Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
PESQUISA
Elite brasileira confia mais na mídia do que no governo, afirma estudo
‘A mídia é a instituição em que a elite brasileira mais confia (64%), à frente de empresas (61%), ONGs (51%), instituições religiosas (48%) e governo (22%). De acordo com o nono estudo de confiança da empresa de relações públicas Edelman, o Brasil é o terceiro dos 18 países pesquisados com o maior índice de credibilidade da mídia -atrás de México, com 66%, e Índia, 65%.
Entre os meios de comunicação, os brasileiros colocam os veículos impressos no topo do ranking de confiança. Os entrevistados, na faixa dos 25% com a maior renda familiar do país, dizem recorrer como primeira fonte de informação a impressos (87%), depois a TV (82%), internet (52%) e rádio (32%).
Questionados sobre em qual versão preferem ler o jornal, 41% responderam que lêem tanto no formato impresso como no on-line, contra 32% que dizem se valer do impresso.
A preferência pela versão impressa, no entanto, predomina em 12 dos 18 países pesquisados -Estados Unidos, China, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Holanda, Suécia, Polônia, Rússia, Irlanda, México, Canadá, Japão, Coréia do Sul, Índia e Brasil.
Em cinco deles, incluindo o Brasil, os entrevistados optam pelas duas versões. Apenas na Espanha, há empate.
Ao acessar a internet, as notícias (93%) estão no topo do interesse dos brasileiros. Em segundo lugar, vem pesquisa (85%) e, empatados com 79%, compras e troca de mensagens instantâneas. A preferência por notícias é a mais citada também em outros 13 países.
A pesquisa ainda destaca o interesse das elites por blogs. Com 34%, a Rússia é o país que mais mostrou confiança nesse meio, seguido por China (33%), Índia (29%) e Brasil (21%). Quando entram na internet, 46% dos brasileiros lêem blogs.
Foram entrevistadas 3.100 pessoas com formação superior, de 35 a 64 anos, na faixa dos 25% com a maior renda familiar de seu país e com interesse em mídia, economia e política. No Brasil, foram 150 os entrevistados.’
GOVERNO
Propaganda federal será feita por 3 agências
‘As agências Propeg, Matisse e 141 Brasil Comunicação foram as vencedoras de licitação para fazer a propaganda institucional do governo federal. As três repartirão, em 2008, uma verba de R$ 150 milhões, igual à do ano passado. Há prazo de cinco dias úteis para eventuais recursos. O resultado, portanto, ainda pode ser modificado. As três agências têm hoje contas em órgãos do governo.
Mas das três, a Matisse, do publicitário Paulo de Tarso, é a única que já atua para a Secom (Secretaria de Comunicação). A Matisse, que atuou na campanha de Lula à Presidência em 1989, assina parte da publicidade do governo desde 2003. No primeiro mandato, dividiu o bolo publicitário da Presidência com a Lew’Lara de Duda Mendonça. Duda deixou a conta após o escândalo do mensalão, em 2005, por ter confessado que recebeu dinheiro de caixa dois no exterior.
A Propeg, do publicitário Fernando Barros, é a maior agência do Norte e Nordeste e é uma das que atende o Ministério da Saúde. Na Bahia, trabalhou para o governo estadual nos 16 anos de hegemonia mantida pelo grupo de Antonio Carlos Magalhães (1927-2006). Por isso sempre foi rejeitada pelo PT. Mas se aproximou nos últimos anos do PMDB, e ampliou espaço no governo Lula com a ajuda do ministro Geddel Vieira Lima (BA). A Propeg também ajudou a eleger o ex-presidente Fernando Henrique, em seu primeiro mandato.
A 141 Brasil ganhou recentemente a conta do Ministério do Turismo. Seu publicitário, Mauro Motoryn, desenvolveu parcerias com a CUT e trabalhou na Ogilvy, agência investigada pela CPI dos Correios. Na classificação geral, a 141 aparece apenas 0,3 ponto percentual à frente da Lew’Lara. O contrato é de 12 meses, prorrogáveis por mais 48. A licitação foi aberta em outubro. Trinta agências participaram.
A nota que decidiu as vencedoras dessa etapa técnica foi alcançada, segundo a Secom, com base em dois critérios: um ‘plano de comunicação’ apresentado e uma análise de cada uma das agências quanto à capacidade de atendimento. O plano de comunicação, responsável por 65% da nota técnica, foi avaliado, segundo a Secom, sem que os membros da comissão julgadora conhecessem a identidade das agências.
Das 30 concorrentes, duas propostas apresentadas estavam identificadas (na etapa apócrifa) e, por isso, as agências em questão foram desclassificadas. Outras 21 foram desclassificadas por não terem atingido a nota mínima (80 pontos).
Sete foram classificadas, e as três ‘vencedoras’ são as que obtiveram melhor pontuação. O edital previa que as agências apresentassem proposta de publicidade sobre a transposição do rio São Francisco.
A divisão dos R$ 150 milhões anuais funciona assim: para ações de menor porte, a Secom direciona o trabalho à agência de melhor perfil. Para ações cujo valor ultrapassa R$ 1 milhão, é feita uma concorrência interna entre as três.
Colaborou LUIZ FRANCISCO, da Agência Folha, em Salvador’
BAHIA: PROPEG É INVESTIGADA EM CPI NA ASSEMBLÉIA POR FALÊNCIA DE EMPRESA
‘A CPI apura supostas irregularidades que levaram a Ebal (Empresa Baiana de Alimentos) à falência. Segundo o deputado José Neto (PT), no mesmo período em que a Ebal foi à falência, a Propeg recebeu R$ 33,4 milhões. O relatório será apresentado no dia 20. A agência nega irregularidades.’
Dono da 141 foi citado na CPI dos Correios
‘Em agosto de 2005, a CPI dos Correios, que investigou o escândalo do mensalão, questionou o publicitário petista Ivan Guimarães sobre suas relações com o colega Mauro Motoryn, hoje o principal nome da agência 141 Brasil Comunicação.
Guimarães, que fez parte do comitê financeiro da campanha de Lula em 2002 e que, posteriormente, dirigiu o Banco Popular do Brasil, foi indagado sobre a ligação de Motoryn com Henrique Pizzolato, ex-presidente da comissão de licitação do Banco do Brasil.
A suspeita de alguns membros da comissão era que Motoryn fosse um elo do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, pivô do mensalão, na agência Ogilvy, que atendia o Banco do Brasil.
Segundo a comissão, a DNA, uma das agências do publicitário Marcos Valério, atuava como intermediária de pagamentos da Visanet -parceira do Banco do Brasil- para a Ogilvy. Motoryn era o principal dirigente dessa agência em Brasília.
O sub-relator José Eduardo Cardozo (PT-SP) chegou a preparar um requerimento pedindo a convocação de Motoryn pela CPI, mas ele não foi adiante na comissão. Com isso, o publicitário não foi investigado e muito menos citado no relatório final.
Procurado ontem pela Folha, Motoryn negou, por meio de sua assessoria, qualquer tipo de envolvimento com o escândalo e informou que preferia não comentar a licitação da Secom e o fato de ter sido citado na CPI.’
TELEVISÃO
Lins da Silva será o apresentador do ‘Roda Viva’
O jornalista Carlos Eduardo Lins da Silva, 55, comandará o programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura, em substituição a Paulo Markun que, desde junho, acumula a função de apresentador com a de diretor-presidente da Fundação Padre Anchieta.
Segundo a emissora, a estréia do jornalista será em 18 ou 25 de fevereiro.
‘É uma grande distinção profissional trabalhar num programa tão importante’, disse Lins da Silva.
A escolha do jornalista, ex-diretor-adjunto de Redação da Folha e do ‘Valor Econômico’, foi uma decisão de Markun com o coordenador de jornalismo Júlio Moreno.
O ‘Roda Viva’ é exibido às segundas-feiras, a partir das 22h40.
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Sem Requião, ‘escolinha’ adota tom mais ameno
‘Em tom mais ameno, a TV Educativa do Paraná voltou a veicular ontem o programa ‘Escola de Governo’, alvo de um processo na Justiça, que proibiu o governador Roberto Requião (PMDB) de criticar desafetos.
A ‘escolinha’, como também é conhecido o programa, foi apresentada pelo vice Orlando Pessuti, que divulgou projetos e obras do governo. Requião está em viagem oficial a Cuba. Ele retorna ao Estado no dia 8 de fevereiro.’
Daniel Castro
Emmy Internacional premiará telenovela
‘A Academia Internacional de Artes e Ciências de Televisão anunciou a criação de uma nova categoria para o Emmy Internacional a partir deste ano: a de telenovelas. O órgão reconheceu que o gênero preferido dos latino-americanos ‘é um fenômeno universal’.
A notícia deixou eufóricos autores brasileiros. Os mais otimistas acreditam que o país agora será favorito em uma categoria do Emmy Internacional, considerado o ‘Oscar da TV mundial’ _a TV dos EUA tem um Emmy à parte. ‘Fazemos produções muito mais dispendiosas que qualquer concorrente latino-americano’, diz Tiago Santiago, da Record.
Telenovela é a 12ª categoria do Emmy Internacional. A premiação chega à 36ª edição em 24 de novembro, em Nova York. A Globo, uma das patrocinadoras da festa, só ganhou dois Emmys em sua história, no começo dos anos 80. Nos últimos anos, tentou com dezenas de programas, mas não levou.
Até 2007, o Emmy Internacional só premiava programa de arte, programa infanto-juvenil, ator, atriz, comédia, documentário, programa de atualidades, noticiário, série dramática, reality show e minissérie.
Globo e Record já se movimentam para inscrever suas novelas (e demais programas).
Em seu blog, Aguinaldo Silva comemorou a escolha de ‘Duas Caras’ (que não será a única da Globo). Disse que, se ganhar, irá ‘se rasgar de cima a baixo’.
PARCERIA 1 A Record e a mexicana TV Azteca estão negociando uma parceria inédita. A Azteca quer produzir no México versões de novelas da Record. A emissora pertence a Ricardo Salinas Pliego, que vai lançar um banco e uma rede de lojas no Brasil.
