Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Novela Requião: juiz manda tirar acusações da internet

Leia abaixo a seleção de quinta-feira para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


PARANÁ
Folha de S. Paulo


Liminar manda tirar acusações da internet


‘O juiz federal Edgard Lippmann Júnior conseguiu ontem na 8ª Vara Cível de Curitiba uma liminar que pede a retirada de acusações contra ele divulgadas na internet.


Lippmann foi o magistrado que multou o governador Roberto Requião (PMDB) por desrespeitar ordem que o proibia de atacar desafetos pela TV Educativa do Paraná.


Desde a semana passada, o nome do magistrado tem sido citado em sites que o apontam como integrante de uma quadrilha que comercializava sentenças para reabrir bingos em Curitiba. Ele nega. O advogado do juiz, Jaceguay Ribas, diz que o cliente é alvo de perseguição.’


 


TELECOMUNICAÇÕES
Folha de S. Paulo


O fato consumou-se


‘EM SETEMBRO do ano passado, quando afloravam as primeiras especulações acerca de uma grande fusão nas telecomunicações brasileiras -algo vedado pelas normas do modelo vigente-, o editorial ‘Teletrama’, aqui publicado, já prenunciava o óbvio desfecho dessa história.


‘É plausível supor que esteja em curso a velha tática do fato consumado: desse emaranhado de transações financeiras, de repente as duas telefônicas brasileiras podem emergir fundidas. E o Planalto está ansioso para modificar a legislação que proíbe tais operações’. Passados cinco meses, o fato consumou-se.


Controladores da Oi (antiga Telemar, concessionária de linhas fixas no Nordeste, no Norte e no Sudeste, à exceção de São Paulo) e da Brasil Telecom (que atua no Sul, no Centro-Oeste e em Rondônia, Tocantins e Acre) informaram ao governo ter chegado a um acordo para a compra da segunda pela primeira.


O Executivo bem que tentou agir depressa. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, prometeu que instaria a Anatel a abrir de imediato um processo para mudar o decreto que proíbe um grupo de operar em mais de uma área de concessão. Mas ontem o ministro recuou e vai esperar a publicação do comunicado oficial pelas duas empresas.


Quando for provocada, a Anatel vai abrir um procedimento técnico interno e uma consulta pública sobre o tema, e seu resultado será devolvido ao governo na forma de sugestão de reformas no chamado Plano Geral de Outorgas -ou de manutenção da regra vigente.


É notório que o processo nasce viciado e que a última preocupação das autoridades e dos interessados no negócio é com o consumidor e a concorrência. Subverteu-se a ordem das coisas: primeiro deveria haver uma discussão acerca da necessidade ou não de reformas nas regras da concessão de serviços telefônicos. Caso se chegasse a um consenso sobre uma nova legislação, ela então deveria ser implantada e, apenas depois disso, os rearranjos empresariais ocorreriam.


Do modo como a trama foi armada, não há dúvida de que, nos bastidores de uma transação estimada em R$ 8 bilhões, o aval do governo à compra da BrT pela Oi já foi concedido. Não bastasse o poder dos lobbies empresariais envolvidos, grandes fundos de pensão de estatais, controlados por militantes petistas, são interessados na operação, pois têm participação acionária nas duas empresas. De quebra, o governo promete resolver uma série de pendências de outras operadoras e com isso escancara o ânimo casuísta de sua intervenção.


Resta exigir da Anatel uma mudança no tratamento do assunto. A truculenta lógica dos lobbies empresariais e sindicais, na sombra dos gabinetes, tem de dar lugar à do interesse público. É dos defensores da alteração no ‘statu quo’ o ônus de provar, com argumentos e estudos, por que um modelo responsável por tirar a telefonia do país da idade da pedra precisa ser modificado.


Até agora nenhuma idéia ventilada por agitadores da mudança foi convincente. Nenhuma dissolveu o temor de que o consumidor é quem vai arcar com o custo dessa aventura.’


 


Humberto Medina, Kennedy Alencar e Valdo Cruz


Costa é advertido e recua sobre Oi-BrT


‘Advertido pelo Palácio do Planalto, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, recuou e agora vai esperar o anúncio oficial das empresas antes de iniciar o processo de mudança na legislação para permitir a compra da Brasil Telecom pela Oi (ex-Telemar). Na segunda-feira, Costa havia dito que enviaria ontem a consulta sobre a mudança à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Auxiliares do presidente Lula avaliaram que Costa foi afoito. Lula não quer transmitir a imagem de que, com uma canetada, beneficiaria setores empresariais bem relacionados com o governo. Segundo um integrante do governo, é preciso o ‘cumprimento de rituais’. As declarações de Costa anteontem, de que o governo havia sido informado oficialmente do fechamento da operação, causou mal-estar principalmente na Casa Civil. A ministra Dilma Rousseff se irritou não só porque ele falou publicamente do caso mas também por dizer que se reuniria naquele dia com ela para tratar da mudança nas regras do setor. Um assessor da ministra disse que o ministro havia aprontado ‘mais uma’. Ontem, Costa foi bem mais ameno sobre o negócio: ‘Não posso falar sobre o assunto porque isso pode trazer uma situação de desequilíbrio em alguns setores. Isso é um assunto antigo, que vem sendo discutido há vários meses. Nós estamos ainda em processo muito preliminar. Quem pode, e até deve, dar informações são as empresas’. Para o ministro, o governo foi cauteloso ao não iniciar o processo ontem. ‘É prudente esperar o fato relevante [das empresas]’, disse Costa. Segundo ele, o documento que o ministério enviará à Anatel propondo a mudança na legislação precisa ser muito bem justificado. ‘Nós não tivemos condições técnicas de produzir o documento com a segurança que queríamos.’ Segundo a Folha apurou, o mercado espera que as empresas façam o anúncio ainda hoje. Por meio de nota, a Oi confirmou as negociações, mas disse que não houve acordo final. Ao privatizar a telefonia, em 1998, o governo editou decreto criando o Plano Geral de Outorgas (PGO). Esse documento legal divide o país entre as atuais operadoras de telefonia fixa. Por essa divisão, a Telefônica ficou com São Paulo, a Brasil Telecom, com as regiões Sul, Centro-Oeste, Rondônia, Tocantins e Acre, e a Telemar, com o resto do país (Sudeste, Nordeste e Norte). Pela Lei Geral de Telecomunicações (9.472/97), não pode haver fusões entre concessionárias que operem o serviço em áreas diferentes do PGO. Ou seja, não poderia haver operação de compra entre Oi, Brasil Telecom e Telefônica. Para o governo, a atual legislação do setor impede que benefícios da chamada ‘convergência tecnológica’ (uma mesma empresa oferecendo um único pacote de telefone fixo, móvel, internet em alta velocidade e TV por assinatura) cheguem aos consumidores. Na segunda-feira, Costa afirmou que as alterações na regulamentação do setor poderiam vir a beneficiar não só a Oi e a Brasil Telecom mas todas as empresas do setor, e citou a Telefônica, a Embratel e a TIM. A Embratel, do grupo mexicano Telmex, é acionista do sistema de TV a cabo Net Serviços, mas não pode ter o controle sobre as ações com direito a voto -que permanece com as Organizações Globo- porque há uma lei, de 1995, que exige o controle de capital nacional nas TVs a cabo. A Telefônica está impedida por normas da Anatel de participar do controle acionário da TIM, por já controlar a Vivo. Apesar do recuo no discurso, o governo deverá voltar a se reunir hoje para tratar da compra da Brasil Telecom pela Oi.


