O noticiário internacional dos próximos dias deve girar em torno de dois episódios, ambos ocorridos no mundo islâmico e nenhum deles estava na primeira página dos nossos jornais de domingo (8/7).
No sábado, um caminhão-bomba explodiu no norte do Iraque, matou 150 pessoas e feriu outras 250, a maioria xiita. O New York Times avalia que foi a ação terrorista mais sangrenta desde a invasão do país em 2003.
O assunto mereceu uma notinha nas páginas internacionais da Folha de S.Paulo, ganhou algum destaque nas páginas internas do Estadão e do Globo, mas não conseguiu derrubar o mito de que no domingo o leitor brasileiro quer capas de jornais leves para não se chatear.
Na terça-feira passada (3/7) um clérigo radical invadiu a Mesquita Vermelha em Islamabad, Paquistão, onde mantém centenas de reféns e agora ameaça resistir até o fim com seus mil militantes. Prevê-se um banho de sangue, já que os rebeldes não aceitaram o ultimato do presidente Musharraf. Neste caso, a desatenção da nossa imprensa é ainda maior: Estadão e Globo deram pequenas notícias e a Folha nem isso. [Na segunda-feira (9/7), as editorias de Internacional dos jornais paulistas finalmente acordaram.]
Nenhum dos dois fatos afeta o Brasil diretamente, é verdade, mas o agravamento da situação no Oriente mexe com o mundo inteiro. Supõe-se que quem lê jornal quer saber das coisas, a não ser que o país inteiro já tenha aderido à fórmula do ‘relaxe e goze’. Neste caso, melhor assistir às telenovelas.