Leia abaixo a seleção de segunda-feira para a seção Entre Aspas.
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O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
INDÚSTRIA
Circulação dos jornais cresceu em 2007
‘A circulação dos 92 jornais filiados ao Instituto Verificador de Circulação (IVC) cresceu 10,1% em 2007, em relação ao ano anterior. Foram 4,143 milhões de exemplares distribuídos diariamente em média em dezembro, ante 3,762 milhões no mesmo mês de 2006. A boa notícia para o meio jornal, na avaliação do presidente do IVC e diretor da multinacional Procter & Gamble, Pedro Martins da Silva, é que esse resultado confirma um dinamismo injetado pelos empresários do setor nos negócios. ‘Há um ambiente favorável, com reformulação de projetos, mudanças gráficas e novos jornais segmentados para determinados públicos, a preços mais acessíveis’, diz ele. ‘Isso faz com que os leitores vejam suas necessidades mais bem atendidas.’
O IVC audita apenas os jornais pagos. No mercado nacional não há dados disponíveis sobre os gratuitos. Lá fora, em países como Espanha, França e Inglaterra, o fenômeno de aceitação do jornais gratuitos foi capaz de impulsionar a indústria jornalística global nos últimos anos.
A circulação mundial de jornais cresceu 9,95% entre 2001 e 2005, segundo um estudo divulgado, no ano passado, pela Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês). Boa parte desse crescimento deveu-se aos jornais gratuitos, que mais que dobraram de tamanho nesse mesmo período analisado, passando de 12 milhões para 28 milhões de exemplares por ano. Ao todo, havia mais de 450 milhões de exemplares de jornais vendidos por dia no mundo, e o número de leitores de publicações pagas excedia 1,4 bilhão de pessoas.
O balanço do IVC referente a 2007, que acaba de sair do forno, mostra também aumento de circulação entre os veículos tradicionais, caso do carioca O Globo (5,2%) e dos paulistas O Estado de S.Paulo (4,8%) e Jornal da Tarde (8%), assim como cresceu a circulação do especializado em esportes Lance! (12,3%).
POPULARES
O maior destaque, entretanto, fica por conta dos chamados jornais populares, que custam abaixo de R$ 1,00. Entre eles, o mineiro Super Notícia, que registra excepcionais 104,4% de aumento de circulação no período – uma média diária de 147 mil exemplares, em dezembro de 2006, para 301 mil exemplares em média diária, no mesmo mês do ano passado – encostando no líder nacional, o jornal Folha de S. Paulo.
Antônio Hércules Jr, diretor de Marketing e Mercado Leitor do Grupo Estado, vê com bons olhos, para o futuro do negócio, o interesse que os jornais mais baratos estão despertando na população. ‘Acredito que os garotos que hoje vêem seus pais lendo um jornal vão se sentir estimulados a adotar esse hábito’, considera ele. ‘Há um ganho para o mercado como um todo, porque esses leitores, no futuro, podem migrar para outros títulos.’
Na mesma linha, Paulo Queiroz, vice-presidente executivo da agência de publicidade DM9DDB, considera positivo o movimento de oferta e o aumento de consumo de jornais populares. ‘Os populares ganham rapidamente leitores, sobretudo no Rio e em Minas’, considera ele. ‘Já em São Paulo, a maior novidade são os jornais gratuitos de rua, que alcançam todas as classes e idades. Esse movimento realmente é benéfico para o meio jornal. Nos dois casos, temos uma espécie de porta de entrada da categoria. Essa porta de entrada vale para o público de baixa renda, mas também serve aos jovens.’
Embora bastante animado com o sucesso dos jornais gratuitos – ‘fico impressionado ao ver nos pontos de entrega na rua a disputa por um exemplar entre motoqueiros e passageiros de ônibus’ -, o vice-presidente de criação da agência Leo Burnett, Ruy Lindenberg, credita boa parte do aumento de consumo de jornais em geral ao boom imobiliário. ‘Tenho medo que tudo não passe de uma bolha’, pondera.
Para Marco Quintela, vice-presidente de Atendimento da agência Young & Rubicam, o aumento de circulação é um fato inegável que foi endossado pelo aumento da verba publicitária aplicada em jornal. ‘Pelo Ibope Monitor, que avalia 23 mercados, o porcentual de crescimento dos investimentos em 2007, em relação ao ano de 2006, é de 18% no meio jornal’, informa ele.
Daniela Pereira, diretora de Mídia da agência LongPlay, do Grupo NewComm, conta que, entre seus clientes, houve um investimento três vezes maior no meio jornal, no segundo semestre de 2007, em comparação com o mesmo período do ano anterior. Para ela, é lógico que pesou nesse resultado a expansão do mercado imobiliário, que tem nesse meio uma importante solução de mídia. Mas Daniela também cita o fato de as agências e veículos terem procurado trabalhar o jornal de forma mais estratégica.
Na comparação com outros países, o Brasil ainda tem muito a avançar em matéria de hábito de leitura. De acordo com o relatório preparado pela Associação Mundial de Jornais, apenas 45,3 em cada mil brasileiros compravam jornais diariamente, em 2005. Os japoneses eram os campeões de leitura, com 633,7 leitores de jornais em cada mil habitantes. Em segundo lugar, vêm os noruegueses, com 626,3 compradores por mil habitantes; e, em terceiro, os finlandeses, com 518,4 por mil. Ingleses (348) e alemães (305) estão mais bem posicionados que os americanos (249,9). Mas o Brasil fica devendo para os vizinhos mexicanos (148,4) e argentinos (94,2).’
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‘Estado’ amplia liderança na Grande São Paulo
‘A soma da venda de jornais, em banca e para assinantes, em 2007 deu a liderança na Grande São Paulo para o jornal O Estado de S. Paulo. Com um aumento de 2,9% na sua circulação em dezembro, ante o mesmo mês do ano anterior, o Estado ganhou leitores em sua cidade-sede, enquanto seu principal concorrente, a Folha de S.Paulo perdeu (-3,4%), segundo o Instituto Verificador de Circulação (IVC).