Colaborou ELVIRA LOBATO, da Sucursal do Rio’


 


JANGO
Carlos Heitor Cony


Ainda a morte de Jango


‘RIO DE JANEIRO – Não pretendia voltar ao assunto, mas o ministro da Justiça, Tarso Genro, na última terça-feira, mandou a Polícia Federal interrogar o ex-agente secreto uruguaio Mário Neira Barreiro, preso na penitenciária de Charqueadas (RS). Detido por diversos crimes, o prisioneiro fez declarações sobre a morte de João Goulart, atribuindo-a a um assassinato por ordem de autoridades brasileiras.


Houve uma Comissão Especial da Câmara dos Deputados, em 2000, para apurar as circunstâncias da morte de Jango. Seu relator, Miro Teixeira, não chegou a convocar Barreiro. E a comissão encerrou seus trabalhos de forma inconclusa, uma vez que não tinha poder de Justiça para ir adiante.


Logo depois, em 2002, Barreiro deu um depoimento à Anna Lee e a mim, depoimento que mais tarde repetiria a João Vicente, filho de Jango, e recentemente à repórter Simone Iglesias, da Folha. Num relato fantasioso, mas cheio de detalhes verdadeiros, ele assume ter vigiado o ex-presidente até o dia de sua morte. E garante que Jango foi envenenado numa operação financiada pela CIA e concretizada por agentes do Brasil, do Uruguai e da Argentina.


O governo brasileiro deve checar suas informações, abrir arquivos (que ainda não foram disponibilizados). A Polícia Federal tem poderes que a Comissão Especial da Câmara não tinha, e muito menos João Vicente, Anna Lee e eu também não tivemos. Por mais polêmica que seja a versão de Barreiro, ela deve ser investigada em seus detalhes, e alguma luz poderá ser feita a respeito da morte anunciada do ex-presidente.


O ministro da Justiça da época, Armando Falcão, declarou há tempos a ‘O Globo’: ‘Em 1976, alguns órgãos, contrários à abertura promovida pelo presidente Geisel, buscavam soluções extralegais’.’


 


Folha de S. Paulo


PF interroga uruguaio sobre morte de Jango


‘A PF interrogou ontem na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (RS) o ex-agente do serviço de inteligência uruguaio Mario Neira Barreiro, 54, sobre sua participação no suposto assassinato do presidente João Goulart (1918-1976). Barreiro -que cumpre pena por tráfico de armas, falsidade ideológica e roubo a carro-forte- sustenta que o presidente deposto em 1964 foi envenenado pelo serviço secreto uruguaio por determinação do regime militar brasileiro. O depoimento durou cerca de quatro horas. A superintendência da PF do Estado não deu detalhes sobre o interrogatório’


 


SAÚDE
Folha de S. Paulo


Ministro faz pré-estréia de filme de Moore


‘Após convidar jornalistas e colegas de ministério para assistir à pré-estréia do novo documentário do norte-americano Michael Moore, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, disse considerar o filme interessante por mostrar a ‘importância’ do financiamento ao setor.


Com a derrubada da CPMF no final do ano passado, sua pasta perdeu a promessa de R$ 4 bilhões no próximo ano. O governo ainda estuda em que áreas serão feitos os cortes para compensar R$ 20 bilhões da perda do tributo.


‘Sicko – $.O.$. Saúde’ faz uma crítica ao sistema de saúde norte-americano, que não é universal, ao compará-lo ao que ocorre no Canadá, Inglaterra, França e Cuba.


A sessão teve pipoca e refrigerante grátis e foi aberta -e gratuita- também a não convidados.


Para Temporão, o sistema brasileiro se aproxima mais dos existentes na França e Inglaterra.


O ministro disse que também há filas no sistema inglês de sáude para marcar cirurgias eletivas (não-emergenciais), mas admitiu que é preciso melhorar o acesso ao SUS por aqui.’


 


SÃO PAULO
Folha de S. Paulo


PDT entra com ação contra DEM por propaganda


‘Sob a alegação de que o DEM-SP tentou promover o prefeito Gilberto Kassab (DEM) em propaganda partidária, o PDT-SP protocolou ontem uma ação contra o partido no Tribunal Regional Eleitoral. Segundo o PDT, o DEM usou suas inserções na TV em janeiro para propaganda eleitoral antecipada.


O DEM-SP disse considerar que as propagandas foram feitas de acordo com a legislação, mas se houver manifestação judicial, ela será respeitada.’


 


José Ernesto Credendio


Kassab dobra gastos com publicidade


‘O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), pré-candidato à reeleição, dobrou os gastos com publicidade entre 2006 e o ano passado, com despesas empenhadas (gastos autorizados) de R$ 66,9 milhões, valor 117% superior ao do período anterior. Foi o maior salto entre todas as secretarias de Kassab, que ontem divulgou o balanço provisório de 2007.


Em verbas liquidadas (pagamentos já liberados), o valor chega a R$ 58,5 milhões, quase o mesmo aumento percentual (121%), em relação a 2006.


Kassab era vice de José Serra (PSDB) e agora, com apoio do governador, pretende disputar as eleições de outubro.


A estratégia de divulgar cada vez mais as realizações da prefeitura, além da presença constante de Kassab na propaganda eleitoral gratuita do DEM na TV, ocorreu em um momento em que ele precisava se mostrar viável para confrontar o ex-governador tucano Geraldo Alckmin na candidatura do bloco PSDB-DEM.


Na última pesquisa Datafolha, no fim de novembro, Kassab tinha de 13% a 22% das intenções de voto. Alckmin estava em primeiro lugar -com 26% a 30% das intenções, dependendo do cenário-, em empate técnico com a mais provável candidata do PT, a ministra do Turismo e ex-prefeita de São Paulo, Marta Suplicy.


A despesa com propaganda subiu em razão da suplementação de verbas no Orçamento do município.


Neste ano, Kassab reservou R$ 36,5 milhões para publicidade. Em 2007, a previsão era de R$ 35,5 milhões, mas foram empenhados R$ 66,9 milhões.


No início do mandato, em 2005, Serra contingenciou as despesas da administração e aplicou na publicidade cerca de um terço do valor de 2007.


O salto com a divulgação de programas e obras da prefeitura coincide com o primeiro contrato de agências de publicidade firmado pela gestão PSDB-DEM. No início do ano passado, assumiram o serviço duas agências ligadas ao PSDB, a Nova S/B e a Lua Branca.


‘Muitas realizações’


O secretário-executivo de Comunicação, Marcus Vinicius Sinval, disse que o salto se deu em razão da divulgação de projetos e ações públicas.


‘O incremento foi necessário devido ao aumento de temas a serem divulgados à população. Quando mais realizações, maior a necessidade de informá-las’, disse Sinval.


Segundo ele, a alta nos gastos ‘foi possível por conta do aumento da arrecadação da prefeitura, que implantou programas como o da Nota Fiscal Eletrônica e o PPI (Programa de Parcelamento Incentivado), otimizando a capacidade de arrecadação sem a criação de impostos e taxas. Ao contrário, foi extinta a taxa do lixo e dispensada a taxa de iluminação de ruas sem iluminação. Parte desse êxito deve-se à capacidade de informar benefícios e oportunidades ao cidadão’.