PARCERIA 2 Salinas chegou a demonstrar interesse em uma possível compra de parte da Record. Mas auxiliares de Edir Macedo já o avisaram que a rede não está à venda.
ORGANOGRAMA Honorilton Gonçalves foi promovido de superintendente a vice-presidente artístico da Record. Na prática, isso não muda nada. Gonçalves sempre teve acesso direto a Edir Macedo e total poder sobre a programação da Record.
DÚVIDA A Globo estuda qual providência tomará contra ato do secretário nacional de Justiça, Romeu Tuma Jr., que recusou recurso contra a reclassificação de ‘Duas Caras’ para as 21h.
PAREDES Ana Maria Braga está prestes a se tornar vizinha de J.B. de Oliveira, o Boninho, novo diretor de núcleo do ‘Mais Você’. A apresentadora está negociando o aluguel de uma cobertura no mesmo prédio em que mora Boninho, em São Conrado, Rio.
AZAR Repórter esportivo da Globo, Régis Rösing foi atropelado por um ciclista, domingo à noite, quando saía da casa de parentes em Cachoeira do Sul (RS), onde passava férias. Sofreu fraturas no rosto e teve de ser operado em Porto Alegre.
TODA MÍDIA
Nova era (de guerras)
‘No alto das páginas iniciais de ‘Financial Times’ e ‘Guardian’, outra crise. Não dos bancos americanos, mas a que prenuncia ‘A batalha por comida, petróleo e água’, no título do ‘FT’. O preço do petróleo saltou 80% em um ano, o custo dos alimentos, 50%. A culpa maior seria de China e Índia, das centenas de milhões de miseráveis que subiram de vida. O texto fecha com a sombra de ‘uma nova era de guerras por recursos’.
No ‘Guardian’, longa análise ambientalista buscou contrapor que ‘é fácil culpar os pobres pela pressão crescente sobre os recursos’, as commodities, e na verdade ‘ainda é o Ocidente rico que tem mais culpa’.
ARMAS DE FRANÇA E RÚSSIA
Ecoou afinal pela América Latina, dos sites de jornais argentinos à cobertura estatal cubana, a turnê armamentista do Brasil por França e Rússia. O destaque foi para a ‘aliança militar estratégica’ proposta ontem ao presidente francês, Nicholas Sarkozy, ao custo de o país comprar submarinos Scorpene -supostamente para defender o campo de Tupy. Num enunciado argentino, ‘Brasil a um passo de construir um submarino nuclear’.
Por outro lado, na cobertura francesa, até ontem à noite a atenção ao tema se restringia a sites de indústria bélica.
MANDAR US$ 300 OU 300?
Foi a manchete do ‘JN’ de anteontem, ‘A crise econômica americana leva brasileiros a deixar os EUA’. A reportagem se concentrou nos seis mil que saíram da Flórida em ‘meses’.
Em sua edição de ontem, o ‘Christian Science Monitor’ foi pela mesma linha, mas mostrando como os brasileiros e outros de Massachusetts vêm sofrendo com a queda do dólar, trabalhando ‘mais horas’ para enviar o mesmo dinheiro ao país de origem. A pergunta que os migrantes se fazem agora, diz o jornal, é se querem ‘mandar US$ 300 ou 300 para casa’.
MENOS DESIGUALDADE, NÃO
De repente, Mary O’Grady, da ultraconservadora página de opinião do ‘WSJ’, surgiu em entrevista na Globo News e coluna no jornal saudando o fim da CPMF -e dizendo por que o Brasil vai mal no ‘índice de liberdade econômica’ que a Heritage Foundation soltou.
Ela cobrou mais reformas de Lula e disse que, se quiser ser aceito como ‘país democrático capitalista bem-sucedido’, o Banco do Brasil ‘teria que ser privatizado’. Mas ela foi além e se afirmou ‘cética’ quanto ao aquecimento global. Aliás, ‘sou cética quanto à idéia de reduzir a desigualdade, não sei bem por que isso seria um objetivo louvável’.
CAMELOT
Nada do ‘estado da união’, de George W. Bush. Na TV dos EUA, destacou o ‘NYT’, o que toma a cobertura é ‘Camelot 08’, a conjunção de Barack Obama com o clã Kennedy.
No próprio ‘NYT’, que deu apoio a Hillary Clinton dias atrás, só se fala de Obama.
E A DANÇARINA
Do lado republicano, pouco ou nada de Bush, também. Os favoritos de ontem na Flórida, John McCain e Mitt Romney, duelaram entre eles, ponto.
Um perfil do ‘FT’ destacou, de McCain, a sua conhecida paixão de juventude por uma ‘dançarina exótica do Brasil’.
VERÃO ELEITORAL
Para a Globo, no fim da escalada do ‘JN’, foram só ‘transtornos de verão’ na cidade de São Paulo. Já a Band, no ‘Brasil Urgente’, ao vivo, viu o Tietê ‘transbordar a qualquer momento’, ontem’’
CHINA
Dissidentes vêem ‘campanha de limpeza’ pré-Olimpíadas
‘As freqüentes acusações de dissidentes sobre atos de repressão de Pequim contra críticos do regime comunista vêm aumentando à medida que se aproxima a data da abertura dos Jogos Olímpicos de 2008 na China, marcados para agosto. ‘Está ocorrendo uma campanha de limpeza coordenada. Todos os ‘criadores de caso’ estão sendo silenciados antes das olimpíadas’, afirmou ao ‘New York Times’ o especialista em direito chinês Teng Biao.
Um amigo de Teng, Hu Jia, é um dos que foram detidos na esteira das preparações para os jogos. Ele disseminava na internet informações sobre violações dos direitos humanos e outros tópicos complicados e já vivia em prisão domiciliar quando foi levado pelas autoridades em dezembro, acusado de ‘subverter o poder do Estado’.
O Ministério das Relações Exteriores da China descreveu o caso de Hu com uma questão legal, sem elaborar. A China nega abusos aos direitos humanos.
Com a expectativa de chegada de mais de 20 mil jornalistas para os Jogos, Pequim também está aumentando o controle sobre a informação, diz o ‘Times’. Apenas empresas autorizadas pelo governo podem divulgar arquivos de áudio e vídeo pela internet. Em 2007, mais de 2.500 sites foram bloqueados, segundo o grupo Repórteres Sem Fronteiras.’
TECNOLOGIA
Yahoo! anuncia queda no lucro e demissão de mil funcionários
‘O Yahoo! anunciou ontem que teve uma queda de 23,4% em seu lucro no último trimestre de 2007 e que pretende demitir 1.000 dos seus 14.300 funcionários.
A empresa ganhou US$ 205,7 milhões nos últimos três meses de 2007, ante US$ 268,7 milhões no mesmo período de 2006. O lucro no ano caiu 12,2%, para US$ 660 milhões. As ações ontem subiram 0,14% -o anúncio foi feito após fechada a Bolsa.
Ela não deu mais detalhes sobre os cortes. ‘Apesar de continuarmos enfrentando ventos contrários neste ano, acreditamos que as mudanças que estamos fazendo nos permitirão sair de 2008 mais fortes e competitivos’, disse o CEO Jerry Yang.’
PROPAGANDA
Petrobras aparece em ‘Speed Racer’ por US$ 1 milhão
‘A Petrobras gastou US$ 1 milhão para divulgar sua marca no filme norte-americano ‘Speed Racer’, da Warner Bros. Pictures e da Village Roadshow.
No enredo, a Petrobras é patrocinadora dos personagens e a marca da empresa aparece em camisetas e nos carros.
É a primeira ação da empresa brasileira em um filme estrangeiro. A Petrobras afirma que, segundo a Warner, a ação é pioneira entre as empresas da América Latina. O longa-metragem estréia em 9 de maio no Brasil.’
TELECOMUNICAÇÕES
Governo inicia o processo para compra da BrT pela Oi
‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que o governo deve encaminhar ainda hoje à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) a consulta sobre a possibilidade de mudança no Plano Geral de Outorgas das concessões de telefonia fixa para permitir a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar). O plano atual impede a fusão ou a compra de uma tele fixa por outra.
Costa disse que foi informado, oficialmente, anteontem, de que os acionistas das duas teles chegaram a um entendimento, após quase um mês de negociação. A informação do mercado é que a Oi ofereceu R$ 4,8 bilhões pela compra do controle acionário da BrT.
Após a manifestação dos acionistas, segundo o ministro Costa, a Casa Civil e o Ministério das Comunicações começaram a redigir, anteontem, o documento a ser enviado à Anatel.
Além de autorizar a compra da Brasil Telecom pela Oi, a mudança na legislação, segundo o ministro, deve resolver pendências de outras empresas do setor -ele citou Embratel, Net, Telefônica e TIM.
Indagado se a criação da nova empresa é importante para o governo, Costa respondeu: ‘É importante não só para o governo, mas para o país ter uma tele nacional. Principalmente porque a mexida que vai se fazer no PGO [Plano Geral de Outorgas] vai dar também maior flexibilidade para algumas empresas já existentes no país… Automaticamente permite a solução do problema da Net, da Telefônica, da Embratel e do problema da TIM também, quem sabe?’.
O ministro não quis detalhar a proposta a ser encaminhada pela Casa Civil e pelo Ministério das Comunicações para as pendências das outras empresas. A Embratel, hoje do grupo mexicano Telmex, é acionista do sistema de TV a cabo Net Serviços, mas não pode ter o controle sobre as ações com direito a voto -que permanece com as Organizações Globo – porque há uma lei, de 1995, que exige o controle de capital nacional nas TVs a cabo.
A Telefônica, citada pelo ministro, está impedida por normas da Anatel de participar do controle acionário da TIM, por já ser acionista controladora da Vivo. O grupo espanhol comprou participação no controle acionário da Telecom Italia (dona da TIM), na Europa, mas não pode receber dividendos nem participar das operações da TIM no Brasil.
Segundo a Folha apurou junto à Anatel, a solução para os gargalos das outras empresas citadas pelo ministro não depende de mudança do Plano Geral de Outorgas, o que indica que o governo pode propor mudanças mais amplas.
