Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Líder do Cansei ofende
os nativos do Piauí


Leia abaixo os textos de sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 17 de agosto de 2007


ZOTTOLO vs. PIAUÍ
Mônica Bergamo


Líder do ‘Cansei’ desdenha Piauí, é chamado de ‘tolo’ e pede desculpa


‘Uma frase do presidente da Philips, Paulo Zottolo, afirmando que ‘se o Piauí deixar de existir ninguém vai ficar chateado’, gerou constrangimento entre os organizadores do movimento ‘Cansei’, do qual Zottolo é um dos líderes. E uniu políticos do PT, do DEM e do PMDB em críticas ao empresário. No fim da tarde de ontem, Zottolo pediu desculpas pela ‘frase infeliz’.


A declaração foi publicada ontem pelo jornal ‘Valor Econômico’. Numa entrevista em que explicava sua adesão ao ‘Cansei’, Zottolo afirmou: ‘Não se pode pensar que o país é um Piauí, no sentido de que tanto faz quanto tanto fez. Se o Piauí deixar de existir, ninguém vai ficar chateado’.


O governador do Piauí, Wellington Dias, do PT, reagiu afirmando que enviaria ao presidente Lula, ao Congresso Nacional, aos governadores do Nordeste e até ao governador de São Paulo, José Serra, um ofício pedindo ‘posicionamento de repúdio’ às declarações do presidente da Philips. ‘Não podemos aceitar que qualquer pessoa do Brasil ou do mundo nos trate com tamanho desrespeito. Nós não aceitamos esse tipo de deboche. Ainda mais de uma multinacional com atuação em todo o país, inclusive em nosso Estado. Acabou o tempo em que se fazia piadinha com o Piauí.’


Os senadores piauienses Heráclito Fortes, do DEM, e Mão Santa, do PMDB, ocuparam a tribuna do Senado para protestar. Afirmando que Zottolo é ‘megalomaníaco’, Fortes disse que ‘para comandar uma campanha como o ‘Cansei’, é preciso no mínimo ter equilíbrio e respeitar os Estados da federação. Também cansei de arrogância e prepotência’.


Ao se referir a Zottolo, Mão Santa afirmou: ‘Ó tolo, ignorante, imbecil, cansado, a primeira capital planejada deste país foi Teresina. Eis um ignorante marcado pela própria destinação. Leia o nome dele: Zottolo. É um tolo, um arrogante tolo, porque tem uns dólares da Philips’.


Depois das manifestações, o empresário telefonou ao governador Wellington Dias e ao senador Heráclito Fortes para pedir desculpas. ‘Foi uma frase infeliz. Eu estou me retratando’, afirmou Zottolo à Folha.


O empresário diz que falou ‘dentro de um contexto. Eu quis dizer o seguinte: o Piauí hoje é um Estado pouco conhecido no Brasil. As pessoas não sabem o que tem no Piauí. Quando eu disse que o Piauí não faz falta, eu quis dizer que, como poucas pessoas conhecem o Estado, para eles tanto faz como tanto fez. Não é o meu caso. Eu, particularmente conheço bem o Piauí. Já fui quatro vezes ao Estado. A Philips tem um trabalho social grande no Piauí’.


Zottolo prosseguiu: ‘O que eu quis dizer foi isso: o Piauí é desconhecido, e eu não quero que o Brasil seja um Piauí. O brasileiro tem que conhecer o brasileiro. E o objetivo do ‘Cansei’ é despertar dentro de nós mesmos o entendimento de por que nós estamos de repente parados, e não consternados, com toda essa situação. Talvez seja a falta de conhecimento nosso mesmo. E foi aí que entrou a história do Piauí, entendeu? O Piauí é um Estado que tanto faz como tanto fez, no sentido de que o brasileiro o conhece pouco’.


O ex-governador de São Paulo Cláudio Lembo (DEM) reprovou as declarações do presidente da Philips. ‘Só fala mal do Piauí quem não conhece a história do Brasil’, diz ele. ‘O homem americano nasceu no Piauí e bandeirantes paulistas colonizaram o Estado. Quem fala mal do meu Piauí querido não sabe nada do Brasil.’ Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Reportagem Local’


MÍDIA & POLÍTICA
Nelson Motta


O caixa três e o voto-carniça


‘RIO DE JANEIRO – Além dos milhões dos fundos partidários e dos horários eleitorais ‘gratuitos’ -para eles, já que são pagos pelos contribuintes aos veículos, em forma de renúncia fiscal-, agora eles querem o ‘financiamento público’ de suas campanhas: o caixa três.


Alguém acredita que a maioria dos políticos brasileiros respeitará os tetos de gastos e recusará ajudas ‘espontâneas’ de correligionários e lobistas? Em muitas grandes democracias, as eleições têm financiamento privado, com regras e limites, e são limpas, fiscalizadas e equilibradas. As contribuições são rigidamente controladas e não interferem na alternância no poder. Por que eles conseguem e nós não?


Porque o problema não é o sistema, são os usuários. Aqui, a regra é não respeitar as regras: a impunidade parlamentar é a norma. Qualquer que seja o sistema, eles encontrarão sempre uma forma de driblar, com o jogo de cintura que os caracteriza, a lei e a ordem, em benefício próprio, mas sempre em nome do povo, do partido ou da causa.