Os números são do NovoSEO, sistema de acompanhamento da execução orçamentária da própria prefeitura. Foram tabulados pelo gabinete do vereador Paulo Fiorillo (PT), da Comissão de Finanças e Orçamento da Câmara, uma vez que a prefeitura não dá acesso público na internet aos dados.’


 


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


É a economia, de novo


‘No capítulo de ontem, por TVs e sites americanos, europeus, brasileiros, saíram os quase figurantes John Edwards e Rudolph Giuliani, após nova derrota.


Ao fundo, como na análise ‘Retorna ‘é a economia, estúpido’, do ‘Financial Times’, traduzida no UOL, vai se estabelecendo que a crise deve definir a eleição. O texto, ironizando o republicano John McCain por admitir que ‘economia não é algo que eu entenda tão bem quanto deveria’, arrisca que a desaceleração vai eleger um democrata. Outro texto, de um professor de Berkeley, diz que a classe média ‘não dá mais conta’, já exauriu os meios com que contornava os problemas econômicos no país, e olha ‘ansiosa’ aos candidatos.


AMÉRICA E OS LATINOS


Da BBC ao ‘El País’, ecoa pesquisa Zogby que mostrou que ‘apenas 7% dos americanos acreditam que a América Latina é uma região importante para seu país’, muito atrás de Oriente Médio (43%), Ásia (20%) e Europa (12%). No pouco que pensa sobre América Latina, ‘a maioria vê a região muito negativamente, pela lente da imigração’.


SÓ LULA QUER BUSH


Os republicanos querem distância de George W. Bush, mas Lula ligou para propor encontro, como noticiaram do Brasil ao ‘Washington Post’. E ontem, nas agências, a Casa Branca anunciou que ‘está estudando’ a idéia para reanimar a Rodada Doha.


Paralelamente, a cobertura estatal do Irã deu ontem que o país negocia com a Petrobras a exploração no mar Cáspio.


MAIS SUBMARINOS


O francês ‘Le Figaro’ deu afinal, no meio de texto sobre Hugo Chávez, que o governo brasileiro ‘negocia compra de tecnologia militar’ em Paris.


Já a agência americana UPI deu com destaque ontem que a Lockheed Martin conseguiu contrato, ‘sob administração da Marinha dos EUA’, para o ‘aprimoramento’ de quatro submarinos classe Tupi que integram a Marinha do Brasil.


‘JOGO DURO’


O título acima foi a manchete de Fátima Bernardes, num eufemismo do ‘JN’ ao noticiar o protecionismo europeu que suspendeu as importações de carne do Brasil. Ou ameaçou, como indicam europeus citados por France Presse e Dow Jones ontem, ao confirmar a notícia.


Antes, foi manchete de papel no ‘Valor’, com distribuição equilibrada da responsabilidade, ‘Divergências paralisam exportação de carne à Europa’. Esta queria liberar 300 fazendas, o Ministério da Agricultura apresentou 2.681.


IMPERIALISTAS!


Em uníssono, da associação dos exportadores de carne ao Ministério da Agricultura, os fazendeiros saíram pelos sites e telejornais questionando o ‘protecionismo’. Alguns até falaram em ‘colonialismo’.


Pela Efe, um comissário europeu afirmou esperar a volta às compras ‘em breve’.


ALTERNATIVAS


À BBC Brasil, fazendeiros disseram que agora querem usar ‘criatividade’ e buscar novos mercados. Outros, à Folha Online, disseram que o foco será o mercado interno.


A notícia, por outro lado, repercutiu ontem por sites como o Terra da Argentina, que também exporta carne.


O ENVIADO


Pelos sites, Lula recebeu José Ramos-Horta e, entre projetos como uma ‘escola de futebol’, o Timor Leste criou a medalha ‘Sérgio Vieira de Mello’.


O brasileiro, que chefiou a transição no Timor Leste para a ONU, vem de receber longo e entusiasmado perfil na ‘New Yorker’, três semanas atrás (ilustração à dir.). A ONU tinha esperança de que, com sua experiência, ‘pudesse mostrar aos americanos o que fazer e não fazer’ no Iraque, disse a revista, mas ele foi morto.’


 


TECNOLOGIA
Folha de S. Paulo


Falha em cabo submarino deixa milhões sem internet


‘Uma falha em um cabo no mar Mediterrâneo perturbou ontem o uso da internet no Oriente Médio e parte da Ásia. Os países mais afetados foram Egito e Índia, onde 60% do serviço foi prejudicado. Segundo autoridades egípcias, o problema foi a ruptura de um cabo que liga Alexandria, no Egito, a Palermo, no sul da Itália. Técnicos estão tentando reorientar o serviço em conexões por satélite. Não há previsão de volta ao normal.


No aeroporto do Cairo, vendas de passagens foram suspensas. Em Dubai, maiorpraça financeira do Oriente Médio, o principal provedor ficou fora do ar.


Com agências internacionais’


 


TELEVISÃO
Daniel Castro


Governo quer ampliar horário livre na TV


‘O governo federal prepara um novo pacote de regras de classificação indicativa. Quer criar mecanismos que obriguem as TVs a exibir programação com finalidades educativa, cultural, artística e informativa, como prevê a Constituição e determina o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).


Segundo José Eduardo Romão, diretor de classificação, há duas tendências: 1) a criação de uma nova faixa indicativa, a do horário recomendado para crianças e adolescentes e 2) a redefinição e ampliação do horário livre, hoje das 8h às 20h.


A mudança será significativa. Os programas, hoje classificados apenas pelas inadequações, passarão a ter de considerar as finalidades constitucionais. Hoje, um programa pode ser livre sem atender a nenhuma finalidade. E pode não ser livre e atender a várias finalidades. Com as novas regras, terá de ser livre e cumprir uma ou mais finalidades.


Romão pretende discutir as mudanças até julho. Se a opção for pelo horário recomendado, ele defende que essa faixa compreenda a que vai das 18h às 22h, a de maior audiência infanto-juvenil. Isso quer dizer que a novela das oito terá que ser livre e educativa _hoje é imprópria para menores de 14 anos. Ou seja, vem aí uma nova ‘guerra’ do Ministério da Justiça com as redes, principalmente a Globo.


A introdução das finalidades na classificação indicativa atende a ‘provocação’ da procuradora da República Eugênia Fávero. O governo deve assinar termo com o Ministério Público Federal se comprometendo com as mudanças.


TRÊS É MELHOR A Globo fará pelo menos mais dois ‘paredões’ de ‘Big Brother Brasil’ com três participantes. Amanhã, durante exibição ao vivo, o telefone da casa tocará. Quem atender receberá a mensagem de que está no próximo paredão. Mesmo que ele seja o líder da semana, que sempre teve ‘imunidade’.


CARTÃO AMARELO Já a líder desta semana, Thalita, foi advertida pela direção de ‘BBB’ por tentar se comunicar com outros parcipantes por mímica, o que é proibido. O talento da filha da atriz Nádia Lippi em dramatizar situações e se passar por vítima já chama a atenção da Globo.


EM ALTA A novela ‘Duas Caras’ registrou anteontem média de 49 pontos, seu recorde até agora.


ORIGINALIDADE O ‘novo’ programa de Xuxa na Globo, no ar aos sábados, a partir de abril, e voltado para toda a família, se chamará ‘TV Xuxa’ _mesmo nome do infantil extinto em dezembro.