Pressa
O ministro anunciou o entendimento entre os acionistas da BrT e da Oi em duas entrevistas, antes e após assinar contratos com dirigentes de Record, Bandeirantes, Globo, SBT, CNT e RedeTV!, para consignação de canais para a TV digital na capital fluminense.
Ele disse que embarcaria para Brasília e seguiria do aeroporto diretamente para a Casa Civil para a elaboração do texto a ser encaminhado à Anatel. Segundo ele, o texto começou a ser redigido anteontem e contém uma série de considerandos, a partir da premissa de que o consumidor seja beneficiado.
Costa deixou claro que as outras concessionárias de telefonia foram consultadas pelo governo a respeito da mudança no Plano Geral de Outorgas. ‘Acho que todos têm interesse em resolver algum tipo de problema. Nós já consultamos. Todos têm um tipo de problema e precisam de uma revisão do PGO’, afirmou o ministro.
Costa disse esperar que o processo na Anatel seja concluído em um mês, a contar do Carnaval. Lembrou que a Anatel tem que colocar a proposta em consulta pública e ouvir seu conselho consultivo, o qual se encontra desfalcado.
Ao final do processo, se a Anatel concluir pela necessidade de mudança no Plano Geral de Outorgas, ela encaminhará a sua posição ao Ministério das Comunicações, que a repassará à Presidência da República, para assinatura de um decreto pelo presidente Lula.
De acordo com o ministro, se o resultado da consulta pública for contrário à intenção do governo, o prazo para mudança poderá se alongar.
Executivos da Anatel ouvidos pela Folha estimam que as discussões sobre a mudança no plano podem se estender por três meses ou mais, dada a relevância do caso. Antes de iniciar a consulta pública, as áreas técnicas do órgão regulador têm que fazer um estudo para demonstrar que a mudança beneficia o consumidor.’
Guilherme Barros
Fundos aprovam negócio depois de forte resistência
‘Acionistas controladores da Brasil Telecom e da Oi (ex-Telemar) acertaram ontem as últimas pendências da operação. O memorando de intenções que define as linhas mestras do negócio deve ser assinado nos próximos dias entre as duas empresa, segundo a Folha apurou junto a acionistas.
O negócio sofreu fortes resistências dos fundos de pensão de estatais que participam do controle das duas teles (Previ, Funcef e Petros). Queriam continuar a ter influência na nova empresa. Após longas negociações, os fundos conseguiram ampliar seu poder na nova tele e avalizaram o negócio, embora ainda existam pontos pendentes.
O controle será dos empresários Sérgio Andrade (Andrade Gutierrez) e Carlos Jereissati (La Fonte).
O negócio custará em torno de R$ 8,3 bilhões à Oi -R$ 4,8 bilhões para os acionistas controladores da Brasil Telecom e o restante para os minoritários.
Segundo representante dos fundos de pensão que não quis se identificar, a operação será altamente lucrativa para eles, já que irão vender a BrT por um preço muito superior ao que investiram na época da privatização. Eles também terão direito de veto em algumas operações da nova empresa. Entre os fundos, a Previ deve ter mais assentos no novo conselho de administração.
Como a Folha adiantou, o presidente da nova tele deve ser o atual comandante da Oi, Luiz Eduardo Falco. O atual presidente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, deve voltar ao fundo de investimentos Angra Partners, do qual é sócio.
O BNDES também terá uma participação relevante no capital da nova empresa. Ao menos até a semana passada, o banco era o escalado pelo governo para ter direito de preferência de compra das participações de Andrade e Jereissati caso eles decidam vendê-las para investidores estrangeiros. Essa decisão ainda precisava ser aprovada pela ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff.’
BALANÇO: BRT TEM QUEDA DE 23,2% EM SEU LUCRO NO 4º TRIMESTRE
‘A Brasil Telecom Participações teve lucro líquido de R$ 205,6 milhões no quarto trimestre do ano passado, queda de 23,2% em relação ao mesmo período de 2006. No acumulado de 2007, contudo, o lucro cresceu quase 43%, para R$ 671,3 milhões. A empresa teve receita líquida de R$ 2,9 bilhões de outubro a dezembro e de R$ 11,1 bilhões nos 12 meses de 2007. O grupo terminou 2007 com 4,3 milhões de assinantes na telefonia móvel e cerca de 8 milhões de linhas fixas em serviço.’
MARCA DE SUCESSO
‘Tropa’ dá título a livro e revive funkeiro
‘‘Descubra neste livro um revolucionário programa de treinamento ostensivo de vendas. Você vai se sentir no olho do furacão, e este será o sintoma chave para o seu ingresso à Tropa de Elite de Vendas.’
‘Tropa de Elite’ movimenta não apenas o cinema brasileiro mas também o mercado de livros motivacionais, o Carnaval, programas humorísticos da televisão e recupera a carreira artística de funkeiros cariocas.
O início deste texto faz parte do material de divulgação do livro ‘Tropa de Elite de Vendas’, escrito por Luís Paulo Luppa (autor de ‘O Vendedor Pitt Bull’, com meio milhão de exemplares comercializados) e lançado em 5 de dezembro.
Luppa, 43, diz que assistiu ao filme sete vezes e encontrou no longa de José Padilha um chamariz para seu público: ‘O vendedor não tem hábito da leitura, e essa foi uma oportunidade emblemática’, afirma. ‘O Bope invade o morro, mas invade com estratégia. Para o vendedor, não basta trabalhar muito, tem de trabalhar bem.’
Trabalhando bem está MC Leonardo, 32, co-autor (com o MC Junior) do ‘Rap das Armas’, faixa composta em 1992 e que ganhou novo impulso após ser incluída no filme (a música foi tocada duas vezes pelo DJ britânico Fatboy Slim em sua apresentação na Pacha, em São Paulo, no último dia 23).
‘Depois de ‘Tropa de Elite’, voltei a viajar bastante, do Acre ao Rio Grande do Sul’, conta Leonardo, que hoje tem em média 12 shows por mês (antes do filme, eram três ou quatro).
O ‘Rap das Armas’ foi lançado em disco em 1995 e foi hit dos bailes cariocas nos anos 1990. ‘Tropa de Elite’ mostra a realidade que o funk vive há anos.’, diz o DJ Marlboro. ‘Não surpreende o pessoal dos bailes, porque eles convivem com aquilo. Quem fica deslumbrado é o pessoal da classe média, que não conhece esse cotidiano.’
Do funk ao rock. Os versos ‘Tropa de Elite osso duro de roer/ Pega um pega geral/ também vai pegar você’, da música-título do longa, composta pela banda Tihuana, estão ganhando versão em samba.
No Rio, as fantasias carnavalescas que fazem referência ao longa são hit nas lojas (há camisetas, saias, coletes…). Já o Cordão Carnavalesco Confraria do Pasmado desfilou no último final de semana pela Vila Madalena (região oeste de São Paulo) com um samba-enredo inspirado no filme.
E Tom Cavalcante sobe a audiência do ‘Show do Tom’, aos domingos, na Record, com o quadro ‘B.O.F.E. de Elite’.
FILME SAI EM DVD E VAI A BERLIM
‘Tropa de Elite’ ganhará versão (oficial…) em 27 de fevereiro. Para tentar competir com as versões piratas, a distribuidora Universal estipulou preço do disco em R$ 29,90. O DVD terá como extras entrevistas com José Padilha (diretor), Wagner Moura (ator), Bráulio Mantovani (roteiro), entre outros, e terá também uma versão em MP4 (para rodar em players portáteis). O longa foi selecionado para o Festival de Berlim, que acontece entre os dias 7 e 17 de fevereiro
ARTE
Rubens Gerchman morre aos 66 em SP
‘O artista plástico Rubens Gerchman morreu às 4h de ontem, aos 66 anos, no hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ele enfrentava há quatro anos um câncer raro iniciado no pulmão e estava internado há duas semanas. O velório ocorreu no próprio hospital e o corpo foi cremado às 17h no Horto da Paz, em Itapecerica da Serra.
Uma das últimas realizações de Gerchman foi o livro com seu nome que integrou a coleção ‘Portfolio Brasil’, lançado em dezembro passado pela editora J. J. Carol. O livro reúne fotos sobre as quais o artista fez interferências.
Ele planejava expor os trabalhos em março, em São Paulo, e em seguida no Rio. Seus filhos pretendem manter a idéia.
Morando na capital paulista há dois anos, Gerchman nasceu no Rio, cidade-tema de parte importante de sua obra. Seus estudos foram no Liceu de Artes e Ofícios e na Escola Nacional de Belas Artes.
Sua fase mais significativa ocorreu nos anos 60, quando trabalhou com artistas como Hélio Oiticica, Carlos Vergara e Roberto Magalhães. Produziu obras marcantes de crítica social, como ‘Caixas de Morar’, ‘Elevador Social’ e ‘Ditadura das Coisas’.
‘Lindonéia’
Realizou a primeira exposição em 1964 e participou da histórica mostra ‘Opinião 66’, no Museu de Arte Moderna do Rio. É autor da tela ‘Lindonéia’, inspiradora da canção homônima de Caetano Veloso e Gilberto Gil -gravada por Nara Leão no disco ‘Tropicália ou Panis et Circensis’- e ícone do tropicalismo.
Realizou experiências pop recorrendo a personagens do noticiário dos jornais e a outros elementos da cultura de massa, que passaram a integrar seu trabalho. Flertou também com outras artes, colaborando com o cineasta Antonio Carlos da Fontoura em ‘Ver e Ouvir’ (1967). Cinco anos depois, filmou ‘Triunfo Hermético’.
Graças a um prêmio do Salão Nacional de Arte Moderna, mudou-se para Nova York em 1968, vivendo nos Estados Unidos até 1972. Quando voltou ao Brasil, o artista intensificou a criação de obras tridimensionais, obtendo grande sucesso com seus objetos múltiplos.
Temas populares
A apropriação de temas como futebol, telenovelas, concursos de miss e histórias em quadrinhos fez de Gerchman um artista plástico popular, mas muitas vezes relegado a segundo plano pela crítica.
Isto não o impediu de ganhar bolsas de fundações importantes, como a norte-americana Guggenheim, e viver em Berlim, na Alemanha, em 1982, como artista residente.