Entre os cinco maiores jornais que são vendidos na capital e adjacências, outros dois , Jornal da Tarde (6,8%) e Diário de S.Paulo (8,4%), aumentaram sua circulação. No total, tanto as vendas em banca (1%), como o número de assinantes (1,4%) cresceu no último ano na região.
A curva ascendente no consumo de jornais, observada não só em São Paulo, mas em todo o Brasil, tem levado a um aumento no número de filiados ao IVC, como explica Pedro Martins da Silva, presidente do IVC. E, em conseqüência, a uma ampliação dos serviços do instituto.
‘O nosso próximo passo será a implantação de uma plataforma que permita aos associados acompanharem também a audiência dos sites de jornais e revistas’, revela Silva. ‘Há muitos anunciantes, associados ao IVC, interessados nisso, por reconhecerem que o prestígio de um veículo de comunicação não se mede mais apenas por circulação.’ Em 2001, os dirigentes do IVC já haviam feito uma tentativa nessa direção, que não foi em frente. ‘Mas acredito que, este ano, o cenário está bem mais favorável para tal avanço.’’
Simon Montlake
Ásia tem sete em cada dez jornais mais vendidos
‘The Christian Science Monitor, Bangcoc – Circulação em alta, redações em expansão. Um público crescente faminto e apreciador da mídia livre.
Enquanto o debilitado setor jornalístico dos Estados Unidos anda sufocado, seus pares na Ásia respiram o estimulante oxigênio do sucesso. Numa era de maior liberdade de imprensa e democracia, com as empresas de mídia passando para mãos privada, o aumento nos níveis de renda e alfabetização estão impulsionando as redações de toda a região, dizem os editores de jornais, analistas do setor e executivos de mídia.
Sete dos dez jornais diários mais vendidos estão na Ásia, onde estão também os três maiores mercados: China, Índia e Japão, nessa ordem. Em 2006, o número de jornais em circulação na Ásia subiu 3,6%, comparado com uma queda de 2% na América do Norte, de acordo com a Associação Mundial de Jornais. Desde 1985, as vendas de jornais nos Estados Unidos caíram mais 30%, segundo o Audit Bureau of Circulations, órgão que verifica a circulação e venda de jornais.
‘A mídia nunca foi tão poderosa ou tão onipresente como hoje na Ásia’, disse Sheila Coronel, diretora do Stabile Center for Investigative Journalism, na Universidade Columbia, em conferência do East-West Center, centro de pesquisa no Havaí, patrocinado pelo governo dos Estados Unidos.
E é também lucrativo: os anunciantes na Ásia estão gastando mais para chegarem aos consumidores em centros urbanos prósperos, onde os níveis de renda e educação são cada vez mais altos. Na Índia , as receitas dos jornais com publicidade aumentaram 85% entre 2001 e 2006, apoiadas por uma alta de 54% no volume de distribuição dos jornais.
Os editores dizem que a ascensão da mídia digital está começando a prejudicar as receitas dos jornais em mercados maduros como Taiwan e Coréia do Sul, onde os leitores mais jovens preferem a informação online e querem um conteúdo mais vivo. A mídia tradicional também está sendo desafiada pelos bloggers e pelo jornalismo cidadão em países como Mianmar, onde a mídia estatal inspira desconfiança, e na Malásia, onde os grupos de mídia privados estão alinhados com partidos políticos.
NOVOS TÍTULOS
Mas, no geral, a expansão da Internet, do e-mail e da TV a cabo fomentou a demanda pública por notícia. ‘Nos últimos cinco anos, com o rádio e a TV fazendo programas de notícias ao vivo, o apetite pela noticia aumentou muito’, diz Kamal Siddiqi, editor do The News, jornal de língua inglesa do Paquistão. Ele calcula que mais de cem jornais vespertinos são publicados só em Karachi, com muitos títulos novos aparecendo.
Uma onda similar de novas publicações, além do ressurgimento de jornais que estavam fechados, também se verificou na Indonésia após a restauração da democracia, em1998. Depois de décadas de censura, a imprensa indonésia está hoje entre as mais livres da região.
Mas, tendo escapado das algemas do governo, os novos periódicos nas jovens democracias também estão às voltas com as demandas do mercado.
Como o campo fica cada vez mais congestionado e a TV a cabo e sites criam um ciclo de noticias que chega com mais rapidez, alguns proprietários de jornais insistem mais em reportagens sobre celebridades, em detrimento das noticias mais sérias, dizem os editores.
Na Índia, a rápida expansão da mídia a partir de 2001 coincidiu com uma mudança de alguns jornais tradicionais no sentido das ‘boas’ notícias, que estimulem a satisfação e contentamento do público leitor, e a cobertura dos jogos de críquete, diz Nanda Banerjee, editor consultor da Indian Press Agency. ‘O lado sério do jornalismo está ficando na traseira’. O jornalismo de entretenimento está na frente’, diz ele.
Os jornais chineses enfrentam desafios diferentes, como a censura estatal. A China ostenta o maior número de jornais vendidos , 99 milhões de periódicos em 2006, mas também tem o maior número de jornalistas presos (31 no final de 2006), de acordo com o comitê para proteção de jornalistas. Publicações consideradas ofensivas podem ser fechadas, e a censura é dominante na Internet.
O quadro na China não é totalmente sombrio, diz Shelia Coronel. Ao cortar subsídios para os jornais estatais, a China obrigou esses jornais a competirem por leitores. Isso criou um apetite pelo ‘furo’ de reportagem e artigos mais ousados. ‘A mídia chinesa está fazendo um trabalho mais original e investigativo. O mercado cria oportunidades para o jornalismo ‘denúncia’, como aconteceu na América no século 20’, ela concluiu.
JORNALISMO CIDADÃO
O jornalismo cidadão está crescendo rapidamente na Coréia do Sul, que está entre os países mais conectados do mundo. Ohmynews é um importante website que recorre a 40 mil jornalistas e gera publicidade suficiente para obter lucro, diz Ryong Oh, da Ásia Journalist Association, empresa não lucrativa sediada em Seul.