REFORÇO A Globo está exibindo chamadas em São Paulo mostrando as vantagens da programação de alta definição, que ela exibe com o selo ‘HDTV’. Assim, tenta contribuir para o ‘sucesso’ da TV digital, que ainda não decolou.


PRATELEIRA Entre os lançamentos em DVD da Globo neste ano, estão previstos os recentes ‘Antônia’ e ‘O Sistema’ e os antigos ‘A Escolinha do Professor Raimundo’, ‘Chiquinha Gonzaga’, ‘A, E, I, O, Urca’ e ‘Anarquistas Graças a Deus’.’


 


Marco Aurélio Canônico


Atentado a Reagan vira ‘docudrama’


‘Entre as más decisões que tomou em sua vida (e não devem ter sido poucas, vide o caso Irã-Contras), é provável que aquela de que Ronald Reagan (1911-2004) mais se arrependeu tenha sido a de não usar um colete à prova de balas (como fazem os presidentes dos EUA em aparições públicas) naquela breve caminhada em Washington, em 30 de março de 1981. Com meros 69 dias como presidente do país, o republicano foi alvejado por John Hinckley, Jr, um jovem de 25 anos com um histórico de problemas mentais e uma obsessão pela atriz Jodie Foster.


É desse episódio histórico que trata ‘O Trajeto de uma Bala’, o ‘docudrama’ (mistura de documentário com reencenação fictícia) que o Discovery exibe hoje, às 22h45. Hinckley, Jr atirou seis vezes em três segundos (até ser contido), acertando um assessor de Reagan, um policial, um agente do serviço secreto e, com a última bala, que ricocheteou na limusine presidencial, o próprio presidente.


Cercado pela imprensa como estava -tinha acabado de fazer um discurso no Hilton Hotel-, o atentado a Reagan é farto em imagens, nas quais o filme se apóia. A parte das reencenações se esforça, desnecessariamente, para acrescentar dramaticidade a um episódio já naturalmente dramático, mas não estraga o interesse do filme.


O TRAJETO DE UMA BALA


Quando: hoje, às 22h45


Onde: Discovery’


 


CINEMA
Silvana Arantes


Sexo, amor e marketing


‘Os homens casados traem as mulheres. As mulheres casadas são fiéis aos maridos, mas infelizes no casamento. As solteiras namoram e, paralelamente, têm casos com o chefe, o marido da amiga, o pai do aluno.


Em torno dessa ciranda de desejo e infidelidade, o chileno Boris Quercia fez o mais bem-sucedido filme de seu país.


A produtora brasileira Walkiria Barbosa, da Total Entertainment (‘Se Eu Fosse Você’), achou que a fórmula de Quercia funcionaria também por aqui.


Amanhã, ela lança em 140 salas o remake nacional de ‘Sexo com Amor’, que ganhou interrogação no título, a assinatura do diretor de TV Wolf Maya como cineasta e rostos célebres da Globo nos papéis principais -Malu Mader, Reynaldo Gianecchini, Carolina Dieckmann, José Wilker, Maria Clara Gueiros, Eri Johnson.


Barbosa é defensora de um cinema que não se acanhe de buscar o sucesso comercial. No vocabulário dela, o espectador é sinônimo de ‘consumidor’, e os filmes, de ‘produto’.


Testes


Por isso, a produtora não se fiou apenas na intuição de que ‘a história era boa e tem muito a ver com a nossa realidade’.


O filme foi submetido a testes de aceitação popular desde a adaptação do roteiro (por Renê Belmonte) até a montagem.


‘Nos testes de platéia, recebemos uma nota muito alta. Ela aponta que, se trabalharmos direitinho [no lançamento do filme], vamos ter sucesso’, diz.


O êxito de ‘Sexo con Amor’ (2003) no Chile é medido em números que o produtor Diego Izquierdo não se cansa de citar.


‘Tivemos 1 milhão de espectadores, quase 10% do público total no ano. É o filme chileno mais visto na história do país e ocupa o terceiro lugar geral, atrás de ‘Titanic’ e ‘Shrek 2’.


O longa foi produzido com US$ 400 mil (R$ 710,8 mil), sem subsídios nem incentivos governamentais. ‘Usamos, por definição, capital de risco, aquele que aposta numa loucura que talvez dê certo. Nossos investidores receberam seu dinheiro de volta e duas vezes mais’, afirma Izquierdo.


A rentabilidade chamou a atenção da Venezuela, que se ofereceu para investir no filme seguinte de Quercia, ‘El Rey de los Huevones’ (o rei dos idiotas, 2006), que custou US$ 800 mil (R$ 1,4 milhão).


Aqui, ‘Sexo com Amor?’ custou R$ 5,5 milhões e teve o benefício das leis de incentivo.


Para Quercia, um ator teatral que estreou na direção de longas com esse filme, seu sucesso tem a ver com o fato de a trama expor ‘como realmente se vive, e não como se diz que se vive’.


O roteiro é também dele, que ainda interpreta o açougueiro, transformado num taxista (Eri Johnson) na versão brasileira.


Segundo o chileno, seu filme foi escrito ‘de um ponto de vista masculino’ e descreve comportamentos que ele teve, ‘em diferentes fases da vida’.


A saber: ‘o do homem que quer comer todas as mulheres, o do que tenta ser fiel e o do que se apaixona pela amante’.


O remake de Wolf Maya suavizou as cenas de sexo e praticamente eliminou as de nudez, freqüentes no original, sobretudo com a personagem da professora amante do pai do aluno -Sigrid Alegría, substituída por uma comportadíssima Carolina Dieckmann.


Barbosa diz que a decisão de tornar o filme menos picante está relacionada ao objetivo de ‘não obter uma classificação indicativa muito alta’.


O Ministério da Justiça restringiu-o apenas a menores de 14 anos, acatando a meta dos produtores. No Chile, ‘Sexo con Amor’ também foi liberado para maiores de 14.


A produtora do filme no Brasil diz que houve ainda outra razão para tornar ‘Sexo com Amor?’ mais assexuado. ‘A idéia do Wolf é que a questão central era a discussão dos motivos das relações. Ele achava que as cenas de sexo eram complementares à coisa maior, que era o cotidiano daquelas relações conturbadas.’’


 


Cássio Starling Carlos


Maya estréia com comédia péssima, que não faz rir


‘Poucas coisas irritam mais quem paga caro para ir ao cinema do que ver filmes ruins. Entre elas, estão as comédias que não fazem rir. Quando os dois defeitos vêm juntos o efeito é pura raiva.


‘Sexo com Amor?’ consegue tal proeza.


A estréia na direção de cinema de Wolf Maya, veterano homem de TV, não consegue manter interesse nem com a presença do elenco bastante conhecido de atores de novela.


Sua intenção foi fazer uma farsa na linha ‘o feitiço que vira contra o feiticeiro’. Para isso, o filme reúne três casais de idades e diferentes lugares sociais e tenta retratar, de modo irônico, a velha ladainha de que o casamento é a forma mais eficaz de destruir o tesão.


A interrogação do título é uma sugestão de que sexo e amor raramente andam de mãos dadas.


Que seja. O que se espera então é que o filme, liberto dos limites dos pudores da TV, mostre menos romantismo e mais sacanagem. E este é outro dos grandes, senão o maior, defeito de ‘Sexo com Amor?’.