Antes, entre 1975 e 1979, fora diretor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio, afrouxando o academicismo da instituição e criando as bases para o surgimento de artistas da geração 80.
Em 1981, a convite da arquiteta Lina Bo Bardi, que projetou o prédio do Masp, montou o painel de azulejos do Sesc Pompéia. Em São paulo, já havia trabalhado, nos anos 70, com o artista Claudio Tozzi.
Nos anos 80, produziu séries importantes como ‘Beijo’ e ‘Banco de Trás’. A profusão de cores e a leveza dos temas marcaram essa fase, mas a violência urbana foi outro tema que explorou bastante. Na década seguinte, passou muitas das figuras marcantes de seus quadros para esculturas e litografias.
Algumas de suas telas inspiraram o musical ‘No Verão de 1996’, escrito e dirigido por Aderbal Freire-Filho e encenado no teatro Carlos Gomes, no Rio. Entre os livros que registram sua trajetória estão ‘Gerchman’ (1989), com textos do crítico Wilson Coutinho, e ‘Dupla Identidade’ (1993), feito com o poeta Armando Freitas Filho. No último sábado, o bloco Simpatia É Quase Amor desfilou em Ipanema, no Rio, usando camisas com a imagem da obra ‘Beijo’, de Gerchman. O bloco voltará a sair no próximo domingo.
Gerchman teve quatro filhos de dois casamentos, um deles com a artista Anna Maria Maiolino, hoje em São Paulo.’
CULTURA
Diretor do MinC nega censura e defende política de museus
‘Em resposta à entrevista com Paulo Herkenhoff publicada ontem, José Nascimento Junior diz que o ministério ajuda o Masp; Ivo Mesquita defende vazio
O diretor do Departamento de Museus e Centros Culturais do Iphan, órgão do Ministério da Cultura (MinC), José Nascimento Junior, rebateu ontem as críticas do curador e crítico Paulo Herkenhoff, que, em entrevista publicada ontem na Folha, disse que ‘o MinC não está aparelhado tecnicamente para melhorar o Masp’.
‘O MinC já ajuda o Masp, tendo autorizado na Lei Rouanet uma captação de R$ 8,1 milhões para o museu’, afirma Nascimento Junior.
O diretor do MinC também fez ressalvas a outras críticas que Herkenhoff fez ao setor, como uma suposta censura a uma mostra do artista gaúcho Xico Stockinger que ocorreria no Museu Nacional de Belas Artes (MNBA), no Rio. O curador também disse que a origem de Nascimento é ‘stalinista’.
‘Não me lembro de nenhum caso de censura no Museu Nacional de Belas Artes, nenhum veto a qualquer artista. Não há nenhum documento que relate tal censura. Mas o que há sempre são cuidados na análise dos projetos, mesmo que sejam com dinheiro incentivado. E minha origem não é stalinista.’
Nascimento Junior defende a atual gestão do MinC. ‘Há uma ampla aprovação pública dessa política de museus pelo ministro Gilberto Gil, pelo presidente Lula e por organismos internacionais. A política nacional de museus é vitoriosa.’
Sobre o grampeamento de e-mails no Museu Imperial, citado por Herkenhoff e divulgado pela Folha na coluna de Elio Gaspari em março passado, o diretor do MinC diz que há uma investigação em curso fora da esfera do ministério. ‘O caso está sendo investigado pela CGU [Controladoria Geral da União], pela PF [Polícia Federal] e pelo Ministério Público Federal. Se ele sabe de alguma coisa, tem de denunciar a alguns desses órgãos.’
‘Herkenhoff é um grande curador, deveria estar preocupado só com artes, não mais com questões administrativas’, avalia Nascimento Junior.
Bienal
Herkenhoff também disse na entrevista publicada ontem que a ‘Bienal precisa, de fato, se pensar’, em referência ao andar que o curador Ivo Mesquita pretende deixar vago na próxima edição da mostra como um espaço para a reflexão. ‘Mas é uma solução de economia de tempo’, disse Herkenhoff.
Procurado ontem pela reportagem, Mesquita disse que estaria ocupado o dia todo e que não poderia se manifestar até o fechamento desta edição.
Mas após um debate sobre a Bienal organizado semana passada pela Associação Brasileira de Críticos de Arte no MuBE, Mesquita disse à Folha que sua idéia de deixar um andar vazio não se trata de uma tentativa de tapar um buraco e que sempre esteve em seus planos.
‘As bienais hoje são todas iguais. A Bienal reúne 120 artistas, mas são só 120 artistas. Como se organizam esses 120? Quando você tem um tema, você pode fazer com 120, com 30’, disse Mesquita.
Segundo seu projeto, a mostra orçada em R$ 9 milhões terá um piso dedicado ao arquivo histórico da Bienal e um andar vazio, enquanto o térreo deverá receber performances, vídeos e festas. ‘Talvez não tenha pintura na parede, mas tem artistas produzindo trabalho. Já chegaram quatro deles. A idéia é apresentar todos os projetos até depois do Carnaval’, disse Mesquita na semana passada.’
INTERNET
HBO coloca filmes e séries na rede
‘As grandes produtoras de vídeo começam, aos poucos, a se render à internet e a oferecer seu conteúdo gratuitamente, seja por download ou por streaming, como no YouTube.
Na semana passada, o canal de TV HBO (www.hbo.com), da Time Warner, passou a permitir que assinantes fizessem download de parte de sua programação, sem custo adicional. Eles poderão baixar 600 títulos de filmes e séries de TV.
O serviço, chamado HBO on Broadband’, está disponível somente para clientes de algumas regiões dos EUA e, mesmo assim, os internautas só poderão baixar seis episódios de cada uma das séries.
No Brasil, o portal Terra fez um acordo com a Walt Disney, a Turner Broadcasting Systems Latin America e a Fox que permite a exibição, de graça e na íntegra, de seriados como a primeira temporada de ‘Lost’, desenhos animados do Cartoon Network e até alguns filmes. A programação começou neste mês aqui e em outros 17 países.
As três empresas já possuem serviço de streaming em seus sites. O Fox on Demand (www.fox.com/fod), que está em teste, permite assistir, na íntegra e de graça, a diversos episódios da produtora, como ‘Os Simpsons’, ‘Nashville’ e ‘Bones’.
A Turner tem o Jetstream (www.toonamijetstream.com), com desenhos do Boomerang e do Cartoon Network.
O Disney Xtreme Digital (disney.go.com/dxd) tem, além de vídeos, recursos de rede social. A má notícia é que todos eles só estão disponíveis para os EUA.
O Terra TV (www.terra.com.br/tv) é bem organizado e consegue boa transmissão, apesar de nenhum dos vídeos ser inédito ou recente.
Sua área High Definition (de alta resolução), lançada em setembro do ano passado, é decepcionante.
A imagem não é muito nítida e as três tentativas de assistir a um desenho de dez minutos, com uma conexão de 6 Mbps, fracassaram.’
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Rede MySpace fecha parceria com TV Cultura
‘A rede social MySpace fechou uma parceria com o programa Alto Falante, da TV Cultura, na sexta-feira passada.
Haverá um novo quadro no programa, que exibirá a gravação de duas ou três faixas de artistas em estúdio. Uma delas será exibida com antecedência no MySpace TV (www.myspacetv.com).
Na mesma semana, o site de relacionamentos fez um acordo global com a rede de TV BBC, que terá um canal na área de vídeos do portal.
Desde o dia 24, está no ar o BBC Worldwide’s MySpaceTV (www.myspace.com/bbcworldwide), que está dividido em sete canais temáticos, como drama e comédia.
Pelos termos do acordo, haverá vídeos novos e de arquivo da BBC, como trechos de séries clássicas como ‘Doctor Who’, ‘Robin Hood’ e ‘Torchwood’.
O acordo com a rede de TV é o primeiro do MySpace com uma grande empresa de conteúdo. Até então, o conteúdo era formado pelos 70 mil vídeos de usuários e pelo que é produzido pela equipe do próprio site -entre eles o ‘The List’, um show para cerca de 3.000 pessoas, e o ‘Artist on Artist’, uma entrevista entre dois artistas.’
Gustavo Villas Boas
Chickipedia reúne belas e famosas
‘Na enciclopédia de beldades Chickipedia (www.chickipedia.com) dá para descobrir quais mulheres têm o porte físico parecido com o da modelo brasileira Gisele Bündchen. Mas se o internauta preferir, pode achar quem tem uma medida específica -busto, cintura ou quadril- semelhante.
O site é um clone da Wikipédia -com edição feita pelos usuários-, com foco em garotas e temas divididos por áreas. Na política, por exemplo, a mais procurada do site é Jenna Bush, filha do presidente norte-americano George Bush. Mas a secretária de Estado dos EUA, Condoleeza Rice, também é bem cotada no site, assim como Carla Bruni, a namorada do presidente francês Nicolas Sarkozy.
Além das medidas, os perfis trazem dados como idade, local de nascimento e hobby das mulheres apresentadas. E vídeos e fotos. No final de cada verbete, é possível ver notícias recentes relacionadas.
Musa dos gadgets
Quem quiser algo com menos pano e mais tecnologia, deve visitar o Gadget Models (gadgetmodels.i4u.com). Lá, modelos em poses sensuais e roupas ousadas aparecem equipadas com aparelhinhos desejados pelos geeks, como o iPod Nano e o Nintendo DS.
Exemplo de título para um ensaio: ‘The Windows Vista Girl’, ou a garota do Windows Vista, o nada sexy sistema operacional da Microsoft. Nos ensaios, o internauta não vai encontrar muitas informações técnicas sobre os produtos. A estrela é mesmo a modelo.
Mas, no mesmo site, dá para encontrar resenhas de equipamentos. O Gadget Models é uma seção da revista on-line ‘I4U’, que cobre gadgets e tecnologia para uso pessoal.’
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Site reúne os ‘homens mais bonitos’ da rede
‘Os homens mais bonitos do mundo estão reunidos no site www.mostbeautifulman.com. Pelo menos é o que vende sua propaganda.
O site é uma mistura de catálogo de fotos -divididas por categorias, como atores e esportistas- e blog de fofocas, que vão desde o que anda fazendo o jogador de futebol David Beckham até as últimas notícias sobre a vida familiar do ator Brad Pitt.