Uma razão pela qual os sul-coreanos estão ligados no Ohmynews é que os três mais importantes jornais do país são politicamente tímidos, diz Ryong Oh. ‘À medida que o governo muda, eles mudam suas posições. As pessoas não confiam nesses jornais e por isso buscam novas fontes de notícias’. Mas a circulação dos jornais na Coréia do Sul aumentou 19% entre 2001 e 2006.
Talvez a maior surpresa na Ásia seja a cultura permanente do jornal observada no Japão. O número de exemplares em circulação caiu nos últimos anos, mas os japoneses ainda são os maiores consumidores, per capita, de jornal impresso no mundo. As regras de propriedade no Japão são um escudo dos jornais contra a pressão dos acionistas, permitindo que eles invistam nas redações, diz Orville Schell, ex-reitor da Escola de Graduação em Jornalismo na Universidade da Califórnia. O que contrasta com os grupos jornalísticos dos Estados Unidos, que enfrentam cortes se não atingem as metas de crescimento estabelecidas.
Mas, como nos EUA, os ventos não são favoráveis aos serviços de notícias sem uma estratégia online, diz Hisayoshi Ina, vice-presidente do conselho editorial do jornal Nikkei. ‘A geração mais jovem prefere a Internet ao jornal’.’
TELECOMUNICAÇÕES
Governo pode exigir da Oi e BrT a universalização da banda larga
‘O governo poderá exigir da Oi e da Brasil Telecom (BrT), como medida compensatória para liberar a fusão entre as duas empresas, que assumam o compromisso de ampliar o acesso à internet de banda larga, especialmente para as escolas rurais e instituições públicas, como bibliotecas, postos de saúde e delegacias de polícia. A universalização da internet em alta velocidade vem sendo apontada por técnicos do governo como a saída mais nobre para justificar a aprovação do negócio.
A Oi está na reta final das negociações para comprar a BrT, mas depende de uma mudança na lei, que hoje proíbe a fusão de operadoras de telefonia fixa, incluindo a Oi e a BrT. Para isso, será necessário um decreto presidencial alterando o Plano Geral de Outorgas (PGO), que estabelece a área de atuação de cada empresa.
A proposta de decreto deve ser aprovada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). A mudança é polêmica. Críticos do negócio dizem que seria um casuísmo para beneficiar os controladores da Oi, principalmente os grupos La Fonte, de Carlos Jereissati, e Andrade Gutierrez, de Sérgio Andrade. Os defensores da operação dizem que é preciso fortalecer os grupos nacionais.
A estratégia para justificar a mudança da lei prevê a exigência de contrapartidas, especialmente de investimentos em banda larga. O governo já obteve das concessionárias o compromisso de levar a banda larga a todas as cidades brasileiras e fornecer acesso gratuito à internet em alta velocidade a 55 mil escolas públicas urbanas. Para isso, Telefônica, Oi e BrT serão liberadas da obrigação de instalar 8 mil Postos de Serviços de Telecomunicações (PSTs).
Falta, no entanto, uma forma de garantir o acesso gratuito à banda larga para as mais de 90 mil escolas públicas rurais, carência que pode ser suprida com a contrapartida das empresas à permissão de fusão.
Como Oi e BrT atuam em quase todo o País – com exceção de São Paulo, atendido pela Telefônica – a cobertura das escolas com banda larga seria praticamente nacional. A medida compensatória se estenderia a outros órgãos públicos de saúde, educação e segurança.
INVESTIMENTOS
O deputado Jorge Bittar (PT-RJ), da Comissão de Ciência e Tecnologia da Câmara, é um dos defensores da idéia de se cobrar investimentos. ‘Como elas querem uma mudança nas regras, o governo pode estabelecer contrapartidas, como banda larga, tarifa menor e incentivo à política industrial e tecnológica.’
Bittar diz que os ganhos de escala obtidos pelas empresas com a fusão poderão ser usados para reduzir tarifas. ‘Pode-se cobrar melhoria das tarifas para beneficiar os usuários dessa área.’
Um técnico do governo que participa das discussões diz que a redução de tarifas teria de ser precedida de um estudo econômico que comprovasse a sua viabilidade. ‘Existem várias opções, mas a saída mais nobre é a banda larga gratuita.’
OPERAÇÃO
Acordo: As operadoras de telefonia Oi (antiga Telemar) e Brasil Telecom (BrT) vêm discutindo a fusão de suas operações. Pelo acordo que vem sendo desenhado, o controle da Oi seria consolidado nas mãos dos empresários Carlos Jereissati, do grupo La Fonte, e Sérgio Andrade, da Andrade Gutierrez. Depois, a Oi compraria o controle da BrT. As duas operações têm um custo total estimado em cerca de R$ 11 bi
Entrave: O principal entrave ao negócio é jurídico. Pela legislação atual, as operadoras de telefonia fixa são proibidas de terem controladores em comum – uma forma de tentar aumentar a competição. Para mudar essa legislação, é necessário um decreto presidencial. Críticos do governo, no entanto, criticam a idéia da mudança, classificando-a de casuísmo
Saída: Para amenizar as críticas a uma eventual fusão, o governo estuda exigir da Oi e da BrT que elas assumam o compromisso de ampliar o acesso à internet de banda larga no País.’
TV & CINEMA
Santos aposta em vocação de cenário de cinema e TV
‘Com 462 anos completados anteontem, a cidade de Santos, famosa pelas praias, pelo porto e pelo time de futebol, aproveita sua arquitetura para transformar-se em cenário de produções televisivas e cinematográficas. Propagandas das montadoras Fiat e Ford, dos bancos Bradesco, Itaú e HSBC, de lojas como C&A, Besny e Riachuelo e campanhas governamentais do Ministério da Saúde foram filmadas lá. Sem contar as minisséries globais ‘Um Só Coração’ e ‘JK’.
A tendência em se tornar pólo audiovisual começou com a revitalização do centro histórico, em 1998. Desde então, o número de comerciais, novelas, curtas e longas-metragens cresceu, e hoje a cidade é locação de, em média, quatro gravações por mês.