Nenhum peitinho à vista, para desespero dos marmanjos acompanhados de suas namoradas que, no mínimo, esperariam ver algo mais de Danielle Winits. Reynaldo Gianecchini já exibiu muito mais de seus dotes físicos em novelas do que no filme inteiro. O pouco, muito pouco, de tesão só aparece mesmo em cena na brejeirice estreante de Natasha Haydt, que faz a sobrinha lolita que assume a tarefa de ser isca do diabo.


Falar de sexo com pudor é um tiro n’água numa época em que basta ligar gratuitamente a TV para públicos de todas as idades verem Flávia Alessandra executar sua célebre dança da barra em ‘Duas Caras’. Será que vale a pena pagar caro para não ver nada que a ‘Playboy’ já não tenha mostrado?


SEXO COM AMOR?


Direção: Wolf Maya


Produção: Brasil, 2008


Com: José Wilker, Malu Mader, Reynaldo Gianecchini


Onde: pré-estréia hoje em São Paulo. Estréia amanhã em circuito nacional


Avaliação: péssimo’


 


MUSEU
Folha de S. Paulo


‘Boate de prostituição em Copacabana pode virar Museu da Imagem e do Som


O governador Sérgio Cabral quer transformar a boate Help, principal ponto de turismo sexual do Rio, na sede de um ampliado e moderno MIS (Museu da Imagem e do Som). A desapropriação do terreno de 1.600 m2, situado diante da praia de Copacabana, foi publicada no Diário Oficial de anteontem, mas o decreto 41.151 poderá levar tempo para se concretizar.


O Estado terá de propor uma indenização aos proprietários do terreno e negociar o valor na Justiça, assumindo o controle dois meses após o pagamento. Também funcionam na área dois restaurantes. Os donos se disseram surpresos com a notícia.


O MIS tem duas sedes no centro, mas enfrenta problemas de preservação e exposição do material. Os prédios ganhariam outras funções.


A secretária estadual da Cultura, Adriana Rattes, estima que, até o início de março, lançará o projeto do novo MIS. Ela diz que o orçamento será coberto com parcerias com a iniciativa privada.


‘Vamos potencializar o acervo do MIS, praticamente restrito a pesquisadores. Com novas tecnologias e a localização em Copacabana, podemos atrair um grande público, inclusive turistas. É um acervo muito ligado ao Rio, com samba, bossa nova, rádio e cinema’, diz Rattes.


Desde a posse de Cabral, há um ano, o museu é dirigido pela pesquisadora musical Rosa Maria Araújo, que dividiu a autoria do espetáculo ‘Sassaricando’ com Sérgio Cabral, pai do governador.


A Help surgiu em 1984, ainda como discoteca de classe média alta. No final dos anos 80, virou o maior espaço de prostituição da cidade.


Thaddeus Blanchette, antropólogo norte-americano radicado no Rio e co-autor do estudo ‘Nossa Senhora da Help: sexo, turismo e deslocamento transnacional em Copacabana’, estima em mais de mil as garotas de programa que freqüentam a boate no verão. Elas não têm vínculo com a casa e pagam para entrar (R$ 22 até a 0h e R$ 32 após), trabalhando por conta própria.


‘A tendência, com o fim da Help, é que se fortaleça o controle dos donos da noite. Pode haver uma profissionalização no mau sentido’, diz.’


 


AUTOPROMOÇÃO
Mônica Bergamo


Classificado pessoal


‘O Ministério Público Federal entrou com uma ação judicial contra o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), presidente da Força Sindical, e o conselheiro fiscal Jorge Nazareno. Acusa-os de ter usado dinheiro de um convênio com o Ministério do Trabalho para autopromoção, no ‘Jornal do Trem’ e na ‘Folha do Ônibus’, de distribuição gratuita. Quer que eles devolvam R$ 41,4 mil aos cofres públicos.


REFLEXÕES E OBRAS


Em 2001, a página de classificados de empregos, financiada com recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador, trouxe, em 16 ocasiões, fotos com ‘comentários, reflexões e obras’ dos sindicalistas. Paulinho apareceu 12 vezes e Nazareno, quatro. A ação civil pública ainda não foi apreciada pelo juiz.


INSERÇÃO QUEM?


Procurado pela coluna, Paulinho disse desconhecer a ação. Já Nazareno considera o caso ‘um equívoco’. ‘As inserções nunca tiveram objetivo de promoção. Até porque nunca fui candidato a cargo político, a não ser no sindicato. E desempregados não votam nas eleições do sindicato’, diz ele.’


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 31 de janeiro de 2008


PARANÁ
Fausto Macedo


TRF dá decisão contra Requião


‘O Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região determinou ontem que a Rádio e TV Educativa (RTVE) do Paraná acate direito de resposta coletivo veiculando a cada 60 minutos, durante todo o dia 12 de fevereiro, nota de desagravo ao desembargador Edgard Lippmann Júnior que, na semana passada, proibiu o governador Roberto Requião (PMDB) de dirigir ataques a adversários políticos e a desafetos na programação da emissora.


O TRF decretou, ainda, abertura de inquérito na Polícia Federal contra o diretor da Educativa, Marcos Antonio Batista, por suposto crime de desobediência – embora intimado judicialmente ele teria descumprido ordens do tribunal ao tirar do ar a emissora no dia 22 de janeiro. Batista não retornou ligações do Estado.


A crise entre Requião e a Justiça teve início em dezembro, quando o Ministério Público Federal ingressou com ação civil para impedir o governador de ‘fazer promoção pessoal e uso indevido’ da Educativa e de se manifestar contra instituições, entre elas a Procuradoria da República e a Justiça.


Os ataques de Requião, segundo a denúncia, ocorreram durante o Escola de Governo, programa que a TV Educativa do Paraná leva ao ar todas as terças-feiras, ao vivo.


A crise culminou com o pedido de demissão da procuradora-geral do Estado, Jozélia Nogueira Broliani, que disse ter sido destratada em público pelo governador, há 10 dias.


O pedido do Ministério Público foi acolhido pelo desembargador Lippmann, que impôs multa de R$ 50 mil a Requião ‘por agressão’ – sanção elevada a R$ 200 mil na reincidência.


Inconformado, o governador declarou que é alvo de ‘chantagens, pressões e censura’. Ele não admite a proibição e disse que pretende denunciar o caso perante organismos internacionais. Requião encontra-se em viagem oficial a Cuba.


O novo cerco da Justiça ao peemedebista foi decidido pelos desembargadores da 4ª Turma do TRF 4, em Porto Alegre e com jurisdição no Paraná. Acolhendo recurso da procuradora da República Antonia Lélia Neves, autora da ação contra Requião, a 4ª Turma ratificou por unanimidade as medidas anteriormente tomadas por Lippmann. A nota de desagravo terá que ser lida ‘sob pena de prisão em flagrante’ do diretor da emissora.’


 


CENSURA
O Estado de S. Paulo


Livro sobre imigração japonesa vira disputa judicial


‘Em ano de comemoração do centenário da imigração japonesa, a Justiça terá de decidir um pedido de censura do livro O Súdito – Banzai, Massateru!, do jornalista Jorge J. Okubaro. Segundo o site Consultor Jurídico, a família de Seijin Kakazu entrou com ação para que a obra, finalista do Prêmio Jabuti 2007, seja recolhida. Okubaro, editorialista do Estado, pretendeu homenagear o pai, Massateru Hokubaru, que chegou ao País em 1918.