Além disso, em todos os meses é eleito um vencedor, sobre quem é feita uma biografia. Em setembro de 2007, por exemplo, o ator brasileiro Rodrigo Hilbert recebeu a honraria.
O site completou oito anos em janeiro deste ano e recebe cerca de 2 milhões de visitantes únicos (de máquinas diferentes) todos os meses.’
TECNOLOGIA
TVs de retroprojeção lutam para sobreviver
‘DO ‘NEW YORK TIMES’- No começo desta década, quando as TVs de plasma de alta definição custavam US$ 10 mil, as TVs de retroprojeção ofereciam uma alternativa mais barata para ingressar na era digital. Mas, à medida que o preço dos televisores de tela de cristal líquido e de plasma diminui, o mercado para os aparelhos de retroprojeção encolhe. A Sony e a Philips desistiram do negócio em 2007.
Porém a Texas Instruments, a fabricante de chips que criou o DLP (processador digital de luz) encontrado na maior parte das TVs de retroprojeção, pretende insistir nesse mercado. Tudo indica, no entanto, que a empreitada não será fácil.
No terceiro trimestre de 2007, o faturamento obtido pela Texas com a venda de chips DLP diminuiu 21% em relação ao mesmo período em 2006, após quedas semelhantes nos trimestres anteriores.
Os televisores DLP continuam a ser fabricados por Samsung, Mitsubishi e Toshiba, mas, segundo analistas de mercado da iSupply, o volume de vendas de tais aparelhos cairá 25% nos próximos dois anos. Executivos da Texas contestam a projeção dos analistas, argumentando que esses não levam em conta as melhorias a serem realizadas nos produtos.
A próxima geração de chips DLP, disse Doug Darrow, gerente de marketing e marcas para os produtos DLP, conseguirá reter com tranqüilidade uma fatia do mercado. Na feira CES (Consumer Electronics Show), a Texas apresentou chips ainda menores, que poderiam ser usados para criar aparelhos mais finos, com imagens mais brilhantes e mais definidas e com um padrão mais suave de movimento.
A empresa mostrou também projetores pequenos o suficiente para equiparem um telefone celular. Eles tornarão possível realizar apresentações para fins profissionais ou de entretenimento. Em um tocador de música, o dispositivo permitirá que os usuários projetem vídeos na parede.
As TVs DLP possuem preços menores que as de LCD e mesmo que as de plasma para os aparelhos com mais de 50 polegadas. O modelo de 70 polegadas da Mitsubishi pode ser encontrado por US$ 2.500.
Os aparelhos de LCD e de plasma com 65 polegadas, o tamanho mais próximo daquele, costumam sair por algo entre US$ 5.100 e US$ 6.700.
Tradução de RODRIGO CAMPOS CASTRO’
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O Estado de S. Paulo
Quarta-feira, 30 de janeiro de 2008
4º PODER
A saúde social e a mídia
‘A mídia moderna cria e destrói mitos, símbolos e ilusões, estimula revolta e subserviência e modela padrões culturais e morais. A influência maior é hoje a da televisão, beneficiária do impacto da imagem, que dispensa a reflexão exigida – mesmo que pequena – pela leitura de jornais.
É bem verdade que o trato investigativo e crítico, pela mídia, de fatos da área pública – os três Poderes – e da sociedade civil, de caráter duvidoso ou decididamente delituoso, tem sido útil para coibi-los. E é possível encontrar na TV programas de conteúdo agradável e construtivo, ou que simplesmente divertem, sem efeitos adversos. Mas a ingerência da TV – e do jornal e do rádio, sem a força da imagem – na psique do povo nem sempre é assim tão claramente positiva.
Sua influência, ao menos discutível, é percebida: na política, em que a vulnerabilidade psicocultural do povo permite que o ilusionismo tenha mais peso do que os programas partidários – quando existem. Nas artes, com a promoção de celebridades de valor duvidoso, comumente usando o exotismo na aparência e coreografia para disfarçar carências artísticas. Na religião, com seus cultos e espetáculos místicos obscurantistas. No ‘processo’ midiático, apoiado em conjeturas e denúncias que chocam mesmo se inseguras e na atração pela exposição televisada (com TV a lei tem mais charme…); só a saturação e a memória social curta levam ao esquecimento – de inocentes e culpados!
É percebida: no circo anestesiante (carnaval, Copa do Mundo, réveillon e por aí vai) que dissimula o cotidiano de dificuldades do povo, com a simpatia ou o apoio do poder público interessado na anestesia útil à escamoteação de suas deficiências. No logro psicológico da propaganda indutora de necessidades supérfluas e do endividamento psicótico, a ponto de – exemplo emblemático – Papai Noel ter sido transformado em garoto-propaganda e o Natal, em festança comercial-profana: bom mesmo é vender, comprar e cear festivamente, posto à margem o nascimento de Jesus. Na exaltação do lazer, notícia boa é o feriadão com enforcamento. Na apresentação espetacularizada de dramas trágicos ou humilhantes, pessoais ou familiares. Nos enredos triviais ou indutores de valores discutíveis, de novelas e filmes.
E é percebida na forma equívoca, criadora da comoção coerente com a cultura que permeia nossa sociedade, como são expostos alguns casos policiais. Fato que justifica atenção comedida segue até ser substituído, quando o anterior é posto em recesso, para ser eventualmente exumado. Amiúde a notícia dá espaço à idéia de violência policial e não raro a polícia é realmente violenta, mas a matéria por vezes não deixa claro se sua violência foi mesmo desnecessária e abusiva, ou foi reação à violência delinqüente. Má conduta policial existe e deve ser rigorosamente punida, sem que isso justifique a ambigüidade que não ajuda a avaliação correta e justa.
Cerceado pelas limitações da oferta, é comum que o telespectador acabe no desalento, depois de tentar ene canais com seus reality shows e programas de auditório profanos e religiosos, aulas de culinária, filmes e novelas medíocres ou de sexo e violência grosseiros, desenhos de mau gosto, noticiários entremeados por propaganda, comentários banais e gooooools quilométricos no futebol, debates desportivos – e outros – fúteis, entrevistas vazias, na vulgar terceira pessoa ‘a gente…’, que propiciam segundos ou minutos de banalidade gloriosa na TV, musicais de arte precária e coreografia calistênica, propaganda em que a repetição gritada, o crédito milagroso e os ‘sem juros’, ‘xis e 99’ e ‘telefone já’ substituem a argumentação racional e publicidade política que menoscaba a inteligência alheia, a exemplo da propaganda partidária obrigatória. A citação das razões do desalento foi grande – se bem que incompleta – e como redação, deselegante, mas responde à realidade.
Em campo psicossocial propenso às suas injunções, como é o caráter coletivo brasileiro, um quadro dessa natureza facilita a consolidação de idéias como a de que casamento estável, trabalho e estudo são valores hoje relativizados, a violência e a criminalidade se explicam por razões sociais (que de fato contribuem, mas na Índia a pobreza é grande e ambas são diminutas…) e o marginal é tanto algoz como vítima da sociedade. Ajuda a manter a mediocridade cultural, a disseminar a lassidão no comportamento social, a aumentar a tolerância com o desrespeito à lei, do delito grave ao banal, e a incitar sonhos que desembocam em frustrações (o menino sonhando ser rei, fenômeno e imperador no futebol e a menina, ‘top model’ nas passarelas do mundo…). Finalmente, a natureza um tanto lúdica do quadro tende a ampliar a conformidade com a degeneração ética e a incompetência do poder público, a indiferença pelas mazelas do nosso cotidiano político – tendência que pode e tem sido episodicamente sustada por campanhas positivas, que freqüentemente se esvaem antes da ocorrência de desfechos corretivos.
É hoje consensual que, na dinâmica da liberdade democrática e do mercado, educação e saúde devem merecer cuidados especiais. Não seria o caso de aceitar que a saúde social está à merecê-los da mídia para que por si própria, em particular a TV, influência protagônica, procure ampliar sua contribuição ao aprimoramento moral e cultural do povo? A proposição é um desafio a seus bons profissionais, difícil porque a anormalidade banalizada, a vulgaridade e o sensacionalismo respondem melhor (num processo de mão dupla: mais consumidores justificando mais patrocínio, inclusive de recursos públicos…) do que a ponderação e a qualidade ao mercado de massa a que a mídia também está sujeita. Cabe-lhes harmonizar a conveniência econômica com a sociocultural, sem comprometer a liberdade de expressão e opinião, indispensável à democracia.
Mario Cesar Flores é almirante-de-esquadra (reformado)’
GOVERNO
Três agências dividirão R$ 150 mi de publicidade
‘A Secretaria de Comunicação de Governo (Secom) informou ontem que o bolo publicitário anual de R$ 150 milhões será repartido entre as agências Propeg, Matisse e 141/SoHo Square. O contrato é de 12 meses e pode ser renovado por quatro anos. As três agências foram selecionadas por uma comissão especial de licitação da Presidência numa lista de 30 empresas. O anúncio oficial será feito logo depois do carnaval, quando termina o prazo para recursos e impugnações.
A Propeg, primeira colocada, com 93,84 pontos, do total de 100, sempre esteve na mira do PT baiano, que a acusa de ter ligações com a família do senador Antonio Carlos Magalhães (DEM), morto em julho. Em segundo lugar, com 88,17 pontos, vem a Matisse, do publicitário Paulo de Tarso Santos, que já fez campanhas do presidente Lula. A multinacional 141/SoHo Square, terceira colocada com 87 pontos, não tem tradição em contas publicitárias de órgãos públicos.
O secretário de Comunicação Integrada da Secom, José Otaviano Pereira, disse que é natural a discussão de ‘aspectos políticos’ em torno do resultado da licitação. Ressaltou, porém, que desta vez a secretaria orientou as candidatas a apresentarem propostas ‘apócrifas’, para que os membros da comissão de licitação não soubessem quem eram as concorrentes. ‘Entendemos que isso eliminou dúvidas e deu transparência ao processo.’ A comissão foi formada por três profissionais da área de publicidade do governo e por servidores de carreira da área de licitação da Presidência da República.
