‘O Brasil precisa de instituições que não se abalem com manchetes de jornais’, disse o presidente Lula ao reconduzir Antonio Fernando de Souza ao cargo de procurador-geral da República, na quinta-feira (28/6).
Não se sabe se o presidente considera nossa imprensa muito forte ou nossas instituições demasiadamente frágeis. Ou os dois. Mas a decadente República francesa conseguiu resistir em 1898, há mais de um século, à mais famosa manchete de todos os tempos – o célebre ‘J’Accuse’, do escritor Emile Zola, denunciando a tremenda injustiça contra o capitão Dreyfus.
O Senado da República deteriora-se não por causa das denúncias de Mônica Veloso, a ‘musa dos escândalos’, ou por causa da reportagem investigativa do Jornal Nacional revelando os estranhos negócios pecuários do senador Renan Calheiros.
A imprensa apenas relata as manobras do governo e do seu principal aliado, o PMDB, para manter Renan Calheiros na presidência do Senado.
A mais alta instituição legislativa do país não precisa de qualquer crítica, desmoraliza-se sozinha. Imola-se sem carrascos. Por livre e espontânea vontade.
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A cebola de Renan, Roriz, Leomar…
A metáfora da cebola cabe para a situação atual do Senado: após cada camada de encrencados, como Renan Calheiros e Joaquim Roriz, surge nova camada. Agora, constata-se que o novo presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha, é investigado no Supremo Tribunal Federal sob a acusação de receber propinas em troca de emendas ao Orçamento da União. (Mauro Malin)