Os autores do pedido alegam ofensa à honra de Kakazu. Um pedido de liminar para barrar a circulação de O Súdito foi rejeitado pela 41ª Vara Cível de São Paulo. Lançada em 2006, a biografia é resultado de ampla pesquisa. O trecho que gerou a polêmica conta a história da família Kakazu, nos anos 30, em Paraguaçu Paulista (SP).


Segundo o livro, Kakazu abandonou a primeira mulher – Usaguwaa, prima do autor -, ao suspeitar que nenhum dos três filhos era seu. Deixou os dois menores e levou o mais velho, para que cuidasse de sua alma após a morte, crença dos nascidos em Okinawa. A mulher e as crianças foram acolhidas por Massateru e Fussako, pais do jornalista. Com a morte de Usaguwaa, as crianças foram adotadas pelo casal.


Os familiares de Kakazu alegam que a honra foi ‘o bem mais precioso’ deixado por ele. Pedem indenização pela publicação do livro sem autorização e por ‘inverdades’. Alegam que nunca conversaram com o autor sobre o fato. Na versão da família, Kakazu foi traído por um cunhado e deixou as crianças com o pai. Como este não teve condições financeiras, as crianças foram entregues aos pais do jornalista.


‘A vida de seu genitor foi exposta de maneira covarde, indevida, falseada e não autorizada, com a agravante de ter sido invadida post mortem, não lhe sendo possível nem a defesa de sua honra, que tentou preservar durante a existência’, diz a advogada dos Kakazu, Ana Paula Leiko Sakauie, na ação.


‘A vida de Kakazu não está exposta no livro. Não se pode falar em covardia, citação indevida ou falseada. Seijin entra no livro apenas como marido de minha prima. Não há nenhum juízo sobre o comportamento dele. Ele desaparece da obra no momento em que sua mulher morre’, reage o autor. O seu advogado, José Rubens Machado de Campos, diz que o fato citado é conhecido pela comunidade japonesa. Ele frisa que não houve ameaça à memória de ninguém e defende a livre manifestação intelectual.’


 


CHINA
Jim Yardley


China caça dissidentes antes da Olimpíada


‘The New York Times – Quando agentes de segurança do Estado invadiram seu apartamento, em 27 de dezembro, Hu Jia batia papo no Skype, o sistema telefônico via internet. O computador de Hu era sua ferramenta mais poderosa. Ele lhe permitia distribuir informações sobre casos de violação dos direitos humanos, protestos de camponeses e outros temas politicamente sensíveis na China, embora Hu vivesse numa espécie de prisão domiciliar.


Hu, de 34 anos, e sua mulher, Zeng Jinyan, são defensores dos direitos humanos que passaram grande parte de 2006 e 2007 confinados em seu apartamento num complexo com o nome improvável de Cidade da Liberdade Bo Bo. Ela mantinha um blog em que falava da vida no complexo, enquanto ele filmava um documentário intitulado Prisioneiro na Cidade da Liberdade. A situação do casal parecia refletir uma incerteza oficial sobre como – e se – eles deveriam ser silenciados.


Isso terminou em 27 de dezembro. Hu foi levado sob acusações de subversão enquanto Zeng dava banho na filha recém-nascida, Qianci. As conexões telefônicas e de internet do apartamento foram cortadas. Mãe e filha estão agora em uma rígida prisão domiciliar. Qianci, com 2 meses, é provavelmente a prisioneira política mais jovem da China.


Defensores dos direitos humanos e dissidentes chineses apontam a prisão de Hu como o mais claro exemplo do que descrevem como uma campanha de repressão ampla a poucos meses da Olimpíada, em agosto. Nos últimos meses, vários opositores foram presos, entre eles um ex-operário que coletou 10 mil assinaturas depois de publicar uma petição online intitulada ‘Queremos Direitos Humanos, não Jogos Olímpicos’.


‘É uma campanha de limpeza coordenada’, diz Teng Biao, um jurista que conhece Hu desde 2006. ‘Todos os encrenqueiros estão sendo silenciados antes da Olimpíada.’ A menos de 200 dias da abertura dos Jogos, em 8 de agosto, Pequim está mergulhada nos preparativos. Ruas e linhas de metrô estão sendo finalizadas, assim como os novos estádios da cidade. Esperando mais de 20 mil jornalistas para o evento, o governo chinês também reforça o controle sobre a informação.


CONTEÚDOS IMORAIS


No início do mês, as autoridades anunciaram que só companhias com permissão oficial poderiam transmitir arquivos de vídeo e áudio na internet. A China também ampliou uma campanha contra ‘conteúdos imorais’ na web, o que alguns grupos denunciam como ferramenta para prender dissidentes. No ano passado, o país prendeu 51 opositores online – mais do que qualquer outro país – e bloqueou 2.500 websites, segundo a organização Repórteres sem Fronteiras.


‘A força policial mobilizada é muito maior que antes’, disse Hu à agência de notícias Associated Press em outubro. ‘Eles prendem sem os procedimentos legais necessários.’ No ano passado, Hu se envolveu no caso de Yang Chunlin, o ex-operário que organizou a petição ‘Queremos Direitos Humanos, não Jogos Olímpicos’ para ajudar agricultores que queriam reparação por terras confiscadas. Yang foi preso em 2007 e acusado de subversão.


‘Estou ajudando Yang a contratar um advogado’, afirmou Hu na época. ‘As autoridades ameaçaram sua família.’ Hu também participou, via webcam, de uma audiência parlamentar da União Européia sobre direitos humanos, em novembro. Na ocasião, disse que a China não cumpriu a promessa olímpica de melhorar a situação dos direitos humanos no país.


Rebecca MacKinnon, professora de jornalismo na Universidade de Hong Kong, assinala que qualquer país que é sede de uma Olimpíada enfrenta críticas domésticas, mas tal dissidência costuma ser discutida livremente. Os esforços das agências de segurança chinesas para reprimir os opositores, segundo ela, fazem o Partido Comunista parecer inseguro e podem afetar ainda mais a imagem que a opinião pública internacional tem do país.’


 


TELECOMUNICAÇÕES
Gerusa Marques


Governo já estuda fusão entre Vivo e TIM


‘A possibilidade de se permitir uma operação conjunta entre as empresas de telefonia celular Vivo e TIM pode ser considerada dentro de uma discussão maior em torno de uma reestruturação do setor de telefonia, admite um técnico do governo. Essa seria uma forma de atender à Telefônica, sócia da Vivo, dentro de um processo maior de mudança de regras no setor de telecomunicações no Brasil, partindo da fusão entre a Oi e a Brasil Telecom (BrT).


A medida seria uma espécie de compensação para a Telefônica, que se sentiria prejudicada com a união das outras duas grandes empresas de telefonia fixa local. A operação conjunta da Vivo e TIM foi vetada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) em outubro do ano passado, quando o órgão deu sua decisão sobre a compra da empresa italiana Telecom Italia (dona da TIM), pelo grupo espanhol Telefônica. Os reflexos no Brasil da consolidação do mercado europeu ainda estão sendo analisados pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).


Apesar de ter aprovado o negócio, a Anatel impôs 28 restrições para assegurar que as empresas dos dois grupos no Brasil – Vivo e TIM – mantenham administrações independentes. À época, a Anatel deu um prazo de seis meses para que Telefônica e Telecom Italia apresentem um novo acordo de acionistas que atenda às exigências da agência.