Mas o maior dos atrasos, matriz de toda a perversão eleitoral, é o voto obrigatório. Alguém acredita que pessoas que votam à força, para evitar a multa ou perder a bolsa, possam escolher bons candidatos? Ou são esses que votam em qualquer um, ou nos piores, pela chateação de ter que ir à zona eleitoral?


Ninguém responde, só são contra e fazem contas: ‘isso vai favorecer a direita e as elites’, ou então ‘isso beneficia a clientela da esquerda’. É esse o nível da discussão. Todos disputam esses votos podres como urubus disputam carniças.


O voto-lixo é o que eles chamam de exercício da democracia, argumentando que, de tanto votar errado, o eleitor vai aprender a votar certo. É por isso que o Congresso está cada vez melhor.’


Ricardo Young


Não me canso de dizer


‘POR ENTRE o rescaldo da tragédia aérea de Congonhas e de outras tragédias cotidianas de nosso país, sopra uma brisa fresca. Mas seu sopro ainda é tão débil diante da comoção a que estamos submetidos que nem mesmo os mais argutos analistas conseguiram perceber a boa-nova: a sociedade civil brasileira, com seus defeitos e virtudes, sai aos poucos do marasmo a que se recolheu para mostrar de novo sua cara e afirmar que deseja ver implementadas mudanças estruturais em nosso país.


Quando não reagimos aos problemas, o Estado se torna inoperante e a população fica à mercê dos oportunistas de plantão, como pudemos verificar no episódio do PCC em São Paulo, no ano passado.


Por isso, recebo com otimismo os movimentos ‘Cansei’ e ‘Cansamos’.


Ressalto que não aderi a nenhum dos dois, mas entendo que um e outro expressam o descontentamento dos brasileiros contra o estado de coisas do jeito que é possível, com o nível de consciência, a organização e a esperança que restaram depois de tantos escândalos e desmandos.


Mais do que o cansaço, essas mobilizações representam a exasperação com a falta de solução para os problemas de sempre, com a inconseqüência e a insensibilidade de governos e instituições.


Graças a esses protagonistas ‘cansados’, temos de volta o debate político centrado nas questões de interesse coletivo. Debate ainda pífio, diga-se de passagem, mas voltado para os problemas reais da sociedade, e não para arranjos os palacianos de todos os níveis.


Torço para que seja verdade o suprapartidarismo e a independência anunciados por ambos, pois é disso que o Brasil precisa neste momento.


Penso que o ‘Cansei’ nasceu da comoção emocional causada pelo acidente aéreo de Congonhas de 17 de julho último, vitimando quase 200 pessoas. O ‘Cansamos’ surgiu como reação ao primeiro, listando 17 motivos para o ‘cansaço’, entre os quais a sonegação de impostos, o trabalho infantil, o trabalho escravo, as taxas bancárias, a superexploração e a precarização da força de trabalho, os juros altos e o superávit primário.


Como todo movimento autônomo, esses correm alguns riscos. O mais evidente é o de assumir esta ou aquela coloração partidária, tendo em vista as eleições municipais do próximo ano. É preciso definir os objetivos pelos quais se quer lutar e, a partir deles, ampliar as alianças e a participação de todos os segmentos.


Essa atitude evitará que se incorra em outro erro comum aos movimentos no Brasil: a ‘amnésia’ política e social, o esquecimento de que nossa sociedade civil tem uma vitalidade muito grande e vem, principalmente ao longo das últimas três décadas, acumulando vitórias e derrotas numa série de mobilizações sobre temas recorrentes da cidadania.


Estão aí, vivas e bem atuantes, iniciativas como o Pensamento Nacional das Bases Empresariais, a Fundação Abrinq pelos Direitos da Criança e do Adolescente, o Instituto São Paulo contra a Violência, o Movimento Educação para Todos, a Amigos Associados de Ribeirão Bonito, a Transparência Brasil, o Instituto Akatu pelo Consumo Consciente, o Movimento Nossa São Paulo: Outra Cidade e o próprio Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social, entre muitas outras.


Desde a década de 1970, quando se iniciaram as manifestações pela anistia e por liberdades democráticas, seguidas, nas décadas posteriores, pelo movimento das Diretas-Já e do impeachment, os brasileiros vêm se mobilizando em favor dos seus direitos e da cidadania. E não paramos mais desde então.


O ‘Cansei’ e o ‘Cansamos’ representam uma retomada dessas reivindicações não atendidas, mas agora num ambiente de frustração e de desconfiança em relação às instituições democráticas. Por terem um viés bastante espontaneísta, podem sobrar pelo caminho.


Tomara que não! Tomara que consigam estabelecer um núcleo mínimo de proposições que garanta alianças estratégicas e ampla participação, permitindo o aparecimento de novas lideranças que conduzam as mudanças tão ansiadas pelos brasileiros.


Como bem afirmou o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal, nesta mesma Folha, ‘o Brasil precisa de homens públicos’. Lideranças que saibam pôr as necessidades do país acima de sua ideologia ou de seu partido, e não o contrário, como tem ocorrido até agora.