Sócio da produtora Repúblika Filmes, Carlos Manga Júnior, já filmou vários comerciais em Santos e elogia a infra-estrutura disponível. ‘Santos é como se fosse nosso estúdio, sempre que puder eu vou filmar lá’, afirma.
O prefeito João Paulo Tavares Papa (PMDB) explica que ‘Santos sempre teve uma vocação natural pra essas produções, por causa da diversidade de cenários, com praia, mata, mangue, cachoeira, área portuária e, principalmente, por causa do centro’, onde se concentram 80% das gravações. Ele também afirma que a cidade, ‘diferentemente do Pelourinho, em Salvador, e do Recife antigo, que são lindos’, oferece ‘edifícios de cada época da história’. O prefeito cita o Outeiro de Santa Catarina, uma das primeiras construções, o Santuário do Valongo, da época colonial, a Casa da Frontaria Azulejada, do período imperial, e a Bolsa do Café, do início da República.
Atento ao filão, o prefeito assinou, em 2003, um decreto criando a ‘Santos Film Comission’, inspirada nos modelos em Barcelona, Sydney e São Paulo. ‘Desde outubro, há funcionários que só se dedicam a esse trabalho de organização e divulgação da cidade nesse mercado específico’, afirma Papa. Segundo ele, os benefícios motivam o incentivo. ‘Esses comerciais, minisséries e filmes são a maneira mais eficiente de divulgar uma cidade turística. O custo de colocar Santos como destino turístico em rede nacional é altíssimo, e com essa parcerias estamos gerando imagens com custos bem menores.’
A prefeitura também está construindo um site específico para informar aos interessados a respeito da infra-estrutura disponível. A página, que deverá entrar no ar em cerca de 30 dias, terá cadastro de profissionais do setor, além de listas com toda a rede hoteleira e fornecedores de refeições. A comissão também facilita a logística das filmagens, com apoio nas áreas de trânsito e de segurança.’
ARTE
Segall, a virada realista
‘Em abril de 1944, em plena guerra, o sociólogo francês Roger Bastide (1898-1974) escrevendo nas páginas do Estado sobre a tela Pogrom, reproduzida ao lado e pintada em 1937 por Lasar Segall (1891-1957), fez uma curiosa observação: o artista recusara o retângulo do quadro para que o olhar do espectador fosse dirigido impiedosamente para o centro da tela, ocupado por corpos de judeus massacrados, amontoados e ‘fraternalmente misturados na morte’. Se isso não é ser realista, então Mário de Andrade sempre esteve errado sobre Segall. Em1924, ano em que o russo desembarcou no Brasil e conheceu os modernistas, o autor de Macunaíma observou que Segall resistia à tentação abstrata por entender que a obra de arte ‘relaciona-se com a existência e, num elevadíssimo sentido, tem de ser moral’. Foi com as palavras de Mário em mente que o professor e historiador Tadeu Chiarelli organizou e batizou a exposição Segall Realista, aberta hoje (para convidados) e amanhã (para o público em geral) na Galeria de Arte do Sesi.
A mostra reúne 146 obras entre telas, esculturas, desenhos e gravuras de Lasar Segall. A primeira obra que o visitante vê, logo na entrada, é uma síntese dos vários caminhos percorridos por Segall até 1926, ano em que expôs em Berlim obras produzidas no Brasil, logo após conhecer os modernistas de 1922. Trata-se de Morro Vermelho. Mostra uma negra com o filho no colo, tendo ao fundo uma paisagem tropical. Na tela, é violento o contraste entre a composição fria, que remete às madonas da Idade Média, e as cores quentes dos trópicos. A esse respeito, Chiarelli observa que, deslocando a figura da mãe negra e da criança para os esquemas da pintura religiosa tradicional, Segall estaria propondo uma alegoria, ‘o que não o caracteriza como expressionista típico’. O senso comum, no entanto, sempre identificou Segall como expressionista, por ter ajudado a fundar, junto aos alemães Otto Dix e Conrad Felixmüller, entre outros, o grupo da Secessão de Dresden (1919).
As obras dessa primeira fase brasileira – anos 1920 – atestam, segundo o curador, a aclimatação do pintor a uma situação mais realista, ‘distante de suas pinturas da década anterior’. Não seria possível enquadrar uma tela como Encontro (1924) – que mostra o encontro fortuito de um casal na metrópole – no passado expressionista de Segall, argumenta. Segall descobre a prostituição nas ruas, as favelas e, mais tarde, o sexo moreno nos mocambos (veja a tela ‘Dois Nus’, de 1930, reproduzida nesta página). Curiosamente, comparando Dois Nus com o quadro ao lado, que retrata a família do pintor (a mulher e os dois filhos), é possível observar que a posição do negro sentado na cama não difere em nada da posição da mãe em Família do Pintor (1931). As figuras desse quadro ‘transcendem suas circunstâncias biográficas para, juntas, encarnarem o próprio conceito de família’, observa Chiarelli. Da mesma forma, o homem de Dois Nus não seria um indivíduo, mas um tipo, o representante de uma raça, para seguir a análise de Chiarelli das pinturas que atestam as características raciais dos retratados. E são muitas na exposição. O realismo sintético de suas figuras de negros, diz o curador, ‘atesta que Segall não ignorava a produção de outros artistas que em São Paulo tentavam constituir uma arte brasileira, ao mesmo tempo moderna e ‘brasílica’.
Chiarelli está falando, naturalmente, de Tarsila do Amaral e Di Cavalcanti, dois expoentes do modernismo brasileiro. O curador vibra com a coincidência de ter na mesma cidade e no mesmo período duas exposições que dialogam entre si, a de Tarsila (na Pinacoteca do Estado) e a de Segall. ‘Embora solucione a questão figura-fundo de forma diferente de Segall, Tarsila também estabelece uma base ornamental para a sua pintura’, observa Chiarelli. Esse diálogo do pintor estrangeiro com a cena modernista paulistana fez com que ele sublinhasse o colorido das figuras e dos fundos ornamentais. Os retratos dos negros brasileiros, lembra o curador, estão entre as mais significativas obras de sua produção, por serem ‘verdadeiras alegorias’ do País. ‘Ao ser recepcionado por Mário de Andrade como um aliado na construção de uma arte brasileira, ele abandonou o expressionismo e respondeu, de maneira viril, positiva, a essa demanda.’
