Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Uma questão de relacionamento

‘Redes são sistemas organizacionais capazes de reunir indivíduos e instituições, de forma democrática e participativa, em torno de objetivos e/ou temáticas comuns.’ As redes, porém, se sustentam pela vontade de participar e pela afinidade de seus integrantes, tanto para as relações pessoais quanto para a estruturação social.

As entidades do terceiro setor têm trabalhado, criado e mantido diversas redes, de diversos formatos, que surgem fomentando a troca de idéias, de experiências e a possibilidade de implementação de ações conjuntas. Conforme Amaral (2002), ‘a arquitetura das relações em redes e sua emergência na sociedade contemporânea configuram o fazer das vanguardas atuais, no campo da economia, da pesquisa e do conhecimento, dos movimentos sociais e da política’.

Mas não somente entidades têm atuado em rede: diversas pessoas na Internet participam das chamadas ‘redes de relacionamento’ ou ‘comunidades virtuais’. Essas redes se sustentam, também, tão somente pela vontade de seus e de suas integrantes.

Cabe enfatizar que as relações on-line estão baseadas muito mais em interesses compartilhados do que em características sociais. Esses relacionamentos são diferenciados: alguns constroem vínculos mais fortes; outros, relações mais superficiais.

As redes de relações pessoais não são nenhuma novidade, pois o formato de rede é extremamente atrativo para relacionamentos, pois tudo se torna descentralizado, transparente e autônomo, ao mesmo tempo em que é otimizado em conjunto. Segundo Amaral (2002), ‘participar verdadeiramente de uma rede implica aceitar o desafio de rever as formas autoritárias de comportamento, às quais estamos acostumados e que reproduzimos (como dominadores e como subordinados) apesar dos discursos e intenções democratizantes. Numa rede tem poder quem tem iniciativa. Assim, a localização do poder muda constantemente e não se concentra num só lugar’.

Interação social

A rede funciona muito bem na manutenção das relações e na intermediação de laços entre pessoas que não podem se ver pessoalmente com freqüência. Pressupõe-se na criação de uma rede de relacionamento a observância de ‘regras’ de reciprocidade e confiança, criando assim uma série de obrigações entre as pessoas participantes obrigações estas que estão implícitas dentro de um pensamento de socialização virtual, porém extremamente preocupada com o real.

A rede de relacionamento também permite o exercício da solidariedade em várias situações ameaças, riscos, problemas coletivas ou individuais. Em momentos como esses, pode-se encontrar na rede apoio emocional, amizade e carinho, pois, independentemente do seu formato, ela pode adotar como princípio norteador de suas ações o fomento de relações pessoais. Citando Martinho (2003), ‘(…) poucos pontos podem fazer muito se produzirem muitas conexões. Quanto mais conexões, melhor’.

Atualmente, cada indivíduo participa de diversas redes de relacionamento virtuais ou não. As tecnologias ampliaram em muito todas as possibilidades. Teoricamente, cada um(a) de nós pode ser visto(a) como o centro de uma rede que se conecta com outras. Mas somos ‘transceptores’ na rede? Transceptor, segundo o dicionário Universia, é o conjunto de ‘um emissor e de um receptor montados no mesmo móvel’. Nos relacionamos com as pessoas da mesma forma que se relacionam conosco? Recebemos e emitimos informações, idéias e, quem sabe, até carinho pela rede? Conforme Martinho (2003), ‘na prática social, cada uma das pessoas possui muitos círculos de relacionamento, mas não sabe quantos eles são ou como identificá-los. Na verdade, as pessoas, de modo geral, só vêem a rede quando precisam dela’.

As redes de relacionamento, agora sustentadas pelas tecnologias de informação e comunicação, aumentam ainda mais a interação social de pessoas, em tempo real e em lugares variados. Segundo Castells (1999) ‘uma estrutura social com base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação, sem ameaças ao seu equilíbrio’. As possibilidades e as conexões, agora, podem alcançar uma densidade sem precedentes.

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Coordenador de Redes da Rede de Informações para o Terceiro Setor