RICARDO YOUNG SILVA , 50, empresário, é presidente do Instituto Ethos de Empresas e Responsabilidade Social.’


TV PÚBLICA
Folha de S. Paulo


Ministro quer mecanismos para barrar uso político pelo governo


‘O ministro Franklin Martins (Comunicação Social) defendeu ontem, durante seminário no Palácio do Planalto, mecanismos que façam com que o governo pague um preço político caso tente ‘atropelar a independência da TV pública’.


‘Sempre existirá o risco [de manipulação]. Todo governo sempre é um pouco tentado a usar os instrumentos disponíveis para fazer aquilo que o beneficie. Isso vale para a TV Cultura em SP, para a Rede Minas em MG e para a BBC em Londres’, afirmou o ministro.


Um desses mecanismos, de acordo com Martins, seria a existência de um ‘conselho de personalidades’ que, sem estar ligado diretamente à TV, zelaria pelo cumprimento da isenção e independência do canal.


O ministro também afirmou que a autonomia financeira é a questão ‘mais delicada da TV pública’. ‘Você pode ser asfixiado do ponto de vista financeiro por um governo que diz ‘tudo bem, você não vai funcionar como eu quero, então vou cortar os recursos para você, vou fechar a torneirinha.’’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Era uma vez


‘Em meio à crise nos mercados, a ‘Economist’ deu o editorial ‘Up from the bottom of the pile’, algo como subindo do fundo da pilha, sobre a América Latina. ‘Algo bastante excitante está acontecendo’, diz o segundo enunciado. ‘Especialmente no Brasil e no México, os dois gigantes latino-americanos, as coisas estão melhores hoje do que desde os anos 70.’ Após juntar argumentos com os fundamentos econômicos, diz que, ‘mais ainda, a estabilidade e o crescimento mais rápido começam a transformar as condições sociais com velocidade impressionante’ em parte por ‘políticas dos governos democráticos reformistas’. Dá, como exemplo disso, que ‘a renda dos pobres cresce mais rapidamente do que a dos ricos no Brasil, onde a desigualdade é a menor em uma geração’.


GUIDO FALA


Antes da reação da Bovespa, o ministro Guido Mantega fez maratona destrambelhada de entrevistas para agências e sites de jornais, para apontar o ‘fluxo cambial positivo’, o ‘saldo comercial expressivo’, que nenhuma ‘instituição financeira mostra problema’. E para espalhar que o Brasil ainda sai da crise ‘escolhido para investimentos’ globais.


GUSTAVO TAMBÉM


Ele não estava sozinho. Na Veja On-line, o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco também opinou: ‘Não estamos apanhando tanto. Somos mais testemunhas que protagonistas nesta história’. Protagonistas seriam fundos, desta vez, e não os países.


E JIM O’NEILL


Não é o bem o que avalia o ‘Wall Street Journal’ de hoje, que surgiu on-line ontem. Na primeira página, o destaque foi que os mercados globais ‘temem que os problemas nos EUA atinjam o crescimento mundial’. E que ‘países como Rússia, Brasil e Indonésia’, apesar dos fundamentos mais sólidos, ‘seguem vulneráveis porque seu crescimento veio do boom das commodities’, atingidas nos últimos dias.


No dizer de Jim O’Neill, o criador do acrônimo Bric e fonte central do ‘WSJ’, sobre ontem: ‘A sensação é muito assustadora, para ser franco’. Mas ele ‘e outros confiam que os consumidores em grandes mercados emergentes como a China seguirão comprando’.


DARWIN E AS BOLSAS


A ‘Economist’, em seu editorial de capa, diz que ‘a nova ordem financeira mundial está passando por seu teste mais difícil’ e que pode não ser ‘bonito, mas é necessário’. Os ‘bancos e investidores devem sofrer exatamente porque os métodos se mostraram falhos’. Sem se importar em ‘parecer darwinista’, afirma que ‘pagar pelo pecado é o que leva o sistema a evoluir’


É HORA DE COMPRAR?


Ao longo do dia, sites de Europa e Ásia, do ‘FT’ ao ‘Le Monde’ e do ‘China Daily’ ao ‘Economic Times’, focaram seus respectivos mercados.


Já à noite, em submanchete no ‘Economic Times’ e no ‘WSJ Asia’, respectivamente, ‘É hora de pescar no fundo’ e ‘É hora de comprar? Alguns dizem que fundo está perto’. As bolsas iam abrir pregão.


NÃO, PELO JEITO


Na manchete do site de mercados da Dow Jones, MarketWatch, ontem às 23h, ‘Ações asiáticas tremem de novo’. A bolsa japonesa já abriu em queda, em função da valorização do yen em relação ao dólar -e de seu impacto sobre exportadores do país.


As bolsas de Coréia do Sul e Austrália, que haviam aberto em alta, caíram em seguida.


A CANA E AS USINAS


Depois de resistir, negociar e afinal liberar as usinas do rio Madeira, a ministra Marina Silva deu entrevista à Agência Brasil, ontem no destaque no site, para dizer que ‘biocombustível pode crescer sem afetar meio ambiente’.