Como mostra a história, os expressionistas alemães amigos de Segall foram estimulados pela visão dos quadros realistas de Millet e Courbet – e a tela Leitura (1914) de Segall é muito semelhante ao retrato que Courbet fez de Baudelaire em 1848 para essa convergência ser desprezada. Mário de Andrade, um dos primeiros a reconhecer seu valor, não aceitava bem as influências do artista, especialmente quando essas eram provenientes de uma fonte ligada ao abstracionismo (Segall manteve correspondência regular com o amigo Kandinski). As deformações e os volumes da citada tela Morro Vermelho (1926) foram, por exemplo, condenados por Mário: ‘É das soluções mais falsas do artista’, escreveu. Chiarelli diz que Mário de Andrade não se deu conta de que a pintura de Segall passava, então, por uma série de mudanças e superações . Um pintor imigrante num país novo, com uma arte moderna ainda no berço, só poderia mesmo tentar superar o expressionismo europeu, trocando a paixão pela sobriedade dos ocres e marrons que caracterizariam sua obra.
Há apenas uma pequena parte da obra produzida na Alemanha na mostra. São gravuras da época de Secessão de Dresden, segundo a diretora do Museu Lasar Segall, Denise Grinspum. O museu acaba de completar 40 anos com um acervo de 3 mil obras (ele produziu praticamente o dobro, mas isso só vai se saber quando o catálogo raisonée for lançado). A exposição do Sesi traz também esculturas de Segall, entre elas Três Jovens (1935), que ilustra a versão impressa desta página.
Serviço
Segall Realista. Galeria de Arte do Sesi. Av. Paulista, 1313, 3146-7405. 3.ª a sáb., 10 h às 20 h (2.ª, abre 11 h; dom. até 19 h). Grátis. Até 16/3. Abertura hoje, 19h30, para convidados’
TELEVISÃO
Carnaval da Bahia
‘A TV pública resolveu investir na maior festa popular do País: o carnaval. Em parceria com a TVE Bahia, a TV Brasil vai transmitir este ano mais de 40 horas do carnaval de Salvador.
A cobertura, que começa na quinta-feira e vai até o dia 5, exibirá tudo o que acontece nos circuitos do carnaval de rua de Salvador: Campo Grande, Barra-Ondina e Pelourinho.
A idéia da TVE Bahia, responsável pela captação de imagens e produção da programação de carnaval que irá ao ar para todo o País, é dar ênfase também ao carnaval de matriz afro, mostrando a folia de blocos como: Filhos de Gandhy, Olodum, Ilê.
A programação também contará com minidocumentários – de cinco minutos cada um – sobre a história do carnaval e links da folia em outros Estados como Recife e Rio de Janeiro.
Durante a transmissão, a TVE terá convidados, como músicos, antropólogos e historiadores comentando a grande festa popular, em todos seus aspectos culturais e sociais.
O ‘carnaval-cabeça’ da TV pública ganhou força este ano após exibição bem-sucedida em 2006 pela TVE Bahia.’
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 28 de janeiro de 2008
MÍDIA & POLÍTICA
Caciquismo político
‘FALTA MUITO para chegar a uma situação como a da Venezuela -país em que o presidente Hugo Chávez ocupa como bem entende a programação televisiva. No varejo das transmissões locais, entretanto, o Brasil acumula um preocupante histórico de promiscuidade entre o caciquismo político e o uso dos meios eletrônicos de comunicação. Seja pelo componente bizarro de que se revestem, seja por sua solar desfaçatez, dois episódios recentes merecem destaque nesse quadro.
Sintonizemos nossas atenções, primeiramente, na cidade de Barbacena (MG). Sua principal estação de rádio trata com especial carinho o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Seria ‘como uma assessoria de imprensa paralela’, explicou o diretor de jornalismo da emissora.
Hélio Costa era sócio majoritário da ‘Sucesso FM’ quando foi convidado para o ministério. Contornando o evidente conflito de interesse, vendeu sua participação na rádio. Esta passou às mãos de ninguém menos que o chefe-de-gabinete do ministro. Pouco resta a ser dito, ou ouvido, após tão elementar truque de ventriloquismo político.
Os ânimos estão mais acirrados em Curitiba. Depois de ter usado seguidamente a TV Educativa do Estado para criticar seus adversários políticos, o governador Roberto Requião entrou em conflito com a Justiça.
Decisão judicial obrigava a TV Educativa a divulgar uma nota criticando Requião pela sua recusa em refrear o uso partidário que vinha fazendo de uma emissora pública. Dizendo-se ‘censurado’, o governador tirou a TV Educativa do ar.
Não se sabe se receberá cumprimentos de Hugo Chávez pela proeza. Ainda que atrabiliária, a atitude de Requião compactua com um fenômeno bem mais amplo, que vai da malversação de verbas publicitárias ao uso de estações de rádio e TV como se fossem cartórios para os ocupantes do poder.
Diversos levantamentos realizados no Congresso revelam a expressiva proporção dos deputados e senadores que, graças a negócios de família ou ao subterfúgio cada vez mais notório dos ‘laranjas’, terminam controlando, na prática, emissoras de rádio e TV em seus redutos eleitorais.
Não é preciso enfatizar o quanto se agravam, com isso, os riscos de partidarismo na informação, de falta de isonomia na disputa política e de perpetuação das oligarquias regionais.
O julgamento dos abusos cometidos depende, naturalmente, de uma análise caso a caso, e da obtenção de um equilíbrio entre os princípios da liberdade de expressão, o respeito à iniciativa privada e o aprimoramento dos meios democráticos à disposição da sociedade para fiscalizar a atuação das emissoras.