A discussão de outras demandas, além da fusão entre Oi e BrT, foi aberta na terça-feira pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa, que lançou a idéia de se promover essa reestruturação do setor para que todas as empresas de telefonia possam ter suas demandas atendidas e que as pendências sejam sanadas com as novas regras. ‘Esse é o momento em que, se a Telefônica tem alguma pendência, que a apresente agora’, disse, sem entrar em detalhes.


O problema maior é que Vivo e TIM têm, juntas, mais da metade dos 120 milhões de celulares em operação no País. Como as duas operadoras atuam em todo o território nacional, uma operação conjunta acabaria eliminando um competidor. Uma fusão entre Oi e BrT, diferentemente, não resultaria em sobreposição de serviços ou redes – nem na telefonia fixa, nem na celular.


A Oi opera em 16 Estados, do Rio de Janeiro ao Amazonas, e a BrT atua nas regiões Sul, Centro-Oeste e parte da região Norte. O único mercado em que há um pouco de competição é o de serviços corporativos – para empresas -, no qual Oi e BrT têm cada uma cerca de 2% de clientes na área da outra.


MUDANÇA NAS REGRAS


O governo vai esperar a publicação de um fato relevante – tornando pública a intenção da Oi de comprar a BrT – para encaminhar à Anatel uma consulta sobre a viabilidade de mudança de regras que permita a fusão entre as duas empresas. Ontem, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que a consulta será encaminhada ao órgão regulador somente depois do carnaval.


Na terça-feira, o ministro havia dito que mandaria ontem a consulta à Anatel. Mas, segundo ele, após ter se reunido com técnicos do ministério, chegou à conclusão de que precisaria de mais tempo.


Está prevista para hoje, às 17h30, uma reunião no Palácio do Planalto para discutir o assunto. Do encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, e das Comunicações, Hélio Costa, além do presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho. O BNDES é um dos controladores da Oi e está à frente das negociações para a compra da BrT.’


 


SÃO PAULO
Eduardo Reina e Rodrigo Brancatelli


Kassab gasta mais em publicidade


‘Mesmo em um ano de cintos apertados, que resultou em um superávit de quase R$ 1 bilhão no caixa de 2007, a Prefeitura de São Paulo gastou de janeiro a dezembro quase o dobro do previsto em comunicação – leia-se publicidade, campanhas e propagandas. Isso às vésperas do ano eleitoral. O orçamento inicial da Secretaria de Comunicação era de R$ 35,6 milhões, mas foram gastos R$ 67,5 milhões, um aumento de 89,6%. Se for levado em conta toda a área de comunicação da Prefeitura, como consta no relatório de execução orçamentária publicado ontem no Diário Oficial da Cidade, era previsto o gasto de R$ 46,7 milhões, mas o governo torrou R$ 77 milhões.


‘O incremento nos recursos foi necessário devido ao aumento de temas a serem comunicados à população’, diz o secretário de Comunicação, Marcus Sinval. ‘Quanto mais realizações, mais necessidade de comunicá-las. Isso só foi possível por conta do aumento da arrecadação da Prefeitura, que implantou programas como o da nota fiscal eletrônica.’


Em 2007, a Prefeitura arrecadou R$ 20,3 bilhões de impostos – Kassab inicia 2008 com R$ 4,114 bilhões em caixa. A oposição critica a decisão de manter o dinheiro aplicado, alegando que prefeito (e virtual candidato) pode agora ‘abrir o cofre’ em ano eleitoral. Na área da Saúde, por exemplo, uma das bandeiras da administração Kassab, estava previsto no orçamento um investimento de R$ 2,93 bilhões – no final das contas, foram gastos R$ 2,96 bilhões. Mas em outras áreas, como Trabalho, Habitação e Saneamento, a Prefeitura fez caixa e não gastou o previsto. No Trabalho, estava previsto no orçamento R$ 77,1 milhões, mas só foram utilizados R$ 65,4 milhões. Ponto crítico na capital, a Habitação teve R$ 36 milhões que não foram gastos. ‘A cidade economizou para viabilizar a eleição do Kassab’, diz o vereador Paulo Fiorillo (PT).’


 


QUÊNIA
Heleni Felippe


No Brasil, atletas africanos sofrem pela TV e internet


‘Os corredores quenianos que estão no Brasil não desgrudam da TV a cabo e da internet, sempre em busca do noticiário internacional, preocupados com familiares e amigos que enfrentam a violência que se abateu sobre o Quênia. E também com o futuro do atletismo no país, que é o maior fornecedor de corredores de fundo para o mundo. Gladys Jepkemoi Chemwendk, de 19 anos, foi sexta colocada na São Silvestre. Chegou ao Brasil em dezembro para correr pela equipe Movoeste e está vivendo em Tarabai, no Pontal do Paranapanema (SP). É da etnia kalenjin e treinava em Eldoret. Disse ontem, por telefone, ao Estado, que está apreensiva por sua própria vida e a de outros corredores do Quênia.


‘Estou preocupada, porque sei que o Quênia não tem paz agora. Minha família está segura, em Kapsawar, cidade pequena aonde não chegou a briga de etnias. Mas há guerra no caminho até lá e eu não saberia como chegar’, afirmou Gladys, que tem visto de permanência no Brasil até 21 de março. ‘Eu me sentiria mais segura se pudesse ficar. Sei que voltar tem risco. Minha vida pode acabar, porque o país não tem paz.’


Gladys correu mais três provas além da São Silvestre. As corridas de rua do Brasil estão atraindo quenianos. A existência de provas todos os fins de semana, a disputa da São Silvestre e a concorrência entre agentes provocaram o interesse dos quenianos e o crescimento da presença deles no Brasil. Eles têm chances boas de vencer provas aqui e levar a premiação.


Além do Pontal do Paranapanema, o Brasil tem outras duas bases que recebem fundistas quenianos. Em Nova Santa Bárbara, no Paraná, o projeto do técnico Moacir Marconi, o Coquinho, o mais antigo, atualmente tem Amos Maindi, Gatheru Daniel Ndiritu (6º colocado na última São Silvestre), Pauline Chetchumba e Eunice Jetoo. Coquinho traz grupos, em revezamento (cada um fica cerca de três meses) para disputar corridas de rua. ‘Eles ligam para a família quase todos os dias, não desgrudam da CNN e da internet. Estão tristes, é até difícil manter o foco nas corridas.’


O outro grupo fica em Campos do Jordão, com Jorge Luiz da Silva e o ex-maratonista Luiz Antônio dos Santos. A equipe, porém, foi de férias para o Quênia e não consegue voltar por falta de segurança no aeroporto de Nairóbi. Estavam em Campos, James Rotich, Chemwolo Kiprono Mutai, Mutai Kipkemei e Chematai Rionotukei. ‘Eles voltariam para disputar a Meia-Maratona de São Paulo, no dia 9 de março, mas precisam de segurança em Nairóbi’, conta Jorge, que tem mantido contato com os atletas por e-mail. O técnico brasileiro está estranhando o silêncio da Federação de Atletismo do Quênia. ‘Até há duas semanas, eles estavam respondendo minhas mensagens, mas agora não estou mais conseguindo contato. Eles estavam mantendo alguns centros de treinamentos abertos, mas agora já não sei mais.’


Jorge sabe, por meio dos atletas que estão no Quênia, que muitos dos corredores de fundo da elite do país estão optando por treinar na Europa. ‘Isso vai ter um reflexo mais sério daqui a alguns anos, porque certamente vai prejudicar a preparação de atletas no Quênia.’’