O novo correspondente da ‘Economist’ ainda está mais interessado, porém, na resistência dos ‘ambientalistas’ às usinas. Viajou a Rondônia, entrevistou o governador Ivo Cassol e falou em ‘sério risco’ de falta de energia no país.’


MERCADO EDITORIAL
Folha de S. Paulo


Editora Saraiva negocia compra da rede concorrente Siciliano


‘A Editora Saraiva informou ontem, em fato relevante, que mantém negociações com a Siciliano para a aquisição da rede rival. No entanto, ‘a concretização dessa potencial transação, bem como seus eventuais termos e condições definitivos, ainda estão sendo discutidos entre as partes envolvidas’, acrescentou no comunicado. Fundado em 1928, o grupo Siciliano começou com uma pequena loja em São Paulo que vendia apenas jornais e revistas. A inauguração da primeira livraria foi em 1942.’


CRÔNICA
Carlos Heitor Cony


Enfim, o fim da história


‘PERGUNTA QUE me fizeram e não soube responder: uma sociedade feliz, integralmente realizada, precisará ainda de jornais, revistas, rádios e TVs? Antes de mais nada, não será a mídia a única a se tornar inútil num mundo ideal onde todos os problemas pessoais e coletivos estejam resolvidos.


A maioria das atividades que a humanidade até agora foi obrigada a exercer terá o prazo de validade vencido; policiais e dentistas, por exemplo, serão ociosos, já que desde crianças evitaremos doces que criam cárie, e não haverá bandidos que justifiquem o aparato policial.


Nossas instalações sanitárias e elétricas serão perfeitas, irretocáveis, com materiais não-degradáveis, daí que eletricistas e bombeiros também serão inúteis. No plano social, aí mesmo é que sociólogos, psicólogos, cientistas políticos, terapeutas de diversas origens e finalidades nada terão a fazer num universo que atingiu o ponto máximo e ótimo das relações humanas, em todas as suas manifestações.


Bem, há os jornalistas, ou para maior abrangência, os profissionais da comunicação. Esses também serão varridos da história por desnecessários ou redundantes.


Os aviões não cairão, os políticos se entenderão, ninguém será corrupto, ninguém será laranja de ninguém, os casais não se separarão, a cura do câncer será finalmente descoberta, não precisaremos comprar revistas para aprender a tirar manchas de tecidos -que serão refratários a qualquer tipo de sujeira- e todos saberemos preparar um peru de Natal gastando pouco e rendendo muito.


E, como a sociedade será mesmo perfeita, não haverá fofoca nem novela de televisão, não haverá adultérios, heroínas, filhos que não sabem quem são seus pais, pais que não sabem de quem são seus filhos. Megeras, jamais.


Um presidente da República que vá ao Maracanã não será vaiado, e milhões de artigos e colunas políticas não serão escritos explicando a razão da vaia e suas conseqüências. E, enfim, o conselho de uma ministra poderá ser obedecido, e todos relaxaremos e todos gozaremos.


O poeta Ovídio cantou a Idade do Ouro antes do tempo, foi afobado e comeu cru. A Idade de Ouro poderá começar agora, financiada pelos donos dos bingos e pelos bois do Renan Calheiros.


Em geral, desde os tempos bíblicos, os profetas faziam, à sua maneira, uma espécie de comunicação social, alertando o povo para as misérias dos governantes e a cabeça dura dos governados.


Foram expulsos de suas cidades, um deles foi atirado ao mar e engolido por uma baleia, outro perdeu a cabeça literalmente, que foi colocada em cima de uma bandeja de prata e posteriormente oferecida a uma dançarina circunstancial.


Quando o muro de Berlim caiu, chegaram a decretar o fim da história. Provavelmente no pressuposto de que o mundo ideal estava às portas, sem dois lados antagônicos, o bem e o mal na eterna batalha para ver quem vencerá.


Acontece que ninguém venceu ninguém, e um cidadão pacífico, que vai de um país a outro por trabalho ou lazer, é revistado nas alfândegas até os sapatos e confiscado nas pastas de dente.


Felizmente, esse mundo ideal está longe, profissionais citados e outros que poderiam ser citados podem dormir tranqüilos, tão cedo (ou nunca) esse mundo ideal chegará nos próximos séculos.


Precisaremos tirar manchas de nossos estofados, chamar bombeiros que consertem nossas torneiras e desentupam nossos ralos, oncologistas que tratem de nosso câncer, cientistas políticos que expliquem por que a corrupção se instalou na vida pública e terapeutas que segurem nossos traumas e fossas adquiridos na faina de cada dia.


Neste particular, a profissão mais privilegiada será mesmo a dos jornalistas e demais comunicadores sociais. Serão os últimos a acabar no mundo que chegou à perfeição.


Aliás, eles serão necessários nas duas hipóteses do verdadeiro fim da história. Se tudo der errado e o universo estourar num big bang maior do que o big bang inicial, há que haver um jornal e um jornalista para darem a notícia: ‘O mundo acabou!’