TRADIÇÃO
A Propeg faz contratos em Brasília desde o governo José Sarney (1985 a 1990). Com tradição em campanhas políticas e institucionais, apresentou à comissão de licitação material baseado em pesquisa de campo: seus profissionais percorreram a região das obras de transposição do Rio São Francisco para levantar subsídios para possíveis campanhas publicitárias. ‘Fizemos uma proposta ultracaprichada’, avaliou seu presidente, Fernando Barros. Ele não mostrou preocupação com acusações. ‘Se o PT baiano tem problema comigo, eu não tenho problema com o PT baiano.’ A Propeg responde por parte da conta do Ministério da Saúde.
Paulo de Tarso Santos disse que a idéia da Secom de exigir propostas anônimas tornou técnico o julgamento, mas explicou que vai esperar a conclusão do processo para comentar o resultado. Diretores da Matisse, que tem parte da conta do Ministério do Turismo, costumam lembrar que Santos não trabalhou apenas com Lula, mas também com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, por um período de dois anos e meio.
Diretores da 141/SoHo Square disseram que vão esperar a conclusão do processo para fazer declarações.
A terceira colocada ficou à frente da agência Lew? Lara, de São Paulo, com 0,3 ponto. A agência Duda Mendonça, do marqueteiro da campanha de Lula de 2002, não participou da concorrência, segundo a Secom. Em 2003, a agência foi uma das três vencedoras da licitação da secretaria, mas em 2005, em plena crise do mensalão, o governo não renovou o contrato.
FRASES
José Otaviano Pereira
Secretário de Comunicação Integrada da Secom
‘Entendemos que isso (propostas ?apócrifas?) eliminou dúvidas e deu transparência ao processo’
Fernando Barros
Presidente da Propeg
‘Fizemos uma proposta ultracaprichada’
‘Se o PT baiano tem problema comigo, eu não tenho problema com o PT baiano’’
Fausto Macedo
Desembargador vai à Justiça contra assessores de Requião
‘O desembargador federal Edgard Lippmann Júnior, que proibiu o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), de atacar adversários políticos e desafetos pela Rádio e TV Educativa (RTVE), ingressou ontem com ação judicial para impedir a divulgação de dossiês que o apontam como suposto aliado de empresários do bingo estabelecidos em Curitiba.
A ação indica três assessores de Requião que estariam envolvidos na veiculação de relatórios contra o juiz. Um deles é Doático Santos, assessor especial do governo para Assuntos de Curitiba. Santos é presidente do diretório municipal do PMDB na capital paranaense e coordenador da Frente Ampla pelos Avanços Sociais, que congrega cerca de 300 entidades.
Lippmann já decidiu que vai processar diretamente Requião por calúnia, difamação e danos morais. ‘Essas ações serão protocoladas ainda esta semana’, anunciou o desembargador, que impôs multa de R$ 50 mil ao governador por manifestação ofensiva a pessoas e instituições pela Educativa. A base dos processos, informou, são declarações do governador sobre a sua conduta. ‘São manifestações profundamente agressivas’, avalia o magistrado.
Chama-se ação inibitória a primeira medida de Lippmann contra o grupo peemedebista ligado a Requião. ‘O objetivo é obstar novas divulgações e fazer com que seja retirado de sites e blogs os dossiês sem fundamento, com informações sem prova alguma e que denigrem a imagem do juiz’ , explicou o advogado Jaceguay Ribas, que representa Lippmann. ‘Divulgações que ofendem a honra do juiz, o Poder Judiciário, os princípios democráticos, a harmonia entre os Poderes.’
CENSURADO
Requião considera-se censurado e vê como ‘agressão’ a decisão do desembargador que o impediu de usar a TV para atacar rivais. O governador declarou que mandou fechar um bingo, mas Lippmann mandou que a casa fosse reaberta.
‘Entendo que é importante esse tipo de divulgação, porque demonstra que há um interesse tão somente político do desembargador e das suas ligações com o gueto anti-social’, afirmou Doático Santos. ‘O vínculo dele com os bingos é uma questão emblemática. Entre os documentos que repassamos, estão depoimentos que atestam que o juiz cobrou R$ 300 mil para autorizar a reabertura dos bingos e recebeu mensalidade de R$ 60 mil. São depoimentos detalhados, prestados à Polícia Civil do Paraná’, disse o assessor.
Lippmann explicou que realmente deu liminares em favor de um bingo, mas cassou sua própria decisão logo que foi informado sobre a constituição irregular da empresa controladora do jogo. ‘Na época das liminares, não havia definição sobre a legalidade ou não do jogo’, observou o desembargador.’
ELEIÇÕES NOS EUA
Giuliani atrai mais imprensa do que eleitores
‘‘A Flórida é a terra do Rudy’ garantem os slogans . Mas aqui na lanchonete Rascal House, o território do pré-candidato republicano Rudolph Giuliani está um tanto despovoado. Pouco mais de 30 pessoas apareceram ontem para festejar o ex-prefeito de Nova York, que começou liderando as pesquisas na Flórida e acabou caindo para o terceiro lugar. Como se diz no circuito das campanhas, havia mais imprensa do que eleitores.
Giuliani pareceu não se incomodar e saiu cumprimentando seus eleitores, na maioria fugitivos do inverno de Nova York. ‘Giuliani consertou Nova York, a gente vivia com medo e ele acabou com a violência’, disse Rosemary Terracone. Apesar do autêntico bronzeado Miami, Rosemary avisa ser uma verdadeira nova-iorquina do Bronx e torce muito pelo ex-prefeito.
‘Espero que ele tenha chances, ele ia tão bem no começo’, disse ela, que pretendia sair dali e ir direto para o posto de votação.
Mas até Rosemary confessou ter ficado um pouco decepcionada com seu candidato. Giuliani apertou sua mão rapidamente e já saiu andando. Nem parou para discursar. E, pior, os seguranças empurraram Rosemary.
‘A senhora precisa sair daí, o prefeito vai passar’, disse um segurança, com a habitual truculência da equipe de Giuliani. ‘Qual é o seu problema? Só quero apertar a mão do candidato!’, disse Rosemary.
Carlos Muñoz Fontanills, um dos organizadores da campanha de Giuliani na Flórida, também ficou frustrado. Tentou em vão dar ao ex-prefeito um dos folhetos que fez para a comunidade cubana. ‘El 29 de enero despegamos en la Florida rumbo a White House’ (em 29 de janeiro decolamos da Flórida rumo à Casa Branca) eram os dizeres do folheto, acima da foto de um avião ‘AirGiuliani’.
Apesar de ter despencado nas sondagens, Giuliani e seus eleitores não desanimavam. ‘Várias pesquisas mostram Giuliani na liderança, mas a mídia é comprada e não mostra’, disse Fontanills.
No encontro, Giuliani disse ter conquistado boa parte dos votos antecipados. Até agora, 400 mil republicanos votaram antecipadamente (dos 3,8 milhões eleitores), e Giuliani concentrou esforços para ganhar esses votos.’
Obama vira a cara para Hillary e causa mal-estar
‘Os senadores Barack Obama e Hillary Clinton, pré-candidatos do democratas à presidência dos EUA, viraram a cara um para o outro na noite de segunda-feira, logo após o discurso sobre o Estado da União feito pelo presidente, George W. Bush.
Obama e Hillary sentaram-se na mesma fila, a poucos metros um do outro, separados apenas por quatro senadores no plenário do Congresso. Desde o início, os dois sofreram marcação cerrada de fotógrafos e jornalistas. Obama sentou-se ao lado do senador Ted Kennedy, que na segunda-feira anunciou apoio a sua candidatura, e chegou a desviar o olhar discretamente na direção de Hillary, que permaneceu impassível durante todo o discurso.
Terminado o discurso do presidente, Hillary seguiu na direção de Kennedy para cumprimentá-lo. Ao ver sua principal rival a menos de um metro de distância, Obama virou as costas. A situação inusitada foi mais um capítulo de uma incômoda briga entre os dois pré-candidatos, favoritos na corrida presidencial.
Desde o debate realizado em Nevada, há duas semanas, Hillary e Obama têm trocado acusações cada vez mais pessoais. A situação piorou depois que o ex-presidente Bill Clinton entrou na campanha da esposa e fez vários ataques à candidatura de Obama. Mais tarde, o senador reagiu com surpresa ao ser questionado pela imprensa sobre a pouca cordialidade entre os dois favoritos à nomeação democrata. A bordo de seu avião de campanha, a caminho do Kansas, Obama disfarçou e disse que, naquele momento, havia se virado para responder uma pergunta da senadora Claire McCaskill. ‘Hillary e eu temos relações cordiais, tanto dentro quanto fora do Congresso’, disse Obama, ao lado de Claire, que confirmou a história. ‘Eu cumprimentei a senadora Hillary antes de entrar no plenário. O que aconteceu não foi nada de mais.’
Obama não foi o único a virar a cara para Hillary. Assim que terminou o discurso, Bush desceu para cumprimentar deputados e senadores. Procurou especialmente o senador Ted Kennedy, que apoiou sua proposta de reforma educacional. Ao encontrar Obama, Bush trocou algumas palavras com o candidato, mas fingiu que não viu Hillary e passou direto pela ex-primeira-dama dos EUA.
NYT E REUTERS’
TELECOMUNICAÇÕES
Governo vai mudar regras para liberar venda da BrT para a Oi
‘O Ministro das Comunicações, Hélio Costa, revelou ontem que o governo foi notificado, esta semana, sobre os planos de compra da Brasil Telecom (BrT) pela Oi, antiga Telemar. Segundo ele, o ministério já concluiu os estudos sobre uma mudança no Plano Geral de Outorgas do setor e deve apresentar o resultado hoje à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
‘Nós recebemos oficialmente a informação de que as empresas realmente pretendem fazer uma recomposição acionária’, disse Costa, quando questionado sobre a criação no Brasil de uma superempresa de telecomunicações.
A fusão ou aquisição das duas companhias depende de mudanças no Plano Geral de Outorgas, que proíbe que os mesmos acionistas controlem mais de uma concessionária de telefonia no País.
