Uma primeira análise do material das três revistas semanais nacionais (Veja, IstoÉ e Época) sobre o escândalo da hora – a denúncia de que o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) teria utilizado os serviços de um lobista da Mendes Júnior para pagar a pensão de sua filha com a jornalista Mônica Veloso, em uma relação extraconjugal – mostra que o novo round da batalha foi bastante favorável ao presidente do Senado.
A revista Veja, que fez a denúncia original, apresentou uma matéria que acrescenta muito pouco ao que já se sabe e procura ‘provar’ que a relação entre Calheiros e o lobista Cláudio Gontijo é mais estreita do que o senador admite. O problema é que a matéria de Veja nada prova e consegue mesmo enfraquecer a denúncia original, porque o mínimo que se esperava da nova matéria era que conseguisse esclarecer se Renan de fato utilizou recursos da Mendes Júnior para pagar a pensão de sua filha. Isto, Veja não conseguiu provar.
‘Pato manco’
Nas duas outras revistas – Época e IstoÉ –, o leitor tem à disposição, por assim dizer, a versão de Renan. A primeira traz os documentos entregues ao corregedor Romeu Tuma (DEM-SP) , convenientemente ‘vazados’ para a revista. Por meio deles, Renan procura mostrar que tinha recursos para fazer os pagamentos regulares para Mônica Veloso. Na IstoÉ está a matéria mais favorável ao presidente do Senado, na qual aparece a sugestão, baseada em gravações de conversas entre Mônica e Renan, de que a jornalista estava chantageando o senador. Nos bastidores de Brasília, muita gente especula sobre o valor pedido por ela pelo ‘dossiê’ de gravações, fotos e outros documentos.
Tudo somado, a semana começa para Renan Calheiros bem melhor do que a anterior, quando ele foi ao Senado apresenar a sua defesa. Se nenhum fato novo surgir, Renan certamente preservará seu mandato e continuará na presidência do Senado. Politicamente enfraquecido, é bem verdade. Mas não será o primeiro nem o último ‘pato manco’ a concluir o mandato para o qual foi democraticamente eleito.
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