Na hipótese contrária, a do mundo perfeito, da humanidade irretocável, a honestidade será obrigatória, e alguém terá de dar o aviso: ‘Por falta de notícias, a partir de amanhã, deixaremos de circular’.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Livro de Edir Macedo terá tiragem recorde


‘A biografia do bispo Edir Macedo, que a editora Larousse lança em outubro, terá tiragem inicial de 700 mil exemplares, recorde absoluto no país. O sexto livro da série ‘Harry Potter’, atual recordista, foi lançado pela Rocco com 350 mil cópias.


Os números são estratosféricos para o mercado brasileiro, em que livros de média expressão são lançados com 5.000 exemplares. A biografia de Roberto Marinho, escrita por Pedro Bial e lançada em 2004, vendeu até agora 70 mil livros.


Escrita por Douglas Tavolaro, diretor de jornalismo da Record, e Cristina Lemos, repórter da emissora, a biografia de Macedo será vendida também nos templos da Igreja Universal, fundada por Macedo nos anos 70, que conta hoje com cerca de 10 milhões de fiéis.


A biografia rompe um ‘silêncio’ de 12 anos. Dono da Record, que transformou na segunda rede do país, Macedo não dava entrevista desde que a Globo lançou ‘Decadência’, minissérie que retratava um pastor que arrancava dinheiro de fiéis para se enriquecer.


Definido como ‘reportagem biográfica’, o livro promete trazer Macedo falando de assuntos como as acusações de charlatanismo, sua prisão em 1992 e TV Globo. Para escrevê-lo, Tavolaro ouviu mais de cem pessoas, entrevistou Macedo durante 45 horas e viajou com o religioso para África do Sul, Argentina, EUA e Equador. O bispo já leu originais da obra.


PONTE DA AMIZADE 1 Assistir à versão para o Brasil de ‘Desperate Housewives’, que a Rede TV! estreou anteontem, é como vestir calça jeans falsificada. A série tem a mesma história, figurino, trilha sonora e tomadas de câmera da original, mas o elenco e a qualidade de produção são muito inferiores. Soa ‘fake’ demais.


PONTE DA AMIZADE 2 ‘Donas de Casas Desesperadas’ teve um irreal velório dentro de casa. O frio da Argentina, onde foi gravada, apareceu na forma de vapor na cena em que Gabriela (Franciely Freduzeski) soltou ar pela boca. A dublagem de argentinos foi gritante.


PONTE DA AMIZADE 3 A série marcou cinco pontos e chegou a ficar em terceiro lugar no Ibope, passando o SBT, resultado bom para a Rede TV!.


FAIXA A Globo fez teste de interpretação com Natália Guimarães, que está na próxima edição de ‘Dança no Gelo’. Mas, antes de entrar em alguma novela, a atual Miss Brasil terá que fazer oficina de atores na emissora.


VIVA MARTA Pela primeira vez, o canal SporTV vai transmitir um mundial feminino de futebol. Acompanhará a seleção brasileira, ouro no Pan do Rio, em torneio que ocorre na China entre 10 e 30 de setembro.


DIETA Assim como fizera o Discovery Kids, o canal Nickelodeon anunciou nos EUA que não irá mais licenciar personagens de seus desenhos, como Bob Esponja, para produtos de ‘junk food’ _’exceto em ocasiões especiais como Halloween’.’


Laura Mattos


TV por você


‘Em tempos de telas de plasma e transmissão em alta definição, vejam só, a televisão corre atrás de programas com imagem e som de baixa qualidade.


Esse é o preço de tentar conquistar uma geração cada vez mais ligada nos vídeos da internet e à comunicação por celular do que nas caretices da programação da TV convencional.


De carona na web 2.0, como ficou conhecida a internet com conteúdo criado pelos internautas (a exemplo do site YouTube), a televisão ensaia o que se poderia batizar de TV 2.0.


Internet e celular não são mais apenas ferramentas de apoio a formatos tradicionais, como é o caso da votação do ‘Big Brother’. Vemos agora iniciativas nas quais a própria tecnologia dita o conceito dos programas, e telespectadores produzem -ou ao menos ajudam a elaborar- o que vai ao ar na TV.


O Multishow estréia em setembro os programas ‘Retrato Celular’, só com cenas gravadas por celulares distribuídos a jovens e ‘11 Câmeras’, que foca relacionamentos a partir de webcams.


Há duas semanas, o canal colocou no ar ‘Urbano’, que transmite um bate-papo realizado pela internet e também gravado por pequenas câmeras acopladas ao computador.


Além disso, está no ar há 15 dias o Fiz TV, canal da Abril que passa o dia veiculando vídeos produzidos pelo público e colocados no www.fiztv.com.br.


Novos canais a serem lançado pela Abril também contarão com programas da TV 2.0, de acordo com André Mantovani (ex-MTV), responsável pelos projetos televisivos do grupo.


‘A grande novidade que essas iniciativas trazem à TV é a riqueza do conteúdo. Não técnico, mas do ponto de vista dos roteiros. Você assiste a um vídeo produzido pelo telespectador e não consegue prever o final. A TV convencional, assim como o cinema de Hollywood, é muito previsível’, opina.