O ministro calcula que, em até 30 dias, o ministério possa levar à Presidência da República um projeto de alteração das atuais regras. ‘Eu diria que, nos próximos dias, talvez antes do carnaval, tenhamos uma posição bem definida sobre o assunto. Qualquer movimentação por parte das empresas só tem andamento oficial à medida que o Ministério das Comunicações se reporte à Anatel pedindo informações de como proceder dentro da proposta que está sendo feita’, disse.
O ministro fez questão de enfatizar que a mudança nas regras não atende apenas aos pleitos feitos pela Oi e a Brasil Telecom. Segundo ele, a idéia dessa reestruturação é que todas as empresas de telefonia possam ter suas demandas atendidas e que as pendências resolvidas sejam sanadas com as novas regras. ‘Esse é o momento em que, se a Telefônica tem alguma pendência, que a apresente agora. Se outras empresas têm pendências, que as apresentem. Vamos estudar (uma reestruturação) não como uma proposta de uma empresa ou de duas empresas, mas como um todo’, afirmou.
Costa pretende se reunir hoje com a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, para discutir o assunto. A proposta será encaminhada à Anatel, que deverá fazer uma consulta pública sobre uma nova estrutura para o setor. Aprovada na Anatel, a proposta segue para o Ministério das Comunicações, que a encaminha ao Palácio do Planalto, para que seja editado um decreto presidencial.
Segundo o ministro, o presidente Lula tem feito reuniões com representantes da Casa Civil e do Ministério das Comunicações para discutir o tema. ‘Esse trâmite depende de decisão única e exclusiva do presidente. Embora o ministério faça sugestões, é o presidente quem decide’, afirmou.
O deputado Arnaldo Jardim (PPS-SP) informou que pretende discutir com o presidente da Anatel, Ronaldo Sardenberg, no dia 11 de fevereiro, os reflexos do negócio no setor de telefonia. Jardim disse, em nota publicada na página do PPS na internet, que eventuais mudanças nas regras devem assegurar a competição.
‘As alegações dadas pelo governo para garantir o aporte da fusão até agora não convenceram’, afirmou Jardim, questionando o argumento de que a supertele competiria no mercado internacional. ‘A fusão só será viável se houver amarrações de interesse público.’
RESULTADO
A Brasil Telecom Participações (BrT Par) terminou 2007 com um lucro líquido de R$ 671,3 milhões, um aumento de 42,7% em relação aos R$ 470,4 milhões registrados no ano anterior. A receita líquida da companhia cresceu 7,4% na mesma comparação, chegando a R$ 11,05 bilhões. O grupo terminou o ano com 4,3 milhões de assinantes na telefonia móvel e cerca de 8 milhões de linhas fixas em serviço.’
Renato Cruz
TIM quer evitar supertele na mão de estrangeiros
‘O presidente da TIM Participações, Mario Cesar Pereira de Araujo, pareceu tranqüilo ontem ao comentar a proposta de mudança de regras para permitir a fusão entre Oi e Brasil Telecom. Mas defendeu que eventuais mudanças devem vir acompanhadas de um mecanismo que impeça a venda da nova empresa a estrangeiros. Araujo disse também que o governo poderia aproveitar a ocasião para fazer com que passe a funcionar de fato o unbundling, que permite o acesso de concorrentes às redes das operadoras dominantes. Ele reiterou que é importante dar segurança aos investidores. Segundo Araujo, o governo garantiu aos acionistas da TIM, em reunião este mês, que iria manter a isonomia competitiva, sem criar assimetrias. E os italianos asseguraram ao governo que não haverá fusão com a Telefônica, que agora integra o bloco de controle da TIM.’
Renato Cruz
TIM faz acordo com o Google e se prepara para lançar 3G
‘A TIM Brasil planeja lançar seu serviço de celular de terceira geração (3G) até o fim do trimestre. Segundo seu presidente, Mario Cesar Pereira de Araujo, o serviço – que facilita o acesso à internet de banda larga pelo celular – será oferecido em São Paulo, no Rio de Janeiro e em outras localidades. No fim do ano passado, a TIM pagou R$ 1,3 bilhão por licenças para operar nacionalmente o 3G, em um leilão da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Informações complementares
‘Não adianta botar banda larga na mão do cliente, se não houver conteúdo’, disse ontem Araujo, ao anunciar um acordo com o Google. Os clientes da TIM poderão acessar, a partir do portal da operadora no celular, o YouTube, serviço de vídeo via internet do gigante americano de buscas. Eles também poderão fazer um vídeo com o aparelho celular e transmiti-lo direto para o YouTube, sem ter que usar um computador.
O acordo não é exclusivo. Clientes de outras operadoras podem até mesmo digitar o endereço do YouTube no navegador de internet do aparelho de telefonia móvel e assistir aos vídeos. Segundo Marco Lopes, diretor de marketing da TIM, a vantagem para os clientes da operadora é a facilidade de já ter o YouTube integrado no portal para celulares da TIM. O acesso ao YouTube custará R$ 1,50, mais impostos, por megabyte. Lopes apontou que assistir a um minuto de vídeo sairá por cerca de R$ 0,90.
A parceria prevê que, depois do YouTube, serão oferecidos a busca do Google no celular e o Orkut via mensagens de texto. ‘A plataforma de celulares é cada vez mais importante’, afirmou Alexandre Hohagen, diretor-geral do Google no Brasil. ‘Principalmente aqui no Brasil, onde existem três usuários de celular para cada internauta.’ O Google lançou mundialmente o YouTube Mobile na semana passada e, antes da TIM Brasil, só havia anunciado um acordo com a NTT DoCoMo, no Japão.
A TIM faz parte da Open Handset Alliance, grupo liderado pelo Google para levar aos celulares a mesma experiência de internet que existe nos computadores. Hohagen preferiu não comentar quais são os planos para o Android, software de celular criado pela aliança, no Brasil, mas acrescentou que vai levar para o celular outros serviços da empresa, como o Google Maps (mapas), o Gmail (correio) e o Picasa (fotos).
Araujo projetou que, este ano, o mercado de celulares deverá ter um desempenho pelo menos igual ao de 2007, com o impulso da 3G. A expansão do número de linhas móveis no ano passado foi a mais expressiva desde a instalação dos serviços no Brasil, em 1990. O movimento subiu 21,08%, para 120,980 milhões de acessos.’
PROPAGANDA
‘Speed Racer’ terá equipe da Petrobrás
‘Uma equipe brasileira, com carros movidos a uma misteriosa fonte de energia, estará no encalço de Speed Racer no longa-metragem que estréia nos Estados Unidos no dia 9 de maio. Trata-se da Petrobrás Bioenergy, a mais recente estratégia de marketing global da estatal petroleira, em parceria com o estúdio Warner Bros. e a distribuidora Village Roadshow Pictures. O filme, escrito e dirigido pelos irmãos Wachowski, responsáveis pela trilogia Matrix, traz para a tela o famoso corredor criado na década de 60 pelo desenhista japonês Tatsuo Yoshida.
‘Fomos procurados pela Warner, que queria entrar no mercado latino-americano e estava em busca de uma empresa de energia para participar do Speed Racer’, conta o gerente de publicidade e promoções da Petrobrás, Luiz Antônio Vargas. ‘Mas não queríamos aquela inserção tradicional, aparecendo apenas quando um personagem fosse abastecer o carro.’ Segundo ele, a sugestão da criação de uma equipe de corrida que usa combustível renovável foi prontamente aceita pela produção do longa.
A presença da equipe Petrobrás Bioenergy – e de painéis com a marca da empresa – nos mirabolantes circuitos criados pelos irmãos Larry e Andy Wachovski custará à estatal cerca de R$ 3,6 milhões, ao câmbio de hoje.
A Warner receberá o equialente a US$ 1 milhão após a aprovação das cenas pela companhia. Os R$ 2 milhões restantes serão gastos em promoções com os clientes. Vargas diz que a Petrobrás poderá usar o modelo do carro que estará no filme em suas campanhas no Brasil e em outros países da América do Sul.
‘É um gasto pequeno, se comparado aos preços da mídia comum, como veiculação de filmes publicitários na TV’, comenta Vargas. A título de comparação, apenas no desfile das escolas de samba do Rio, a Petrobrás colocará R$ 6 milhões, por determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ‘Com o filme, nossa marca vai correr o mundo’, diz o executivo. A Petrobrás tem hoje negócios em 27 países e já investe em ações internacionais de marketing, como o patrocínio à equipe Williams, de Fórmula 1, e ao tradicional time de futebol argentino River Plate.’
TELEVISÃO
Para relembrar e contar
‘Maria Adelaide Amaral fez diferente desta vez. Depois de uma série de adaptações de obras alheias para a TV – desde o remake da novela Anjo Mau (1997), de Cassiano Gabus Mendes, até minisséries históricas como A Muralha (do livro de Dinah Silveira de Queiroz, em 2000), Os Maias (de Eça de Queiroz, em 2001) e JK (de 2006, que escreveu ao lado de Alcides Nogueira, com base em personagens reais e muita pesquisa) -, ela finalmente estréia na TV uma obra que pode chamar de inteiramente sua. Queridos Amigos, minissérie que estréia no dia 18 na Globo, é baseada num romance dela, Aos Meus Amigos, de 1992.
Com direção de Denise Saraceni e nomes como Dan Stulbach, Matheus Nachtergaele, Denise Fraga e Fernanda Montenegro no elenco, a minissérie retoma o fim dos anos 80, a eleição de 1989 e as ilusões perdidas em meio à abertura política, por meio da história de um grupo de amigos muito unidos. Seqüelas contidas de uma época que ainda não foi discutida o suficiente – daí, a idéia de que, mesmo sendo uma minissérie de época, Queridos Amigos é uma minissérie contemporânea. Sobre ela, a autora conversou com o Estado.
Você já escreveu minisséries ambientadas em diferentes períodos da história do Brasil. Acha que é mais fácil ou mais difícil falar sobre uma época que acabou de acontecer, e fazer uma minissérie que é histórica, mas ao mesmo tempo ainda tão contemporânea?