Enquanto isso, sem nenhum Hugo Chávez, mas com seus próprios bufões, coronéis e caciques, o atraso político se combina com a moderna comunicação de massas de Norte a Sul do país.’
PROPAGANDA
Ética e propaganda
‘NA ORDEM econômica atual, que tem garantido vitalidade à lógica da acumulação capitalista, a função da propaganda é criar continuamente novos objetos de desejo. Sendo assim, faz sentido cobrar ética da propaganda?
Vamos examinar exemplos concretos. O mais recente confronto entre privacidade e propaganda envolve alguns provedores de internet, agora incluindo serviço telefônico gratuito, que exigem o direito de invadir em tempo real todo o conteúdo da comunicação com anúncios de produtos e serviços que têm a ver com o assunto da interlocução. Ou seja, joga-se no lixo o sigilo da comunicação em troca de propaganda.
Eis a justificativa de uma das empresas líderes do ramo: ‘Nós percebemos que, enquanto falam ao telefone, as pessoas fazem alguma coisa a mais.
Decidimos usar isso’. E arremata: ‘Trocar mais personalização com menos privacidade é um conceito aceito no mundo atual’. Quanto à violação do sigilo, diz: ‘Não estamos fazendo nada mais que aquilo que grandes provedores fazem com e-mails’.
Um executivo de uma das maiores agências de propaganda do mundo diz: ‘Reconheço que estamos ficando mais intrusivos a cada avanço tecnológico. Mas adoraria poder pôr minhas mãos nos dados de conversas’.
O sistema está pronto para ser implantado em telefones celulares. Outro exemplo é a recente propaganda de lançamento de veículo relacionando acessórios sofisticados que o acompanham. O último da lista: ‘Loira siliconada no banco de passageiro’. E a provocação: ‘Não quer mais nada não, né?’.
Outra montadora, em amplas páginas coloridas de revistas e jornais de grande circulação, mostra uma mansão protegida por bela vegetação. Nas páginas duplas seguintes, ela foi destruída por uma tesoura de jardineiro e o buraco exibe o novo modelo de um utilitário de luxo com a legenda: ‘Você vai fazer tudo para exibir o seu!’. Valores? Loira siliconada e destruição da natureza.
Mais outro. Grande banco exibe enorme anúncio em que aparece uma linda menininha de dois anos. Ela acaba de rabiscar uma nobre parede de madeira com desenhos infantis e a logomarca da empresa. Mensagem: ‘Você sabe do que vai precisar amanhã? Fique tranqüilo. Nosso banco já está pensando nisso hoje’. Valores? Um clientezinho seduzido.
Finalmente, uma das líderes globais em produtos de superluxo publica, em páginas inteiras nas principais revistas e jornais do mundo, enorme propaganda com Mikhail Gorbatchov, o controvertido líder que apressou a queda do império soviético, sentado no banco de trás de uma limusine, que tem ao fundo o muro de Berlim. Ao lado de Gorbatchov, uma elegantíssima sacola de viagem da grife. A imagem é feita pela famosa Annie Leibovitz.
Entrevistado, um dos donos da marca, que pediu fotos semelhantes com Catherine Deneuve e outros famosos, explica: ‘Foi uma escolha natural. Queríamos uma personalidade que viveu uma vida plena e mudou as coisas no mundo’. ‘Ficamos espantados quando Gorbartchov aceitou fazê-la com tanta satisfação’, arrematou. E concluiu, candidamente: ‘Todos aspiramos a algo melhor. Alguns podem se oferecer isso já; outros, não podendo obtê-lo agora, vão sonhar com isso e conseguir realizar seu desejo mais cedo ou mais tarde’.
Desnecessário dizer mais qualquer coisa sobre a propaganda como construção de objetos de desejo. Essa mesma grife havia colocado, meses antes, imenso outdoor com foto de sua mala de viagem cobrindo toda uma fachada em Xangai. Um fotógrafo clicou-a enquanto um chinês muito pobre passava carregando nos ombros, qual canga de boi, duas pesadas latas d’água.
Estamos destruindo um esquema de valores que, bem ou mal, punha algum limite entre o interesse público e a ganância privada. Para onde caminhamos? Uma pista é um novo lançamento residencial no distrito financeiro de Manhattan. As paredes do edifício, todas de vidro, permitem que seus moradores se vejam na intimidade e sejam vistos, eventualmente sem restrição, por pessoas da rua; inclusive no banheiro, um cubo de vidro.
A propaganda, na voz do arquiteto: ‘Estamos criando palcos para as pessoas de certa maneira atuarem’. Para Sherry Turkle, do MIT, quando levantamos os olhos das telas de plasma dos computadores, só encontramos solidão. Trata-se, no caso, de um desejo desesperado de intimidade que a propaganda manipula, confundindo exibicionismo com aproximação. Enfim, ética supõe valores. Quais são os valores da propaganda?
GILBERTO DUPAS , 65, é coordenador geral do Grupo de Conjuntura Internacional da USP, presidente do Instituto de Estudos Econômicos e Internacionais (IEEI) e autor de, entre outras obras, ‘O Mito do Progresso’.’
Ruy Castro
O mundo roda
‘RIO DE JANEIRO – No Brasil é assim. Um festival de jazz, que, por menos jazz que ofereça, é um evento quase que só para adultos, não pode ser patrocinado por uma marca de cigarros -no caso, o Free Jazz e os cigarros idem. Mas uma roda gigante, como a armada no Forte de Copacabana, aqui no Rio, de apelo basicamente infantil e adolescente, pode ser patrocinada por uma marca de cerveja.
Foi louvável o esforço do então ministro da Saúde, o hoje governador José Serra, de tentar proteger os fãs de jazz -pessoas por tradição marginais, boêmias, não conformistas- dos terríveis males dos cigarros Free. Lembro-me de que vários desses jazzistas apoiaram com entusiasmo a medida de Serra, enquanto acendiam seus baseados na platéia do ex-Free Jazz carioca.
