O aumento da derrubada de matas na Amazônia é a manchete em todos os principais jornais do país.
Levantamento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, divulgado na tarde de quarta-feira (23/1), revela que foram destruídos 3.233 quilômetros quadrados de florestas no período de agosto a dezembro do ano passado. Como o monitoramento em tempo real, implantado há quatro anos, alcança apenas 40% da área de risco, o governo admite que o estrago pode ter chegado a 7 mil quilômetros quadrados.
A notícia acabou com a festa do Ministério do Meio Ambiente, que celebrava o terceiro ano consecutivo de redução no desmatamento.
Os jornais são unânimes em informar que os vilões da Amazônia são o gado e a soja. As chamadas commodities têm alcançado preços elevados no mercado internacional, o que estimula a expansão das áreas de agricultura, principalmente nos estados de Mato Grosso e Rondônia.
O jornal O Estado de S.Paulo observa que, no Pará, o corte de árvores também pode estar relacionado ao fornecimento de lenha para as siderúrgicas de ferro-gusa. O Globo lembra que, em ano de eleições municipais, fica muito mais difícil efetivar a fiscalização nos 150 municípios onde se concentra a devastação.
Fato consumado
O que os jornais não costumam fazer é questionar diretamente os políticos que se beneficiam da destruição.
Mesmo com as evidências de que o avanço das lavouras de soja e pastagens é a causa mais provável do ataque à floresta, os deputados da bancada ruralista no Congresso não foram incomodados pelos repórteres. Apontado como um dos líderes no processo de transformação da floresta em plantações de soja, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi, que possui fazendas na área onde ocorre a maior devastação, também não foi questionado.
Os números do crescimento econômico estão quase todos os dias nas páginas dos jornais. A destruição da Amazônia só ganha espaço depois do fato consumado. E não se lê uma palavra sobre a falta de sustentabilidade do modelo de desenvolvimento adotado pelo Brasil.
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Jornalista