Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Como é doce a nossa mídia

Acabo de conversar com uma colega jornalista que estava na lista dos 178, segundo o RH da Editora Três, que foram demitidos no dia 11 de maio pela empresa do senhor Domingo Alzugaray.

Pois é, leitor, uma limpa total. Mas, mais do que isso, uma sacanagem sem tamanho. Todas receberam apenas o saldo de salário. Nem um centavo a mais.

Desde 1996 a editora não vinha depositando o FGTS dos jornalistas. Entre os demitidos há gente com 25 anos de casa e que deveria ter uns 100 mil reais na conta do FGTS. Para um deles, a empresa fez uma proposta de pegar ou largar: um acordo por 30 mil reais.

Querem mais: o respeito pelos seus ex-profissionais foi tamanho, que a editora os demitiu no dia 11 de maio e no dia seguinte entrou com pedido de concordata. Ou seja, as demissões viraram passivo.

É de uma ética inabalável essa nossa doce mídia. Essa atitude da Editora Três não é algo inédito. Isso já aconteceu em diversos outros grupos de comunicação.

O impressionante é como isso repercute. O leitor tem lido editoriais lascando a lenha no comportamento do senhor Alzugaray, por exemplo? Ou viu algum desses coleguinhas super-hiper-éticos pedindo uma CPI da mídia para ver por que algo como isso ainda acontece?

Imagina, eles preferem atacar Chávez e fazer de conta que no Brasil vive-se num paraíso midiático. Pois é, a coisa é tão boa que nem as relações trabalhistas são respeitadas, imaginem o resto. [30/5/2007]

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Editor da revista Fórum