O Comitê para a Proteção dos Jornalistas acolhe com satisfação a libertação, nesta tarde, dos quatro jornalistas mexicanos que haviam sido detidos na noite de terça-feira pelo exército enquanto cobriam uma operação contra o tráfico de drogas. As acusações de posse de maconha e arma de fogo ainda estão pendentes contra eles. Os repórteres disseram a seu advogado que a arma e as drogas foram plantadas, e que foram agredidos pelos soldados.
‘A alegação de que soldados agrediram os repórteres e plantaram evidências é extremamente preocupante’ disse o diretor executivo do CPJ, Joel Simon. ‘Nós urgimos as autoridades a investigarem os soldados envolvidos neste incidente’.
Hoje, às 12h30, os repórteres mexicanos Manolo Acosta e Sinhué Samaniego Osoria do jornal Zócola, sediado em Monclova; Jesús Meza González, do diário La Voz de Coahuila, também de Monclova, e Alberto Rodríguez Reys, da estação local de TV Canal 4, foram libertados sob fiança, contou ao CPJ o advogado dos jornalistas, Luis Humberto Rodríguez Saenz. Os repórteres estavam detidos desde a noite de terça-feira pelas autoridades do estado de Coahuila, no norte do país. As acusações contra eles ainda estão pendentes, informou ao CPJ um funcionário do escritório da Promotoria Especial para Crimes contra a Imprensa.
Os quatro jornalistas disseram que foram detidos por volta das 22h00 da terça-feira pelo exército mexicano enquanto cobriam uma operação contra o narcotráfico, informou Rodríguez. Soldados armados pediram aos repórteres que saíssem de seus carros e entrassem na traseira de um caminhão. Segundo o relato dos jornalistas, eles rodaram pela cidade abaixados e com as cabeças cobertas, enquanto os soldados os chutavam no peito e estômago. Os soldados repetidamente perguntaram aos repórteres se eles eram membros do grupo paramilitar ilegal ‘Los Zetas’ que, supostamente, emprega observadores para monitorar a movimentação dos militares.
Os quatro jornalistas usavam camiseta com o nome dos meios de comunicação para os quais trabalham, e os três veículos em que viajavam eram identificados com o logotipo de imprensa em local visível, informou Rodríguez ao CPJ.
Na quarta-feira, às 14h00, os jornalistas foram transferidos para a custódia do escritório da promotoria geral em Coahuila, onde foram acusados de posse de arma e maconha, explicou Rodríguez ao CPJ.
O tráfico de drogas e o crime organizado converteram o México em um dos lugares mais perigosos para os jornalistas na América Latina, indicam as investigações do CPJ. Desde que a guerra entre poderosos cartéis de droga se intensificou, há dois anos, dezenas de repórteres mexicanos foram silenciados porque as autoridades não têm sido capazes de proporcionar a mínima proteção. [Nova York, 10 de agosto de 2007]
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O CPJ é uma organização independente, sem fins lucrativos, sediada em Nova York, e se dedica a defender a liberdade de imprensa em todo o mundo