Não escolhi escrever minisséries históricas. As coisas foram se encaminhando nesse sentido a partir de A Muralha. Devido à boa audiência, na esteira dela, vieram outros épicos: A Casa das Sete Mulheres, Um Só Coração e JK. Foi um prazer resgatar o gosto pela pesquisa que desenvolvi trabalhando 20 anos na Abril Cultural. Mas quase toda a minha obra dramatúrgica e literária é contemporânea, com exceção das peças de caráter biográfico – Chiquinha Gonzaga, Mademoiselle Chanel e Tarsila. Queridos Amigos não será um épico. Ao contrário, trata-se de uma minissérie bem intimista. A História é pano de fundo e parte do drama particular de alguns dos personagens. Minhas fontes principais são os jornais, revistas e telejornais da época, e a memória – minha e dos amigos, aos quais recorro toda vez que desejo esclarecer algum ponto. Entre eles estão Alípio Freire, Vladimir Sacheta, Elio Gaspari e Bete Mendes.
Além da época em que se passa Queridos Amigos ser tão próxima, estar tão fresca na memória, é um capítulo delicado da história do Brasil. Como lidar dramaturgicamente com uma época ainda tão pouco explorada, tanto pela pesquisa quanto pela ficção?
Os personagens falam e agem de acordo com a sua experiência pessoal – e os reflexos dela – na sua vida afetiva, profissional e política. Da mesma forma como em Aos Meus Amigos, que jamais pretendeu esgotar o tema, mas foi definido como um ‘romance de geração’, por José Castello, na época crítico literário do Estado.
Quais as facilidades e as dificuldades de se adaptar um livro de sua autoria para a TV?
A idéia de Queridos Amigos não foi minha. Foi o Dan Stulbach quem observou que o romance Aos Meus Amigos daria uma boa minissérie, quando o chamei para dizer que Nassau tinha sido adiada. Considerei a idéia, escrevi um argumento, achando que o tipo de temática e ‘fauna’ abordadas não interessaria à TV Globo. Para minha surpresa obtive sinal verde para fazer a sinopse. A melhor coisa deste trabalho é a liberdade. Os personagens, embora alguns inspirados em pessoas reais, me pertencem inteiramente, e isto me dá uma liberdade para criar que jamais tive na televisão. Esta é a primeira vez que escrevo uma obra inteiramente minha para a TV. A dificuldade é o desafio de fazer com que o público acolha e entenda personagens e conflitos tão distantes do universo da média das pessoas. A única ponte entre mim e elas é a emoção, mas não posso exagerar na dose. Senão vão dizer que o livro é muito melhor.
Mas o que houve com o projeto de contar a vida de Mauricio de Nassau?
Foi adiado. Li, pesquisei, trabalhei intensamente durante um ano em Nassau. Seria uma pena se ele não acontecesse.
Como dosou as referências políticas na minissérie e até que ponto elas são importantes para definir os personagens?
Quase todos os personagens da minissérie se envolveram direta ou indiretamente em política. Mesmo aqueles que fazem crítica à luta armada, durante a ditadura ajudaram a esconder amigos, ou mobilizaram suas relações para resgatá-los da prisão ou órgãos da repressão, e/ou facilitaram partidas para o exílio. Léo, o protagonista, cineasta e escritor, alinhado com pensamentos de vanguarda, é um exemplo de pessoa que deu esse tipo de retaguarda. Aqueles que estiveram mais diretamente envolvidos com a política são Ivan e Tito, jornalistas, ex-presos políticos; Pedro, autor de romances que denuncia os porões da ditadura militar; Bia, presa e torturada no DOI-Codi, etc. A política, portanto, impregna a vida da maior parte do grupo. Em 1989, estão, cada um à sua maneira, revendo ou reforçando conceitos, se confrontando com ilusões perdidas e vivendo a ressaca das Diretas.
Ainda em referência à pergunta anterior: imagino os personagens como pessoas muito ligadas e afetadas pelos fatos políticos que se desenrolavam naquela época. Acha que hoje somos menos permeáveis ao que acontece em Brasília?
Acho que houve uma grande mudança de mentalidade e de interesse pelo coletivo entre os anos 70 e 80. O individualismo, a ganância explícita e desavergonhada, o chamado capitalismo selvagem ganhou força no Brasil, sobretudo a partir de meados da década de 80. Aquilo que era objeto de críticas nos anos 70 (a lei do Gerson – ‘o negócio é levar vantagem em tudo’) passou a ser um valor e uma condição para ascensão material. Acrescente-se a isso o empobrecimento da grade escolar e o colapso do ensino público, e o resultado é o desinteresse e a ignorância, às vezes voluntária, das pessoas. O que impede uma pessoa de classe média de ler mais e aprender mais? Uma das coisas que mais me impressiona é o reduzido número de passageiros lendo jornal ou qualquer outra coisa nas salas de espera dos aeroportos. Não sou especialista na matéria, mas é possível que a nossa geração tenha se envolvido mais em questões políticas e sociais porque o nível da educação (sobretudo nas escolas públicas) era melhor.
Uma das ‘amigas’ é você?
Um autor está em cada um dos seus personagens, homens e mulheres, vilões e heróis. A maior parte dos personagens do livro é uma mistura de várias pessoas reais. Na minissérie, eles ganharam novas características e autonomia, também por causa dos atores que os interpretam.
Quando soube que o personagem Léo teria uma doença, pensei imediatamente que seria aids. Mas não é. Por que você não optou pela aids, que marcou tanto aqueles anos?
Porque ele não pertence a nenhum grupo de risco, e naquela época se acreditava que a transmissão era restrita a esses grupos: homossexuais, usuários de drogas e pessoas que necessitam de transfusão sanguínea. E também não importa muito o tipo de doença. Léo supõe que seus sintomas sejam de esclerose múltipla. Mas ele sequer fez ou fará os exames para confirmar a suspeita. Ele fugirá de todas as possibilidades de diagnóstico e tratamento porque decidiu morrer. A sua morte tem a ver com questões existenciais e filosóficas. O Léo pertence a uma fatia da sua geração para a qual a grande questão existencial é o suicídio. Ele era leitor de Albert Camus, naturalmente. O Léo do romance se lança da janela do 10º andar. É um gesto impulsivo. O Léo da minissérie tem 20 dias para preparar a sua morte e ninguém o ajudará nessa empreitada.’
Keila Jimenez
TV sem fast-food
‘Mais um projeto de lei envolvendo anunciantes e TV promete agitar a Câmara este ano. Já tramita por lá o Projeto de Lei 1637/07, do deputado Carlos Bezerra (PMDB), que pretende limitar a publicidade de doces, alimentos gordurosos e refrigerantes para as crianças.
A iniciativa pretende proibir a exibição de anúncios desses produtos das 6 às 21 horas, atingindo diretamente a programação infantil. Também será proibida a veiculação de anúncios desses produtos em escolas infantis e em qualquer tipo de material escolar.
O projeto, que estabelece ainda uma série de regras para a publicidade desses produtos, pretende diminuir os casos de obesidade infantil, que vem crescendo muito no País.
Alguns países europeus estudam realizar o mesmo tipo de proibição nos canais de TV, uma vez que o número de crianças e adolescentes obesos vem crescendo muito por lá. Na Inglaterra, a medida entrou em vigor este ano. Está proibida a publicidade da junk food em programas televisivos voltados a menores de 16 anos.
O projeto de lei brasileiro será analisado por várias comissões da Câmara.’
PIRATARIA
Sucesso nacional, Johnny cai nas mãos dos piratas
‘‘Meu Nome Não É Johnny!’, gritam os camelôs do centro do Rio. Vendidas a R$ 10, as cópias piratas do filme de Mauro Lima – que já levou 1,2 milhão de espectadores às salas de cinema brasileiras – chegaram às ruas cariocas há pouco mais de uma semana, apesar dos cuidados tomados pela produção do longa para evitar que a história de Tropa de Elite se repetisse.
Pela péssima qualidade da imagem, está claro que as cópias partiram de uma filmagem feita num cinema, diz a produtora do filme, Mariza Leão. ‘Às vezes cortam a cabeça, mostram a cortina… É dantesco’, ela afirma. ‘Não é como no Tropa de Elite, que teve o pirata tirado de uma cópia do laboratório, com qualidade de som e de imagens bem razoáveis. Acho que desta vez o boca-a-boca negativo vai fazer com que as pessoas não comprem.’
Nas ruas, os camelôs fazem seu marketing: ‘Não é daqueles com imagem malfeita, não. O filme foi baixado na internet. Se der problema, você pode voltar aqui. Estou no mesmo ponto todos os dias’, garantiu um ambulante na última segunda-feira, na Rua Buenos Aires.
‘É tão bom quanto o Tropa de Elite. Vale a pena conferir!’, um outro anunciava, logo adiante. Um terceiro vendedor, em cuja banca Johnny estava lado a lado com Will Smith, astro de Eu Sou a lenda (que estreou no dia 18), contou que as vendas não estão tão boas quanto as da época do ‘lançamento’ pirata do filme de José Padilha (ocorrido antes de ele chegar à telona). ‘Está cedo para saber, porque o Tropa vendeu durante muito tempo. Esse é produto novo.’
A trama que tem como personagem central o traficante de classe média João Estrella também está disponível para download ilegal na internet. Trata-se, mais uma vez, de uma reprodução tosca, feita num cinema. Ao próprio site que oferece o serviço, usuários enviaram reclamações. ‘‘Poxa, o filme está cheio de problemas. Assim não dá. Tira todo o prazer de assistir ao filme. Ainda que tenha o prazer da transgressão’, escreveu um internauta. ‘Consegui baixar todo! Hehehe, mas não consegui assistir ao final!’, disse outro.
Já prevendo que o filme seria pirateado, a produção providenciou marcas d’água para todas as cópias feitas. Teve DVD que saiu da produtora com guarda-costas, para que não caísse em mãos erradas. ‘O sentimento que dá é de estar sendo lesada. A pirataria ofende o cinema. É absolutamente frustrante ver um rascunho malfeito do que você fez’, desabafou Mariza Leão. Segundo ela, no último fim de semana (o quarto desde a estréia) foram vendidos 150 mil ingressos do filme. A renda bateu a do blockbuster estreante O Gângster, com Denzel Washington e Russel Crowe.’
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