Ele cita como destaque ‘Não Perca a Cabeça’, de alunos da Escola de Comunicações e Artes da USP. A atriz Bárbara Paz (SBT) é uma garota que veste uma camiseta escrita ‘gostosa’ e sofre insólita tentativa de estupro. Outro é ‘Conversas de Elevador’, série que já tem mais de 20 episódios. O criador, Felipe Reis, aproveita as madrugadas para filmar em seu prédio. Seu personagem passa por várias situações no elevador, de cantadas frustradas a uma briga com um anão, que o rapaz, distraído com o iPod em alto volume, acaba espremendo contra a parede.


‘É claro que nunca haverá produção caseira como ‘Lost’, e por isso a TV convencional não deve desaparecer. Mas hoje não há por que não aproveitar o conteúdo feito pelo público, que surgiu com o barateamento dos equipamentos.’


Para Christian Machado, gerente de produção do Multishow, a qualidade da imagem e do som pode ficar em segundo plano quando o foco é o conteúdo. ‘Os celulares com câmeras e as webcams permitem uma intimidade com os personagens que jamais teríamos se isso fosse captado por uma equipe de televisão carregando todos os equipamentos’, diz.


Segundo ele, o objetivo da opção do Multishow pela TV 2.0 é gerar identificação com o telespectador, especialmente porque o canal é voltado a jovens. ‘Apesar de a TV continuar presa à grade de programação, essa é uma maneira de nos aproximarmos de uma geração que consome internet.’


A grade horária de programação e o fato de um produtor selecionar os vídeos do público que vão ao ar tornam a TV 2.0 um ‘subproduto’ da web 2.0, na opinião de Renata Gomes, professora do curso ‘Criação de Imagem e Sons em Meios Eletrônicos’, da pós-graduação do Senac de São Paulo.


‘A TV convencional tende a olhar para a produção da web 2.0. O sucesso estrondoso do YouTube está modificando a maneira como as pessoas vêem TV. Essas iniciativas são interessantes, mas é bom lembrar que, por ora, a TV ainda tem filtros’, afirma Renata, lembrando, por exemplo, a inexistência de ferramentas como o ‘video on demand’ (o espectador acessa o programa por um menu quando quiser), que devem chegar com a TV digital.


‘Além disso, é importante que os canais não façam esse tipo de programa apenas porque é ‘modinha’, mas que essa produção colaborativa realmente traga discursos que hoje não conseguem entrar na TV.’’


Luiz Fernando Vianna


No Multishow, ‘Retrato Celular’ mostra pessoas em ‘self-reality’


‘Se a última grande novidade da televisão foram os reality shows, por que não se inspirar nos blogs e no YouTube e fazer algo mais reality e menos show? Esse pensamento, traduzido no conceito ‘self-reality’, levou a Conspiração Filmes a realizar, sob encomenda do canal Multishow, a série ‘Retrato Celular’.


Durante duas semanas, 24 telefones com alta qualidade na captação de som e imagem foram entregues a jovens de quatro Estados (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul). Orientação: filmar o que quisessem de suas vidas. Até no extremo norte da Noruega um dos aparelhos foi parar, levado pelo maratonista mineiro Camilo Geraldi.


‘Ao filmarem as próprias vidas, as pessoas escolhem o que querem mostrar e acabam se mostrando. Nós não criamos estereótipos. Mas, às vezes, elas mesmas se estereotipam’, diz o diretor-geral Andrucha Waddington, emocionado ao citar um longo e silencioso plano feito pelo músico carioca Leandro Sapucahy, 37, de seu filho Leonardo, 9: ‘Nunca vi material tão íntimo’.


Sapucahy foi o personagem-piloto, convidado em março passado. Em seguida, a equipe dos diretores Patricia Guimarães, Monica Almeida e Paulo de Barros foi atrás de outros jovens que tivessem ‘carisma’, como resumem.


É gente como a gaúcha Nicole, 20, que exibe sem constrangimento, no episódio ‘Beleza e Estética’, os seus inúmeros cuidados com a beleza, aparecendo até em trajes íntimos.


Ou o artista multimídia Chivitz, que repassa seus conhecimentos para o filho no capítulo ‘Pais e Filhos’.


Ou, ainda, Fernando, um paquerador carioca que, no segmento ‘Fidelidade’, resume sua atividade no lema ‘Eu não tenho filtro’.


Tímidas no início, as pessoas se soltavam com os dias. ‘Optamos pelo menor dispositivo de filmagem possível. E o celular está presente no cotidiano de todos. Se entrássemos nas casas com uma equipe de quatro pessoas, ninguém ficaria à vontade’, explica o produtor-executivo Luiz Noronha, um dos idealizadores do projeto.


Interferências


A Conspiração ressalta ter sido mínima a sua interferência nas gravações, mas ela existiu. Em primeiro lugar, ao verem que um jovem estava insistindo muito em um tema ou em um lugar, a equipe de diretores pedia diversificação.


Após receberem o material bruto, eles fizeram entrevistas com todos, para costurar as imagens e enquadrar os personagens nos assuntos dos oito episódios. E depois, é claro, houve a edição.


‘Estudei com Jean Rouch na França, trabalhei três anos com Eduardo Coutinho, mas agora é que estou descobrindo o que é cinema direto’, exalta Patricia Guimarães.


