Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

As concessões do senador encalacrado

O senador Renan Calheiros acreditava que a melhor defesa é o ataque e na quinta-feira (9/8) resolveu acusar a Editora Abril por eventuais irregularidades na venda da TVA à operadora Telefônica. Errou feio. Os negócios da Editora Abril nada têm a ver com as denúncias de Veja.


Ao confundir as duas coisas, o senador assumiu publicamente que não tem resposta para as últimas denúncias do semanário. Difícil imaginar que empresas do porte da Telefônica e da Abril façam um negócio irregular – o mercado de capitais hoje passa por múltiplas fiscalizações.


O presidente do Senado entendeu o recado do presidente Lula que em meio à viagem ao Caribe disse com todas as letras que gostaria muito que este caso chegasse ao fim. Era tudo o que o senador Renan não gostaria de ouvir porque a sua tática tem sido a de procrastinar, enrolar, vencer pelo cansaço.


Expediente comum


Veja pode ter errado lá no início quando simplesmente reproduziu as acusações da ex-namorada Mônica Veloso, ao invés de esperar alguns dias e comprová-las. As denúncias de Veja no último fim de semana sobre a concessão de canais de radiodifusão para o seu filho são irrespondíveis. O ato não é ilegal, mas contraria frontalmente o decoro, portanto é imoral: um parlamentar não pode beneficiar-se indiretamente de uma concessão que, por obrigação, deve fiscalizar.


O bom da história é que grande parte dos parlamentares tem usado do mesmo expediente de conceder canais de rádio e TV a seus parentes.


Renan está encalacrado: se o caso das concessões continuar em pauta, mesmo os senadores amigos serão obrigados a ficar contra ele.


 


Leia também


Concessionários de radiodifusão no Congresso Nacional: ilegalidade e impedimento – Venício A. de Lima


Rádios comunitárias – O coronelismo eletrônico de novo tipo (1999-2004) – Venício A. de Lima e Cristiano Aguiar Lopes


Ministério Público propõe anulação de concessões – Luiz Egypto


O forró do cartel da mídia (propriedade cruzada, concentração, diversidade em risco) – Biblioteca OI


A nova desfaçatez do coronelismo eletrônico – V. A. de L.


As bases do novo coronelismo eletrônico – V. A. de L.


Parlamentar não pode ganhar concessão – Alberto Dines


Tudo continua como sempre esteve – V. A. de L.


Na aparência, tudo sob controle; no fundo, tudo na mesma – A. D.


Logros, lérias e lorotas – A. D.


‘Não existe controle social dos meios de comunicação no Brasil’ – Luiz Egypto entrevista Venício A. de Lima


Professor da UnB mapeia concentração dos meios de comunicação no país – Mauro Malin


Globalização das comunicações: o novo e o velho no sistema brasileiro – V. A. de L.


Indignação e participação – A. D.


O fim das oligarquias nas mãos da mídia – A. D.


Políticos controlam 24% das TVs do país – Elvira Lobato [Entre Aspas]


Existe concentração na mídia brasileira? Sim – V. A. de L.


Dossiê das concessões de TV


A ameaça de ‘corporatização’ da mídia – Fernão Lara Mesquita


A ameaça da imprensa ‘corporate’ (2) – F. L. M.


Base governista domina concessões de radiodifusão – Luiz Antonio Magalhães