Claro que a censura antitabagista não visou apenas a um simples festival de jazz, mas à propaganda de cigarros como um todo, nos rádios, TVs, outdoors e, até hoje, onde a vista consiga alcançar. Igual medida, no entanto, ainda não foi tomada quanto à cerveja entre as bebidas alcoólicas.
Nesse governo farto em medidas provisórias, soou estranho que o presidente Lula preferisse mandar sua recente ‘restrição’ à propaganda de cervejas na forma de um tíbio projeto de lei. Significa que, como terá agora de ser votada pelo Congresso, essa restrição será chutada para as calendas. E que Zeca Pagodinho pode aspirar ao cargo do ministro Temporão.
De duas semanas para cá, as crianças cariocas, expostas aos enormes outdoors da cerveja -digo, da roda gigante- espalhados pela cidade, ficam autorizadas a acreditar que há uma relação mágica entre a beberagem que desce redondo e a visão da praia mais bonita do mundo numa gôndola a 36 m de altura. Ambos, a cerveja e a roda, deixam a criança alta.’
TODA MÍDIA
‘Quem encolheu a superpotência?’
‘George W. Bush faz hoje o discurso sobre ‘o estado da união’ com ‘agenda modesta’, notou o ‘Wall Street Journal’.
Já a capa da revista do ‘New York Times’ destacou o ensaio ‘Dando adeus à hegemonia’, seu título interno. Diz que ‘a distribuição de poder no globo mudou fundamentalmente nos dois mandatos de Bush’. Não é culpa (só) dele, mas agora o mundo tem ‘Três Grandes’: EUA, Europa e China. Índia, Rússia, Brasil, África do Sul são ‘Segundo Mundo’. ‘Complementar’ à China, o Brasil é ‘o líder natural’ da América Latina.
OBAMA VS. BILLARY
Nas manchetes on-line de EUA e Europa, a nova vitória de Barack Obama. ‘Provou que agüenta o que os Clinton jogaram nele’, deu o ‘NYT’. Venceu ‘Billary’ Clinton, no dizer do colunista Frank Rich.
Para o ‘WSJ’, Bill foi ‘longe demais’, por exemplo, ao falar que a mulher poderia perder por opções feitas ‘por raça’.
OBAMA E O MUNDO
Doze correspondentes do ‘NYT’ levantaram como ‘a corrida capturou os olhos do mundo’. Começou ‘talvez’ na vitória de Obama em Iowa. É ele a causa, por exemplo, do ‘crescente interesse do voto americano no Brasil, onde muitos têm raízes africanas’.
Para Jorge Castañeda, ele ‘mudaria imagem’ dos EUA.
BRASIL SALVA
Sob o título ‘Brasil oferece salvação da crise’, ilustrado pelo Cristo Redentor, o ‘Financial Times’ deu no sábado o país como saída para os investidores globais. ‘Inflação baixa, política estável, empresas interessantes’, destacou, apontando o Brasil como ‘relativamente imune’ aos EUA.
FIDEL E O LIVRE COMÉRCIO
Na terceira parte da interminável ‘reflexão’ intitulada ‘Lula’, Fidel Castro fez sábado no ‘Juventud Rebelde’ uma inusitada defesa do álcool -e do livre comércio. ‘Por que não deixam o etanol entrar livremente nos EUA?’, perguntou, atacando os ‘subsídios brutais’ americanos, que todo ano ‘arrebatam’ bilhões de dólares do Brasil.
Kennedy Alencar postou na Folha Online que para Lula ‘Fidel já faz rápida transição’ para ‘abertura econômica’.
DOHA POR ETANOL
BBC, Reuters com cobertura contínua e até blog, AP: os enunciados finais de Davos no final da semana foram para a ‘promessa’ de EUA, União Européia, Brasil e Índia, de novo esforço pela Rodada Doha, até a Páscoa. O chanceler Celso Amorim também foi otimista. Mas avisou que um acordo comercial, para sair, ‘requer etanol sem tarifas’.
BIO OU NÃO BIO
O inglês ‘Guardian’ culpou o etanol de cana pelo recente desmatamento da Amazônia, falando em ‘mentira’ do governo Lula, e voltou no final de semana à pressão para que a União Européia não implemente norma que exige a adoção do biocombustível
‘OPORTUNIDADE’
As agências e sites do setor dão que os produtores de cana daqui festejam a confirmação européia das tais normas para consumo mínimo de etanol, uma ‘oportunidade de ouro’.
E os mesmos produtores atacam a Bloomberg, por uma forte reportagem sobre os maus-tratos aos bóias-frias.
O PETRÓLEO SOBE
Em Davos, o presidente da Petrobras fez a previsão, na BBC, de que a crise nos EUA não baixa o preço do petróleo.
E o ‘WSJ’ deu que, apesar de Bush ter pedido à Arábia Saudita maior produção, a reunião da Opep, sexta, deve manter tudo como está agora. Alguns falam até em cortar.
MENOS
Do Global Voices Online ao caderno de turismo do ‘NYT’, o Carnaval deste ano busca ‘palcos menores’, além do Rio, de São Luiz do Paraitinga (esq.) a Morro de São Paulo’
TELEVISÃO
Cai audiência de TV entre mais ricos e adolescentes
‘O brasileiro das classes A e B viu menos TV em 2007 do que em 2006, revela estudo inédito do Ibope. É a primeira vez, pelo menos desde 2001, quando o jornal passou a obter o levantamento do instituto, que o consumo diário de televisão cai em um segmento econômico.
A audiência da TV sofreu redução entre crianças de 4 a 11 anos (menos 1min58s por dia) e adolescentes de 12 a 17 anos (menos 3min35s). Cresceu espantosos 17min35s entre jovens de 18 a 24 anos, mas caiu entre os adultos de 25 a 34 anos (menos 5min09s) e de 35 a 49 anos (menos 5min31s). E aumentou 5min47s entre as pessoas com mais de 50 anos, único segmento etário que havia se retraído em 2006.
A queda entre os mais ricos e entre crianças e adolescentes indica que as pessoas estão desligando seus televisores para se dedicarem exclusivamente à internet ou a outras atividades. Nos últimos anos, segundo o Ibope, as pessoas consumiram simultaneamente TV e internet, porque ambas cresceram.
