadão que vê uma atitude desta, de uma empresa deste porte, em relação a algo tão fútil. (João Wanick, advogado, Recife, PE)

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Até Quando a Rede Globo vai continuar discriminando o Nordeste do país? Em todos os sentidos o Nordeste sofre discriminação, principalmente da imprensa sulista. O motivo da minha indagação é a sucessão de erros da imprensa esportiva da Rede Globo, destacando o Globo Esporte, quem insiste em insinuar que o Flamengo é pentacampeão brasileiro, quando na verdade o titulo de 1987 pertence ao Sport.

No quadro destaques do Brasileiro eles se recusaram a falar do titulo de 1987 do Sport enquanto fazem questão de mencionar o pentacampeonato do Flamengo. Não entendo motivo de tanta discriminação. O Flamengo é forte, tem torcida, dá dinheiro – e muito – para a Globo, mas não é justa essa insistência. Nós do Nordeste temos nosso valor. Somos também responsáveis pelo sucesso dessa emissora e temos a maior torcida do Nordeste. Somos uma torcida apaixonada, lutando para conquistar o nosso merecido espaço. O mínimo que pedimos é que não nos prejudiquem. De começo, essa já é a melhor ajuda. (Francisco de Assis Amaral, bancário, Recife, PE)

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Jornalista e professora, Petrolina, PE