A música ‘Olho Mágico’ foi composta por Gilberto Gil especialmente para a trilha do programa. Gil vinha estimulando Andrucha há bastante tempo a se aprofundar no cinema digital.


‘Eu disse a ele: ‘melhor ainda. Você vai começar num estágio de aventura e risco até mais avançado do que eu imaginava’, diz o ministro da Cultura.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 17 de agosto de 2007


TV PÚBLICA
Tânia Monteiro


Ministro discute regra para TV pública


‘O ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, admitiu ontem que as TVs públicas podem sim ser manipuladas pelos governos. ‘Existe o risco. Sempre existirá o risco. Todo governo sempre é um pouco tentado a usar os instrumentos disponíveis para fazer aquilo que o beneficie e isso vale para TV Cultura em São Paulo, para a Rede Minas e vale para a BBC em Londres’, afirmou, em seminário no Planalto.


‘O que tem de ter é um mecanismo para que toda vez que o governo avançar o sinal, passar do ponto, tentar atropelar a independência da TV pública, ele pague um preço político e, aí, a sociedade vai cuidar.’ Ele ressalvou que acha ‘difícil que numa sociedade moderna, cada dia mais desenvolvida, como a brasileira, um pensamento como esse venha a prevalecer’.


A proposta de criação da TV pública deve ser encaminhada ao Congresso entre o fim deste mês e o início de setembro. Não está prevista ainda se será por meio de uma medida provisória ou de um projeto de lei. A previsão é de que a TV, que vai nascer da fusão da Radiobrás com a TVE Brasil, comece a funcionar em 2 de dezembro. A princípio, seu nome será TV Brasil.


No seminário, Franklin defendeu usar como fontes de financiamentos para a TV pública o patrocínio sem venda de espaço comercial, a prestação de serviço e doações, além de dotações do Orçamento da União. Para ele, a autonomia financeira é ‘a questão mais delicada’ da TV pública. ‘Você pode ser asfixiado, do ponto de vista financeiro, por um governo que diz ‘tudo bem, se você não vai funcionar como eu quero, então vou cortar os recursos para você, vou fechar a torneirinha’.’


Segundo Franklin, esse foi um problema que o grupo de trabalho sobre TV pública não resolveu a contento. ‘Conseguimos mecanismos que minoram, mas não eliminam o problema.’ Ele ressaltou ainda que não existem garantias de que os recursos para a TV pública não serão contingenciados.


Pela proposta a ser enviada ao Congresso, o Plano Plurianual (PPA) vai definir os recursos para a TV pública a cada quatro anos. Para Franklin, a obtenção de recursos vai depender também da capacidade da TV pública de produzir nesses quatro anos uma programação de boa qualidade. ‘Se ela se fizer importante para os brasileiros, eu acho que será muito difícil mexer. Se ela não se fizer importante, será razoavelmente simples mexer nisso.’’


MERCADO EDITORIAL
Patrícia Cançado


Saraiva perto de comprar a Siciliano


‘A Saraiva anunciou ontem que entrou na reta final para adquirir 100% das ações do grupo Siciliano, à venda desde o ano passado. O negócio inclui uma rede com 62 livrarias, os quatro selos da editora e a operação de internet. A compra é avaliada pelo mercado em cerca de R$ 130 milhões.


Segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), ‘a concretização dessa potencial transação, bem como seus eventuais termos e condições definitivos, ainda estão sendo discutidos entre as partes envolvidas’.


Caso conclua o negócio, a Saraiva, maior empresa brasileira do ramo de livros, vai levar para casa um nome tradicional, criado em 1928, mas com um caixa bem pouco saudável. A empresa teve faturamento bruto de R$ 200 milhões em 2006 – 22% superior ao de 2005 -, mas não sai do vermelho há anos. Pior: acumula uma dívida na casa dos R$ 50 milhões, segundo fontes do mercado.


A editora, cuja receita é da ordem de R$ 10 milhões, vinha perdendo boa parte dos seus grandes escritores. São nomes como Adélia Prado, Lya Luft, Danuza Leão, Raquel de Queiroz e Mario Vargas Llosa. Sobraram bons títulos principalmente na área de negócios.


A venda da Siciliano não vem sendo fácil. A família e o fundo de investimentos americano Darby, que comprou 35% da empresa em 1998, levaram anos para entrar em consenso.


O próprio Darby mudou de lado durante o processo. Foi um imbróglio digno de trama novelesca, com brigas sem fim entre pai e filha (que até hoje não se falam, embora vivam no mesmo prédio), acusações de roubo, de conchavos e de traições.


INIMIGOS


Oswaldo Siciliano e o filho, Osvaldo Júnior, donos de 20% das ações, teriam resistido em assinar os papéis, segundo fontes ligadas às negociações. A dupla converteu-se em inimiga pública do resto da família – incluindo a própria filha de Oswaldo, Lígia – a partir de 2000, quando houve a primeira briga grave entre as partes. Na ocasião, ficou acertado que toda a família se retiraria da gestão e do conselho de administração da companhia. O objetivo era profissionalizar a empresa. Nem todos, porém, saíram da Siciliano.


