Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Vazamentos, furo e precipitação

A publicação de notícias protegidas por sigilo é geralmente justificada. O dever do jornalista é informar, é isso que o leitor espera dele. Em casos como o da catástrofe com o Airbus da TAM este dever torna-se imperioso, inadiável: o país está de luto, a sociedade está angustiada e muitos mortos continuam insepultos.


O jornalista Fernando Rodrigues obteve novos dados extraídos das gravações da caixa-preta do jato e na quarta-feira (1/8) o seu jornal, a Folha de S.Paulo, abriu uma manchete que tomou conta do noticiário da manhã: ‘Caixa preta indica erro do piloto’.


Efetivamente aconteceu alguma coisa errada com os manetes que controlam as turbinas do avião. Isso já fora antecipado na quarta e quinta-feira da semana passada e depois repetida pela revista Veja. Os novos dados obtidos por Fernando Rodrigues reforçam a hipótese do problema nos manetes, mas não esclarecem por que foram acionados erradamente.


Na mesma quarta-feira, à tarde, depois da enorme repercussão da sua matéria na CPI do apagão áereo, o jornalista Fernando Rodrigues amenizou o julgamento; numa entrevista à UOL News, declarou: ‘Suspeitas recaem agora sobre o Airbus e a TAM’ e completou: ‘A responsabilidade dos pilotos é difusa’. No fim da tarde, o título da sua entrevista no mesmo site dizia: ‘Caixa-preta não isenta TAM e Airbus’.


De onde se conclui que o vazamento é legítimo, mas o julgamento precipitado não é.