Chico Buarque fez 60 anos, dia 19 de junho. Enquanto escrevo, no Rio não se fala em outra coisa. Chico é capa de revista, assunto de caderno especial no jornal de domingo, tema de festas em casas noturnas, de palestras, exposições, livros e de caixas de música, claro. Foi semana de estréia do filme biográfico sobre Cazuza, outro carioca ‘bem carioca’. Só que, mais uma vez, Chico é unanimidade.
Porém, esta síndrome ‘chicólatra’ (ele vicia, tal qual chocolate) não é algo particularmente carioca. Expandiu-se país afora. Chico terá até sessão solene na Câmara dos Deputados, em sua homenagem – mas não participará. A proposta partiu de outro Chico, o Alencar (PT-RJ), seu amigo.
A Folha de S. Paulo (25/5/04) publicou um teste com perguntas curiosas sobre a vida de Chico: ‘O que será que será?’. E mocinhas de todas as idades brigaram para ver quem faria mais pontos. (Eu, inclusive, fui uma delas… A advogada recifense Juliana Simas, outra… O teste pode ser encontrado em http://www1.folha.uol.com.br/folha/sinapse/teste-20040524.shtml)
O Jornal do Brasil, por outro lado, e talvez para não ficar para trás, fez um Caderno B especial no domingo (13/6) . Trazia, entre matérias e cópias da certidão de nascimento de Chico e de um autógrafo – onde antes de assinar, ele escreve ‘te amo’ –, 60 depoimentos sobre o aniversariante. De Pelé a Fernando Henrique Cardoso e Fernanda Montenegro. Se não bastasse, o JB ainda fez uma promoção: o leitor que escrever a melhor frase sobre Chico Buarque ganhará todos os livros dele.
A CartaCapital trouxe Chico na capa. Foi mais um dos veículos que se propôs a fazer uma varredura nos 60 anos dos olhos brasileiros tão famosos quanto os de Frank Sinatra. O Globo trouxe um especial enorme, com 18 páginas (sexta, 25/6). Será que ainda há algo de diferente a ser dito sobre Chico?
Recolha parisiense
A assessoria de imprensa do cantor, compositor, escritor, jogador de futebol e queridinho de dez entre dez mulheres brasileiras intelectualizadas ainda não sabe a real dimensão das homenagens. Mas confirma que a imprensa do Brasil inteiro está dando grandes espaços à comemoração dos 60 anos de Francisco Buarque de Hollanda. O seu site já registrou 28 novas matérias sobre Chico, sem contar com publicadas nas 18 páginas do monumental registro do Segundo Caderno de O Globo.
Com toda esta mídia, Chico, que segundo sua biógrafa Regina Zappa não é nada tímido, apenas reservado, deve estar apavorado. Sua vida está esmiuçada. O que deveria ser pura homenagem, pode estar sendo interpretado como um tormento. Mário Canivello, seu assessor de imprensa, afirmou que Chico está sim incomodado com a superexposição de sua imagem.
Para fugir desse fuzuê todo, Chico fará sua festinha de aniversário em Paris.
Chato não é?
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Jornalista