Na soma geral da população, o consumo de TV aumentou em 2007. Na média, cada brasileiro permaneceu 5 horas, 5 minutos e 52 segundos com o televisor ligado, apenas 1min06s a mais do que em 2006. O ritmo do crescimento do uso da TV já havia desacelerado em 2006, após aumento de mais de meia hora de 2001 a 2005.
Os dados são da amostra nacional do Ibope, que em 2007 representou 56,067 milhões de pessoas. Não refletem, exatamente, a audiência dos programas, mas sim o tempo em que cada indivíduo permaneceu com o televisor ligado, seja na TV aberta, seja na TV paga, seja com DVD ou videogame.
As classes A e B (31% da amostra) consumiram 4h40min08s de TV por dia, 3min46s a menos do que em 2006. Na classe C (41%), foram 5h10min13s, aumento de 57s. Nas D e E (28%), o consumo foi de 5h28min10s -9min13s a mais.
Crianças, adolescentes e adultos de até 34 anos ligaram a TV de 4h50min a 4h55min por dia. Já as pessoas com mais de 50 anos atingiram 5h40min14s à frente do televisor.
OSCAR 1
Os canais Telecine já possuem os direitos de 16 filmes indicados ao Oscar deste ano. Entre eles, estão quatro que disputam o título de melhor filme (‘Onde os Fracos Não Têm Vez’, ‘Desejo e Reparação’, ‘Juno’ e ‘Conduta de Risco’), além de ‘Sicko – $O$ Saúde’ (documentário), ‘O Caçador de Pipas’ e ‘O Gângster’.
OSCAR 2
Já ‘Taxi to the Dark Side’, outro candidato a melhor documentário, inédito nos cinemas, foi comprado pelo canal Futura, que o exibe no próximo dia 13, dentro do projeto ‘Por que Democracia?’.
REFORÇO
O contrato de Rodrigo Faro com a Globo só vence no final de fevereiro. Mas a Record já conta com o ator em seu elenco.’
Thiago Ney
Série ataca pessoas que comem mal
‘Estréia de hoje no canal pago GNT, às 21h, ‘Viciados em Comer Mal’ une um tema bastante atual (a gastronomia) com um assunto que está na moda na TV (os reality shows dedicados a transformações individuais). Em princípio, promete.
Produção britânica, a série se propõe a reeducar gente que se alimenta muito mal. Mas, para o programa, gente que se alimenta muito mal não são aqueles que se esbaldam com frituras, chocolates, refrigerantes.
São pessoas que estão em situações extremas: no primeiro programa, por exemplo, o retratado é um sujeito de 40 anos que come apenas e tão somente pizza e salgadinhos.
Assim, o que temos aqui não é algo leve, bem-humorado, como ‘Queer Eye for the Straight Guy’, mas um drama aflitivo, pesado, como ‘Extreme Makeover’. O problema não é de hábito alimentar, mas psicológico. (E deixa de ser ‘sobre gastronomia’, pois é a própria negação de gastronomia.)
A estrutura narrativa da série é tosca. No início, o protagonista é convidado a assistir a um vídeo em que familiares e amigos imploram para ele passar a se alimentar de maneira mais equilibrada.
Depois, uma nutricionista tenta fazê-lo provar coisas com cenoura, ervilha e frutas. E um psicólogo procura descobrir as razões de tal comportamento. Bem-vindo a mais um ‘freak show’ da televisão.
VICIADOS EM COMER MAL
Quando: hoje, às 21h
Onde: GNT’
MUSEU
Renovado, MIS ficará mais tecnológico
‘O MIS (Museu da Imagem e do Som) reabrirá em abril com um novo perfil, mais tecnológico, que terá como centro um ‘media lab’, além de um programa de artistas residentes e convidados.
A nova configuração do museu, que passa por reformas hidráulicas e elétricas, foi divulgada para a Folha pela nova diretora da instituição, Daniela Bousso, também à frente do Paço das Artes. ‘Vimos no Paço um modelo bem-sucedido e achamos boa essa reorganização dos equipamentos culturais do Estado. Queremos um maior retorno do público e uma gestão mais profissionalizada’, diz a coordenadora da unidade de preservação de patrimônio museológico da Secretaria de Estado da Cultura, Claudineli Moreira Ramos.
‘Os museus de imagem e do som ao redor do mundo passam por uma rediscussão com o forte desenvolvimento das novas tecnologias.’
O orçamento anual do MIS em 2008 saltou para R$ 6,3 milhões -no ano passado, foi de R$ 2 milhões.
‘Reestruturei o museu em quatro grandes eixos: a criação do LabMIS, a manutenção adequada do acervo, uma programação integrada e a readequação do site’, diz Bousso.
Para a nova diretora, a criação de um ‘media lab’ era essencial para a nova linha do museu. ‘Será um centro de produção de conhecimento, de fomento a artistas e à experimentação’, define ela. Em 2008, haverá três artistas convidados para realizarem propostas para o espaço expositivo: Cássio Vasconcelos, Kátia Maciel e, em negociações finais para a reabertura, o mexicano Rafael Lozano-Hemmer, que esteve na Bienal de Veneza no ano passado. Entre os artistas residentes, estão confirmados Caetano Dias e Paulo Meira.
A coletiva de videoinstalações ‘Repeat All’, com obras de nomes como o egípcio Hassan Khan e a dupla austro-israelense Muntean/Rosenblum, foi confirmada para a reabertura.
Está sendo inventariado o acervo, que conta com 330 mil itens. ‘Já antes de finalizada essa etapa, sabemos que precisamos dobrar o espaço da reserva técnica’, diz Bousso.
Para Ricardo Ohtake, ex-diretor do MIS e ex-presidente do conselho administrativo da organização social que gerenciava o museu antes da nova gestão, ‘a proposta de renovação do MIS é boa, mas o acervo deve ter um cuidado central. Faz parte da função histórica do museu e, sem acervo, a instituição perde o sentido’.’
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