 


TELEVISÃO
Patrícia Villalba


Carmen, a difícil


‘Desandou, e é quase certeza que de vez, o projeto da minissérie da TV Globo que contaria a vida de Carmen Miranda no ano que vem, quando se completa o centenário de nascimento da atriz e cantora. ‘As negociações com os herdeiros de Carmen se tornaram muito difíceis, porque eles não aprovam que várias passagens da vida dela sejam retratadas na TV’, explicou o autor Silvio de Abreu, encarregado de adaptar em 40 capítulos o livro Carmen – Uma Biografia, escrita por Ruy Castro em 2005. ‘Entendo que eles (os herdeiros) queiram preservar a imagem do mito em que Carmen se tornou. Mas assim não dá para escrever uma minissérie de 40 capítulos, né? Uma pena.’


Silvio é o segundo nome à frente do texto da minissérie, já que a autora Maria Adelaide Amaral chegou a ser sondada para a empreitada. É um projeto de carga afetiva muito forte para o diretor Carlos Manga. Ele contou ao Estado no ano passado que a própria Carmen, de quem foi grande amigo, lhe confiou a tarefa de retratar sua vida. ‘Ela me disse: ‘Manga, quando quiserem contar a minha vida, que seja você o diretor’, lembrou.’


 


O Estado de S. Paulo


Documentário mostra um outro Buñuel


‘Um novo documentário, que será mostrado no próximo Festival de Cinema de Berlim, vai apresentar aspectos pouco conhecidos da vida do cineasta espanhol Luis Buñuel, que viveu grande parte de sua vida exilado no México. De El Último Guión: Buñuel en la Memoria, feito 25 anos depois da morte do diretor, participam, entre outros, seu filho Juan Luis Buñuel, o roteirista francês Jean-Claude Carriere e os diretores Javier Espada e Gaizka Urresti. O documentário, produzido pela Cinefusión por meio da Universidade de Guadalajara, terá 40 minutos e será exibido no próximo dia 13 na Berlinale, onde ocorrerá uma homenagem a Buñuel.’


 


LITERATURA
Tony Allen-Mills


Mistérios do novo livro do polêmico Dan Brown


‘Ele escreveu O Código Da Vinci, que se tornou um dos maiores best-sellers da história. Como bis, Dan Brown está oferecendo um novo mistério literário, mas não o que seus fãs esperavam – que raios aconteceu com seu próximo livro? Quase cinco anos se passaram desde que o relato épico de Brown sobre segredos e artimanhas no Vaticano alcançou o topo da lista de best-sellers em todo o mundo, rendendo a seu autor estimados 125 milhões de libras (U$ 248 milhões).


Conversas sobre uma continuação começaram a surgir em 2004, quando a editora americana de Brown insinuou que um novo livro apareceria no ano seguinte. Desde então, Brown tem revelado que está trabalhando numa história sobre a influência da maçonaria em Washington D.C. em meados do século 19.


Robert Langdon, o aventureiro-erudito que foi interpretado por Tom Hanks no filme O Código da Vinci de 2006 deve retornar no novo romance que recebeu o título provisório de The Solomon Key (A Chave de Salomão). ‘Pela primeira vez, Langdon se verá envolvido num mistério em solo americano’, escreveu Brown em seu site no ano passado. Desde então, o silêncio foi quase total da parte de Brown, seu agente e seus editores sobre quando o livro poderia sair. ‘Ele ainda não está programado’, confirmou Alison Barrow da Transworld, a editora britânica de Brown. A editora americana de Brown, Doubleday, provocou uma nova onda de especulações na semana passada ao sugerir que Brown tinha ‘uma data de lançamento muito precisa’ em mente.


‘Quando o livro for publicado, os leitores saberão o porquê’, declarou Stephen Rubin, da Doubleday, ao The Wall Street Journal. A espera está sendo longa e frustrante para um livro que muitos editores dos dois lados do Atlântico esperam que preencha o vazio deixado por J.K. Rowling e o fim da série Harry Potter. Brown foi o escritor mais bem-sucedido na Grã-Bretanha em 2006, onde as receitas do Código e de três livros anteriores renderam 11,5 milhões de libras (U$ 23 milhões), segundo a Nielsen BookScan. Contudo, o inevitável desaquecimento das vendas de um livro com pelo menos 80 milhões de exemplares impressos reduziu a receita britânica de Brown no ano passado a 1,3 milhão de libras (U$ 2,5 milhões).


A falta de um sucessor para o que os editores chamaram de Da Vinci Lode (‘Veio Da Vinci’) provocou especulações de que Brown estaria sofrendo de bloqueio criativo ou teria encontrado problemas em sua pesquisa da maçonaria. ‘Há exemplos famosos de autores que tiveram problemas com a continuação de um sucesso’, observou John Sutherland, professor de literatura inglesa moderna no University College London e crítico do Sunday Times. Sutherland citou Margaret Mitchell, que não publicou mais nada após escrever …E o Vento Levou, e J.D. Salinger, que após O Apanhador no Campo de Centeio produziu alguns contos e mais nada após 1965. Thomas Harris, autor dos romances policiais sobre Hannibal Lecter, precisou de 11 anos para produzir uma continuação para O Silêncio dos Inocentes.


Tem havido visões esporádicas de Brown realizando pesquisa sobre maçonaria e especulações na web de que ele está planejando fazer com os maçons o que O Código Da Vinci fez com a Opus Dei, a seita secreta do Vaticano. Akram Elias, grão-mestre da loja maçônica de Washington, disse em 2007 que Brown teve um contato com eles. ‘Depois sumiu. Estamos esperando pelo seu livro, mas ninguém sabe o que ele vai dizer.’ Na semana passada, Barrow insistiu em dizer que ‘não era incomum’ um autor ser lento no lançamento de um livro. Ela observou que Brown tivera muitas distrações, incluindo o caso judicial de plágio que ele venceu na Grã-Bretanha em 2006. Ela também esteve envolvido no filme do Código e numa versão cinematográfica a sair de Angels and Demons (Anjos e Demônios), um livro anterior.


‘No que nos diz respeito, ele está trabalhando numa continuação e ela será publicada e nós a publicaremos’, disse Barrow. ‘Nunca há uma cláusula da editora estipulando que o romancista tem de entregar num certo tempo.’ Circulam especulações de que a data-chave para o novo livro de Brown possa ser 4 de julho. Além de ser o feriado do dia da independência nacional dos EUA, foi em 4 de julho de 1848 que um grupo de maçons – entre eles o presidente George Washington – lançou a pedra fundamental do Monumento de Washington, o obelisco de 166,5 metros de altura que se ergue diante do edifício do Lincoln Memorial, do outro lado da rua da Casa Branca.


Brown disse numa petição legal em sua defesa da acusação de plágio que considerava escrever ‘muito parecido com tocar um instrumento musical; requer prática constante e aperfeiçoamento da habilidade’. Pessoas do meio editorial conjecturaram na semana passada que ele pode estar obcecado para evitar os erros factuais que foram descobertos em O Código Da Vinci, ou que pode ter ficado embrenhado num esforço inútil para evitar uma crítica generalizada de que ele não é um escritor muito bom. ‘Ou talvez o Vaticano possa ter enviado um esquadrão da morte’, observou Sutherland. TRADUÇÃO DE CELSO MAURO PACIORNIK’


 


 


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