‘Lígia, Vicente (irmão de Oswaldo) e os dois filhos (Vicente Júnior e Adriana) deixaram a casa, mas Oswaldo Júnior virou presidente do conselho’, diz um executivo ligado à família. ‘A família se entiu traída. Ela não engoliu porque só Júnior ganharia pró-labore.’


A Siciliano já não exibia boa saúde financeira. As vendas iam bem, mas as dívidas só aumentavam. Lígia chegou a ir à imprensa culpar a situação por supostas retiradas extras de ambos. As acusações chegaram à Justiça. O pai também entrou com processo contra a filha. O livreiro nega. ‘Eu desconheço a informação’, disse ao Estado Oswaldo Siciliano. Procurado, Júnior não quis comentar o assunto. ‘Foram brigas horríveis. Quando a filha de Lígia fez 15 anos, os avós não foram à festa de aniversário’, diz um executivo ligado à empresa. Em 2003, Oswaldo deu uma entrevista dizendo se ressentir da ausência dos netos.


Até o ano passado, o Darby estava do lado de Oswaldo. Como as duas partes juntas detinham 55% das ações, o resto da família não conseguiu avançar na decisão de venda.


Lígia, porém, não desistiu de sua cruzada contra o pai e o irmão. No final, teve sucesso. A primogênita de Oswaldo teria sido responsável por convencer o Darby a mudar de posição. ‘Ela convenceu o fundo a vender a empresa e trocar seu representante no conselho de administração’, diz o executivo.


Desde o começo deste ano, o Darby tem um novo representante no grupo. O fundo também contratou o executivo Olavo Rodrigues para o comando da Siciliano. Segundo uma fonte ligada ao conselho, as brigas cessaram depois que tais mudanças foram feitas.


As negociações vieram a público no começo do ano. A empresa foi oferecida à Livraria Cultura, que não gostou nada dos números, à Saraiva e a um grupo estrangeiro, tido como a última opção de Lígia.


A Ediouro também entrou na disputa com uma proposta apenas pelos quatro selos da editora Siciliano. Ofereceu cerca de R$ 10 milhões, equivalente ao seu faturamento anual. ‘A editora Siciliano é saudável, mas já foi mais forte’, diz o presidente da Ediouro, Luiz Fernando Pedroso.


NÚMEROS


R$ 50 milhões é a dívida total da Siciliano, segundo estimativas do mercado


R$ 200 milhões foi o faturamento bruto da Siciliano no ano passado, 22% mais que o registrado em 2005′


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Ibope incentiva séries


‘Ainda ontem, day after da bem-sucedida estréia da versão nacional de Desperate Housewives na RedeTV!, a direção da emissora encaminhou e-mail às atrizes do elenco para endossar o interesse na renovação do contrato de cada uma para a segunda temporada da produção.


O resultado no Ibope explica a pressa: o primeiro episódio rendeu o dobro do que a RedeTV! alcança no horário: média de 5 pontos e pico de 6,4 entre 23h01 e 23h53. O programa ficou em terceiro lugar e empatou por 20 minutos com o SBT.


‘Já recebi mais de 50 e-mails hoje e até a procura de interessados em anunciar nos intervalos, como o Terra’, conta o vice-presidente da RedeTV!, Marcelo Carvalho.


A estréia foi breve em intervalos – estratégia de praxe para ganhar o telespectador -, com 6 minutos de intervalo. A meta é não passar dos 12 minutos de break, a fim de não espantar a audiência.


Para Carvalho, convém perceber que há vida, além das novelas, na teledramaturgia brasileira. A confirmar o bom ibope para o formato de séries, a emissora, diz, pretende preencher esse horário de segunda a sexta com o gênero num prazo de até dois anos.


entre- linhas


Fato no mínimo curioso passou por muitos despercebido no Mais Você de quarta-feira. Em seu discurso diário sobre exemplos de vida e citações filosóficas, Ana Maria Braga falou por 3 minutos e meio sobre Sam Walton, sem citar sua verdadeira conquista na vida. Walton é o fundador do Wal-Mart, concorrente do Carrefour, do qual La Braga é garota-propaganda.


Paraíso Tropical promete bombar em audiência na próxima semana. Tudo por conta de Bebel (Camila Pitanga), que armará uma boa para acabar com o casamento de Olavo (Wagner Moura). Resumindo a história, a noiva Alice (Guilhermina Guinle) e boa parte dos convidados flagrarão o vilão algemado à cama do hotel, na hora do casório.


Advertência entre o pessoal que grava a novela Caminhos do Coração, da Record, em Miami: alguns atores correm o risco de serem detidos na alfândega por obra das ‘comprinhas’ em excesso.


O Multishow abrirá espaço em sua programação para a exibição de curtas brasileiros. Serão selecionados cerca de 80 curtas que, a partir de novembro, vão ao ar de segunda a sexta, sempre às 23h45, na faixa batizada de Curta Que É Legal.


Aproveitando o lançamento do filme homônimo, a Globo disponibiliza em seu site (www.globo.com/videos) trechos da minissérie O Primo Basílio, que foi ao ar em 1988. Vale por Marília Pêra no papel agora ocupado por Glória Pires no longa.’


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