Polícia Militar do Distrito Federal é julgada por especulações, antes do resultado do inquérito policial, pela mídia e autoridades devido à ação do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) no descontrole de foliões que faziam parte do bloco de carnaval ‘Galinho da Madrugada’, nas quadras 203/204 sul, em Brasília.
Os jornais extrapolaram suas funções de servir a sociedade e assumiram, de maneira extravasada, um papel ativo na defesa dos participantes do bloco, que é composto por parte de jornalistas. A cobertura desse episódio pela imprensa do Distrito Federal se reflete na desvirtualização de sua finalidade. O papel de ser guardião da ética pública serve para alertar a sociedade, e não impor opinião.
O enfrentamento entre homens da unidade da PM especializada em crises e rebeliões e alguns carnavalescos estourou por volta das 20h de segunda-feira, pouco depois que o bloco seguiu para o Gran Folia, na Esplanada dos Ministérios.
‘Osso duro de roer’
A polícia usou spray de pimenta, bombas de efeito moral e deu tiros de bala de borracha para dispersar foliões que permaneciam na rua e agrediam os policiais com garrafas, pedras e chutes.
Assim que a bagunça estava em ordem, o coronel Nelson Souza, coordenador-geral da ‘Operação Carnaval’, o tenente Cláudio Santos, responsável pelo grupo do Bope que agiu nas quadras, e o tenente da PM André Cirolini foram convocados pela deputada Érika Kokay (PT) para prestar esclarecimentos. Os três trabalharam na ação de desobstrução da área comercial que serve de concentração para o bloco e foram afastados sumariamente pelo governador em exercício, Alírio Neto. Além dos policiais, a deputada quer ouvir também o administrador de Brasília, Ricardo Pires, que teria telefonado para a polícia pedindo ajuda para acabar com a concentração de foliões na quadra.
Após retornar de Washington (EUA), onde estava durante o carnaval, o governador José Roberto Arruda diz que o BOPE só pode ser chamado em caso de absoluta desordem pública, o que não era o caso. ‘O policial deve estar preparado para lidar com esse tipo de situação’, diz Arruda.
O governador insiste em descobrir o responsável por chamar o BOPE. Talvez, antes do filme Tropa de Elite, ‘osso duro de roer, pega um pega geral e também vai pegar você’, ele insistiria em descobrir se atos foram cometidos indevidamente.
Preconceitos e julgamento racional
O Conselho Comunitário da Asa Sul afirma que o PM deve estar preparado para garantir a ordem pública. ‘É inconcebível que policiais cidadãos e pais de família, como muitos de nós, devam apanhar calados; tenham os veículos oficiais danificados; sejam afrontados e ameaçados com pedradas e garrafadas por foliões alcoolizados e drogados, e sejam esbofeteados, comenta Heliete Bastos, presidente do Conselho Comunitário da Asa Sul.
‘Com prudência e responsabilidade, através das técnicas de negociação aplicadas na corporação, o oficial responsável fez várias tentativas frustradas de negociação com os organizadores do evento. Mesmo assim, foi cercado e agredido por foliões. Ao chegar ao local, a tropa especializada também foi recebida com garrafas de cervejas, paus e pedras, não possibilitando outro recurso que não fosse a utilização de meios não letais para contenção da desordem’, comenta major Lima Filho Presidente da Associação dos Oficiais da PMDF.
Até o momento, apenas o secretário de Segurança Pública, general Cândido Vargas de Freire, age com neutralidade. ‘Não farei nenhum pré-julgamento. O que fará isso é o inquérito policial militar’, revela o secretário.
Não houve apuração dos fatos. Jornalistas ouviram foliões raivosos e formaram suas próprias conclusões.
Poucas vezes vi tamanha pretensão da mídia em definir que a PM agiu excessivamente. A mídia reproduz preconceitos e ainda ignora a capacidade do leitor de fazer seu próprio julgamento racional sobre a ação da PM e dos foliões.
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Estudante de Jornalismo, 7º semestre, Brasília, DF